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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ

JOÃO VITOR RODRIGUES DE ARAÚJO

ECONOMIA INSTITUCIONAL DE DOUGLASS NORTH E O


DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO
Trabalho III da disciplina Economia Institucional

Teresina – PI
Janeiro/2023
JOÃO VITOR RODRIGUES DE ARAÚJO

Trabalho III da disciplina Economia


Institucional
Universidade Federal do Piauí

Prof. Guilherme Nunes Pires

Teresina – PI
Julho/2022
ECONOMIA INSTITUCIONAL DE DOUGLASS NORTH E O DESENVOLVIMENTO
ECONÔMICO

A análise das instituições vem ganhando cada vez mais destaque dentro do
cenário político e econômico. Esse fenômeno vem ganhando peso desde o final do
século XIX, com o Institucionalismo Original, e, posteriormente, aprimorada com o
surgimento de outras vertentes voltadas a essa discussão, como a Nova Economia
Institucional. A principal preocupação dos economistas que atuam nesse campo de
pesquisa está em definir o que é uma instituição. Desse modo, o processo de
entendimento do que seriam as instituições passa pelo crivo de identificar qual sua
função e quais implicações desta no funcionamento da economia. A relevância
desse ente se dá em especial pela sua capacidade de interferir nas trajetórias que
levam ao desenvolvimento econômico. Ainda, entende-se que, o sucesso da
construção de um quadro institucional compatível ao crescimento econômico está
fortemente ligado ao seu processo histórico, social e cultural que o gerou. Isso
revela que um esforço direcionado única e exclusivamente à execução e
manutenção de medidas que elevem variáveis macroeconômicas para seus níveis
ótimos não será suficiente para um crescimento econômico eficiente. Ainda, o
indivíduo assume papel relevante durante esse processo à medida que suas
decisões, tomadas sob um ambiente de incerteza, criam condições favoráveis ao
progresso tecnológico que abarcará possíveis trajetórias de desenvolvimento
econômico. Sob essa perspectiva, as relações de mútua causalidade são de igual
importância, envolvendo as decisões das firmas, das instituições e ainda dos
indivíduos. Para a Velha Economia Institucional, as instituições são a forma de
pensar da sociedade, incorporadas aos aspectos culturais, e, que resultam, em
normas de conduta aceitas pela sociedade. Todavia, a forma como os indivíduos
agem de maneira isolada desencadeiam uma complexa estrutura que pode ser
modificada. Para Douglass North, importante autor da Nova Economia Institucional,
as instituições são definidas como as regras do jogo do sistema econômico. Outro
autor que trata as instituições como elemento central do funcionamento do sistema
econômico é o economista Ha-joon Chang, que traz uma perspectiva diferente
quanto ao conceito de instituições e quanto ao papel do Estado e do mercado no
desenvolvimento econômico. Apesar das divergências, os dois autores argumentam
que as instituições assumem o papel central do funcionamento do sistema
econômico. Desse modo, uma análise das contribuições de Douglas North quanto
ao tema possibilita uma melhor compreensão a respeito do papel das instituições no
processo de desenvolvimento econômico.
Uma das principais preocupações de Douglas North no desenvolvimento do
seu trabalho está em analisar o desenvolvimento econômico em diferentes países,
mostrando suas diferenças e apresentando uma explicação para essa divergência
através de uma análise voltada às instituições e às mudanças institucionais. Para o
autor, as instituições formam a estrutura de incentivos de uma sociedade, sendo
estas o determinante do desempenho econômico de um país. Desse modo, para o
autor, as instituições podem ser constituídas de restrições formais e informais, sendo
a primeira relativa às regras, leis e constituições, e, a segunda, pela forma de
comportamento da sociedade, como convenções e de suas características
impositivas. Esse conjunto de regras determinam as restrições e incentivos de uma
economia. Estas ainda são responsáveis, junto à implementação de tecnologia, pela
determinação dos custos de transação e de transformação. Para uma análise
neoclássica, uma situação de maximização de rendimento só ocorre quando os
custos de transação são nulos, independente do arranjo institucional. Para North, as
instituições não são desenvolvidas necessariamente para reduzirem os custos de
transação. Desse modo, North centraliza o seu trabalho para identificar o surgimento
e a permanência de instituições que não são favoráveis ao desenvolvimento
econômico. North destaca o papel fundamental do direito à propriedade como
estímulo aos indivíduos a assumirem determinadas atividades. O autor destaca que
esse estímulo existe apenas quando essas atividades apresentam um retorno
econômico igual ao retorno social. North busca então compreender quais fatores
resultam na divergência desses dois indicadores. Para o autor, elas ocorrem por
externalidades e, por consequência, de uma inadequada definição dos direitos de
propriedade. Segundo Coase (1981), quando esses direitos são bem assegurados,
não ocorrem, portanto, externalidades, o que garante o desenvolvimento econômico.
Isso remete ao papel do estado no desempenho econômico, dado que este tem o
papel de definir os direitos de propriedade. Uma questão que pode ser levantada é a
de que por quais motivos o estado deixaria de garantir esse direito. Para o autor,
dado os níveis de complexidade alcançados pelas trocas interpessoais, se faz
necessário a atuação do estado para o cumprimento do direito de propriedade e
possíveis conflitos que possam surgir dessa estrutura social. Desse modo, para o
autor, o estado surge como uma forma de intermediar e solucionar conflitos e a
violência decorrente do aumento populacional. Sob essa análise, o autor trata da
conceitualização do Estado natural que pode ser entendido como uma aliança
política que objetiva restringir o acesso a recursos e atividades econômicas a outros
grupos, constituindo uma ordem de limitação de acessos.
Uma outra questão surge diante desta análise é a de qual motivo de os
direitos de propriedade ineficientes perdurarem e naturalmente manterem
instituições ineficientes. Segundo North, durante a história governos criaram direitos
de propriedades que atendem majoritariamente aos seus interesses, o que os
tornaram ineficientes e resultaram em elevados custos de transação. Para o autor, o
que explica a ausência de instituições eficientes por determinadas economias que
proporcionam o desenvolvimento econômico está na forma que ocorrem as
interações entre as instituições e as organizações.

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