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Resumo - Livro Teoria da Contabilidade

Capítulo 2: Contabilidade internacional e normas do IASB

A contabilidade, por ser uma ciência social, é afetada por uma influência do
ambiente em que atua, sendo dessa forma refletido em suas práticas contábeis as
diferenças históricas. Essas influências fazem com que os princípios e as práticas sejam
realizadas de forma diferente entre os países. No Brasil os princípios e práticas contábeis
são influenciados pela exigência legal.
Sendo a principal linguagem de comunicação dos agentes econômicos na busca
das oportunidades de investimento e avaliação do risco, é necessário uma convergência
das normas contábeis no mundo, fazendo assim com que esse processo de comunicação
seja facilitado.
Principais causas das diferenças na contabilidade internacional
Por causa das diferentes legislações existentes em cada país, a contabilidade não
possui um mesmo processo, ou seja, não é homogênea. Um país economicamente forte é
mais atuante, exercendo desta forma maior influência sobre determinado grupo de países.
Em todo o mundo existem inúmeros modelos contábeis, porém não é possível determinar
se um modelo de sistema contábil é melhor ou pior que o outro, ou que sua qualidade
seja mais confiável ou não. Desde que as informações contábeis atinjam os seus
objetivos principais: atender às necessidades dos usuários, é incontestável que os
diferentes estágios de desenvolvimento de determinado país, contribuem para o
fortalecimento do pensamento contábil e sua forma de expressa-lo.
Com o processo de globalização. A abordagem do tema Contabilidade
internacional foi evoluindo, levando assim a constatação de que procedimentos diferentes
resultam em diferentes resultados, por exemplo: se uma empresa levantar as suas
demonstrações seguindo determinada norma contábil pode ser que o seu exercício
resulte em lucro, porém se a empresa utilizar as mesmas informações contábeis com a
norma de outro país o resultado do seu exercício poderá resultar em prejuízo. Por esse
motivo, a busca por uma linguagem em comum é necessária, por esse motivo a Iasb é
indispensável.
Iasb
O Iasb é um órgão independente, fundado em 1961 sob a nomenclatura Iasc
(International Accounting Standard Committee), e em 2001 foi convertido em Iasb
(International Accounting Standards Board. Sendo do setor privado, o Iasb realiza estudos
de padrões contábeis, tendo em seu organograma um conselho de membros, constituído
por representantes de mais de 140 entidades contábeis ao redor do mundo, ficando o
Ibracon e o Conselho Federal de Contabilidade como representantes do Brasil.
Os Objetivos do Iasb são:
● Desenvolver um conjunto de normas contábeis de alta qualidade. Auxiliando o
público externo na tomada de decisões econômicas;
● Promover e aplicar as normas desenvolvidas de forma rigorosa;
● Promover a convergência entre as normas contábeis locais e as normas
internacionais.
Os pronunciamentos técnicos feitos pelo Iasb não têm caráter obrigatórios e sim
facultativos, ficando a critério da empresa utilizar os pronunciamentos realizados. Por não
ser de caráter obrigatório, em alguns casos o Iasb indica mais de procedimento contábil
que seja válido para a mesma modalidade operacional. Um dos benefícios idealizados
pelo Iasb é a possibilidade de comparações das informações contábeis disponibilizadas
pelas empresas sediadas em países diferentes, resultando em uma maior compreensão e
interpretação dos dados disponíveis.
Estrutura do Iasb
Os membros do colegiado de normas internacionais de contabilidade do Iasb são
indicados por curadores. Competência técnica, conhecimentos de contabilidade
financeira,emissão de relatórios, capacidade de análise, habilidade de comunicação,
tomada de decisão, entre outros, são critérios básicos para filiação ao colegiado do Iasb.
A figura a seguir apresenta a estrutura do Iasb.
Fundação IFRS/curadores
Formados por 22 pessoas, os curadores do Iasb asseguram o cumprimento dos
requisitos para o seu funcionamento. A escolha dos curadores se dá por sua
representatividade nos mercados de capitais mundiais, e representam diversidade
geográfica e profissional. Os curadores nomeados estão divididos entre as seguintes
regiões: seis nomeados da América do Norte, oito nomeados da Europa, oito nomeados
da Ásia/Oceania e dois nomeados curadores de outra região (desde que se mantenha
equilíbrio geográfico). os curadores representam o centro do poder do Iasb e a sua
direção.
Colegiado de normas internacionais de contabilidade
Os membros do colegiados devem ser pessoas que possuam conhecimento
técnico e experiência relacionada com o mercado e os negócios internacionais, desse
modo sendo apto a contribuir com o desenvolvimento das normas contábeis globais. Os
membros do colegiado são nomeados pelos curadores, ficando divididos em: Cinco
membros com experiência prática em auditoria, três membros com experiência na
elaboração de demonstrações contábeis, três membros externos ou seja, três pessoas
que têm experiência na análise e visualização das demonstrações contábeis.
Comitê de interpretações
O comitê de interpretações é composto por 14 membros nomeados, dos quais um
será designado como presidente e serão responsáveis por interpretar a aplicação das
normas internacionais de contabilidade, dentro da estrutura do Iasb e assumir outras
tarefas designadas, realizar a publicação de minutas de interpretação para comentários
do público e por fim informar os dados ao colegiado e obter a aprovação para as
interpretações finais.
Conselho assessor de padrões
O conselho é composto por cerca de 30 membros nomeados. O objetivo do
conselho é: Fazer recomendações ao colegiado sobre as decisões da agenda e a
prioridade do trabalho; informar o colegiado sobre as perspectivas das organizações e
indivíduos do conselho; fazer recomendações ao comitê ou aos curadores.
Accounting Standards Advisory Forum
A sua criação foi proposta pelo Iasb no ano de 2012. A proposta inicial era que os
membros da Asaf respeitassem a independência do Iasb e adotassem as normas
internacionais, prestando assessoria técnica e ajudando com o diálogo entre a entidade e
a comunidade.
Normas internacionais de contabilidade
As normas internacionais têm como finalidade reduzir as diferenças entre os
procedimentos e as normas contábeis adotadas nos diferentes países. Com a criação do
Iasb, foi necessário incorporar as normas internacionais aprovadas pelo antigo Iasc. Nos
dias atuais as normas têm sua importância bem relevante, devido a dois fatores: o apoio
recebido pelo Iosco às normas; e aos problemas ocorridos com a contabilidade das
empresas norte-americanas. Devido ao processo de convergência dos estados unidos, as
normas do Iasb firmaram sobremaneira a sua legitimidade. O Brasil já adota as normas
internacionais de contabilidade desde o ano de 2007, de acordo com a lei nº 6.404.
Principais divergências nas práticas contábeis internacionais
● Gastos com pesquisa e desenvolvimento
Quando uma entidade gasta recursos com pesquisa e desenvolvimento, a
contabilidade terá dois tratamentos: No primeiro tratamento os gastos incorridos
são tratados como ativos, ou seja, são capitalizados para futura amortização,
respeitado o registro por competência. O segundo tratamento é considerar que o
lançamento deverá ser realizado com despesa do período quando incorrido. O Iasb
tem como norma a capitalização dos gastos com desenvolvimento (primeiro
tratamento) e o reconhecimento dos gastos com pesquisa em resultado (segundo
tratamento).
● Reavaliação de ativos
A reavaliação ocorre quando existe uma diferença significativa entre o valor
de aquisição e o valor de mercado (muito comum em imóveis). em alguns
momentos essa reavaliação será importante no resultado da entidade. Por ser uma
prática que fere a regra do custo como base de valor, alguns países não permitem
esse procedimento. A lei nº 11.638 de 2007, preconiza que “os saldos existentes
nas reservas de reavaliação deverão ser mantidos até a sua efetiva realização ou
estornados”. A regra geral do Iasb é não permitir a reavaliação de ativos,
prevalecendo o conceito de custo histórico.
● Utilização do Ueps para avaliar estoques
Para a avaliação do estoque é adotado o método de Peps ou Fifo (primeiro
que entra é primeiro que sai), média (custo médio ponderado das compras) e
Ueps ou Lifo (onde o último que entra é o primeiro que sai), todos esses métodos
estão sujeitos a comparação “custo ou mercado” prevalecendo o menor. Em
termos de comparação, as regras contábeis brasileiras, sofrem forte influência da
legislação fiscal e proíbem a adoção do Ueps, pois tende a reduzir o pagamento do
Imposto de Renda. O Iasb não permiti a adoção do Ueps para fins de avaliação
dos estoques.
● Leasing financeiro
No Brasil, o leasing financeiro, denominado de arrendamento mercantil
financeiro, segue a legislação tributária, a qual não permite a capitalização do bem
arrendado como ativo imobilizado da arrendatária. O Conselho Federal de
Contabilidade editou sua NBC T10-2, que determina a contabilização do leasing
financeiro seguindo as normas internacionais do Iasb. O Iasb tem como norma a
exigência de se capitalizar o bem arrendado como ativo imobilizado da arrendatária
quando a transação reflete em essência uma compra financiada. Não há
procedimento alternativo para o leasing.No Brasil, o leasing financeiro, denominado
de arrendamento mercantil financeiro, segue a legislação tributária, a qual não
permite a capitalização do bem arrendado como ativo imobilizado da arrendatária.
O Conselho Federal de Contabilidade editou sua NBC T10-2, onde determina a
contabilização do leasing financeiro seguindo as normas internacionais do Iasb. O
Iasb tem como norma a exigência de se capitalizar o bem arrendado como ativo
imobilizado da arrendatária quando a transação reflete em essência uma compra
financiada. No momento não há procedimento alternativo para o leasing.
● Planos de benefícios de aposentadoria para empregados
O princípio adotado é de que a obrigação pode ser razoavelmente estimada
(com base em critérios atuariais). Com essa ocorrência a parcela deverá ser
distribuída ao longo do período contábil em que o serviço for prestado pelo
empregado, sendo esse procedimento considerado como adequado para
atendimento do regime de competência. Um procedimento alternativo é o de
reconhecer os encargos à medida que os pagamentos são realizados, sob
argumentação de que existem inúmeras variáveis e dificuldades envolvidas para
sua estimativa. O Iasb exige a adoção do regime de competência.
● Diferença temporal entre o lucro contábil e o lucro fiscal
As normas brasileiras exigem a contabilização como crédito tributário ou
como provisão para Imposto de Renda diferido das diferenças temporais no
reconhecimento das receitas e despesas. Já o Iasb “permite”, mas não “exige” o
reconhecimento das diferenças temporais no lucro contábil e fiscal nas
demonstrações financeiras.
● Carteira de títulos e valores mobiliários
A avaliação da carteira de títulos e valores mobiliários deve levar em
consideração a existência da intenção de entidade com relação ao objetivo de sua
aquisição. Uma entidade pode fazer investimento em títulos e valores mobiliários,
como uma ação de outra entidade, por um período curto de tempo, com finalidades
especulativas, ou por um período maior de tempo, visando investimentos
As normas do Banco Central do Brasil, aplicáveis a instituições financeiras,
estão adaptadas às normas do Fasb, porém as demais sociedades continuam
avaliando a carteira de títulos e valores mobiliários, pelo critério “custo ou mercado,
dos dois o menor”. Já o Iasb utiliza a avaliação da carteira de títulos segundo a
intenção, seguindo a regra do Fasb. A Lei no 11.638/07 incorporou as regras do
IASB
● Goodwill
Goodwill é o resultado da compra de uma companhia por outra, sendo pago
um valor superior aos valores contábeis escriturados. No Brasil somente o “ágio” é
normatizado, devendo ser capitalizado como ativo intangível. Desde que o goodwill
esteja sujeito ao impairment, o Iasb a amortização em até 20 anos.
● Derivativos e instrumentos financeiros
A principal questão acerca dos derivativos e instrumentos financeiros é
como devem ser registrados: como ativo e passivo ou ser tratado com “itens fora
do balanço”. Por regulamentação do Banco Central, as instituições seguem as
regras norte-americanas (sfas 133 do Fasb). De acordo com o Iasb, essas
operações devem ser incluídas em contas patrimoniais.
Por que o Brasil precisa adotar as normas internacionais de
contabilidade do IASB
A adoção das normas internacionais de contabilidade fortalece a
transparência das informações, contribuindo para a redução de cláusulas restritivas
em contratos de financiamento junto a bancos e demais instituições financeiras.
Melhores oportunidades para as empresas brasileiras lançarem valores mobiliários
em bolsas de valores fora do país; e tem como órgão avalista e garantidor, o banco
central do Brasil que já publica as suas demonstrações contábeis desde 2004.
Mesmo com os objetivos a adoção das normas internacionais da
contabilidade seria: O maior mercado de capitais do mundo está longe de adotar os
padrões do IASB, pois eles possuem um órgão quase internacional, o FASB; Falta
de treinamento e capacitação dos docente e consequentemente da preparação dos
alunos; As normatizações do Iasb é baseada em princípios gerais em vez das
regras; e novos conceitos introduzido que nem sempre será fácil de ser absorvidos.
Uma agenda para pesquisa em contabilidade internacional
As possibilidades de pesquisa nesta área são amplas, indo de estudos
específicos comparativos sobre os mais variados assuntos de interesse contábil,
até a investigação dos efeitos da adoção de uma determinada prática sobre os
resultados das empresas de um país.
Um resumo da discussão sobre a adoção das normas internacionais de
contabilidade foi realizado por Hail, Leuz e Wysocki (2009). Os autores fazem um
levantamento bibliográfico sobre o assunto e afirmam que os benefícios da
convergência dependem das empresas, dos setores de atuação, dos mercados e
dos países. Dessa forma, as normas do Iasb não são sinônimo de
comparabilidade.

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