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30 de agosto de 2021

Introdução à
Administração
Prof. Joemar Braga
30 de agosto de 2021

Disciplina: Introdução à Administração C/H: 80

Curso: Logística
Faculdade: Ciências Jurídicas e Sociais Aplicadas

Categoria formação profissional


Professor JOEMAR BRAGA
LINK DA AULA https://meet.google.com/yfp-zmtc-icw

ÉTICA NAS ORGANIZAÇÕES E SUA RESPONSABILIDADE SOCIAL

Primórdios da doutrina ética e responsabilidade social


corporativa

Segundo Queiroz e Ferreira et al. (2006) pode-se observar que o dever da


responsabilidade social corporativa passou a ser acompanhado a partir da década de
1970, e a partir daí a necessidade de construir ferramentas teóricas que pudessem ser
testadas e aplicadas no meio. Porém, tal atribuição de dever gerou dúvidas sobre quais
as obrigações sociais das empresas.

Responsabilidade social não é um tema atual, pois grandes pensadores, como Marx,
Lock, Kant e outros, já mostravam preocupação com a questão social, mas nas últimas
décadas, por consequência da falta de iniciativa dos governos, as empresas estão
assumindo as práticas de responsabilidade social, ressalta Prisco Neto (2004), tamanha
é a importância em relação ao tema.

A aplicação da doutrina ética como prática no meio empresarial é atual, mas em


contrapartida está presente nas organizações desde que estas iniciaram suas atividades,
pelo simples fato de que são compostas por pessoas e consequentemente quando se fala
em pessoas, ou seja, em indivíduos, há uma relação com o estudo do comportamento
que envolve toda a organização, que vai desde a alta cúpula (tomadas de decisões) até
os operários, ou seja, de cima para baixo e de baixo para cima. Porém, atualmente há
uma grande preocupação com a ética, no que tange à imagem da empresa. Desse modo:
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As questões éticas são discutidas desde a antiguidade, entretanto, no que tange à ética
empresarial propriamente dita as reflexões são muito recentes. Todavia, analisando sob
o ponto de vista de que as empresas são essencialmente constituídas por pessoas que
desenvolvem atividades, remuneradas ou não, mas que têm e assumem
responsabilidades com a organização, com a sociedade, com o colega de trabalho ou
mesmo com os fornecedores, as questões éticas e morais estiveram e sempre estarão em
discussão, mesmo que imperceptíveis. Ou ainda sem a estrutura, a percepção e o contexto
de certa urgência que possui nos dias atuais. (GUIMARÃES, 2013, p. 15).

Guimarães (2013) elucida que as décadas de 1960 e 70 foram sinalizadas por fortes
discussões sobre a ética empresarial no território alemão, com foco nas questões que
são de competência dos conselhos administrativos. “Nas décadas de 1960 e 70 o ensino
da ética começou a ser inserido nas faculdades de administração e negócios,
principalmente nos Estados Unidos.” Guimarães informa que após a inserção do ensino
da ética nas faculdades de administração e negócios, se originou a: "[...] reflexão
batizada no termo Ética Empresarial.” Guimarães (2013, p. 23).

Assim sendo, essas questões são observadas pelos autores Queiroz e Ferreira et
al. (2006), que afirmam que nos Estados Unidos e Europa a Ética e responsabilidade
social nas corporações eram uma doutrina até o século XIX. Portanto, há uma evolução
recente da concepção de responsabilidade social corporativa. Concepção esta que,
segundo eles, nos últimos 30 anos é atacada e apoiada por muitos autores:

Recuperando as últimas décadas de estudos sobre ética e responsabilidade social


corporativa, observamos que, partindo de uma visão econômica clássica – tão
amplamente divulgada por Milton Friedman –, de que a empresa socialmente responsável
é aquela que está atenta para lidar com as expectativas de seus stakeholders atuais e
futuros, na visão mais radical de sociedade sustentável. A ordem de mudança
organizacional, em um continuum que se inicia com mudanças conservadoras e finaliza
com mudanças radicais, está diretamente relacionada ao grau de amplitude de inclusão e
de consideração pela empresa quanto a suas relações com seus públicos. (QUEIROZ;
FERREIRA et al. 2006, p. 47).

Kreitlon (2004) afirma que o surgimento da ética empresarial como campo de estudos
está intimamente ligado à evolução do sistema econômico, assim como as mudanças por
que passaram as sociedades industriais no último século.

Em relação à aceitação da responsabilidade social por parte das empresas diante do


contexto de um sistema de mercado livre, onde a mesma visa à maximização dos lucros
e consequentemente ajuda a sociedade, as autoras Cruz e Azevedo (2006) afirmam:

Sempre se aceitou que a responsabilidade social da empresa, em um sistema de mercado


livre, é a maximização dos seus lucros, e assim se presume que ela maximiza sua
contribuição para a sociedade. Segundo esta ideia, os lucros de uma empresa, que opera
dentro de uma estrutura legal de uma comunidade, poderão produzir resultados que
contribuirão para o desempenho social dessa sociedade. (AZEVEDO; CRUZ, 2006, p. 5).

Sertek (2006, p. 245) afirma que um dos grandes problemas da atualidade é que há uma
dificuldade em perceber que a ética “[...] não é só qualidade ou excelência no fazer, mas a busca
de atingir a qualidade no agir [...]” e que tanto atitudes éticas como antiéticas podem “[...]
aperfeiçoar a pessoa ou corrompê-la dependendo da sua positividade ou negatividade ética.” E
em relação às ações antiéticas que geram lucro em curto prazo o autor conclui:
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Pode-se aplicar o conceito de qualidade no fazer e no agir em qualquer âmbito da vida e
também no das decisões empresariais. Uma ação pode atender perfeitamente os lucros da
empresa, mas, no agir, pode ser uma fraude como, por exemplo, quando se promove uma
boa estratégia de marketing, contudo pode ser uma propaganda falsa. (SERTEK, 2006, p.
245).

2.2. Adequação ao cenário atual e ambiente de atuação das organizações


Muitas empresas ainda têm dificuldade de enxergar o futuro porque não conseguem
enxergar o presente, entender o cenário atual e o que os consumidores desejam. As
empresas precisam constantemente se reinventar, otimizando recursos, buscando
melhores oportunidades de resultados, conforme observa Sertek (2006, p. 55): "Todos
os processos de mudança exigem uma forte coalização de pessoas em torno das metas
e dos objetivos [...]” e enfatiza:

Atualmente, as empresas, para se adaptarem ao ambiente comercial exigente e dinâmico,


têm de desenvolver novos produtos mais competitivos e lançá-los com mais rapidez no
mercado. A inovação constitui um diferencial competitivo para elas, pois de outra forma
são penalizadas com o possível fracasso de suas atividades. A necessidade de inovação
gera um desenvolvimento social organizacional focalizado nas demandas de mercado e
busca, em consequência, a produção e o consumo de novos produtos de forma exacerbada
em que os critérios éticos de desenvolvimento sustentável e responsabilidade social
quase não entram em jogo ou, se entram, não transformam o núcleo essencial da atividade
da organização, que é a de criar riqueza compatível com o bem comum da sociedade.
(SERTEK, 2006, p. 44).

Para Sertek (2006), a organização tem por finalidade e princípio ser um elo entre as
pessoas da sociedade para estas adquiram bens materiais e culturais, porém a
organização tem um importante papel em promover a harmonia por meio dos princípios
e valores éticos:

As organizações nascem com a finalidade de facilitar que uma parcela enorme de pessoas
da sociedade consigam adquirir os bens materiais e culturais que não teriam
possibilidade de obter por ação puramente pessoal. Como o ser humano é um ser social
por natureza, e o seu aperfeiçoamento passa pela convivência e pela prática pessoal e
coletiva das virtudes da justiça e da solidariedade, é necessário solidificar as organizações
na sua função de promotoras da coesão social, por meio dos princípios e dos valores
éticos. Nada mais razoável que elas, como pequenas células do tecido social, sejam a
matriz ou o suporte de uma ação promotora/integradora dos fatores de desenvolvimento
social eticamente responsáveis. (SERTEK, 2006, p. 45).

Morgan (1996) compara as organizações com sistemas vivos, ou seja, organismos, pois
no ambiente em que atuam dependem da satisfação de muitas necessidades e no mundo
são perceptíveis tipos diferentes de organizações e ambientes, pois os mesmos têm de
se adaptar de acordo com o que o referido cenário e necessidades pedem, e cita como
exemplo as organizações burocráticas que funcionam melhor em ambientes estáveis:

Essa linha simples de questionamento ressalta o ponto crucial de muitos dos mais
importantes desenvolvimentos dentro da teoria organizacional no decorrer dos últimos
50 anos. Na verdade, os problemas levantados pela visão mecanicista da organização
levaram muitos teóricos organizacionais a abandonar a ciência mecânica e a inspirar-se
sobretudo na biologia como uma fonte de ideias para refletir sobre as organizações.
Dentro deste processo, a teoria da organização transformou-se num tipo de biologia na
qual as distinções e relações entre moléculas, células, organismos complexos, espécies e
ecologia são colocados em paralelo com aquelas entre indivíduos, grupos, organizações,
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populações (espécies) de organizações e sua ecologia social. Perseguindo esta linha de
investigação, os teóricos da organização emitiram muitas ideais para o entendimento de
como as organizações funcionam e que fatores influenciam o seu bem-estar. (MORGAN,
1996, p. 43).

Morgan (1996) afirma que as organizações são reconhecidas e vistas como sistemas
abertos, e isto é de suma importância para todos os envolvidos, pois enfatiza as
necessidades de um ambiente favorável para todos a fim de garantir várias formas de
sobrevivência. É um ideal voltado para o “enfoque sistêmico” da organização, ou seja,
uma visão ampla do todo, com suas necessidades e obrigações para com os envolvidos.

A partir daí o autor faz uma alusão às organizações como organismos que estão “abertos”
ao ambiente em que se encontram, e as mesmas devem se relacionar apropriadamente
com esse ambiente como questão de sobrevivência. O autor ressalta que: “[...] há uma
ênfase sobre o ambiente dentro do qual a organização existe [...]” e afirma que: “[...]
os teóricos da administração clássica deram relativamente pouca atenção ao ambiente
[...]”. Conforme conclui o autor, os referidos “teóricos da administração” se atentaram
ao planejamento interno e não à visão dos sistemas abertos: “A visão dos sistemas
abertos modificou tudo isto, sugerindo que se deveria sempre efetuar o processo de
organização tendo-se em mente o ambiente.” (MORGAN, 1996, p. 49). E a partir daí
conclui-se que a visão dos sistemas abertos evidencia a preocupação que o autor chama
de “interações organizacionais diretas” com clientes, concorrentes, fornecedores,
sindicatos e agências governamentais. O autor chama atenção para o fato de que o
interesse comum da estratégia de uma organização tem que coexistir com a “[...]
percepção de que as organizações devem ser sensíveis ao que ocorre no mundo que as
rodeia.” (Ibidem, p. 49).

As autoras Azevedo e Cruz (2006, p. 3), cita a definição de outros autores sobre sistema
aberto:

Para Nakagawa (1999 apud l, BITENCOURT; BRITO 1999), a empresa é um complexo


sistema social, e, sob uma perspectiva sistêmica, propõe que ela pode ser mais bem
definida enunciando-se uma série de proposições gerais, em vez de tentar uma única e
global definição:

• A empresa deve ser concebida como um sistema aberto, o que significa que ela se
encontra em constante interação com todos os seus ambientes, absorvendo matérias-
primas, recursos humanos, energia e informações, transformando-os em produtos e
serviços, que são exportados para esses ambientes. (AZEVEDO; CRUZ, 2006, p. 3).

Para Chiavenato (2005, p. 44), na organização: "O comportamento ético acontece


quando os membros aceitam tais princípios e valores." E ressalta que assim a organização
incentiva e encoraja seus membros para o comportamento ético, servindo de exemplo
para outras organizações, e aponta a correlação com o comportamento antiético, que
se dá quando as pessoas desobedecem o comportamento ético.

Para elucidar a importância do comportamento ético nas organizações, o mesmo


comenta que: "[...] a ética é uma preocupação com o bom comportamento: uma
obrigação de considerar não somente o próprio bem-estar pessoal, mas também o das
outras pessoas." (Ibidem, p. 44). Visto que o autor afirma que a ética tem forte influência
no mundo dos negócios no que diz respeito à tomada de decisões que estabelecem os
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valores que abalam diretamente os vários grupos de parceiros e para definir como os
líderes podem se valer desses valores no dia a dia da administração da organização. Ou
seja, a ética nas organizações estimula as ações socialmente responsáveis da
organização por meio de seus parceiros e dirigentes.

Hunter (2006, p. 112) comenta que, mesmo com relatos sobre a importância do
reconhecimento profissional, grande parte dos responsáveis pela organização ainda se
recusam a dar a devida importância para o mesmo e conclui: “Pelo visto, conceder uma
bonificação ou dar uma bronca é infinitamente mais fácil do que fazer um elogio
construtivo específico ou mesmo promover elogios públicos.” E numa percepção de
progresso em relação ao incentivo profissional, o autor relata:

Até pouco tempo era alvo de chacota o tipo de reunião vibrante, de reconhecimento e
elevação do moral feita por empresas servidoras como Mary Kay e Wal-Mart.

Hoje em dia parece que ninguém mais está rindo. (HUNTER 2006, p. 112).

Germano (2003, p. 56) parte do pressuposto de que a ética assume um papel de sobrevivência,
ou seja, as empresas são forçadas a aplicar doutrinas éticas para sobreviver: “[...] a empresa não
é normalmente capaz de guiar os anseios comportamentais e éticos do mercado à sua vontade
e a seu gosto.”

Com isso, porém, não se pretende eleger uma ou mais éticas capazes de satisfazer um
conjunto numeroso de tipos de sociedades, de empresas e de empregados – nesse sentido,
por exemplo, seria um tanto precipitado preferir necessariamente o lucrativismo ao
humanismo, ou outro preceito. A discussão vai muito mais além e exige uma análise mais
séria das empresas ao averiguar em que tipo de sociedade está se posicionando, com que
tipo de funcionários está lidando, que expectativas está alimentando e gerenciando; o
alerta é redobrado para corporações globais que almejam repetir suas práticas nos quatro
cantos da Terra. Se deve haver um movimento de renovação ética nas empresas, ele passa
ao largo da assepsia – na verdade, ele é mais afeito a um deixar-se contaminar pelo que
invariavelmente não poderá controlar. (GERMANO, 2003, p. 56).

Práticas de responsabilidade social e a importância no valor econômico


das empresas

Chiavenato (2005), identifica que shareholders (os acionistas) são aqueles que
compartilham a propriedade da sociedade, ou seja, osque visam a obtenção do lucro se
a empresa tem sucesso no mercado. Trata-se de uma visão antiga e restrita.

Em 1963 começou-se a falar de stakeholder, termo este que Chiavenato (2005) define
como vários parceiros que contribuem para a organização, e que para alcançar sucesso
as organizações precisam da contribuição desses parceiros; porém, nem todos têm
atuação direta e interna na organização, como por exemplo os acionistas, fornecedores
e clientes. Atualmente, a organização tem que produzir lucro para o trabalhador,
fornecedor e todos os envolvidos com a empresa numa relação de reciprocidade que é
uma troca de incentivos e contribuições. Assim sendo, a origem do
termo stakeholder surgiu:
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Segundo a pesquisa de Edward Freeman, o surgimento do termo ocorreu no Instituto de
Pesquisa de Stanford (SRI), onde a palavra stakeholder foi usada em um memorando
interno, em 1963. Conforme Slinger (1999), esse memorando foi escrito por Marion
Doscher, em discussões do Serviço de Planejamento de Longo Prazo do Instituto de
Pesquisa Stanford, e tratava de ideias de julgamento criativo, raciocínio intuitivo e
envolvimento com pessoas em todos os relacionamentos da empresa. (TORRES, 2013, p.
22).

Há uma preocupação de como a empresa projeta sua imagem para


os stakeholders, conforme afirma Torres (2013). No que tange à preocupação com a
imagem e reputação da empresa, o resultado depende da sua conduta em relação à
responsabilidade social. “Falar de responsabilidade social da empresa exige,
necessariamente, promover ações a favor da sua continuidade histórica e de melhorias
da qualidade de vida em seu entorno social.”, conclui Sertek (2006, p. 44) e comenta
que para o desenvolvimento social é imprescindível a adaptação em relação as
mudanças do ambiente, para planejar soluções para os mais diversos tipos de
problemas.

Para tanto, Oliveira (2013) ressalta que práticas de responsabilidade social influenciam
no valor econômico das empresas: “[...] uma atitude mais responsável diante da RSC
pode fortalecer uma marca ao longo do tempo, proporcionando um crescimento
sustentável [...]” e complementa que: “[...] ações de responsabilidade social aliadas à
comunicação podem reduzir os riscos e adicionar valor à empresa.” (Ibidem, p. 3).

O autor afirma que: “O valor da marca e sua associação com uma empresa socialmente
responsável é importante.” (Ibidem, p. 3) e especifica aquelas que desempenham um
papel em setores de maior impacto, como mineração e tabaco, e conclui: “Para a
empresa, isso pode evitar desconfiança e descrédito nos novos locais onde atuará,
facilitando sua atuação com governos e comunidades”. (Ibidem, p. 3).

Em contrapartida, Sertek (2006, p. 246) chama a atenção para o termo “ética das
aparências”, que segundo o autor: “Atualmente, uma consequência de postura se
plasma na cultura de ‘maquiagem’ de bens e serviços, que procura uma qualidade
aparente nas atitudes e nos produtos, a fim de atingir resultados imediatos.”. Ou seja,
as empresas têm o hábito de maquiar os produtos para que o mesmo tenha apenas um
aspecto atrativo e não qualidade. O autor comenta que se o intuito é obter melhorias
na empresa, é vantajoso “[...] cultivar virtudes e ajudar os outros a praticá-las. Ninguém
gosta de ser avaliado como parcial, porque quer ser imparcial nas relações com as
pessoas [...]” (Ibidem, p. 246), e conclui que os executivos estão propensos ao
oportunismo, ressaltando que o primeiro passo é tomar consciência de suas imperfeições
e se proporem a prática da qualidade e respeitabilidade, ações estas que segundo o
autor: “fluirão no sentido da melhoria de qualidade no relacionamento.” (Ibidem, p.
247).

Sertek (2006) cita um artigo de jornal do escritor Peter Nadas no qual este comenta em
conversas com amigos a expressão "ética empresarial" e acende a discussão de que a
ética e a qualidade nas organizações são deixadas de lado pelo “mundo da empresa”,
pois é priorizado o lucro com a justificativa de acordos de preços secretos, concorrências
públicas fajutas, propaganda enganosa etc. com atitudes antiéticas. Eis o referido artigo
e conclusão:
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Todas as vezes que, em conversas com amigos, menciono a expressão ética empresarial,
os sorrisos irônicos aparecem imediatamente nos lábios: Será que existe isso? –
perguntam-me eles. Existe aí uma contradição, acrescentam geralmente. O mundo da
empresa é voltado para os lucros, o que vale é o resultado final, tudo se justifica em função
deste fim. Logo, onde o fim justifica os meios, não se pode falar em ética. Os oligopólios,
os acordos de preços secretos, as concorrências públicas fajutas, a corrupção ativa e
passiva, os conflitos de interesse, a propaganda enganosa, a inobservância das leis, a
poluição, a sonegação... [...] onde está a ética? Pobre amigo, tira o cavalinho da chuva! Ética
e empresa simplesmente não podem conviver!. (SERTEK, 2006, p. 243).

Em relação ao artigo citado de Peter Nadas, o autor comenta que é cômodo adotar uma
postura antiética, já que a mesma visa resultados em curto prazo e, consequentemente,
a busca desenfreada pelo lucro, e conclui que tais práticas “[...] produzem um
acomodamento das pessoas e das instituições no estágio já atingido, da mesma forma
que estimulam a incompetência profissional e favorecem a falta de talento.” (Sertek,
2006, p. 244).

Godin (2013, p. 67) cita o exemplo do “Pink Slime”, uma espécie de aditivo misturado
à carne moída encontrado nos supermercados dos Estados Unidos que contém “aparas
de carne magra sem osso”, segundo o autor: “[...] a invenção parecia uma jogada óbvia
do sistema de produção de carne industrializada [...]” (Ibidem, p. 67), ou seja, com
pedaço de gordura e restos de sobras após o abate da vaca, com o intuito de reduzir o
custo para o consumidor. O autor comenta que este “[...] foi apenas um dos recentes
avanços na industrialização dos alimentos [...]” (Ibidem, p. 67), e informa que em
relação ao referido produto, os consumidores reportaram que não vale a pena
economizar em vista da má qualidade do produto e como o mesmo era produzido. A
partir daí se conclui que os consumidores prezam pela qualidade e procedência do
produto e não especificamente pelo preço. Em relação a tais manobras da indústria
somente para reduzir custo, o autor comenta:

A Indústria sempre foi aplaudida na corrida para alcançar mais eficiência, mais
escalabilidade e mais velocidade. Mas, na verdade, as questões econômicas e éticas dessa
inovação industrial não compensam. Não há mais o que agilizar nem baratear na
produção de alimentos industrializados, e desumanizar tudo o que tocamos tem um custo.
(GODIN, 2013, p. 67).

Para Santos (2011) é importante que a organização busque um equilíbrio nas suas
propostas de inovação. O autor ressalta a necessidade de um modelo de liderança com
ações éticas e o constante acompanhamento de mudanças, analisando se realmente as
ações estratégicas irão afetar os trabalhadores, a cultura, a motivação, o clima e
consequentemente os stakeholders, pois a maioria das organizações tem dificuldade de
enxergar o futuro porque não conseguem enxergar o presente, o mercado, e entender
os diferentes cenários e o que os consumidores desejam.

Para uma adequação urgente do desenvolvimento social em relação às constantes


mudanças do ambiente, é preciso solucionar tais problemas de uma maneira específica,
alerta Sertek (2006) e reforça que tal atitude exige forte ação educacional para que as
constantes mudanças que ocorrem não acarretem em uma “sociedade sem alma”, como
se refere o autor, onde se dará valor única e exclusivamente a resultados econômicos e
financeiros e não aos bens da cultura e do espírito. O autor chama atenção para a
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importância da dignidade e do ambiente ético na sociedade e organização para a
realização pessoal e social do indivíduo:

A dignidade das pessoas em uma determinada sociedade e também no âmbito das


organizações cresce à medida que suas virtudes respondem ao chamado proveniente do
seu entorno. Além de crescer, é realçada no cumprimento do dever de colaborar com o
bem comum. Participar da consecução dos objetivos da empresa é um meio de realização
pessoal e social. (SERTEK 2006, p. 32).

Queiroz e Ferreira et al. (2006) observa que atualmente há um amadurecimento quanto


a ética e responsabilidade social corporativa em relação a sua aplicação e mensuração,
subdividindo-se em vertentes de conhecimento: responsabilidade, responsividade,
retitude e desempenho social corporativo, desempenho social dos stakeholders,
auditoria e inovação social.

A responsabilidade social faz com que as empresas tenham que mudar sua conduta e há
pressões para essas mudanças, de acordo com as grandes transformações econômicas,
políticas e sociais. As pessoas têm acesso à informação. E tem a questão da justiça, ou
seja, nenhuma empresa quer hoje estar exposta a problemas judiciais. Esses canais
acabam pressionando as empresas a terem condutas diferentes e a sociedade civil
exerce uma pressão grande para a mudança de comportamento, o faz com que as
empresas fiquem atentas para isso, conforme comenta Oliveira (2013):

Por que esse interesse em RSC ultimamente? Isso está relacionado possivelmente com as
mudanças nas últimas décadas. Temos visto grandes transformações nos contextos
econômico, político e social em que atuam as organizações. Essas mudanças influenciam
o comportamento das empresas e da sociedade diante da questão de RSC. No contexto
econômico, a RSC surge como um diferencial competitivo entre as empresas e que pode
aumentar seu potencial econômico (OLIVEIRA, 2013, p. 6).

Em relação ao código de ética, Chiavenato (2005) afirma que para orientar e guiar a
conduta de seus parceiros, muitas organizações têm o seu próprio código de ética, que
é uma declaração formal com o intuito de funcionar como um guia para a tomada de
decisões para a conduta interna da mesma:

Todavia, duas coisas devem acontecer para que o código de ética encoraje decisões e
comportamentos éticos das pessoas. Primeiro, as companhias devem comunicar o seu
código de ética a todos os parceiros, isto é, às pessoas dentro e fora da organização.
Segundo, as companhias devem cobrar continuamente comportamentos éticos de seus
parceiros seja por meio do respeito aos seus valores básicos, seja por meio de práticas
específicas de negócios. (CHIAVENATO, 2005, p. 45).

Chiavenato (2005) afirma a existência de três fatores que influenciam as decisões éticas
em uma organização:

1. Intensidade ética: Preocupação das pessoas em relação a algum assunto ético,


onde cada decisão está atrelada a essa intensidade;
2. Desenvolvimento moral: decisões éticas que resultam da condição de
desenvolvimento moral obtido pela organização ou pessoa;
3. Definição de princípios éticos, princípios estes que muitas organizações utilizam
para direcionar o comportamento de seus parceiros.
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Esses três fatores são: “[...] indispensáveis para a compreensão da conduta ética nas
organizações [...]” (Ibidem, p. 45), conclui o autor e comenta que tais decisões éticas
não são uma prática comum de todos, ou seja, nem todos se utilizam da mesma.

A ação de responsabilidade social tem um importante impacto no valor econômico das


empresas e uma atitude socialmente irresponsável (multas, paralisações e indenizações)
causa um efeito negativo sobre a mesma em longo prazo, e também quaisquer
problemas como acidentes e falsificações podem ter consequências negativas no valor
da marca. Por outro lado, uma atitude responsável diante da responsabilidade social
pode fortalecer uma marca ao longo do tempo, com um crescimento sustentável,
evidencia Oliveira (2013), que destaca o exemplo da montadora de veículos japonesa
Toyota, que desenvolveu o carro híbrido que economiza combustível e reduz o impacto
nas mudanças climáticas, o que levou a um aumento no valor da marca, por significar
inovação:

Portanto, Responsabilidade Social das organizações é toda e qualquer ação por elas
praticadas que possa contribuir para a melhoria da qualidade de vida da sociedade. São
as obrigações, os compromissos que as organizações assumem com a sociedade. “Ser
socialmente responsável implica maximizar os efeitos positivos sobre a sociedade e
minimizar os negativos.” (FERRELL et al., 2001, p. 7). Consiste na decisão de participar
mais diretamente das ações comunitárias das regiões onde estão presentes, atentando
para possíveis danos ambientais decorrentes do tipo de atividades que exercem. (NEVES,
2004, p. 67).

Souza (2005) informa que, segundo pesquisas realizadas nos Estados Unidos, a ética é a
questão primordial para a maioria das grandes e pequenas organizações que têm como
foco principal sua estabilidade e crescimento. Porém, ao mesmo tempo na sociedade
aumenta a consciência da importância da ética para o mundo corporativo e que nem
tudo gira em torno somente da lucratividade. A autora chama atenção para o fato de
que mesmo assim alguns indivíduos continuam presos ao impasse e resistência ao fato e
ainda persistem em atitudes antiéticas dentro e fora das organizações, culpando a
empresa e os outros pela consequência dos seus atos, e afirma que há estudos que
demonstram que o empresariado quase que de um modo geral não possui formação ética
e que se preocupam com os prejuízos que as empresas e suas carreiras possam ter em
consequência de tais atitudes antiéticas.

A conduta ética é concebível se cada indivíduo não colocar os seus objetivos pessoais à
frente dos objetivos da organização, da sociedade e exercer um papel em conformidade
com a moral, ressalta Oliveira (2013). É sabido que a tendência é os gestores priorizarem
o lucro, desprezando os princípios éticos e sua aplicação, pois em longo prazo tal ação,
contrária à aplicação da doutrina ética, pode prejudicar todos os envolvidos e
consequentemente a imagem e reputação da organização:

As partes interessadas na empresa, acionistas, fornecedores, empregados, clientes e


administração, estão fortemente ligadas, explica Freeman. Os interesses de cada uma são
recíprocos, uma vez que cada um afeta o outro em termos de benefícios ou prejuízos, bem
como direitos e deveres. Assim, cada parte afeta a existência e os resultados buscados pela
outra. A visão de Freeman é focada em participantes vitais para a sobrevivência e sucesso
da organização e determina que cada parte obtenha o que necessita da relação, caso
contrário, não fornecerá o que a empresa dela depende. (OLIVEIRA, 2013, p. 62).
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Segundo o estudo, a reputação é responsável por 11% do valor total de uma empresa e
complementa que há uma valorização potencial, para as organizações que possuem
relacionamentos fortes com os seus stakeholders, afirma Oliveira (2013) e ressalta que
uma empresa com má reputação dificulta a contratação de talentos, já que os
trabalhadores preferem ganhar menos dinheiro e trabalhar numa empresa de boa
reputação. O autor chama a atenção para o fato de que, segundo estudos, uma má
reputação se mantém presente por alguns anos e alerta que a mesma é prejudicial para
os talentos que compõem a organização, que mantém a conduta de ignorar o fato e
voltar sua atenção para outros valores, e conclui que a consequência disso é que os
trabalhadores acabam migrando para outras organizações de boa reputação, aceitando
ganhar menor salário.

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Em relação à abordagem da responsabilidade social por parte da organização,
Chiavenato (2005, p. 52) conceitua que: “[...] a organização não tem apenas metas
econômicas, mas também certas responsabilidades sociais” e enfatiza que “As decisões
organizacionais são tomadas com base não apenas nos ganhos econômicos projetados e
na conformidade legal, mas também no critério do benefício social.” (Ibidem, p. 52). No
contexto dessa referida abordagem e interesse por parte da organização e em relação aos
recursos que a mesma disponibiliza para tal versus o que essas ações podem ocasionar, o autor
conclui:

Alguns recursos organizacionais são usados para projetos de bem-estar social sem trazer
dano econômico para a organização. Existe a preocupação em otimizar os lucros e o
patrimônio líquido dos acionistas e também com programas de ação social e envolvimento
social. São organizações que desejam uma imagem de politicamente corretas com grande
esforço na área de relações públicas. Em geral, são organizações que praticam uma
adaptação reativa, pois agem para providenciar uma solução a problemas já existentes,
(CHIAVENATO, 2005, p. 52).

Para Chiavenato (2005, p. 52): “Os níveis de sensibilização social provocam certos
comportamentos nas organizações voltados para atividades e obras sociais [...]” e
conclui: “Em função desses níveis, cada organização define uma filosofia de
responsabilidade social que produz categorias de responsabilidades sociais que podem
ser de simples reação às carências e necessidades da comunidade.” (Ibidem, p. 52). E se
referindo a tais fatores, que consequentemente obrigam as empresas a abandonar velhos
conceitos em relação à prática da responsabilidade social, o autor conclui:

A verdade é que a responsabilidade social está deixando de se limitar aos velhos conceitos
de proteção passiva e paternalista ou de fiel cumprimento de regras legais para avançar na
direção da proteção ativa e da promoção humana, em função de um sistema definido e
explicitado de valores éticos. (CHIAVENATO 2005, p. 52).

2.4. O sucesso organizacional por meio dos colaboradores


A importância dos colaboradores apropriarem-se dos valores da organização, mantendo
assim uma conformidade técnica e ética que os integre no todo sem perder a sua
identidade pessoal, com uma atitude consciente, responsável e criativa, portanto,
valorizar e reter tais colaboradores não são o que a maioria das empresas consegue e,
por sua vez, na maioria das vezes essa retenção é obtida por meio de atitudes
autoritárias e ameaçadoras por parte das organizações, enfatiza Souza (2005) e comenta
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que, em contrapartida, quando a empresa segue uma política de ética e respeito, em
relação à dignidade, liberdade e emancipação do indivíduo, esse é o melhor caminho, e
consequentemente o trabalho terá como resultado a verdadeira missão de levar o ser
humano a estabelecer seus ideais e resultados satisfatórios da produção, contribuindo
para uma nova ordem social.

Porém, as diretrizes que orientam as empresas podem seguir diferentes caminhos


focados no indivíduo ou na técnica e isso pode ocasionar posturas distintas, ou seja,
aderência positiva ou impositiva e posturas de resistência, e esses fatores podem ser
um importante indicador do estilo de valor, rotina e normas estabelecidas que rege uma
empresa. Deste modo, Germano (2003) conclui:

Antes, porém, de se analisar a questão da conduta e da má conduta dos funcionários numa


empresa e como ela é avaliada por seus pares, superiores e subordinados, deve-se avançar
mais um pouco na aplicação da ética, como ela foi apresentada anteriormente, às
empresas. (GERMANO, 2003, p. 40).

Desse modo, Chiavenato (2005), conceitua o sucesso organizacional como consequência


das atividades e esforços coletivos de muitas pessoas que colaboram para o mesmo, ou
seja:

Nesse sentido, as pessoas são os chamados recursos humanos das organizações – os


indivíduos e grupos que desempenham atividades e fazem contribuições que tornam a
organização capaz de servir a um propósito particular. Mas, para que as pessoas possam
produzir resultados e proporcionar sucesso e prosperidade às organizações, elas também
requerem recursos físicos e materiais – como tecnologias, matérias-primas,
equipamentos físicos, instalações e dinheiro – que são operados e processados por meio
do trabalho das pessoas. (CHIAVENATO, 2005, p. 24).

Guimarães (2013) alerta para a eficiência na seleção e critério de escolha de seus


funcionários em relação à postura ética, que é o principal quesito para o bom
funcionamento da mesma e a imagem que passa para o cliente:

Uma organização que tem preocupações éticas deve selecionar seus funcionários de
forma bastante eficiente, atentando para quesitos éticos, já que são os funcionários que
estabelecem a relação com o consumidor. A ética como base para formação de seus
recursos humanos, ou colaboradores, é fundamental para o bom andamento da
organização. (GUIMARÃES 2013, p. 60).

Germano (2003, p. 38) levanta a questão de que o indivíduo na organização deve seguir
as regras estabelecidas no contrato “explícito ou implícito” que é firmado ao adentrar
na mesma. Segundo o autor, isso significa: “obedecer à hierarquia e adaptar-se à cultura
local”, e conclui que a mesma imposição acontece na convivência em sociedade,
ressaltando que mesmo não havendo contratos há uma hierarquia. O mesmo levanta um
questionamento entre a ética das empresas e a ética individual e conclui:

Aparentemente, a questão não está bem formulada. Primeiramente não existe ética
individual, conforme foi discutido anteriormente – toda ética nasce da necessidade de
regular a busca incessante pelo bem individual que pode comprometer o bem coletivo. Já
que uma pessoa isolada prescindiria de ética justamente porque não se depara com ações
que eventualmente prejudiquem outros, no ambiente interno de uma empresa existe
solenemente apenas uma ética – que é a ética daquela própria empresa, entendida como
grupamento de pessoas. Naturalmente, estando a empresa inserida num contexto mais
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amplo, ela haveria de se incluir, por exemplo, numa ética da sociedade mais geral, mas
esta foge ao escopo deste trabalho. (GERMANO, 2003, p. 38).

Assim sendo, Hunter (2006, p. 115) ressalta que: “As empresas mais bem-sucedidas
compreendem e se esforçam para satisfazer as necessidades mais profundas que todos
os seres humanos partilham [...]”, que são:

• A necessidade de uma grande liderança.


• A necessidade de significado e propósito.
• A necessidade de ser apreciado, reconhecido e respeitado.
• A necessidade de fazer parte de alguma coisa especial.
• A necessidade de integrar uma entidade assistencial
(HUNTER, 2006, p. 115).

Mesquiati (2001, p. 82) comenta que: “[...] a ação ética é aquela que se baseia no
consenso e na responsabilidade para com o bem-estar de todos”, ou seja, todos os
envolvidos (stakeholders). Portanto, tomar decisões éticas dentro de uma empresa influencia
na relação com a sociedade que se vive e consequentemente na imagem da organização. Uma
boa imagem e reputação geram créditos, credibilidade e blindagem para a empresa:

A principal preocupação dos líderes e administradores é com a integridade


organizacional, resultado de uma gestão que cultive a justiça e preserve os direitos
individuais, compatibilizando os interesses que moldam o caráter organizacional que, por
sua vez, determina o certo e errado. Comportamentos considerados consistentes são
aqueles baseados em princípios morais universais, que a empresa procura identificar,
comunicar e aplicar em todas as suas atividades. Enfatiza os deveres positivos para
promover o bem-estar dos "stakeholders" e se veem como parte do sistema, reconhecendo
sua importância para a realização do bem-estar social. A organização que se encontra
neste estágio apresenta consistência entre discurso e prática, fato que lhe garante a
credibilidade necessária para gerenciar os processos de mudança. É o tipo de empresa
que pela solidez de seus valores e apoio ao desenvolvimento do ser humano tende a
garantir um alto nível de motivação, comprometimento e um excelente clima
organizacional. Não há nada que faça com que a organização aja em desacordo com aquilo
que ela considera moralmente errado. (MESQUIATI, 2001, p. 84).

O autor ressalta que a conduta ética é um requisito cada vez mais frequente e atuante
nas empresas, pois é uma premissa para a sua competitividade no mercado, posto que
o autor lista desafios: “Para SIMS (1992, p. 505), alguns desafios para as organizações
são a: "[...] competição internacional; novas tecnologias; aumento da qualidade;
compromisso e motivação do empregado; administrar uma força de trabalho diversa e,
por último, o desafio de alcançar um comportamento ético.” Mesquiati (2001, p. 140).
Pode-se observar que em relação às empresas com visão de longo prazo, é necessário
que se atente em algumas elucidações como:

a) oferecer produtos e/ou serviços na melhor relação custo-benefício agregando,


progressivamente, valor a partir da perspectiva de seus clientes;

b) adequar e capacitar estrutura e pessoas, para garantir agilidade e eficiência na


adaptação às mudanças no ambiente, identificando novas oportunidades de negócios,
e delas usufruindo retomo significativo, através da transformação de suas
competências em vantagens competitivas;
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c) garantir o trabalho em equipe no qual impere o respeito mútuo, a lealdade e a co-
responsabilidade nos fracassos e nos sucessos;

d) garantir a motivação e o comprometimento de seus colaboradores em tomo dos


propósitos estratégicos da empresa bem como de todos os envolvidos com a
organização (stakeholders);

e) lidar com a diversidade e pluralidade;

f) capacitar-se a um processo de aprendizagem baseado em uma visão sistêmica do


mundo, adotando uma postura pró-ativa na construção de sua realidade;

g) incorporar à sua filosofia de gestão novos valores morais voltados para a


responsabilidade social e a conduta ética. (MESQUIATI, 2001, p. 140).

Uma análise ética com olhar tanto individual como profissional geram respostas negativas no
que diz respeito à aplicação da mesma, porque normalmente há escândalos que envolvem as
organizações e relações de confiança nos negócios pessoais, ou seja, os jornais e noticiários
colecionam reportagens de escândalos a respeito desse assunto, comenta Oliveira (2013), e
conclui: “O senso comum aponta grande desconfiança aos negócios e aos homens e
mulheres que os conduzem de modo superior à possível desconfiança de outros
profissionais, está estampado nos noticiários.” Oliveira (2013, p. 12).

Guimarães (2013) conclui que o executivo tem grande importância na organização em


que atua com processos e procedimentos que são de suma importância na decisão por
negócios rentáveis, mas também essa atuação diz respeito ao clima organizacional, da
ética nas organizações, atuação esta que é importante também na propagação de uma
cultura ética nos negócios, cultura esta que começa pelos gestores e que deve ocasionar
um esforço simultâneo para que as empresas sejam corretas e responsáveis, conforme
complementa o autor: “[...] a reunião de todos eles deve levar a um entendimento mais
completo da decisão moral que se enfrenta [...]” Guimarães (2013, p. 80), ressalta a
aplicabilidade da ética nas organizações e que não basta somente o discurso, e comenta:

Nas organizações não adianta somente o discurso, é imprescindível a prática e, só a partir


dela, poder-se-á levar esta cultura até às bases. Como a moral está diretamente ligada à
ética. E esta, por sua vez, tem influências nas culturas, cada organização tem uma cultura
específica, é importante que em sua formação seja implantada uma cultura ética dos
negócios. Durante muito tempo, as multinacionais tentaram implantar em diversos outros
países, fora da sua sede, uma cultura, ou um código de ética, igual aos já praticados em
suas sedes. Isso não deu certo, visto que cada localidade tem uma forma específica de
atuação. Existem conceitos de ética e moral que são considerados universais, e estes
devem ser preservados pela humanidade e pelas organizações. Nesse tocante, as relações
entre empresas e local de instalações, sejam elas multinacionais ou não, deverão estar
sempre numa única via. (GUIMARÃES, 2013, p. 80).

No que diz respeito à responsabilidade social das organizações, Chiavenato (2005, p. 49)
observa que: “Até algum tempo atrás, as organizações estavam orientadas exclusivamente para
os seus negócios.” Ou seja, havia somente a preocupação com a obtenção do lucro. O mesmo
afirma que: “Gradativamente, essa orientação deixou de ser interna para se externalizar em
direção ao ambiente de negócios.” (Ibidem, p. 49). Enfatiza que houve um aumento significativo
em relação à atenção dada à aplicação da responsabilidade social pelas organizações nos
últimos anos, afirma que no futuro esse cenário vai continuar se repetindo e ressalta que: “As
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organizações bem-sucedidas definem seus valores e estão continuamente preocupadas em
treinar seu pessoal para que este possa tomar decisões éticas.”

Dentre os principais objetivos do treinamento em ética organizacional, o autor ressalta:


“Desenvolver a atenção das pessoas quanto à ética: isto é, ajudar as pessoas a reconhecer quais
os assuntos que são éticos e assim evitar a racionalização de comportamento unético.”
(Chiavenato, 2005, p. 49).

Chiavenato (2005, p. 49) define a responsabilidade social das organizações como: “[...] o grau
de obrigações que uma organização assume por meio de ações que protejam e melhorem o bem-
estar da sociedade à medida que procura atingir seus próprios interesses.” E afirma que a
mesma exprime a: “[...] obrigação da organização de adotar políticas e assumir decisões e ações
que beneficiem a sociedade.” (Ibidem, p. 49), enfatizando que como um modelo de gestão “Os
dirigentes de uma organização devem buscar alcançar simultaneamente objetivos
organizacionais e societários.” (Ibidem, p. 49).

Germano (2003, p. 138) elucida que: “Não há problema em questionar a ética de uma
empresa: ela pode e deve ser discutida entre empregados, executivos ou não, e
acionistas.” E conclui:

Talvez o problema ético mais grave seja o de desrespeitá-la (sabendo-se com isso
desobedecer a um desejo dos acionistas) e manter esse comportamento oculto, mesmo
que com o objetivo de defender princípios éticos particulares. Naturalmente na prática
muito raramente certas leis e preferências éticas são escritas, fazendo com que esses
acionistas possam ser mais condescendentes com desrespeitos como o mencionado. Não
se pode questionar a importância de saber que contratos (explícitos ou implícitos) as
pessoas estão assinando ao entrar nas empresas, bem ou mal eles têm a sua razão de
existir, nem que seja a própria longevidade da empresa –, mas também as ocasiões em
que os seus fundamentos são passíveis de discussão fundamental. Nesse sentido, ruim é
que os empregados tenham que continuar a, até mesmo em favor do sucesso da empresa,
ultrapassar os semáforos vermelhos à noite, num retorno a um exemplo mencionado
anteriormente, por acharem justo mas sentindo grande medo de serem flagrados.
(GERMANO, 2003, p. 138).

Germano (2003) alerta que ignorar a doutrina ética é prejudicial para as empresas e
comenta o quanto é positivo para aquelas que contam com um código de conduta interno
e reportam o mesmo a seus empregados:

Jogar a ética no limbo é perigoso para as empresas. As sociedades, ao tratar dos temas
éticos, pelo menos já dispõem, normalmente, de um código civil e um código penal a
nortearem a conduta dos seus cidadãos – essas leis nada mais são que códigos de conduta
que preveem punições à transgressão. É um alento notar que cada vez mais empresas
passam a confeccionar e apresentar, a seus empregados, códigos de conduta internos.
Entretanto, esses códigos de conduta de empresas continuam a ser muito parecidos entre
si. (GERMANO 2003, p. 139).

Em relação à diversidade nas organizações, Chiavenato (2005, p. 44) conceitua que: “[...] as
pessoas que trabalham nas organizações – antes predominantemente masculinas e brancas –
são atualmente caracterizadas não apenas por diferenças individuais como aptidões físicas e
cognitivas ou por diferentes traços de personalidade [...]”, ou seja, tamanha é a miscigenação
de pessoas que segundo o autor: “Isso está obrigando as organizações a repensar e a
mudar suas políticas internas” (Ibidem, p. 44). O autor complementa:
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Dessa maneira, a diversidade nas organizações está se tornando uma fonte de vantagem
competitiva: uma força de trabalho diversificada é mais criativa e inovadora. Tem mais
ideias e diferentes abordagens. O desafio está em alcançar uma margem competitiva com as
diferentes pessoas que trabalham nas organizações.

A diversidade realça as diferenças individuais e se contrapõe à homogeneidade, que procura


tratar as pessoas como se elas fossem padronizadas e despersonalizadas. (Chiavenato, 2005,
p. 44).

2.5. Responsabilidade social interna e externa


Para Chiavenato (2005) as organizações influenciam de várias maneiras a sociedade e a
vida de cada indivíduo:

As organizações invadem e permeiam tanto a sociedade como a vida particular de cada


pessoa. Diariamente estamos em contato com organizações. Se não participamos delas
como membros – no trabalho, na escola, na vida social e cívica, na igreja – somos afetados
como clientes, pacientes, consumidores ou cidadãos. Nossas experiências nas
organizações podem ser boas ou más. Algumas vezes, as organizações podem parecer
adequadas ou ajustadas às nossas necessidades e, outras vezes, nosso contato com elas
pode provocar irritação e frustração. Elas podem até tornar-se um tormento para nós.
Mas são imprescindíveis para a qualidade de nossas vidas e para o nosso sucesso pessoal.
(CHIAVENATO, 2005, p. 24).

Portanto, em relação à responsabilidade social interna e externa, Germano (2003, p.


44) informa que: “Há vários tipos de éticas externas, e essa classificação dá pistas sobre
a influência que cada um deles terá sobre as éticas internas decorrentes [...]”, ou seja,
o autor traça um paralelo entre as ações de responsabilidade social interna e externa e
ressalta que ambas as ações valorizam a responsabilidade social das organizações e vale
ressaltar que consequentemente sua imagem como, por exemplo: “[...] auxílio a
organizações não-governamentais e projetos de solidariedade, patrocínio de eventos
culturais e artísticos, programas de conservação do meio ambiente e dos recursos
naturais e assim por diante.” (Ibidem, p. 44). Em se tratando da ética interna das
empresas, o autor cita “A doutrina lucrativista de Friedman”, que influencia
diretamente o comportamento dos funcionários incentivados a perseguir metas e
resultados:

A doutrina lucrativista de Friedman traz impactos sobre a ética interna das empresas
justamente porque, quando assim compreendida pela alta direção, tende a nortear o
comportamento dos demais funcionários – os quais tendem a seguir metas de vendas e
resultados hierarquicamente impostas, por exemplo, ainda que desconheçam o caráter
ético dessa conduta. Não raro, o lucrativismo tende a dar origem a uma ética interna
pautada pela competição (pois os departamentos e áreas tendem a reproduzir a ética do
aumento cego e incessante de lucros em seus próprios microcosmos) e, nos casos mais
extremos, de agressividade. (GERMANO, 2003, p. 47).

Em se tratando das referidas ações de responsabilidade social interna e externa,


Passador (2002) explica:

As ações de gestão interna de responsabilidade social interna compreendem os


programas de contratação, seleção, treinamento e manutenção de pessoal realizados
pelas empresas em benefício de seus empregados, bem como os demais programas de
benefícios voltados para a participação nos resultados e atendimento aos dependentes.
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Já a responsabilidade social externa tem como foco a comunidade mais próxima da
empresa ou o local onde ela está situada. Portanto o foco das ações da responsabilidade
social interna é o público interno da empresa, ou seja, seus empregados e dependentes.
Algumas empresas estendem a sua rede de ações internas de responsabilidade social aos
funcionários de empresas contratadas, terceirizadas, fornecedores e parcerias.
(PASSADOR, 2002, p. 7).

No âmbito da responsabilidade social, há o balanço social que conforme definem os


autores Pinto e Ribeiro (2004):

O Balanço Social é uma demonstração que foi criada com a finalidade de tornar pública a
responsabilidade social das organizações. Esse instrumento, que vem sendo amplamente
discutido, fornece dados aos usuários da informação contábil a respeito das políticas
internas voltadas à promoção humana de seus empregados e à qualidade de vida nas
organizações; sobre a formação e distribuição da riqueza; da postura das entidades em
relação ao meio ambiente e quanto a contribuições espontâneas à comunidade. No Brasil,
sua elaboração ainda não é obrigatória e não existem modelos e indicadores oficiais de
divulgação. (PINTO; RIBEIRO, 2004, p. 21).

Em se tratando dos objetivos, benefícios e até trazendo à tona a questão da forma de


apresentação e obrigatoriedade do balanço social, as autoras Azevedo e Cruz (2006)
conceituam que:

Assim, o Balanço Social é um relatório que apresenta um conjunto de informações


econômicas e sociais, com o objetivo de demonstrar os gastos e investimentos realizados
em benefícios dos empregados, da comunidade e do meio ambiente e informações sobre
a formação e distribuição da riqueza gerada; é portanto um instrumento de gestão
estratégica. Além disso, este relatório, como um instrumento de medição do desempenho
social da entidade, fornece:

• AOS GESTORES – informações relevantes para as suas tomadas de decisões, no que se


refere aos programas e às responsabilidades sociais que cumpre à empresa enfrentar e
desenvolver;
• AOS FUNCIONÁRIOS – indicadores dos investimentos na melhoria das condições de
trabalho e qualificação do trabalhador, etc.;
• Á SOCIEDADE – elementos para avaliar o desempenho social da empresa;
• AO GOVERNO – subsídios para a elaboração de normas legais e tributação de impostos;
• AS ENTIDADES DE CLASSE – aprimorar o processo de negociação com a classe
empresarial, bem como para verificar as ações da empresa na área social.

Apesar do valor informativo do Balanço Social, ainda existem algumas questões a serem
resolvidas, tais como o conteúdo, ou seja, as informações que devem ser divulgadas, a
forma de apresentação e a obrigatoriedade. (AZEVEDO; CRUZ, 2006, p. 7).

Para as autoras Azevedo e Cruz (2006) o balanço social é uma ferramenta de suma
importância na gestão empresarial, pelo fato de tornar pública tais informações sobre as ações
da mesma em relação à sociedade e ao meio ambiente:

O Balanço Social representa assim uma ferramenta essencial na gestão empresarial, pois
esta demonstração irá ampliar o leque de usuários, revelando-se como um instrumento
elaborado pela Contabilidade para atender a toda a sociedade, e divulgando informações
sobre o desempenho da política social da empresa e o seu relacionamento com o meio
ambiente. (AZEVEDO; CRUZ, 2006, p. 14).
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Em relação à evolução e origem do balanço social no Brasil, Pinto e Ribeiro (2004)
explicam:

A evolução do Balanço Social no Brasil originou-se da iniciativa de diversas organizações,


pesquisadores e políticos, entre os quais se destacam: Associação dos Dirigentes Cristãos
de Empresas – ADCE; Ernesto Lima Gonçalves, Prof. Dr. João Eduardo Prudêncio Tinoco;
sociólogo Herbert de Souza, então presidente do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e
Econômicas – Ibase; Deputadas Marta Suplicy, Sandra Starling e Maria da Conceição
Tavares; e Comissão de Valores Mobiliários – CVM. (PINTO; RIBEIRO 2004, p. 22).

Em se tratando da obrigatoriedade do mesmo no Brasil, informam:

No Brasil, sua elaboração ainda não é obrigatória e não existem modelos e indicadores
oficiais de divulgação. Entretanto, um número cada vez maior de entidades de diversos
setores está adotando tal prática... (PINTO; RIBEIRO 2004, p. 21).

Para Chiavenato (2005, p. 51) “O envolvimento das grandes empresas privadas nacionais
em ações sociais tende a crescer”, ou seja, o autor informa que: “É o que aponta a
pesquisa Bondade ou Interesse – como e por que as empresas atuam na área social,
coordenada pelo instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), realizada a partir de
entrevistas com dirigentes de 47 empresas.” (Ibidem, p. 51). Baseado nas referidas
pesquisas em relação a esse aumento na atuação social das empresas, o autor informa também:

Mais de 80% das empresas pesquisadas têm perspectivas de expansão do atendimento


social. Cerca de 98% das empresas declararam nunca ter interrompido a ação e 60% não
alteram os investimentos sociais mesmo em períodos de dificuldades econômicas.

De acordo com a pesquisa, embora as motivações pessoais de espírito humanitário


influenciem muito essas iniciativas, as empresas percebem que os investimentos sociais dão
retorno de outras formas. Para 65% das empresas, a ação social melhora a imagem da
empresa junto à comunidade. Para 50% delas, melhora a imagem da empresa com os
clientes. A maior parte das empresas (53%) percebe um aumento do envolvimento dos
funcionários com a missão da empresa, o que aumenta a produtividade.

Contudo, 59% consideram que as atuações sociais não dão nenhum retorno direto no
aumento de vendas; 82% dizem que a ação social não causa nenhuma redução de impostos
a pagar. Para 73% das empresas, os incentivos fiscais não são importantes na decisão
empresarial de fazer a ação social e 56% delas não usaram incentivos fiscais em sua atuação
social.

As empresas elogiam os incentivos à cultura, mas criticam os incentivos dirigidos a


entidades filantrópicas e ao Fundo da Criança e do Adolescente. (CHIAVENATO, 2005, p.
51).

2.6. A preocupação do meio ambiente na ética empresarial


Para as autoras Azevedo e Cruz (2006, p. 14) a empresa que tem o olhar voltado à preservação
do meio ambiente e o bem-estar do indivíduo: “[...] estará contribuindo e até inspirando
outras entidades a unir forças para uma melhor qualidade de vida e uma sociedade mais
equilibrada e justa para todos.” (Ibidem, p. 14). E complementam que:

Principalmente estará concebendo a ideia de que para a gestão dos negócios é de vital
importância que as organizações tenham um papel social para com a comunidade, e de que
tal conduta representará seu crescimento e até continuidade. (AZEVEDO; CRUZ, 2006, p.
14).
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Em relação ao impacto ambiental causado pela presença de uma empresa em seu local
de atuação e a preocupação da mesma em relação a tais impactos, Azevedo e Cruz
(2006) comentam que:

Até pouco tempo atrás não havia preocupação quanto às contribuições e impactos
acarretados pela presença de uma empresa em determinado local, pois se pensava que
ela só traria benefícios através da oferta de produtos e serviços e da geração de emprego
e renda. Mas a industrialização transformou a tal ponto a vida social ambiental, que gerou
a necessidade de uma avaliação criteriosa acerca dos custos e benefícios que
acompanham uma empresa na sociedade.

À crescente e assustadora degradação do meio ambiente, decorrente do desenvolvimento


econômico desordenado do pós-guerra, levou a sociedade a se preocupar com um tipo de
desenvolvimento econômico que levasse em consideração que os recursos naturais são
limitados. (AZEVEDO; CRUZ, 2006, p. 13).

Para Germano (2003) a empresa que se comporta mal e vai contra os princípios éticos ocasiona
a sua ineficiência, além de ir contra o intuito de fazer o bem à sociedade. Segundo o autor, há
casos mais graves de má conduta por parte de uma empresa com tal comportamento quando
envolve agressões ao meio ambiente que ocorre em alguns países:

Esses, não seria nem preciso dizer, são os casos mais difíceis de serem tratados; quando
não envolvem o desrespeito a leis estabelecidas (caso das agressões ao meio ambiente,
em certos países), simplesmente não há punição aparente aos que se comportam mal,
embora elas, em se tratando de procedimentos antiéticos, invariavelmente apareçam no
longo prazo. Não havendo punição aparente, numa abordagem behaviorista, os mal-
comportados sentem-se bem-sucedidos, e junto com seus pares tendem a repetir suas
ações. (GERMANO, 2003, p. 138).

Na tentativa de compreensão e esclarecimento da ética nos negócios, Oliveira (2013, p. 81)


afirma que: “[...] um negócio não pode ser ético se de algum modo causar impacto nocivo ao
meio-ambiente e comprometer a possibilidade da boa vida.” Ou seja, em hipótese alguma, um
negócio pode ser ético se afetar a sociedade destruindo o meio-ambiente e consequentemente
afetando todos os envolvidos com a organização de forma negativa, já que a mesma somente
pode ser ética se trouxer benefícios para todos.

Diante do cenário da constante destruição do meio ambiente, as autoras Azevedo e Cruz (2006)
relatam a postura das empresas:

Nesse contexto, com a crescente e assustadora degradação do meio ambiente, as empresas


se viram obrigadas, pela pressão da sociedade, governos, associações de defesa do
ecossistema, clientes e fornecedores, entre outros, a incorporar também, no seu
planejamento estratégico, objetivos sociais que envolvam, entre outras coisas, o bem-estar
da população na sua integridade.

Analisando essa premissa, Gonzalez (2005) diz que:

Apesar de alguns estudiosos defenderem que a gestão deve ser voltada para os acionistas,
pois o papel social cabe ao Estado, o mundo corporativo nada mais é do que um microcosmo
da sociedade, Assim, todas as empresas, não importando de qual setor da economia, podem
e devem ser socialmente responsáveis. Afinal, estas são, desde o nascimento, instituições
sociais. (AZEVEDO; CRUZ, 2006, p. 5).
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Souza (2005, p. 78) chama a atenção para: “O interesse ético da empresa para com as
pessoas”, que segundo a autora: “[...] deve estender-se à comunidade, na forma de serviços e
parcerias e, também, no cumprimento de suas obrigações, como o pagamento da quota de
impostos” (Ibidem, p. 78), ou seja: “[...] elas são uma fonte de recursos a serem solicitados em
obras de cunho social; na fabricação de produtos que não poluam o meio ambiente nem causem
prejuízo à saúde.” (Ibidem, p. 78). E em relação à importância do cuidado com o meio ambiente
por parte das empresas no cenário atual, a autora conclui:

A questão do cuidado com o meio ambiente tornou-se central para a sociedade de hoje e
para as organizações, pois tratá-lo bem é condição de sobrevivência delas e dos seres. O
meio ambiente responde na mesma proporção do tratamento recebido, podendo ser uma
fonte inesgotável de sucesso e bem-estar ou ao contrário. Para conseguir tais propósitos,
as empresas precisam contar com a cooperação de todas as pessoas envolvidas, de
liberdade de ação e de solidariedade. Sem liberdade, não terão condições de agir, e a falta
de autonomia pode ser proveniente de vários fatores, como o uso de tecnologia acima de
sua condição de administrar, envolvimentos políticos que as façam ficar à mercê de
interesses alheios a sua finalidade, só para exemplificar. Quanto à cooperação, sem o
empenho de todos que delas participam, não terão condições de atingir os objetivos
previstos. Do mesmo modo, se elas não tiverem uma visão de futuro, com objetivos éticos
que envolvam o ser humano e o meio ambiente, não conseguirão estabelecer-se no
mercado. A atitude ética empresarial não pressupõe abrir mão do lucro, mas fazer a opção
pelo ético e correto. (SOUZA, 2005, p. 78).

Para Guimarães (2013) os benefícios que uma empresa que pratica a conduta ética traz
para a sociedade e ao meio ambiente são:

Desse modo, é relevante ter consciência de que toda a sociedade se beneficia através da
conduta ética aplicada dentro das empresas, dentre eles, os clientes, fornecedores,
funcionários, a comunidade local, bem como a comunidade

global. Ou ainda, se pensarmos em questões de interesse público, como por exemplo, o


direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado. (GUIMARÃES 2013, p. 66).

DISCUSSÕES
A importância da aplicação da doutrina ética e responsabilidade social por parte das
organizações, sendo que fatos históricos apontam tal existência e preocupação desde
os primórdios do capitalismo. Em contrapartida, o mostra que desde então há uma
resistência por parte das organizações em prol da prática da doutrina ética e
responsabilidade social em virtude do lucro e enriquecimento a qualquer custo,
passando por cima de todos os princípios da ética e preocupação com o bem-estar de
todos os envolvidos. Porém,observa-se que a partir da década de 70 se começou a testar
ferramentas teóricas para aplicação da doutrina ética, porém ficou claro que ainda
nessa época havia dúvidas sobre as obrigações sociais por parte das empresas.
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Mesmo sob dificuldades da atribuição de tais responsabilidades, tal aplicação, ainda que
atual, sempre esteve presente nas organizações desde o início de suas atividades pelo
principal motivo de que são compostas por pessoas.

Mesmo com a ciência da responsabilidade social e conduta ética na atualidade e através


dos tempos, o estudo traz à tona outro obstáculo que ainda é presente, que é o fato de
que muitas empresas ainda têm dificuldade de enxergar tal importância e mudar sua
conduta, ou seja, entender o cenário atual e permanecer com uma política interna e
externa ainda engessada.

Outro importante fato, que é o olhar para as mudanças e a principal delas, que
influencia todo este cenário que força a mudança de conduta das organizações para uma
postura ética e ciência das suas responsabilidades sociais para com a sociedade e que
estamos na era da informação e as pessoas têm fácil acesso à mesma e cobram seus
direitos, qualidade nos produtos e melhores condições de trabalho, fato este que é
imprescindível para a carreira das pessoas e que agrega mais valor do que altos salários.
Afinal, as pesquisas aqui levantadas mostraram que grande parte do patrimônio e valor
econômico das organizações deve-se à sua imagem e reputação e, apesar de muitas
organizações estarem a par desse fato, ainda há um longo caminho a percorrer para
muitas outras tomarem consciência disso, até mesmo para sua sobrevivência no
mercado.

FIM

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