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O Surgimento da Controladoria nas Organizações

Objetivos da aula: Ao final desta aula você estará compreendendo a


importância da Controladoria nas organizações e conhecendo as principais ferramentas
utilizadas pelo “Controller” na sua atividade.

1. Definição de Controladoria

Segundo Mossimann (1999), a controladoria pode ser conceituada como o


conjunto de princípios, procedimentos e métodos oriundos das ciências da
Administração, Economia, Psicologia, Estatística e, principalmente, da
Contabilidade, que se ocupa da gestão econômica das empresas, com a finalidade
de orientá-las para a eficácia.
Peleias (2002) define Controladoria como uma área da organização à qual é
delegada autoridade para tomar decisões sobre eventos, transações e atividades
que possibilitem o adequado suporte ao processo de gestão.
Padoveze (2003) define como uma unidade administrativa responsável pela
utilização de todo o conjunto da Ciência Contábil dentro da empresa. Desta forma,
segundo o mesmo autor, cabe a Controladoria a responsabilidade de implantar,
desenvolver, aplicar e coordenar todo o ferramental da Ciência Contábil dentro da
empresa, nas suas mais diversas necessidades.

2. Missão da Controladoria

A missão da controladoria é otimizar os resultados econômicos da empresa


visando garantir sua continuidade, por meio da integração dos esforços das diversas
áreas.
A missão de cada área tem de estar atrelada à missão principal da empresa para
ter sucesso dentro do seu planejamento estratégico.
Entende-se que a controladoria procura maximizar o resultado individual de cada
área por meio da análise comparativa entre elas.

3. Objetivos da Controladoria

A controladoria deve informar, influenciar e organizar a fim de instruir a


administração na consecução de seus objetivos. De acordo com Catelli (2003), os
objetivos da controladoria, visando à missão estabelecida, são:

a) promover a eficácia organizacional;

b) viabilizar a gestão econômica;

c) promover integração das áreas de responsabilidade.

Segundo Catelli, atingir esse conjunto de objetivos significa obter resultados


econômicos de acordo com as metas e condições estabelecidas, decorrentes de
decisões tomadas a respeito de gestão econômica em um
enfoquedeabordagenssistêmicas. Portanto, énossopontodecongruência, se
considerarmos a existência de uma hierarquia de objetivos.

Dessa forma, a controladoria passa a contribuir como área de responsabilidade,


ao lado das demais áreas que compõem a empresa para cumprir os objetivos
definidos e manter a continuidade da organização.

A controladoria terá como filosofia de atuação:

 Coordenar esforços visando à sinergia das ações;


 Participar ativamente no processo de planejamento;
 Integrar e apoiar as áreas operacionais;
 Induzir às melhores decisões para a empresa;
 Gerar credibilidade, persuadir e motivar.

4. Funções do Controller

Dentro do sistema de informações, o controller é o gestor responsável pelo


Departamento de Controladoria. Seu papel básico é zelar pelo processo, controle e
sistema de informações gerenciais, econômicas e financeiras da organização,
visando às sinergias entre áreas e à agregação de valor.

Para Nakagawa (1993), o Controller desempenha sua função de controle de


maneira muito especial, isto é, ao organizar e reportar dados relevantes exerce uma
força ou influência que induz os gerentes a tomarem decisões lógicas e consistentes
com a missão e objetivos da empresa.

Sua função principal na organização é manter o executivo principal da


companhia e os demais usuários informados sobre os rumos que ela (empresa ou
área) está tomando e sobre quais os pontos que, porventura, podem estar ou ficarão
enfraquecidos, caso não sejam realizadas ações imediatas.
Segundo Peres Jr. (1995), as principais responsabilidades do controller são:

 Organizar adequados sistemas de informações gerenciais que permitam à


administração conhecer os fatos ocorridos e os resultados obtidos com as
atividades;
 Comparar, permanentemente, o desempenho esperado com o real;
 Classificar as variações de desempenho e de estimativa;
 Identificar as causas e os responsáveis pelas variações;
 Apresentar recomendações para a adoção de medidas corretivas;
 Orientar e fornecer informações confiáveis para os gestores;
Fazer com que o processo de controle flua na organização de forma que
capture as informações geradas/utilizadas pelas áreas e pela alta direção
da empresa.
O controller deve assumir o papel de conselheiro e crítico (no sentido construtivo)
do processo, e as suas investigações geralmente destacam os pontos fracos de
outras áreas, o que sempre deve ser visto como oportunidade de melhorias. Desta
forma, os seguintes princípios norteiam o trabalho do Controller:

 Iniciativa
 Visão Econômica
 Imparcialidade
 Síntese
 Visão para o Futuro
 Oportunidade
 Persuasão
 Liderança
 Ética
Para Figueiredo (1999), o papel do Controller é zelar pela continuidade da
empresa, viabilizando as sinergias existentes, fazendo com que as atividades
desenvolvidas conjuntamente alcancem resultados superiores aos que alcançariam
se trabalhassem independentemente.
Como o controller é o responsável pelos sistemas de relatórios econômicos e
financeiros de uma empresa, é necessário que ele tenha uma certa independência e
esteja ligado diretamente ao presidente da empresa.
O papel mais relevante que será cobrado do controller, no futuro, é a
participação e o acompanhamento dos planos estratégicos da empresa, pois é ele
que tem todas as ferramentas de controle dos planos projetados versus os
realizados.

5. Ligação da Controladoria com Áreas da Empresa

Uma empresa só se mantém por meio de seus resultados positivos. No


momento em que apresenta resultados negativos, e esse quadro perdura por algum
tempo, sua sobrevivência está comprometida.
O modelo de gestão da empresa inclui toda a estrutura organizacional, ou
seja, os diversos processos que compõem o todo, denominados áreas. A missão de
todas as áreas de uma empresa é dar suporte à gestão dos negócios, de modo a
assegurar que ela atinja seus objetivos.
A controladoria está interligada com todas as áreas de um negócio, como
vendas, suprimentos, produção, finanças, recursos humanos etc. Essas áreas atuam
de forma independente, porém visando a um único objetivo comum.
Essa atitude pode diminuir o resultado de determinada área, com
repercussões negativas no resultado global. Portanto, cabe à controladoria integrar e
agrupar os dados e as informações entre as áreas e os objetivos da empresa.
A controladoria é o elo entre clientes internos e também o instrumento de
mensuração dos resultados da empresa e deve funcionar de forma eficiente.

Conforme Peleias (2002), a existência de uma área com as características,


funções e propósitos até aqui relatados representa importante contribuição para a
eficácia empresarial e para garantia da sobrevivência e crescimento das
organizações. Entretanto, é possível que, em algumas empresas, não exista uma
área específica de controladoria, em razão de fatores, como porte, cultura
organizacional ou estágio de desenvolvimento gerencial. Ainda assim, é necessário
identificar a área que fará esse papel.

6. Usuários, Produtos e Serviços da Controladoria

Os interessados em seus produtos e serviços são todas as pessoas físicas


(acionistas, diretores, gerentes e empregados de forma geral) e entidades jurídicas
que queiram avaliar a situação da empresa (bancos, governos, sindicatos,
fornecedores, clientes).
Normalmente, os acionistas mantêm-se afastados das operações das
empresas, por isso necessitam de informações resumidas que forneçam respostas
claras e concisas a respeito do andamento dos negócios. Por exemplo: será que a
empresa continua a oferecer, no médio e longo prazo, perspectivas de rentabilidade
e segurança para o seu investimento? Essas respostas são dadas pela controladoria
com a apuração dos resultados econômicos e financeiros da contabilidade.
Os diretores e gerentes da empresa são responsáveis pelo andamento dos
negócios e pelas decisões; assim, o interesse deles por dados e informações
contábeis é muito maior que dos demais usuários. Os relatórios gerenciais fornecem
aos administradores um fluxo contínuo de informações sobre os mais variados
aspectos da gestão financeira e econômica da empresa.
Cabe aos administradores usarem, de forma inteligente, a informação
transmitida pela controladoria, pois ela é ferramenta de trabalho que permite a eles
tomar decisões com mais segurança e, também, conhecer a situação atual e o
andamento dos negócios, além de influenciar nas decisões futuras.
Para os bancos e fornecedores, as informações econômicas e financeiras
disponibilizadas no encerramento do exercício são fundamentais para que eles
conheçam o negócio e a solidez da empresa. Isso é importante na hora de conceder
empréstimos e financiamentos para expansão.
O governo, o mercado e os empregados interessam-se pelas informações
econômicas e financeiras porque o governo exerce o poder de tributar e arrecadar
impostos, taxas e contribuições, principalmente o Imposto de Renda, que é taxado
com base nos resultados (lucros) apurados pelas empresas por meio das
demonstrações financeiras.
O mercado analisa as demonstrações financeiras para acompanhar a
evolução das cotações das ações, principalmente a Bolsa de Valores, para as
empresas do capital aberto.
Para os empregados, a importância e a seriedade das informações da
empresa estão ligadas à participação deles nos resultados e na garantia da
continuidade do negócio.

7. A Controladoria no Processo de Gestão


Staff

CONTROLLER

Setor Subordinado
A controladoria, assim como as demais áreas de responsabilidade de uma
empresa, devem esforçar-se para garantir o cumprimento da missão e a
continuidade da organização. Com isso, ela tem um papel fundamental, que é
coordenar os esforços para conseguir maior sinergia das áreas, pela soma dos
resultados globais. A controladoria de uma empresa está intimamente ligada com
todas as áreas, seja pelo recebimento dos dados e fornecimento de informações,
seja pelo estabelecimento de controles internos. Ela agrupa todos os fatos e atos
operacionais, mensura e acompanha o desenvolvimento do negócio por meio dos
relatórios gerenciais, econômicos e financeiros.
São funções da controladoria:
a) Subsidiar o Processo de Gestão
Por meio de um sistema de informação que permita simulações e projeções
sobre eventos econômicos no processo de tomada de decisão.
b) Apoiar a Avaliação de Desempenho
 Analisando o desempenho econômico das áreas;
 Analisando o desempenho dos gestores:
 Analisando o desempenho econômico da empresa;
 Avaliando o desempenho da própria área
c) Apoiar a Avaliação do Resultado
 Analisando o resultado econômico de produtos e serviços;
 Monitorando e orientando o processo de estabelecimento de padrões;
 Avaliando o resultado de seus serviços.
d) Gerir os Sistemas de Informações
 Definindo a base de dados que permita a organização da informação
necessária à gestão;
 Elaborando modelos de decisão para os diversos eventos econômicos,
considerando as características físico-operacionais próprias das áreas
para os gestores;
 Padronizando e harmonizando o conjunto de informações econômicas
(modelo de informação).
e) Atender aos Agentes do Mercado

A empresa é um sistema aberto e, conseqüentemente, interage com o meio


ambiente, trocando os mais diferentes tipos de recursos/produtos. Diante dessa
condição, é função da controladoria atender às demandas externas, da seguinte
forma:
 Analisando e mensurando o impacto das legislações no resultado
econômico da empresa;
 Atendendo aos diversos agentes do mercado, seja como representante
legal formalmente estabelecido, seja como apoio ao gestor
responsável.

8. Justificativas da Necessidade da Controladoria

Para que possa medir a eficiência organizacional, é necessário que a empresa


possua uma estrutura de acompanhamento e controle eficaz, com padrões
preestabelecidos e difundidos para toda a organização, para que se possa medir e
informar os gestores de todas as áreas sobre o andamento das metas e objetivos
estabelecidos e sobre se a organização está cumprindo sua missão. Esse papel
deve ser feito pela controladoria, porque é o objetivo da área obter as informações
das pessoas dentro do processo de gestão empresarial, comparar o que foi
planejado com o que foi realizado, nos aspectos econômicos e financeiros, de forma
a conduzir a eficácia empresarial.
É necessário que os objetivos e metas da empresa estejam alinhados com o
processo de gestão do negócio.
Em um modelo de gestão participativo, todas as áreas recebem metas
desmembradas pela alta administração. Essas metas para as áreas estão
amarradas com a meta global da empresa, estabelecida pela missão da
organização. As informações são disseminadas para todas as áreas e cada área é
responsável pelos seus resultados, tomando decisões dentro do seu campo de
atuação e conhecimento.
Cabe ao Controller ser o elo entre os executivos do Staff e os de linha na
organização, suprindo as áreas com análise de desempenho econômico e
financeiro, interagindo quando as áreas estão acima ou abaixo da meta
estabelecida. Também cabe ao Controller fornecer relatórios com análise por setor e
da empresa sobre o andamento das metas estabelecidas.

REFERÊNCIAS

ATELLI, Armando (coord.). Controladoria: uma abordagem da gestão econômica.


GECON. São Paulo: Atlas, 1999.
FIGUEREDO, Sandra; CAGGIANO, Paulo C. Controladoria: teoria e prática.
2. ed., São Paulo: Atlas, 1999.

MOSIMANN, Clara Pellegrinello; FISCH, Silvio. Controladoria - seu papel na


administração de empresas. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1999.

NAKAGAWA, Masayuki. Introdução à controladoria: conceitos, sistemas e


implementação. São Paulo: Atlas, 1993.

PADOVEZE, Clóvis Luís. Controladoria Estratégica e Operacional. São Paulo: Thomson,


2003.

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