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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ

JOÃO VITOR RODRIGUES DE ARAÚJO

FUNDAMENTOS DA NOVA ECONOMIA INSTITUCIONAL E


A CONTRIBUIÇÃO DE DOUGLAS NORTH
Trabalho II da disciplina Economia Institucional

Teresina – PI
Janeiro/2023
JOÃO VITOR RODRIGUES DE ARAÚJO

Trabalho II da disciplina Economia


Institucional
Universidade Federal do Piauí

Prof. Guilherme Nunes Pires

Teresina – PI
Julho/2022
FUNDAMENTOS DA NOVA ECONOMIA INSTITUCIONAL E A VISÃO DE
DOUGLAS NORTH

As instituições, segundo os economistas institucionalistas, podem ser


caracterizadas como o conjunto de comportamentos regulares e padronizados das
pessoas em uma sociedade, assim como as idéias e valores associados a esses
comportamentos. De forma resumida, autores da antiga economia institucional,
como Veblen, Commons e Mitchell, acreditavam que as normas institucionais não
são resultantes apenas de ações individuais, mas estas estão sujeitas a fatores
externos, como evoluções tecnológicas, comportamentos coletivos pré-existentes e
a ação das organizações, ou seja, as instituições sociais pré-existentes. Já para
Nova Economia Institucional, esta adota uma visão oposta à antiga corrente, sendo
ela fundamentada no individualismo metodológico, ou seja, pressupõe que as
instituições podem ser explicadas pelas ações tomadas por indivíduos racionais.
Desse modo, se faz necessário entender os aspectos essenciais da Nova Economia
Institucional.
A priori é necessário esclarecer que os autores dessa corrente partilham de
um mesmo postulado fundamental quanto à formação das instituições, sendo este o
de que elas são criadas por meio de complexos processos de negociação que visam
a redução dos custos contratuais decorrentes dos empreendimentos conjuntos, isso
porque os agentes estão sujeitos a uma racionalidade limitada e a agir de forma
oportunista à medida que buscam concretizar seus próprios desejos. Por
conseguinte, os indivíduos aceitam, portanto, restringir seus comportamentos
egoístas, a fim de estabelecerem um laço de confiança com os outros indivíduos que
buscam fazer negócios com eles. Esta corrente de pensamento adota uma
perspectiva microanalítica, onde, em um primeiro sentido, dão ênfase às instituições
que regulam as transações entre agentes econômicos em nível microeconômico. Em
uma segunda análise, sob uma perspetiva microeconômica, a NEI procura entender
os resultados agregados do comportamento dos indivíduos, firmas e governos
partindo do nível microeconômico. Como um dos autores mais importantes dessa
corrente, Douglas North procurou mostrar o porquê de uma instituição de
determinado país ser mais ou menos propensa ao desenvolvimento econômico. Sob
essa ótica, é possível compreender os motivos de algumas organizações
apresentarem um maior ou menor nível de segurança institucional, fator este que
exerce forte influência no desenvolvimento de longo prazo de uma sociedade. As
contribuições trazidas por North e seus seguidores quanto a esta questão trazem
importantes conhecimentos para o processo de desenvolvimento econômico dos
países mais pobres.
A Nova Economia Institucional apresenta duas importantes proposições, das
quais a de que as instituições são importantes para explicar os fenômenos
econômicos, e, ainda, a de que os processos evolucionários das instituições são
passíveis de teorização. A segunda proposição é a que, de fato, difere essa linha de
pensamento da teoria econômica ortodoxa, isso porque, apesar de maneira
implícita, esta última assume que as instituições não são passíveis de teorização. A
Nova Economia Institucional afirma que os mesmos princípios utilizados para
estudar proposições puramente econômicas podem ser utilizados para estudar como
as instituições se desenvolvem e se transformam ao longo do tempo. A ideia
principal dessa teoria é que as instituições são restrições aos comportamentos
humanos que são desenhadas para reduzir os custos de transação. Ainda, a NEI se
concentra em duas correntes principais: as mudanças no ambiente institucional geral
das economias, como direitos de propriedade e leis de contrato, e como elas afetam
a produção, o comércio e a distribuição; e as interações entre unidades econômicas
no processo de produção, comércio e distribuição, enfatizando a forma como
surgem e se desenvolvem instituições que garantem a cooperação entre essas
unidades. A primeira corrente deriva principalmente dos trabalhos desenvolvidos por
Douglas North, cujo seu papel fundamental é o de entender de que forma as macro-
instituições afetam o desenvolvimento econômico de um país no longo prazo e quais
instituições são mais propícias a esse desenvolvimento. A segunda corrente deriva
em partes do trabalho de Coase e de Oliver Williamson, cujo objetivo principal é
entender como se formam e se transformam aquelas instituições em que o papel
principal é o de manter determinados tipos de transação.
É necessário ainda entender o que são os custos de transação e como as
instituições atuam para reduzir estes custos. Os custos de transação são os custos
associados à transferência de bens e serviços entre indivíduos ou organizações, e,
estes ocorrem quando os indivíduos passam a depender dos outros para obter os
bens que necessitam. Os custos de transação incluem os custos necessários para
adquirir e processar informações sobre contratos futuros, os custos de monitorar o
desempenho das partes do contrato, os custos organizacionais devido a
comportamentos ineficientes das partes contratantes e os custos legais associados
a punições por violações de cláusulas contratuais. Estes custos estão relacionados,
portanto, aos riscos contratuais existentes em determinada operação. A Nova
Economia Institucional sugere que as instituições surgem a partir de negociações
entre pessoas, e que essas instituições servem para diminuir os custos decorrentes
de quebra de acordos em condições de racionalidade limitada. Isso pode ser melhor
ilustrado ao comparar a situação de comunidades onde os vínculos pessoais são
fortes e os moradores se organizam para realizar mutirões com comunidades
maiores onde as pessoas precisam contratar profissionais para realizar trabalhos e
assinar contratos para garantir a cooperação. Segundo a NEI, a divisão do trabalho
permite um aumento e eficiência de produtividade, a criação de redes de
cooperação e colaboração entre indivíduos e organizações que pode resultar em
benefícios adicionais, como o surgimento de novas ideias e inovações. Todavia,
segundo a NEI, em países subdesenvolvidos, não se desenvolveram instituições
que garantam que as sociedades desfrutem desses benefícios.
Para Douglas North, entender o progresso econômico significa entender o
processo de evolução das instituições. Seu modelo possui como conceito mais
fundamental a incerteza. Segundo o autor, esta é responsável por dificultar ou
impossibilitar as transações econômicas entre as pessoas. Para ele, os indivíduos
não possuem capacidades racionais suficientes para compreender e processar
todas as informações necessárias ao seu processo de tomada de decisão. Se faz
necessário entender que a utilidade, no seu modelo, é a responsável por engasgos e
mau funcionamento nas transações econômicas, o que dificulta com que os agentes
cheguem a soluções ótimas em suas decisões.
O que se deriva desse conceito é aquilo que se fundamenta a problemática
da Economia Institucional, já mencionada acima, que são os custos de transação.
Segundo o autor, estes são divididos em dois tipos, os custos de measurement e os
de enforcement. Os custos de measurement são aqueles oriundos da incapacidade
dos indivíduos em reconhecerem o estado de qualidade dos produtos que estão em
transição. Esses custos podem estar relacionados ao tempo e os recursos
necessários para coletar, processar e analisar informações sobre a qualidade e
quantidade dos bens e serviços envolvidos na transação, bem como sobre as
condições financeiras e as expectativas de retorno dos envolvidos. Os custos de
enforcement são aqueles relacionados a desconfiança quanto a propriedade do bem
a ser transacionado, ou seja, são os custos decorrentes da implementação e
manutenção de um acordo, garantindo com que as partes envolvidas cumpram o
acordo. Estes custos incluem a garantia de conformidade do acordo, lidar com
disputas, solução de conflitos e aplicação de sanções caso haja descumprimento.
Estes dois elementos centrais ilustram aquilo que North procura argumentar quanto
ao problema de incerteza enfrentado pelos agentes econômicos.
É a partir da incerteza e com o objetivo de superarem os custos de transação
que surgem as instituições. Segundo North, as instituições representam uma maior
restrição para os agentes no curso de suas transações, mas, além disso, o seu
papel se amplia à capacidade construtiva na interação dos indivíduos. Estas são
divididas ainda em dois tipos, sendo elas formais ou informais. As instituições
formais são aquelas relacionadas às leis e constituições que em geral são impostas
por um governo, e, a segundo, está relacionada àquelas restrições formadas no
próprio seio da sociedade.um outro elemento importante para o modelo de Douglas
North, são as organizações. O autor assimila estes a times que jogam as regras do
jogo das instituições. De maneira geral, é através das interações entre as
instituições e organizações que Douglas North procura o processo evolutivo das
sociedades. A teoria geral proposta por North se organiza então da seguinte forma,
um ambiente econômico permeado de incertezas acarreta em diversos custos de
transação. Com o objetivo de reduzir estes custos, as sociedades se organizam em
instituições, que são um conjunto de regras que limitam e constroem os
comportamentos dos indivíduos, estas são responsáveis por formar a matriz
institucional. Por último, por meio da matriz institucional, são definidos os estímulos
para a criação das organizações, estes podem ser tanto políticos, quanto
econômicos ou sociais. Estes são os conceitos principais que fundamentam a teoria
apresentada por Douglas North, importante autor dessa corrente de pensamento.
Dessa forma, a Nova Economia Institucional é uma área importante de estudo
para entender como as sociedades funcionam e como as instituições econômicas se
formam e evoluem ao longo do tempo. Ela fornece uma abordagem útil para
compreender como os indivíduos e grupos de indivíduos negociam e se organizam
para alcançar objetivos comuns em um ambiente de incerteza e racionalidade
limitada. Além disso, ela também fornece insights úteis para entender como as
instituições e as políticas governamentais afetam o desempenho econômico.

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