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DIFICULDADE DO ENFERMEIRO NA ASSISTÊNCIA AO SURDO NO


ATENDIMENTO À SAÚDE: UMA REVISÃO INTEGRATIVA

DIFFICULTY OF NURSE'S IN ASSISTING THE DEAF IN HEALTH


CARE: AN INTEGRATIVE REVIEW

DANIELA DANTAS SANTANA, LUCICLEIA CONCEIÇÃO DA SILVA,


MARCILAINE CANDIDO VIEIRA, RAQUEL RODRIGUES BARBOSA DA SILVA,
MARISLEI ESPÍNDULA BRASILEIRO1.

RESUMO:

O objetivo desta revisão integrativa é identificar na literatura evidências científicas a respeito do atendimento de
enfermagem ao paciente surdo. Método: O trabalho refere-se a uma revisão integrativa da literatura nos períodos
de fevereiro a março de 2020, em bancos de dados virtuais, por meio de seis etapas. Resultado: Foram analisados
dez artigos científicos, os quais concordam que os enfermeiros reconhecem o déficit de comunicação, por não
saberem Libras, encontrando barreiras na tentativa de se comunicar com pacientes surdos, sendo assim a
universalidade, integralidade e a equidade não estão plenamente contempladas no que se refere aos cuidados
ofertados. Por isso, são necessárias medidas para que profissionais de enfermagem se comuniquem adequadamente
com os pacientes surdos. Conclusão: Após análises de evidências conclui-se que a equipe de enfermagem não está
apta para prestar assistência adequada à comunidade surda, dificultando o processo de ações sistematizadas e inter-
relacionadas, impossibilitando a compreensão de ambas as partes.

Palavras-chave: Assistência de enfermagem, comunicação não verbal, linguagem de sinais.

ABSTRACT:

The objective of this integrative review is to identify scientific evidence in the literature regarding nursing care
for deaf patients. Method: The work refers to an integrative literature review in the periods from February to
March 2020, in virtual databases, through six steps. Result: Ten scientific articles were analyzed, which agree
that nurses recognize the communication deficit, because they do not know pounds, encountering barriers in the
attempt to communicate with deaf patients, thus, universality, comprehensiveness and equity are not fully
contemplated in the regarding the care offered. Therefore, measures are necessary for nursing professionals to
communicate properly with deaf clients. Conclusion: After analyzing the evidence, it can be concluded that the
nursing team is not able to provide adequate assistance to the deaf community,hindering the process of systematic
and interrelated actions, making it impossible for both parties to understand.

Keywords: Nursing care, non-verbal communication, sign language.

1
Elaboração: Acadêmicos do 10º período do curso de graduação em enfermagem da Faculdade Unida de
Campinas. danielasantanad@gmail.com, lucicleiaborgessilva@gmail.com, marcilaine.gyn2014@gmail.com
raquelrodruiguesenf@gmail.com - Orientação: Dra. Marislei Espíndula Brasileiro.
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1 INTRODUÇÃO
O tema abordado, “Dificuldade do Enfermeiro na assistência ao surdo no atendimento
à saúde: uma revisão integrativa”, surgiu por meio do contato com um paciente surdo no estágio
de Urgência e Emergência na classificação de risco. Atendemos um paciente com surdez e foi
observado que não havia nenhum profissional habilitado para prestar o atendimento adequado
a este cliente. Por esse motivo, questiona-se a dificuldade na comunicação da equipe de
enfermagem com o paciente surdo.

Segundo Morais (2012) Surdez é o nome dado à impossibilidade ou dificuldade de


ouvir. A audição é constituida por um sistema de canais que conduz o som até o ouvido interno.

A legislação brasileira define Libras como forma de comunicação e expressão, em que


o sistema linguístico de natureza visual-motora, com estrutura gramatical própria,
constitui um sistema linguístico de transmissão de ideias e fatos, oriundos de
comunidades de pessoas surdas do Brasil (BRASIL, 2002).

A Libras, que surgiu na língua de sinais francesa, é uma forma de comunicação dos
surdos. Essa língua ficou reconhecida como a 2ª língua oficial do Brasil pela lei nº 10.436 de
24 de abril de 2002, pelo presidente Fernando Henrique Cardoso, e regulamentada por meio do
decreto 5626/2005, pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que reconhece como meio legal
de comunicação e expressão a Língua Brasileira de Sinais, e outros recursos a ela associados,
ratifica o dever da garantia, por parte do poder público em geral e empresas concessionárias de
serviços públicos, de forma institucionalizada de apoiar o uso de difusão de Libras como meio
de comunicação objetiva e de utilização corrente das comunidades surdas do Brasil.
Segundo a portaria n° 2.073, de 28 de setembro de 2004, que institui a Política Nacional
de Atenção à Saúde Auditiva. Estabelece o artigo 2°, do parágrafo V, que devemos “promover
a ampla cobertura no atendimento aos pacientes portadores de deficiência auditiva no Brasil
garantindo à universalidade do acesso, a equidade, a integralidade e o controle social a saúde
auditiva” (BRASIL, 2004).
Relacionado a dados mundiais de acordo com a OMS (Organização Mundial de Saúde)
466 milhões de pessoas no mundo sofrem com problemas auditivos. A OMS disse ainda que
em 2030 o número de afetados poderá alcançar os 630 milhões (VERAS, 2013).
Segundo o IBGE (2013) as pessoas com deficiência quantitativa contabilizam 1,1% da
população (VILELA, 2015).
Em evidências aos resultados que encontramos em pesquisas de artigos notamos que a
equipe de enfermagem não tem preparo para prestar assistência adequada a comunidade surda,
impossibilitando a compreensão de ambas as partes, profissional x paciente, para um

cuidado integral e humanizado, levando o paciente a um sofrimento desnecessário ocasionando


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ansiedade, desconforto, irritabilidade, constrangimento podendo acarretar na dificuldade da
elucidação diagnostica ou em casos extremos o óbito do paciente.

A resolução COFEN (Conselho Federal de Enfermagem) n° 564/2017 cita


responsabilidades e deveres dos profissionais de enfermagem. Art. 45 - Assegurar
assistência de enfermagem livre de danos decorrentes de imperícia, negligência ou
imprudência. Art. 55 - Aprimorar os conhecimentos técnicos, científicos, éticos e
culturais, em benefício da pessoa, família e coletividade e do desenvolvimento da
profissão (BRASIL, 2017).

Estudos de revisão, publicados nos últimos 6 anos evidenciam que a comunicação entre
enfermeiros e surdos é um desafio a ser superado. Em um estudo publicado por Miranda et al
(2014) evidenciou que a comunicação com os surdos é um desafio para os profissionais de
enfermagem. Diante das barreiras encontradas é indispensável que o profissional de
enfermagem encontre formas de interações garantindo uma assistência de qualidade.

Outro estudo, publicado por Oliveira et al (2015) concluiu que a comunicação ainda é
uma problemática importante no acesso dos surdos às informações e aos serviços de saúde, e
como tal, constitui também uma limitação à autonomia das pessoas com deficiência auditiva.

E o estudo de Araujo et al (2014) concluiu que a comunicação sendo um instrumento


indispensável à prática em saúde, particularmente em Enfermagem, constatou-se que o emprego
deste pelos enfermeiros não é eficiente, quando se trata de pessoas surdas.

Diante desta problemática sugerimos uma qualificação em Libras, sendo uma estratégia
que irá possibilitar o profissional de enfermagem a agir conforme o seu código de ética, visando
à proteção, promoção e à recuperação da saúde interagindo com os surdos através de um
planejamento específico que será norteador para direcioná-lo a um atendimento adequado a fim
de obter uma assistência qualificada e humanizada.

Este estudo poderá contribuir com os pacientes surdos, visando à qualidade do


atendimento integral, respeitando a autonomia do cliente em tomadas de decisões sobre sua
saúde.
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2 OBJETIVO

O objetivo desta revisão integrativa é identificar na literatura evidências científicas a


respeito do atendimento de enfermagem ao paciente surdo.

3 MATERIAIS E MÉTODOS

Este estudo refere-se a uma Revisão Integrativa da Literatura que, de acordo com Soares
et al (2014), é qualificada como busca e achados de estudos já existentes, desenvolvidos através
de diversas metodologias, disponíveis em diferentes fontes, ofertando aos pesquisadores a
síntese e a extração dos resultados sem afetar a referência dos estudos abrangidos e utilizados.
Esta pesquisa ocorreu nos períodos de fevereiro a março de 2020. A revisão está
desenvolvida por meio de seis etapas em concordância com Mendes, Silveira e Galvão (2008).
1- Primeira etapa: Designação do tema e escolha da tese ou indagação de pesquisa para
elaboração da revisão integrativa.
O tema, “Dificuldade do Enfermeiro na assistência ao surdo no atendimento à saúde: uma
revisão integrativa”, surgiu por meio do contato com um paciente surdo no estágio de
Urgência e Emergência na classificação de risco em Goiânia, notamos que a equipe de
enfermagem não tem preparo para prestar assistência adequada à comunidade surda.
2- Segunda etapa: Definição de medidas para a seleção de estudos de amostragem ou
busca na literatura.
A pesquisa dos artigos foi realizada nas fontes da Biblioteca Virtual de Saúde (BVS),
biblioteca digital Scientific Electronic Library Online (SciELO), Centro Latino-Americano e
do Caribe de informações em Ciências da Saúde (BIREME), Conselho Federal de
Enfermagem
(COFEN). Para o levantamento dos artigos, os descritores de saúde (DECS) utilizados foram:
assistência de enfermagem, comunicação não verbal, língua de sinais. Os Decs escolhidos têm
relação direta com o tema proposto e são reconhecidos como descritores de ciência. Os critérios
de inclusão para o presente estudo foram artigos publicados no período de 2010 a 2019,
disponíveis nos idiomas português e inglês, nas fontes de pesquisas já referidas.
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3- Terceira etapa: Seleção do conteúdo a ser utilizado - artigos/categorização - no


estudo. As informações alcançadas foram selecionadas segundo tais critérios de inclusão: título
do artigo, ano, local, periódico/revista, metodologia dos artigos, resultados dos estudos.
4- Quarta etapa: Avaliação dos estudos incluídos na Revisão Integrativa.
Os estudos foram avaliados primeiramente por seus títulos, resumos, objetivos, e
resultados alcançados, obtendo, assim, uma resposta satisfatória e conclusiva.
5- Quinta etapa: Interpretação dos resultados.
Os resultados dos artigos foram obtidos através de uma leitura precisa, de interpretação
concreta, para que os dados fossem avaliados e agrupados conforme evidencia. Utilizando para
isso uma tabela elaborada no Microsoft Word.
6- Sexta etapa: Síntese do conhecimento evidenciado e analisado nos artigos
pesquisados e apresentação da Revisão Integrativa.

Força Nível Prática baseada em evidências


Forte 1 1 Metanálise de múltiplos estudos controlados
Forte/moderada 2 2 Estudo experimental individual
Forte/moderada 3 3 Estudo quase experimental como grupo único não
randomizados, controlados, com pré e pós testes, ou estudo tipo
caso controle
Moderada/Fraca 4 4 Estudo não experimental, descritivo correlacional,
qualitativos ou estudo de caso
Moderada/Fraca 5 5 Relatório de caso ou dados obtidos sistematicamente, de
qualidade verificável, ou dados de programas de avaliação
Moderada/Fraca 6 6 Opinião de autoridades, comitês, órgãos legais
Tabela 1. Classificação dos níveis de evidências.
Fonte: BRASILEIRO, 2017.

4 - RESULTADOS E DISCUSSÃO

Para elaboração e alcance dos objetivos propostos, foram analisados dez artigos
científicos, selecionados previamente pelos critérios de inclusão estabelecidos. Dentre esses,
foram utilizados sete artigos de caráter descritivo exploratório com abordagem qualitativa,
descritivo exploratório transversal com abordagem quanti-qualitativa, descritivo tipo relato de
experiência, esses estudos foram utilizados para a identificação da problemática. A amostra
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dos estudos resultou em 103 profissionais que trabalham em unidades de saúde e 42


acadêmicos.

Tabela 2. Resultados dos artigos selecionados.

N° REFERÊNCIAS RESULTADOS
01 Pessoas portadoras de deficiência auditiva podem enfrentar
CORRÊA, Carolina da Silva et al. O problemas concernentes à comunicação efetiva no
despertar do enfermeiro em relação ao atendimento em saúde e que a dificuldade que o enfermeiro
paciente portador de deficiência auditiva. apresenta em se deparar com o paciente deficiente auditivo
Rev. de Pesquisa cuidado é fundamental interfere negativamente em seu cuidar.
On line, v.2, n.2, p.758-769 abr./jun. 2010.

02 MACHADO, Wiliam César Alves et al. Ao se perguntar sobre domínio de Libras, 100% dos
Língua de sinais: como a equipe de participantes informaram não dominar a Língua de Sinais
enfermagem interage para cuidar de Brasileira. Entre os entrevistados 16 (43%) relataram já ter
clientes surdos?. Journal research prestado cuidados a algum cliente surdo, enquanto a maioria
fundamental care On line, Rio de Janeiro, 21 (57%) informou nunca ter prestado cuidados de
v.5, n.3, p.283-292 jul./set. 2013. enfermagem a essas pessoas.

03 Na questão que envolve o meio de comunicação utilizado


MAGRINI, Amanda Monteiro; SANTOS, para se comunicar com o deficiente auditivo e/ou surdo, a
Teresa Maria Momensoh. Comunicação maioria das respostas apresentou a combinação de mais de
entre funcionários de uma unidade de um meio de comunicação como uso de gestos, escrita,
saúde e pacientes surdos: um problema?. escrita + gestos.
Rev. Distúrbios da Comunicação, São
Paulo, v.26, n.3, p.550- 558, setembro,
2014.

04 MARQUETE, Verônica Francisqueti et al. Embora a instituição em estudo ofereça a disciplina de


Formação de profissionais para atenção a Libras na matriz curricular, os acadêmicos não se sentem
saúde de deficientes auditivos. Rev. UFSM, seguros nem preparados para o atendimento à pessoa com
Paraná,v.8, n.4, p. 649-660, deficiência auditiva.
out./dez. 2018.

05 SANCHE, Isline Carizia Borges et al. O O paciente precisa de pessoas que interprete e traduza suas
papel do enfermeiro frente ao paciente emissões para os profissionais e vice-versa, fortalecendo a
surdo, Rev enferm UFPE on line, Recife, ideia da necessidade de uma terceira pessoa para que haja
v.13, n.3, n.58-62, mar.2019. êxito no processo de acolhimento.

06 SOARES, Imaculada Pereira et al. Como eu Os 20 entrevistados afirmaram ter prestado assistência a
falo com você? a comunicação do usuários com deficiência auditiva durante sua vida
enfermeiro com o usuário surdo. Rev profissional. E por não saberem Libras, demonstraram em
baiana enferm. Arapiraca, Alagoas, v.32, suas falas, dificuldade de comunicação com o usuário
n.25978. 2018. surdo. Um dos entrevistados, inclusive, disse que nem
presta assistência, caso o usuário venha sozinho.
07 Nesta perspectiva, verificou-se que a dificuldade de
VIANNA, N.G.; CAVALCANTI, M.L.T.; comunicação entre profissionais e usuários em função do
ACIOLI, M.D. Princípios de desconhecimento da Libras, além de dificultar o acesso
universalidade, integralidade e equidade destes prejudica a relação profissional-paciente. Nessas
em um serviço de atenção a saúde auditiva. circunstâncias, a interação entre ambos tende a não
Rev. Ciências & saúde coletiva, Rio de favorecer a identificação, por parte do profissional, das
Janeiro, v.19 n.7, p.2179 – 2188, jul. 2014. demandas de ações e serviços de saúde adequadas para
cada sujeito.
Fonte: as autoras.
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Dos sete estudos analisados, 5 concordam que os enfermeiros reconhecem o déficit de


comunicação, devido o fato de não saberem Libras, encontrando barreiras na tentativa de se
comunicar com pacientes surdos, sendo assim a universalidade, integralidade e a equidade não
estão plenamente contempladas no que se refere aos cuidados ofertados. Dois defendem que é
preciso a tomada de providências efetivas para que profissionais da equipe de enfermagem se
comuniquem adequadamente com os clientes surdos.

Corrêa et al (2010) percebeu que é necessário comunicar-se de modo consciente,


empenhando-se para decodificar, decifrar e perceber o significado da mensagem que o paciente
envia; só assim poderão ser identificadas suas necessidades depara com situações que
interferem negativamente na qualidade do processo de, o momento em que o surdo procura
atendimento de saúde, ele comunica, e assim encontram dificuldades em entender a fala do
profissional, pois estes geralmente não se preocupam em evidenciar a boca, falam rápido ou
usam termos técnicos que os surdos não compreendem.

Machado et al (2013) identifica que a maioria, em específico 100% dos entrevistados,


informa não dominar a Língua de Sinais Brasileira. Entre os entrevistados, 16 (43%) relataram
já ter prestado cuidados a algum cliente surdo, enquanto a maioria 21 (57%) informar nunca ter
prestado cuidados de enfermagem a essas pessoas, entre as sugestões de estratégias de
comunicação sugeridas pelos 21profissionais (57%) que nunca prestaram cuidados de
enfermagem aos clientes surdos, destacam-se: 10 (31,25%) sugestões para o uso da mímica; 9
(28,13%) sugestões para leitura labial; 5 (15,63%) para uso da escrita; 2 (6,25%) sugestões para
uso do desenho; 1 (3,13%) sugestão para se recorrer ao intérprete de Libras; e 5 (15,63%)
respostas em branco acerca de estratégia de comunicação para com clientes surdos quando, em
algum momento, venham lhes prestar cuidados de enfermagem.

Na pesquisa de Magrini, Santos (2014) verificou-se que 39 (97,5%) dos participantes


relataram não estar preparados para atender o paciente surdo de forma adequada, não suprindo,
assim, as demandas desse grupo de pacientes. Esses dados vão ao encontro de diversos outros
que afirmam que os profissionais das instituições de saúde não estão preparados para atender a
clientela surda. Tal fato é corroborado com a resposta de 33 funcionários (82,5%) que
confirmaram não saber se comunicar com o surdo e/ ou deficiente auditivo que apresente
comunicação oral prejudicada. Portanto, o profissional precisa adequar sua forma de
comunicação de acordo com o paciente.
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Marquete et al (2018) surgiu nos estudos a necessidade das instituições de ensino


superior criarem estratégias para sensibilizar os acadêmicos para a importância desse
aprendizado e oferecer uma formação de qualidade, buscando capacitá-los, efetivamente, para
comunicação e atenção à saúde dos deficientes auditivos. Participaram da pesquisa 42
acadêmicos. A análise resultou no eixo temático: desafios vivenciados na formação para o
cuidado a indivíduos com deficiência auditiva.

No estudo de Sanche et al (2019) o paciente surdo que procura o atendimento de saúde


em grande parte precisa de pessoas que interpretem e traduzam suas emissões para os
profissionais de saúde e vice-versa, fortalecendo a ideia da necessidade de uma terceira pessoa
para que haja êxito no processo de acolhimento. Na conclusão dos estudos necessita- se, que os
profissionais de saúde devem se atualizar, por meio do curso em Libras, para que possam estar
aptos para atender os indivíduos surdos de maneira que aconteça um atendimento satisfatório
de ambas as partes.

Soares et al (2018) neste estudo foram entrevistados 20 enfermeiros atuantes nas


Unidades Básicas de Saúde cenário desta pesquisa, com base nos depoimentos dos sujeitos da
pesquisa, chama a atenção o fato de todos os vinte profissionais entrevistados relatarem não
saber a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS). Alguns disseram que já tiveram contato
superficial, mas nenhum deles dominava a Língua, em determinado momento um dos
entrevistados, inclusive, disse que nem presta assistência, caso o usuário surdo venha sozinho.
Concluiu que o enfermeiro precisa desenvolver formas de interação com os usuários para
completar a atenção em saúde.

Vianna et al ( 2014), neste estudo foram selecionados como sujeitos da pesquisa, uma
assistente social, três fonoaudiólogas, uma otorrinolaringologista e uma psicóloga do serviço
estudado. Todos profissionais pertencentes às categorias previstas na Portaria nº 587/0412 que
normatiza e regulamenta a PNASA, ocorreu análise das entrevistas. A pesquisa mostrou que a
universalidade, a integralidade e a equidade não estão plenamente contempladas no que se
refere aos cuidados ofertados no serviço estudado, surgiu então a importância de aprimorar a
atenção para que, efetivamente, venha a atender as necessidades da população, na maioria das
dificuldades e limitações evidenciadas está relacionada à organização dos processos de
trabalho, à gestão e à capacidade instalada.

Com base nos estudos os profissionais de saúde encontram alguns desafios como
dificuldades em se expressar com o paciente surdo, pois não dominam a Língua de Sinais
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Brasileira, por este motivo usam métodos inadequados de comunicação: falam rápido ou usam
termos técnicos que os surdos não compreendem. Contudo, os profissionais das instituições de
saúde não estão preparados para atender a clientela surda, é notório que o surdo que procura o
atendimento de saúde em grande parte precisa de pessoas que interpretem e traduzam suas
emissões para os profissionais de saúde e vice-versa.

É possível comunicar-se adequadamente com os surdos, para isso os profissionais de


saúde devem se capacitar por meio do curso de Libras. Desta forma aqueles profissionais que
não dominam a Língua de Sinais precisam adequar sua forma de comunicação.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Após as análises de evidências conclui-se que a equipe de enfermagem não está apta
para prestar assistência adequada à comunidade surda, dificultando o processo de ações
sistematizadas e inter-relacionadas, impossibilitando a compreensão de ambas as partes.

O profissional de enfermagem está ligado diretamente ao cuidado do paciente, desde o


acolhimento na classificação de risco onde ele deve admitir seu cliente levando em consideração
suas queixas principais, para que dessa forma ele consiga encaminhá-lo para o cuidado ideal de
acordo com seus relatos.
Os artigos selecionados mencionam que os profissionais de saúde tentam encontrar
formas de interação como a escrita, leitura labial, mímica e outros, porém o único método eficaz
é a comunicação através de Libras, mas atualmente esta não é a nossa realidade. Esta
problemática apresenta riscos à saúde dos surdos.

É possível identificar que a falha se inicia nos cursos de graduações em que a disciplina
de libras na matriz curricular é ofertada como optativa e não obrigatória. E os serviços de saúde
deveriam promover cursos para qualificações quanto ao atendimento de pacientes surdos.

A proposta do estudo é mostrar que a qualificação em Libras dos profissionais de


enfermagem resultara em assistência qualificada e humanizada para a comunidade surda.
Sugere-se que os serviços de saúde promovam educação continuada e quanto as instituições de
ensino tornasse a matéria como obrigatória, para sensibilizar e preparar os profissionais para
uma assistência integral e humanizada.
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REFERÊNCIAS

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TERMO DE AUTORIZAÇÃO PARA PUBLICAÇÃO

Eu Marcilaine Candido Vieira RA 22835 Declaro, com o aval de todos os componentes do grupo a:

AUTORIZAÇÃO (X)
NÃO AUTORIZAÇÃO ( )

Da submissão e eventual publicação na íntegra e/ou em partes no Repositório Institucional da Faculdade


Unida de Campinas – FACUNICAMPS e da Revista Científica da FacUnicamps, do artigo intitulado:
DIFICULDADE DO ENFERMEIRO NA ASSISTÊNCIA AO PACIENTE SURDO NO ATEMDIMENTO
À SAÚDE: UMA REVISÃO INTEGRATIVA, De autoria única e exclusivamente dos participantes do grupo
constado em Ata com supervisão e orientação do (a) Prof. (a): Marislei Espíndula Brasileiro

O presente artigo apresenta dados validos e exclui-se de plágio.

Curso: Graduação em Enfermagem . Modalidade afim Artigo

Marcilaine Candido Vieira


Assinatura do representante do grupo

____________________________________________________
Assinatura do Orientador (a):

Obs: O aval do orientador poderá ser representado pelo envio desta declaração pelo email pessoal do mesmo.

Goiânia, 25 de agosto de 2020.

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