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Everton Santos, Jucelaine Bitarello e Valdir Pedde RSP

Determinantes do
Desempenho Institucional:
um esboço teórico

Everton Santos, Jucelaine Bitarello e Valdir Pedde

Introdução

Com o processo de redemocratização no Brasil, nas últimas décadas assistimos


a um avanço político institucional inegável no país. De maneira geral, as eleições
tornaram-se rotineiras e as liberdades políticas de organização e participação têm
adquirido importância central. Todavia, nem sempre avanços políticos institucionais
significaram melhora efetiva e progressiva das condições de vida dos brasileiros.
Convivendo majoritariamente com partidos, parlamento, eleições, os governantes
no Brasil têm-se deparado com demanda crescente da sociedade sobre instituições
do Estado e suas políticas públicas. Esse é um fenômeno típico de sociedades
democráticas, em que as “comportas” que represavam a pressão social sobre o
Estado durante tempos pretéritos do autoritarismo foram abertas.
Dessa forma, uma das grandes questões colocadas ao Estado neste início de
século é exatamente sobre sua eficiência e capacidade em atender às demandas
provenientes da sociedade. Isso nos remete a questionamentos sobre quais são as

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variáveis que podem determinar um Demonstraremos esse argumento no tópico


desempenho satisfatório das instituições do “Instituições Políticas como Variável Inde-
Estado, incluindo governos nacional, esta- pendente”, ressaltando especialmente a
duais, municipais e conselhos regionais. criação dos municípios e Conselhos
Sob que condições políticas institucionais Regionais de Desenvolvimento (Coredes)
ou mesmo societais podemos ter bom no Rio Grande do Sul como variável que
desempenho governamental? determina o desempenho dos governos.
Buscando responder a esses questiona- No segundo tópico, “Cultura Política
mentos, o objetivo deste artigo é construir como Variável Independente”, inverte-
referencial teórico preliminar que possibilite remos o argumento, demonstrando que
compreender as razões que determinam o cultura política é fator determinante do
desempenho institucional no caso brasileiro, desempenho governamental. Para essa
especialmente no Rio Grande do Sul. Ou vertente, um bom governo dependeria dos
seja, os mecanismos que permitem aos costumes, dos valores da sociedade, de
governos realizar seus propósitos, como práticas políticas que ajudariam as insti-
construir estradas, educar crianças e tuições. Em outras palavras, a qualidade
promover o desenvolvimento. Por meio de da sociedade seria fundamental para o
revisão da bibliografia especializada busca- êxito das instituições.
se identificar que fatores podem estar No terceiro e último tópico, “Insti-
determinando o melhor ou o pior desem- tuições e Cultura Política. Um Sinergismo
penho das instituições políticas, ou, de outra Possível”, demonstraremos que instituições
forma, que fatores podem facilitar as ações políticas que encontram uma sociedade
governamentais de maneira mais ampla organizada, horizontalizada e detentora de
além das instituições já existentes? Essas insti- capital social (CS), portanto fértil social-
tuições podem mudar a prática dos mente (sinergismo entre as duas variáveis),
governos? A eficiência de um governo possuem melhores condições de obter
depende das instituições políticas ou da êxito em seus propósitos, destacando aqui,
cultura de seus cidadãos? grosso modo, diferenças regionais quanto
As respostas a essas questões são à dotação de CS no estado. Nesse sentido,
controversas, a bibliografia especializada procuraremos dimensionar teoricamente a
tem-se dividido basicamente em duas dotação de CS no Rio Grande do Sul, bem
vertentes para dar conta de explicar como como seu desenho institucional a partir da
um governo pode ter bom desempenho criação dos Coredes.
institucional. Há uma vertente teórica Este artigo justifica-se sob o argumento
chamada institucionalista, em sentido lato, que de que corroborar a hipótese da relação
dá ênfase de maneira geral aos aspectos entre CS e desempenho institucional signi-
políticos institucionais do Estado, chamando fica demonstrar que o sucesso de reformas
a atenção para o fato de que um bom políticas está relacionado não somente com
desempenho governamental democrático a qualidade das leis e instituições e com
dependeria da arrumação de suas partes a capacidade dos governos em imple-
formais, de que instituições podem mentá-las, mas também com a qualidade
sim influir sobre a sociedade, através da do tecido social no qual ela é implantada.
moldura de comportamentos políticos, Essa hipótese, subvertendo de certa forma
estimulando ou inibindo atores políticos. o argumento tradicional da virtude pública

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dos governantes, quer chamar a atenção pelos seres humanos, que dão corpo à
para configurações estruturais que estão na própria interação humana. Assim sendo,
base do sucesso, ou não, do bom desem- constituem incentivos para intercâmbio, seja
penho governamental, seu peso na deter- político, social ou econômico.
minação, com fatores institucionais já Essas instituições não apenas afetam o
postos pela estrutura estatal. desempenho da economia, mas também
os diferentes desempenhos econômicos
Instituições políticas como que ao longo do tempo são influenciados
variável independente pela forma como as próprias instituições
evoluem. Assim sendo, elas podem
De maneira geral, podemos dizer provocar a redução da incerteza, já que
que a perspectiva institucionalista como
corrente de pensamento tem suas origens
remontadas ao século XX nos Estados
Unidos, ressaltando como instituições
podem determinar o comportamento de
atores, dos governos, da economia, ou
“... as instituições
mesmo do desenvolvimento econômico.
Ocupando a ponta dos debates aca- representam
dêmicos contemporâneos, o neo-institu- orientações criadas
cionalismo, na perspectiva aberta por pelos seres humanos,
Douglass North, vai dar especial acento às que dão corpo à
instituições, a partir de inflexão da história
econômica para estudos mais voltados à
própria interação
evolução de arranjos institucionais, com seu humana. Assim sendo,
trabalho Sources of Productivity Change in Ocean constituem incentivos
Shipping, 1600-1850, de 1968. Nessa obra, para intercâmbio, seja
o autor escreve sobre a evolução da político, social ou
produtividade da indústria de transporte
oceânico e constata que as evoluções
econômico.”
institucionais foram mais importantes do
que inovações tecnológicas para o aumento
da produtividade econômica (G ALA ,
2003).1 Desse ponto em diante, North
(2001) entende que o papel das instituições proporcionam estrutura à vida diária,
na evolução das sociedades é fator definindo e limitando o conjunto de
determinante; demonstrando a influência escolhas dos indivíduos. Para tanto, o autor
das instituições no desenvolvimento da apresenta dois conceitos principais,
sociedade, bem como comprovando o conceito de racionalidade e o de institui-
como o crescimento de longo prazo ou a ções. O primeiro é o conceito de racio-
evolução histórica de uma sociedade é nalidade, que desempenha um papel
condicionado pela formação e evolução central na construção de sua dinâmica
de suas instituições. Nesse contexto, as institucional (sintomaticamente); sua plena
instituições representam orientações criadas utilização rejeita a escolha racional2 dos

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neoclássicos que, segundo North (2001), propriedade, que conduzirão organizações


possui axiomas muito rígidos (MUNHOZ, e indivíduos a investir em atividades
2006). econômicas produtivas, especialmente na
Assim, North (2001) propõe uma acumulação de capital e de conhecimento
teoria da racionalidade ampla, que analisa (GALA, 2003). Assim sendo, North (2001)
dois aspectos essenciais da conduta observa que os chamados países emer-
humana: a motivação dos indivíduos e a gentes e os subdesenvolvidos não se
questão da decifração do ambiente. Nesse desenvolvem plenamente, em grande parte,
sentido, o autor defende a construção pela ineficiência de suas instituições. Em
de modelos mais intrincados para com- verdade, a incerteza gerada pelo quadro
preender-se a conduta humana dentro de institucional dificulta as transações econô-
um modelo individual de utilidade micas entre os indivíduos e impede que os
esperada, incorporando a ela certos indivíduos conheçam antecipadamente
aspectos como o altruísmo, os dogmas, as todas as possibilidades decorrentes de suas
ideologias e as normas de conduta auto- escolhas, resultando no mau funciona-
impostas (M UNHOZ , 2006). No âmago mento das transações econômicas e
dessa análise está a impossibilidade de o fazendo com que indivíduos sejam inca-
indivíduo conhecer toda informação pazes de atingir soluções ótimas a partir
necessária para tomada de decisões, do que de suas decisões. A própria incerteza
decorrem questões como a complexidade eleva os chamados custos de transação,
dos problemas, a falta de capacidade incapacitando a sociedade de estabelecer
computacional e as realidades mutáveis o cumprimento de contratos de forma
(GALA, 2003). Ademais, um ponto funda- eficaz e a baixo custo, constituindo-se na
mental da teoria institucionalista desse autor fonte principal da estagnação histórica e
é o papel da ideologia nas sociedades que, do subdesenvolvimento contemporâneo
ao restringir o comportamento indivi- do Terceiro Mundo. É em função da
dualista resultante de um cálculo maxi- existência dessas incertezas que North
mizador puro e simples, atua como (2001) introduz o conceito das instituições.
instituição informal importante para Ao reduzirem os custos de negociação,
tomada de decisões. A ideologia reduz a atenuando o problema da incerteza, as
incerteza na interação entre pessoas ao instituições facilitam a coordenação
estabelecer uma base comum de crenças e econômica e social. Por exemplo, ao com-
regras que permitem trocas econômicas parar uma economia emergente com uma
(GALA, 2003). Também a eficiência desem- economia industrial avançada é possível
penha papel relevante no marco institu- constatar as conseqüências de direitos de
cional, configurado na idéia de “instituições propriedade mal definidos ou pouco
eficientes”. Nesse sentido, para que a matriz efetivos. O marco institucional conduzirá
institucional de determinada sociedade seja até um quadro de insegurança nos direitos
eficiente, é preciso estabelecer sistema de de propriedade, resultante do uso de
propriedade bem definido, acompanhado tecnologias que empregam pouco capital
de aparato eficaz de enforcement (MUNHOZ, fixo e que não significam acordos de
2006). Destarte, qualquer arranjo insti- longo prazo. Tal situação decorre em
tucional terá bom desempenho quando for economia subdesenvolvida, de matriz
capaz de definir e de garantir direitos de institucional que carece de estrutura formal

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capaz de promover mercados eficientes suas leis orgânicas, aproximaram-se delas,


(N O R T H , 2001). Em suma, o autor canalizando recursos para a região.
demonstra que instituições fortes e Todavia, no final da década de oitenta
confiáveis são fundamentais para o tivemos uma “engenharia política”
desenvolvimento e que bastaria aos países adicional. Com o processo de redemocra-
emergentes criarem instituições com tais tização e, conseqüentemente, com refor-
características para alcançarem o desenvol- mulações constitucionais tanto em nível
vimento e, conseqüentemente, pode-se federal quanto estadual, e portanto com
deduzir, uma melhora no desempenho de nova dinamização das relações entre
seus governos. Estado e sociedade no Brasil, houve a
No caso específico do estado do Rio criação de legislação favorável à descen-
Grande do Sul, torna-se importante essa tralização política regional no estado. A
inflexão teórica para compreensão do seu partir de 1994 (no governo Collares), há
processo de desenvolvimento. Assim sendo, a criação dos Conselhos de Desenvolvi-
as configurações institucionais que o estado mento Regional (C ORE D E S ). 3 Foram
teve ao longo de sua formação acabaram criados com a finalidade de fortalecer a
dando contorno político para o processo importância econômica do estado no PIB
de desenvolvimento local inegável. nacional (que estava em decréscimo),
Como lembra Siedenberg (2003), é a induzir diretamente o crescimento eco-
partir de 1804 que os portugueses promo- nômico, descentralizar as ações políticas
veram a primeira divisão territorial do Rio e combater as disparidades regionais
Grande do Sul (na época, São Pedro do quanto ao desenvolvimento (SIEDENBERG,
Rio Grande do Sul), criando inicialmente 2003). Entretanto, apesar de sucessivos
quatro municípios, com a finalidade de governos não aderirem frontalmente à
ocupar estratégica e militarmente a região: idéia dos Conselhos num primeiro
Rio Grande, Porto Alegre, Santo Antônio momento, os COREDES resistiram e têm-
da Patrulha e Rio Pardo. Assim, ao longo se mostrado ao longo desses 13 anos,
de sua história política tivemos outras segundo especialistas, muito mais como
subdivisões, criando-se 88 municípios no uma instituição capaz de perceber e indicar
século XIX e, a partir da segunda metade demandas das diferentes regiões do que
do século XX, registrando-se crescimento propriamente ser capaz de neutralizar as
vertiginoso dos municípios, chegando a 496. decisões do mercado global, ou mesmo
Essas emancipações podem ser as macropolíticas econômicas de âmbito
explicadas por duas razões básicas: pela federal. Dessa forma, esses novos muni-
necessidade que os governos estaduais cípios, os Conselhos de Desenvolvimento
tinham em garantir e obter maior represen- Regional, ou seja, essas novas configu-
tatividade na distribuição dos recursos rações institucionais colaboraram, de
federais; e pelas demandas locais, ou seja, alguma forma, para a satisfação dos
pelo crescimento demográfico, pelas cidadãos com o desempenho das insti-
necessidades de melhorias na infra-estru- tuições do Estado, auxiliando na organi-
tura urbana, na qualificação dos serviços zação e aplicação de recursos. Contudo,
públicos (SIEDENBERG, 2003). Nesse sentido, não são somente essas variáveis institu-
as emancipações geraram situações novas, cionais (conselhos, municípios, leis
organizaram as comunidades locais com orgânicas) que concorrem para explicar

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o desempenho dos governos e o desen- pós-industrial, ao sul tradicional agrícola.


volvimento regional. Essas diferenças entre dois extremos
Invertendo o pólo da determinação e necessitaram da ajuda de reformas políticas
da primazia, Robert Putnam (2000), por para resolver seus problemas de adminis-
exemplo, vai argumentar em defesa da tração pública, posto que, na década de
cultura política (comunidade cívica) como 70, criaram-se diversos governos regionais
fator de determinação do desenvolvimento procurando descentralizar a administração
político, social e econômico de uma região, política italiana.
em detrimento dos aspectos institucionais Foram criadas 20 regiões idênticas
levantados por North (2001). Para Putnam quanto aos seus poderes; entretanto, os
(2000), os aspectos culturais são mais desempenhos dessas regiões foram muito
importantes para compreender o desenvol- diferentes. Como explicar essa diferença?
vimento de um país ou de uma região do O autor procura testar sua hipótese de que
que as instituições. são a cultura política e as tradições cívicas
que determinam o desenvolvimento
Cultura política como variável socioeconômico de uma região e, nela,
independente o capital social. Para Putnam (2000), CS
são práticas sociais, normas e relações
Em seu trabalho “Comunidade e de confiança que existem entre cidadãos
Democracia”, Putnam (2000) está preo- numa determinada sociedade, bem como
cupado em compreender como alguns dos sistemas de participação e associação que
governos democráticos podem funcionar estimulam a cooperação. Quanto maiores
de maneira satisfatória, uma vez que na e mais ricas forem as possibilidades
contemporaneidade as democracias associativas numa sociedade, maior será o
liberais, “vitoriosas” com o fim do socia- volume de CS. Dessa forma, a confiança
lismo real, não estão satisfazendo adequa- é a expectativa que nasce no meio de uma
damente as demandas do eleitorado. comunidade de comportamento estável e
Então o autor investiga o que é necessário cooperativo, baseado em normas compar-
para o bom funcionamento dos governos tilhadas por esses membros (FUKUYAMA,
democráticos, quais são os pressupostos 1996). A questão central para Putnam
indispensáveis para que a democracia (2000) é que a confiança, a cooperação e
responda aos desafios contemporâneos. os espaços de participação social entre o
Assim, uma das questões centrais que o Estado e a sociedade são elementos posi-
autor irá investigar é por que alguns tivos e essenciais para o bom funciona-
governos democráticos têm um bom mento das instituições políticas4.
desempenho institucional e outros não? Ou seja, ele toma a cultura política, a
Perseguindo essa questão, o autor variável civismo, como variável indepen-
analisa vinte anos da história política da dente e o desenvolvimento econômico e o
Itália, demonstrando que esse país apre- desempenho institucional como variável
senta grande diferença regional tanto ao dependente. Isso significa que “as possibili-
norte, em Seveso, por exemplo, quanto ao dades de desenvolvimento socioeconômico
Sul, em Pietraportesa. De uma localidade de uma região neste século dependeram
a outra movimenta-se da modernidade menos de seu potencial socioeconômico
capitalista industrial, em alguns casos inicial do que de seu potencial cívico”

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(P UTNAM , 2000, p.166). Mas, como a haveria uma diferença entre o “norte
comunidade cívica pode contribuir para a colonial”, cuja matriz é de imigrantes
prosperidade econômica – por meio de europeus, com existência de pouca escra-
que mecanismos? Pode contribuir, por vidão e predomínio do minifúndio. Em
exemplo, pela cooperação horizontal entre contraste, teríamos no sul do estado uma
empresas nos distritos industriais (PUTNAM, matriz ibero com o predomínio do lati-
2000). Isso se reflete em cooperação nos fúndio e o uso extensivo da mão-de-obra
serviços administrativos, na aquisição de escrava.
matérias-primas, no financiamento e na No que se refere à primeira região,
pesquisa (P UTNAM , 2000); ou mesmo Bandeira (2003) ressalta que essas zonas
subcontratando os concorrentes tempora- coloniais de imigração estão dotadas de
riamente. Elas competem, mas na inovação
de produtos e na eficiência. Pelo lado da
demanda, os cidadãos das comunidades
cívicas querem um bom governo e

eles exigem serviços públicos mais


“... as configurações
eficazes e estão dispostos a agir coleti-
vamente para alcançar seus objetivos institucionais que o
comuns. Já os cidadãos das regiões estado (Rio Grande do
menos cívicas costumam assumir o Sul) teve ao longo de
papel de suplicantes cínicos e alienados. sua formação
(PUTNAM, 2000, p.191)
acabaram dando
Pelo lado da oferta de serviços do contorno político para
setor público, o governo é favorecido pela o processo de
infraestrutura social das comunidades desenvolvimento local
cívicas, que acabam colaborando e coope- inegável.”
rando com o governo, visando os interesses
comuns (PUTNAM, 2000).
Assim, o autor argumenta, em sua
análise das regiões italianas, que se
formaram dois sistemas sociais equili-
brados na Itália. No norte, um sistema de
comunidade cívica, com equilíbrio virtuoso, mais CS do que as da região sul. Nas
de cooperação, confiança e reciprocidade. primeiras encontramos uma infinidade de
No sul, um sistema não cívico, com associações recreativas, clubes sociais,
equilíbrio vicioso de deserção, descon- sociedades de canto, de atiradores e artís-
fiança, omissão e exploração. Aplicando ticas, bem como uma intensa vida social
essa perspectiva teórica ao caso do Rio colaborativa e cooperativa entre os
Grande do Sul, Bandeira (2003) estabelece primeiros colonos que aqui chegaram no
uma diferença regional no estado muito século XIX. Nas áreas de colonização
semelhante ao que Putnam (2000) fez na italiana, por exemplo, também registra-se
Itália. Como uma primeira aproximação essa cooperação: um grupo faz a colheita

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quando um colono está doente; a conser- e racionalizadores (H OLANDA 1981, in


vação da estrada é feita por todos, há BANDEIRA, 2003). Somadas a esse traço, há
acordos para a construção do cemitério; a longínquas distâncias entre agrupamentos,
construção da capela foi feita por iniciativa escassas instituições de solidariedade social
dos pequenos proprietários rurais e de cooperação. O que se tem de costume
(DE B ONI e COSTA, 1979 in BANDEIRA, solidário entre vizinhos é proveniente de
2003). Nesse último caso, a vida social impulsos da afetividade e da delicadeza
desenvolvia-se no entorno da capela, moral, não da solidariedade que visa obter
entendida, no seu sentido amplo, como o utilidade comum (V I ANNA , 1999, in
cemitério, o salão de festas e os campos BANDEIRA, 2003).5
de esporte. Diferentemente do sul do Boschi (1999), comparando duas
estado, onde foram os fazendeiros (“os capitais brasileiras: Belo Horizonte e
coronéis”, que se julgavam donos do Salvador, no que diz respeito às expe-
trabalho e das posições políticas dos seus riências de governança, ou seja, à transpa-
empregados) que construíram as capelas, rência na formulação e eficácia de polí-
mantidas pelas suas esposas, os agricultores ticas públicas, argumenta que a principal
eram convidados para batizados, casa- diferença entre elas está relacionada à exis-
mentos, mas nada contribuíam para a tência de CS. No primeiro caso, temos mais
organização, construção ou manutenção da estruturas horizontais e CS que ajudam a
capela, ficando a vida social restrita ao reduzir as práticas clientelísticas e centra-
entorno da fazenda (DE BONI e COSTA, lizadas de administração, ao passo que em
1979 in BANDEIRA, 2003). Salvador essas práticas são mais abundantes
Ainda dentro da matriz teórica do CS, e portanto deletérias à administração local,
Monastério (2003) analisa a qualidade das onde temos menos CS e estruturas hori-
administrações municipais no estado do zontais de organização.
Rio Grande do Sul. O que denomina de Para além da divisão dicotômica entre
planalto e serra (utilizando outra divisão norte e sul no estado do Rio Grande do
territorial, mas referindo-se às zonas de Sul, incorporamos neste artigo a divisão
colonização) terá melhores indicadores de regional proposta por Bandeira (2003), que
qualidade da administração pública, em divide o estado em três macrorregiões:
contraposição às regiões da campanha – norte, nordeste e sul. No sul, há base
sul do estado. Em sua análise, na região da predominantemente agrícola formada
campanha há menos leis, informatização, pelos vales dos rios Jacuí e Ibicuí, com
conselhos, gasta-se menos com saúde e grandes propriedades rurais, pecuária e
educação; ao passo que na serra e no lavoura de arroz. Ao norte, compreen-
planalto esses indicadores tendem a ser dendo as áreas do planalto e do Alto
melhores pela dotação de CS. Uruguai, há prevalência da pequena e média
Nessa perspectiva há forte inclinação propriedade, com lavouras mecanizadas
patrimonialista e personalista na região da do trigo e da soja. No nordeste, há bifur-
campanha, no sul do estado, que teve cação. Um nordeste 1, que corresponde
tradição ibérica mais forte. Há acentuação à região metropolitana pelo eixo Porto
singular do afetivo, do irracional, do Alegre-Caxias do Sul e por áreas situadas
passional, ou antes uma atrofia das quali- no seu entorno; e um nordeste 2, corres-
dades como ordenadores, disciplinadores pondendo às áreas mais antigas de

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colonização do estado, a região da serra. institucional na medida em que se pode


As regiões norte e nordeste 2 são marcadas inserir qualquer instituição em qualquer
pela imigração européia e dotadas de CS; contexto histórico e teria-se o seu funcio-
ao passo que as regiões sul e nordeste 1 namento como em qualquer outro con-
seriam as com menos dotações de CS texto, assim como o advento da prospe-
(BANDEIRA, 2003).6 ridade (PRZEWORSKI, 2005). Entretanto, não
há essa linearidade. As instituições são
Instituições e cultura política: “endógenas”, argumenta Przeworski
um sinergismo possível (20005). Isso significa dizer que

A proposição da cultura política e, (...) nada pode ser a causa primordial.


portanto, da importância do CS para As instituições não são uma causa mais
explicar o desempenho institucional de uma profunda, podem determinar a
região (PUTNAM, 2000; BANDEIRA, 2001; provisão de fatores e seus usos, sendo
MONASTÉRIO, 2003; BOSCHI, 1999) constitui que esses fatores afetam o crescimento
importante variável para explicar o e a ulterior prosperidade que, por seu
desenvolvimento econômico e o desem- turno, afeta a evolução das instituições”
penho das instituições. Contudo, não (PRZEWORSKI, 2005, p.76).
podem ser compreendidas separadamente,
mas devem ser integradas numa perspec- Quem criou as instituições? Certamente
tiva sinergética que combine instituições e não se criam sozinhas. Além disso, podem
cultura política. ter efeitos diferentes dependendo do
Indubitavelmente, os argumentos tanto contexto. A importação da instituição da
de Robert Putnam (2000), na defesa da estabilidade e do insulamento do funcio-
sociedade cívica e, portanto, da determi- nário público no Brasil assumiu um papel
nação de fatores culturais, quanto de diferente do que teve essa instituição
Douglass North (2001), na identificação das originalmente na Alemanha. O funcionário
instituições como fatores determinantes público típico alemão é completamente
para o desenvolvimento econômico de uma diferente do funcionário típico brasileiro,
região, são ao mesmo tempo contundentes inclusive no uso que faz dessa prerrogativa.
e convincentes para compreensão do fenô- O autor está chamando a atenção na
meno. Entretanto, pode-se citar Przeworski crítica a North (2001) para o fato de que
(2005) e argumentar que, embora haja de as instituições são mutuamente interde-
fato uma contribuição significativa para as pendentes e evoluem conjuntamente com
Ciências Sociais por parte dessas teorias, a as dinâmicas societais. Como exemplifica
procura de uma determinação primordial Przeworski (2005), imaginemos a criação
para o desenvolvimento e, particularmen- de instituições que preservem o poder dos
te, para o desempenho institucional seja um poderosos: essas instituições não são autô-
equívoco epistemológico, assim como o que nomas, mas condicionadas pelo contexto
o marxismo cometeu na busca da deter- em que estão inseridas e em que foram
minação das condições materiais sobre as criadas.
instituições políticas. Da mesma forma podemos pensar,
Na verdade, a proposição teórica de na comunidade cívica em Putnam (2000),
North (2001) estimula a engenharia na determinação do desempenho das

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instituições. Se é a cultura política que permitem aos governos realizarem seus


determina o grau de desenvolvimento de propósitos. Para tanto, sublinhou-se inicial-
uma região, então algumas regiões estariam mente a contribuição teórica do neo-
fadadas ao subdesenvolvimento perpe- institucionalismo. Com North (2001),
tuamente. Mas não, o próprio Putnam verificou-se que instituições são funda-
(2000) reconhece que a reforma institu- mentais para a configuração social, pois
cional na Itália contemporânea melhorou podem provocar redução da incerteza, já
em geral o desempenho das diferentes que proporcionam uma estrutura segura,
regiões, especialmente nas que dispõem de definindo e diminuindo incertezas dos
maiores dotações de CS. As instituições não indivíduos na hora das escolhas. Assim,
deixam de ter uma importância funda- instituições eficientes, em que os contratos
mental para o desenvolvimento, para o são cumpridos e os direitos de proprie-
próprio desempenho dos governos. Dito dade são garantidos, podem facilitar as
isso, deparamo-nos com a dificuldade de transações econômicas, pois possibilitam
estabelecer a “estrutura causal” sobre o aos indivíduos conhecer antecipadamente
desempenho dos governos. Seria a variável suas escolhas e investimentos em um
‘instituições’ ou a variável ‘cultura política’ ambiente de certezas, levando ao desen-
que determinaria o desempenho satisfa- volvimento dessa sociedade. No caso
tório dos governos? Seguindo a sugestão específico do Rio Grande do Sul, a
de Przeworski (2005), opta-se por com- “engenharia institucional” da criação dos
preender essas diferentes variáveis como municípios, legislações e Coredes cons-
“circuitos endógenos de mútua determi- tituiu-se em uma iniciativa importante para
nação e reforçamento”. Nessa perspectiva, o processo de desenvolvimento local e
abrindo mão de buscar identificar o que é institucional no estado.
endógeno ou exógeno ou o que determina Num segundo momento, foram pon-
o quê no desempenho dos governos, tuadas contribuições da teoria do CS de
optamos por identificar apenas seus Putnam (2000), identificando a proposição
recíprocos impactos na sociedade, num segundo a qual a cultura política é
modelo mais flexível que combine um determinante para definir o desempenho
sinergismo possível entre instituições e institucional; ou seja, se as dotações de CS
cultura política. Aqui, certamente, seguimos em uma determinada sociedade confi-
Weber, para quem não há monocausalidade guram elementos positivos para que os
para os fenômenos sociais, cabendo governos realizem suas ações. Os eleitores
à atitude científica mensurar essas impac- do norte italiano, mais desenvolvido
tantes variáveis para o desenvolvimento social e economicamente, mostraram-se
institucional no Rio Grande do Sul. ligeiramente mais satisfeitos com seus
governantes do que os do sul do país,
Considerações finais precisamente pelo fato de que o norte era
mais dotado de CS do que o sul. Assim
O objetivo do artigo foi desenhar um como o Rio Grande do Sul, com suas
referencial teórico que fundamente as zonas de colonização alemã e italiana, em
discussões sobre as razões que determinam contra-posição com o sul, de colonização
o desempenho satisfatório das instituições ibérica, também apresenta características
políticas, ou seja, os mecanismos que semelhantes às postas por Putnam.

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Num terceiro momento, diante da Essa conclusão remete à reflexão sobre


dificuldade de estabelecermos a “estru- as possibilidades de o Estado tornar-se mais
tura causal” entre instituições ou cultura eficiente. O aumento da eficiência pode
política na determinação do desempenho dar-se pela reforma nas instituições ou pela
institucional, tratou-se de integrar siner- melhora das dotações de CS. Esses dois
geticamente as duas variáveis. Partiu-se movimentos podem colaborar para a
então da contribuição de Przeworski diminuição das desigualdades sociais pela
(2001) sobre “os circuitos endógenos de melhora da distribuição de serviços e
mútua determinação” para entender que recursos públicos aos setores mais subalter-
entre essas variáveis há mútua determi- nizados da sociedade gaúcha, caracterizando
nação e alimentação. Dessa forma, o que se um círculo virtuoso desejável e necessário
pode avaliar, tanto na cultura quanto nas na dinâmica relação entre Estado e socie-
instituições, são seus recíprocos impactos dade, no Rio Grande do Sul e no Brasil.
sobre o desempenho dos governos, mas (Artigo recebido em janeiro de 2008. Versão
não sua primazia. final em outubro de 2008.)

Notas

1
Essa pesquisa resultou no clássico Institutions, Institutional Change and Economic
Performance, de 1990, que lhe rendeu o Prêmio Nobel de Economia em 1993.
2
Estamos nos referindo aqui à teoria da escolha racional (teoria dos Jogos), originalmente
elaborada pelo matemático norte-americano John Nash, ganhador do Prêmio Nobel de Economia
em 1994 e depois aplicada em diversos campos do conhecimento e em particular às Ciências Sociais.
3
Atualmente temos um total de 24 Coredes no estado do Rio Grande do Sul.
4
Não somente para as instituições democráticas, mas também econômicas. Fukuyama (1996)
demonstrou que a existência de CS em dada sociedade é fator explicativo do tamanho da estrutura
industrial ali existente, bem como do desempenho econômico.
5
É importante ressaltar que há estudos sobre o sul do estado que não autorizam uma visão
estanque e caricata entre norte e sul; no sentido desse último constituir-se em “deserto social”,
existiriam formas de sociabilidade nas maiores cidades do sul. Na virada do século XX, Bagé é
exemplo dessa proliferação associativista, segundo bibliografia especializada.
6
Contudo, é importante ressaltar que, na região metropolitana do estado, há cidades de imigra-
ção alemã forte, como São Leopoldo e Novo Hamburgo.

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Everton Santos, Jucelaine Bitarello e Valdir Pedde RSP

Resumo – Resumen – Abstract

Determinantes do Desempenho Institucional: um esboço teórico


Everton Santos, Jucelaine Bitarello e Valdir Pedde
Este artigo tem como objetivo principal construir um ensaio teórico que possibilite compreender
as razões que determinam o desempenho satisfatório das instituições do Estado, particularmente
no Rio Grande do Sul. Ou seja, compreender os mecanismos que permitem aos governos locais
realizar seus propósitos, como construir estradas, educar crianças e promover o desenvolvimento de
maneira satisfatória. Para tanto, a partir da revisão da bibliografia especializada, construímos uma
episteme que possibilite compreender o desempenho do Estado em suas implicações institucionais
formais (neo-institucionalismo) de North (2001), bem como suas implicações com padrões valorativos
(capital social) de Putnam (2000). Assim, concluímos que instituições e capital social sinergeticamente
aliados podem contribuir para o desempenho satisfatório das instituições do Estado.
Palavras-Chave: Capital Social, Instituições, Desempenho Institucional, Cultura Política.

Determinantes del Desempeño Institucional: un esbozo teórico


Everton Santos, Jucelaine Bitarello y Valdir Pedde
Este artículo tiene por objetivo principal construir uma referencia teórica que permita comprender
las razones que determinan el desempeño satisfactorio de las instituciones estatales, especialmente
en Rio Grande do Sul. O sea, comprender los mecanismos que permiten a los gobiernos locales
realizar sus propósitos, como construir carreteras, educar a los niños y promocionar el desarrollo de
manera satisfactoria. Para ello, a partir de la revisión de la bibliografía especializada, construimos una
episteme que posibilite comprender el desempeño del Estado en sus implicaciones institucionales
formales en sí (neo-institucionalismo) de North (2001), así como sus implicaciones con los patrones
valorativos (capital social) de Putnam (2000). Por lo tanto, nos encontramos con que las instituciones
y el capital social sinergeticamente añadidos pueden contribuir a la correcta ejecución de las instituciones
del Estado.
Palabras Clave: Capital Social, Instituciones, Desempeño Institucional, Cultura Política.

Determinants of Institutional Development: a theoretical sketch


Everton Santos, Jucelaine Bitarello and Valdir Pedde
This article has as main objective to build a preliminary theoretical model to make possible to
understand the reasons that determine the institutional acting, particularly in Rio Grande do Sul. In
other words, to understand the mechanisms that allow to the local governments to accomplish their
purposes, how to build highways, to educate the children and to promote the development in a
satisfactory way. For so much, starting from the revision of the specialized bibliography, we built an
understanding to make possible to understand the acting of the State in their formal institutional
implications in itself (neoinstitutionalism), North (2001), as well as, their implications with the
patterns values (social capital) that give support the these (“the endogenous circuits of mutual
determination”), like this the concept of social capital (CS), it is constituted in the central reference of
this article, because, it can allied allied to the political institutions, to favor the governments’ acting.
Keywords: Social Capital, Institutions, Institutional Acting, Political Culture.

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RSP Determinantes do Desempenho Institucional: um esboço teórico

Everton Santos
Doutor em Ciência Política pela UFRGS, coordenador do Mestrado Profissional em Inclusão Social na FEEVALE
e líder do Grupo de Pesquisa em Desenvolvimento Regional.
Contato: cintiavvs@gmail.com e evertons@feevale.br
Jucelaine Bitarello
Mestre em Desenvolvimento Regional pela UNISC, professora adjunta no Centro Universitário FEEVALE e
pesquisadora do Grupo de Pesquisa em Desenvolvimento Regional.
Contato: jbitarello@feevale.br
Valdir Pedde
Doutor em Antropologia pela UFRGS, atualmente é professor titular no Centro Universitário FEEVALE e
pesquisador no Grupo de Pesquisa em Desenvolvimento Regional. Contato: valpe@feevale.br

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