Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Introdução
O ambiente institucional vai sendo desenhado sob uma perspectiva de
regras implícitas ou explícitas, com foco na estrutura organizacional. Assim,
com a necessidade de se estabelecerem enquanto ambiente institucional,
principalmente como organizações, elas adotam o que se chama de estruturas
isomórficas, legítimas, ou seja, estruturas formais aumentando seu corpo
estrutural, tanto interno como externo para a sociedade. (DIMAGGIO;
POWELL, 1983; ROSSETTO; ROSSETTO, 2005).
Nessa visão, surge o isomorfismo institucional que, em linhas gerais,
retrata os pontos que fazem as companhias atingirem os seus resultados e
possuírem um diferencial competitivo. A busca pela licitude se faz constante e
sua sobrevivência estará atrelada à forma como ela atinge sua eficiência
enquanto organização.
A teoria institucional, para Guerreiro et al. (2005), busca explicar um
conjunto de fatores que estão intrinsecamente relacionados à gestão das
empresas, seja pela ação humana, pelo contexto cultural, econômico e político,
visto que o ambiente institucional é estabelecido à medida que existem
relações sociais e processos bem definidos de normatização e procedimentos
das atividades das firmas. (DIMAGGIO; POWELL, 1983; ROSSETTO;
ROSSETTO, 2005).
Diante desse contexto, a contabilidade fundamenta-se na teoria
institucional ao construir o seu arcabouço na estruturação da informação,
buscando relacionar a posição patrimonial, financeira e econômica das
companhias. Tais características geram conflitos nessas organizações, que
precisam ser empregadas de forma homogênea às funções da gestão para as
empresas. Dessa maneira, o institucionalismo passa a ser uma alternativa
teórica a ser estudado para poder entender o universo da gestão empresarial.
Pode-se afirmar que a teoria institucional está preocupada em não descobrir ou
encontrar mecanismos que mostrem suas diferenças em relação às outras
companhias, mas, na verdade, em estudar a homogeneidade das formas,
controles e práticas organizacionais (MEYER; ROWAN, 1977; ZUCKER, 1977;
MEYER; ROWAN, 1983; DIMAGGIO; POWELL, 1983; TOLBERT; ZUCKER,
1983; MEYER; SCOTT, 1983).
Origens da teoria institucional
A teoria institucional foi evoluindo e desenvolvendo algumas vertentes,
tais como: o velho institucionalismo; o novo institucionalismo; e o
institucionalismo contemporâneo, os quais abordam, em essência, “O que é
uma instituição?”; embora apresentem origens e raízes filosóficas distintas,
fundamentadas nas necessidades e especificidades de cada época, o que não
invalida a contribuição teórica de cada vertente.
a) Velho institucionalismo:
A Teoria institucional teve como marco o chamado “velho institucionalismo”,
com o artigo seminal de Veblen, intitulado “Why is Economics not an
Evolutionary Science?”, publicado em 1898, e tendo como seus principais
seguidores Commons e Mitchell (BURNS, 2000). Com base na corrente de
pensamento americana de economia política, no período de 1890 a 1940, sua
ideia geral foi promover um entendimento de como regras e hábitos de uma
sociedade se relacionam de modo a afetar a atividade econômica (HODGSON,
2000). Em outras palavras, os métodos habituais dão prosseguimento ao modo
de vida da comunidade em contato com o ambiente material em que ela vive
(VEBLEN, 1899).
A partir dessa visão, Veblen (1899) define instituição como sendo os
hábitos e os pensamentos que dominam a ação humana, consolidando-se em
instituições ao longo da história.
O pensamento central da corrente vebleniana é caracterizado pela forma
como os indivíduos configuram a organização da vida, e não no sentido de uma
entidade representativa. Isto é, fundamentados no agrupamento de ideias, nos
costumes culturais e nos pensamentos compartilhados, os indivíduos criam a
instituição pelo modo de pensar (DOMINGUES, 2015).
Nesse contexto, Conceição (2002) afirma que o conceito de instituição em
Veblen (1899) pode ser resumido como um conjunto de normas, valores e
regras que definem as interrelações e a sua evolução, ao centrar-se em três
pontos: 1. As inovações são consideradas exógenas; 2. Há preocupação, não
com o “equilíbrio estável”, mas em como se dá a mudança nessas inter-
relações; e 3. Enfatiza o processo de evolução econômica e transformação
tecnológica.
Dessa forma, isso implica dizer que as entidades que se constituem em
agentes econômicos têm um aspecto subjetivo, qual seja: o caráter
institucional, que se constitui em uma espécie de teia que mantém as entidades
ligadas entre si, influenciando e recebendo influência das demais.
b) Novo institucionalismo:
A nova era institucionalista, com o chamado novo institucionalismo, insere
North (1981), Williamson (1985), Coase (1990) como os principais autores
dessa nova corrente de pensamento. A ideia geral é que as instituições, ao
formarem mecanismos de ação coletiva, teriam como finalidade atribuir “ordem”
aos conflitos, aumentando, consequentemente, a eficiência de mercado. O foco
incide em regras destinadas ao ambiente social, político e econômico, as quais
auxiliam as relações de troca entre mercados, tornando-se um elemento central
para evolução desses.
North (1994) afirma que o conjunto de restrições, no âmbito das leis, das
regulações, do comportamento, entre outros, seja ele formal ou informal,
associado às características de execução por parte do indivíduo, define a
estrutura de incentivo das economias, sendo, então, os determinantes do
desempenho econômico.
Portanto, as instituições se configuram como um conjunto de regras, que
revela o comportamento e as inter-relações dos agentes econômicos na
sociedade, sob o ponto de vista regulatório.
Coase (1998) traz elementos fundamentais – balizadores do que a corrente
Novo institucionalismo acredita ser instituição, mediante o conceito de custo de
transação – custo de usar o mecanismo de preço ou o custo de levar uma
transação adiante por meio de uma troca de mercado. Cavalcante (2014)
complementa essa ideia, ao afirmar que as pesquisas de preços, os contratos e
o conhecimento do mercado são exemplos daquele tipo de custo que ocorre
numa transação econômica.
Em síntese, o Novo institucionalismo contribui em três pontos, de acordo
com Dumludag, Saridogan e Kurt (2007): 1. Delimita a competição e, por
consequência, as inter-relações de mercado, ao estabelecer regras; 2. Reduz
os custos de transação, no sentido de diminuir a assimetria informacional; e 3.
Protege o direito de propriedade. Em face desses pontos, as inter-relações
estabelecidas por regras tornam os agentes econômicos, do ponto de vista
institucional, similares, o que finda por se constituir, também, em canais de
transmissão entre eles.
c) Institucionalismo Contemporâneo:
O Institucionalismo Contemporâneo, também encontrado na literatura como
a nova sociologia institucional ou neo-institucionalismo, começou a ser
ensaiado no quadro da teoria das organizações ao final dos anos 1970, porém,
foi a partir do século XX que teve como base alguns dos seus principais
precursores (HODGSON, 2000; CHANG, 2002).
A ideia de instituição dentro dessa corrente, de acordo com Hodgson
(2000), é que, ao considerar instituições como regras, restrições, práticas e
ideias, esses elementos podem adaptar-se às preferências dos agentes
econômicos.
A figura das instituições está baseada nos desígnios e no convívio social,
considerando, dessa forma, regras, leis, firmas, sistemas de peso, linguagem e
dinheiro como sendo todos esses aspectos instituições (Hodgson, 2006).
Na perspectiva de Chang (2002), instituição é um conjunto complexo de
regras formais e informais, representadas pelos agentes econômicos, em que
firmas (instituições de produção), Estado (criador e regulador das instituições
que governam suas conexões) e mercado (instituições de troca) se inter-
relacionam, adaptando-se ao sistema capitalista.
Diante dessas discussões existentes dentro das correntes de pensamentos,
alguns estudiosos propõem que a teoria institucionalista seja subdivida apenas
em duas correntes: o velho e o novo institucionalismo (NELSON, 1998;
STANFIELD, 1999).
Considerações finais
As mudanças ocorridas constantemente nas economias dos diversos países
revelam as interações entre os agentes econômicos, dado o ambiente social em
que vivem. Mudanças no ambiente político, econômico, religioso e cultural
provocam grandes desenvolvimentos no que tange às relações de trocas e
sensibilidade, à evolução do meio, mantendo a discussão sobre o que é
instituição. Nesse contexto, a teoria institucional é o produto do ambiente
organizacional e, inevitavelmente, as organizações sofrem ou se beneficiam no
contexto em que estão inseridas.
O ambiente institucional é fortemente identificado e, muitas vezes, estudá-
lo é dar oportunidade de crescimento e entendimento às práticas
organizacionais. Além disso, tal espaço é entendido em detalhes, conforme foi
tratado em sessões deste capítulo, quando se expôs o velho, o novo e o
contemporâneo institucionalismo.
Vale ressaltar que a necessidade de compreensão da ideia da mudança no
entendimento institucional vai se fundamentar numa perspectiva de longo
prazo, haja vista que nenhuma empresa passa por um processo de
transformação no curto prazo (da noite para o dia). No entanto, esse
procedimento, em muitas situações, é inevitável, o que faz as relações sociais e
a cultura da empresa criarem a sua própria identidade, tornando-se diferentes
das outras organizações.
Assim, é necessário que as empresas permaneçam atentas à adaptação ao
ambiente, buscando se adequar às necessidades da sociedade. Desse modo, se
faz necessária, regularmente, a adoção de uma postura proativa por parte dos
agentes econômicos (governo, empresas, sociedade), empenhando-se na
criação de mecanismos mais eficazes, visando tornar as relações mais pacíficas.
O resultado dessa postura pode ser a diminuição de possíveis conflitos de
interesse.
Então, pode-se afirmar que quanto mais eficiência empresarial a instituição
apresentar, maior será a sua legitimação no processo de alinhamento das
práticas gerenciais e do desenvolvimento em seu ambiente de negócio.
Notas de fim
1 Efeito contágio é o processo de propagação ocorrido entre mercados e é
originado por um fator endógeno ou exógeno, em um dado período de tempo,
que tem a capacidade de causar mudanças nas expectativas dos agentes
econômicos (FREIRE, 2017).
2 Risco sistêmico é a probabilidade de que perdas acumuladas em um
evento se propaguem ao conjunto de instituições e mercados que compõem o
sistema (KAUFMAN, 1995).
3 As inter-relações estão associadas à qualidade das instituições
(PAPAIOANNOU, 2009).