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P ATERNALISMO DE
ESTADO
G o v e rn a b ilid a d e • C on trato Social em Q uestão
S h e i l a M a r i a Reis R ib ei ro
O
Discursos de g o v e rv a b ilid a d e :
texto descreve pesquisa
ato res e p ersp ectivas realizada com represen
tantes de diversos segmen
tos sociais selecionados entre
políticos, intelectuais, trabalha
Estado c suas organizações dores, empresários, profissionais
têm sido objeto de critica dos liberais, igreja e organizações
mais variados segmentos que não governamentais, com o obje
compõem a sociedade civil. No tivo de construir um a agenda
Brasil, essas críticas acentuaram- sobre governabilidade, traduzida
se, sobretudo, a partir da segun em função das m udanças
da metade da década de 80, com necessárias para a reforma da
os esforços de democratização do adm inistração e do Estado. Se
país, e em meio a uma conjuntu sublinham os principais eixos de
ra internacional fortemente transformação sugeridos, iden
marcada pela influência das tificando-se divergências que
envolvem os problem as segundo a
idéias liberais.
posição dos atores.
Os argum entos partem da crise
de financiamento do setor públi
co e da superação do modelo de O tema dá margem a muita
substituição de importações, polêmica. Os analistas divergem
característico dos anos 50-70, quanto ao papel do Estado na
centrando-se na falência do Esta sociedade moderna. Uns, tenden
do interventor, e dos mecanis do a análises de corte estritamen
mos tidos como irracionais típi te econômico, enfatizam a crise
cos da gestão pública, os quais se fiscal como determ inante de
traduzem, fundam entalmente, a mudanças estruturais. Outros,
ineficácia e má qualidade dos numa abordagem mais ampla,
serviços, uso ineficiente dos têm-se destacado por trabalhar o
recursos públicos, no corpora problema a partir de uma
tivismo e clientelismo encerrados perspectiva crítica com respeito
na burocracia estatal. aos argumentos correntes sobre a
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Organizações
Náo-Govcrnamcntais - Manifesta-se no modelo autoritário, oligárquico c clientclista.
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I. M udanças nos p ad rõ es de
T end ências dos discursos fin an ciam en to do se to r p ú b li
co e nos p ad rõ es de investi
m en to de recu rso s p ú b lico s -
s dados dc discurso contidos com propostas de reforma
nos quadros I, II e D3 refletem as tributária, revisão dos gastos do
respostas dos diferentes atores governo; privatização de áreas
entrevistados, basicamente, sobre monopolizadas pelo Estado, seja
três questões: no contexto das no setor produtivo, seja no setor
transformações por que passa a de serviços, com algumas indi
sociedade brasileira, em que se cações de preservação de áreas
observa um discurso recorrente consideradas estratégicas.
sobre a crise do listado, que
ações deveriam fazer parte da II. M udanças n a e s tru tu ra
agenda nacional, visando prom o política - com ênfase no aprofun
ver a governabilidade? Por que o damento dos instrumentos de
discurso da reforma da adminis participação democrática, que se
tração pública e do Estado tem estendem desde propostas de
m enos apelo que o discurso reforma do sistema de represen
corrente da ineficiência do setor tação e eleitoral, através da
público? No caso de uma reforma implantação de novas regras para
da m áquina administrativa do a formação de partidos e do voto
governo, que mudanças seriam distrital, até mudanças nos
fundamentais? Ouve-se, com processos de tomada de decisão,
freqüência, o argum ento segun com a intensificação da descen
do o qual o Estado brasileiro é tralização c a substituição dos
paternalista. Sendo a sociedade mecanismos formais de controle,
brasileira tão heterogênea sob os típicos da burocracia estatal, por
aspectos econômico, social, formas democráticas de partici
cultural e político, qual seria o pação social institucionalizadas.
sentido desta afirmação?
III. M udanças na e stru tu ra
Tendo em vista o caráter aberto adm inistrativa - maior partici
das perguntas, as respostas pação do setor privado nas áreas
tenderam a abordagens genéricas tradicionalmente ocupadas pelo
e, em alguns casos, mais específi Estado e o conseqüente redese
cas. Objetivando identificar os nho da máquina, privilegiando-se
principais eixos de mudança as estruturas enxutas e voltadas
apontados nos discursos dos para o desem penho de funções
atores, os dados foram classifica consideradas típicas. Supõe-se a
dos em seis grandes grupos: profissionalização e a valorização
dos quadros gerenciais, bem
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A na introdução de meca
nismos de gestão típicos
do setor privado no âmbito da
setor público. A seguir são cita
dos, textualmente, trechos do
discurso dos atores que ilustram
administração pública, dem ons esse aspecto:
trada nos discursos dos segmen
tos que privilegiam a dimensão Políticos: "O conceito de inefi
econômica da crise do Estado. ciência do setor público é produ
Também, nesse sentido, a zido e veiculado com forte
relevância do argum ento sobre a conteúdo ideológico. Na verdade,
ineficiência do setor público. não se discute a sua origem. O
fortalecimento do Estado no
Nesse particular, os dados relati campo econômico deu-se em
vos às explicações sobre a popu grande parte na perspectiva da
laridade do argum ento de inefi consolidação dos grupos priva
ciência do setor público, embora dos. E para continuar m antendo
não apresentados nas tabelas, o Estado sob o seu controle, as
merecem destaque: elites preferem não propor
nenhum tipo de reforma verda
i. Entre empresários e políticos, deira. O conceito de ineficiência
foram m encionados o caráter tem apelo eleitoral no quadro de
abstrato e pouco definido das um país desestruturado''.
propostas de reforma da adminis (PESQUISA/ENAP - GOVERNABI
tração pública, aliados à expe LIDADE, 1994)
riência da população em relação
à ineficácia e à baixa qualidade Trabalhadores: "Atrás da tese da
dos serviços; ineficiência do setor público,
aumenta-se a ineficiência do
ii. Numa outra perspectiva, governo, através, p.ex., da campa
apresentaram-se análises que nha contra os impostos c pró-
refletem um questionam ento sonegação, a qual redunda na
sobre a transparência política do
a abertura de espaços para empreendim entos e novos postos de trabalho no
mercado, com reflexos sobre os níveis dos salários.
Ora, numa conjuntura econômica em que o mercado de trabalho mostra-se
restrito, uma leitura possível de fazer-se acerca do processo de terceirização, no
âmbito das organizações públicas e náo obstante os argumentos de promoção da
eficácia dos serviços, é de como, por meio desse mecanismo, induz-se à criação de
novos empreendim entos e, em conseqüência , de novos postos de trabalho no setor
privado, através da supressão de cargos c de atribuições do setor público.
Sob esse prisma de análise, é possível entrever-se, sublinarmente, uma tendência
no discurso dos segmentos que defendem de forma ortodoxa a desestatizaçáo, uma
disputa por novos espaços no mercado, implícita nas críticas indiscriminadas ao
corporativismo e à ineficiência da máquina burocrática, sem maiores considerações
sobre a vialbilidade política de um projeto nacional de resgate e de modernização
do aparato do Estado._________________________________________________________
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