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A HARMONIZAÇÃO CONTABILÍSTICA INTERNACIONAL

MESTRADO EM ANÁLISE FINANCEIRA 1

TÓPICOS AVANÇADOS DE CONTABILIDADE FINANCEIRA


HARMONIZAÇÃO CONTABILÍSTICA

Com a globalização dos mercados, a comparabilidade da informação financeira prestada por empresas
de diferentes países é fundamental. Para garantir essa comparabilidade, é necessário harmonizar a
informação.

A harmonização pode permitir que diferentes sistemas contabilísticos se posicionem de forma a


eliminar métodos não recomendados e, ao mesmo tempo, a unificar alguns desses métodos.

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Setembro de 2019
HARMONIZAÇÃO CONTABILÍSTICA

▪ É o processo conducente à convergência de diferentes sistemas de normas


contabilísticas, em uso em diferentes jurisdições (internacionais, nacionais ou regionais).
▪ Esta convergência refere-se especialmente às características qualitativas de relato financeiro, ao
reconhecimento, mensuração e à divulgação, originados (os diferentes sistemas de normas) por
evoluções históricas díspares (“code law” versus “common law”).
▪ Os diferentes sistemas de normas são originados por evoluções históricas díspares.
▪ É impulsionado pela globalização económica e financeira, e visando a obtenção de
▪ benefícios sob a forma de melhor informação para os utilizadores e decisores,
▪ redução de custos para os preparadores das demonstrações financeiras,
▪ redução de riscos para os investidores
▪ maior eficiência, transparência e fluidez dos mercados financeiros.
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HARMONIZAÇÃO CONTABILÍSTICA

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EXISTÊNCIA DE DIFERENTES MODELOS CONTABILÍSTICOS

Modelo Continental Modelo Anglo-Saxónico

Direito romano Direito inglês


Pequenos mercados de capitais Grandes mercados de capitais
Profissão recente Profissão antiga
Orientado por forma legal Orientado para imagem verdadeira e
apropriada
Orientado para o credor e para o Orientado para o investidor
estado
Poucas divulgações Muitas divulgações
Fiscalidade domina regras Separação da fiscalidade
contabilísticas
Prescritivo / regras Princípios / substância sobre a forma
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HARMONIZAÇÃO CONTEXTO INTERNACIONAL

Os principais organismos de normalização contabilística internacional

O International Accounting Standards Committee (IASC) foi criado em 1973, cuja principal atividade
se centrou na elaboração de Normas Internacionais de Contabilidade (IAS) e de Interpretações de
Normas Internacionais de Contabilidade (SIC).

No período 1973-2002 podem-se reconhecer quatro grandes etapas distintas na trajetória do IASC:
A primeira etapa (1973-1989), que se caracteriza pela emissão de 29 Normas Internacionais de
Contabilidade (NIC), dotadas de um número elevado de opções para o tratamento das diferentes
questões contabilísticas e pela utilização de uma abordagem descritiva, dado que o seu conteúdo se
baseava nas práticas mais utilizadas nos países com maior tradição neste domínio.

Período “Descritivo”
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HARMONIZAÇÃO CONTEXTO INTERNACIONAL

Os principais organismos de normalização contabilística internacional

A segunda fase (1989-1995), marcada pela publicação da “Estrutura Concetual para a Preparação e
Apresentação das Demonstrações Financeira”, que serviu de base e de suporte teórico para a emissão
de futuras normas internacionais de contabilidade e revisão das existentes.
Início do “Projeto de Comparabilidade”.

Período “Normativo”

A terceira (1995-2002), é marcada pela celebração de um acordo, em 1995, entre o IASC e o


International Organization of Securities Commissions (IOSCO) relativo ao desenvolvimento de um
plano de trabalho para o período de 1995 a 1999 no sentido de criar um corpo básico de normas.

E pela reestruturação do IASC. 7

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HARMONIZAÇÃO CONTEXTO INTERNACIONAL

Os principais organismos de normalização contabilística internacional

As IAS eram emanadas pelo International Accounting Standards Committee (IASC).


Em 2001, após uma reestruturação, passou a denominar-se International Accounting Standards
Boarding (IASB).
As normas do IASB passam a denominar-se International Financial Reporting Standards (IFRS).
- Desde 2002 que o processo de convergência entre as normas do International Accounting Standards
Board (IASB) e as do Financial Accounting Standards Board (FASB) é uma realidade.
- Tendência para prevalecer a perspetiva anglo-saxónica (do FASB).
- UE abandonou projeto de ter normas próprias. Em 2002 publica o Regulamento (CE)
n.º 1606/2002 do Parlamento Europeu e do Conselho, de 19 de julho de 2002 relativo à aplicação das
normas internacionais de contabilidade.
- Tendência para reconhecer e mensurar ao justo valor (modelo do justo valor) por contraposição ao
custo histórico (modelo do custo). 8

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HARMONIZAÇÃO CONTEXTO INTERNACIONAL

Os principais organismos de normalização contabilística internacional

A quarta etapa é marcada pela aplicação das normas do IASB na União Europeia, na sequência da
aprovação do regulamento 1606/2002. No âmbito desta decisão tomada no seio da Europa, o IASB
desenvolveu um projeto para a melhoria das normas já existentes, na sequência do qual emitiu, em
Dezembro de 2003, 13 IAS alteradas. Além disso, o IASB emitiu 6 novas normas, atualmente
designadas por IFRS, e iniciou um projeto de convergência entre as normas do IASB e as normas do
FASB, organismo emissor das normas contabilísticas em vigor nos EUA.

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HARMONIZAÇÃO CONTEXTO INTERNACIONAL

Os principais organismos de normalização contabilística internacional

Em síntese, os objetivos do IASB são:


- Desenvolver, no interesse público, um conjunto de normas de relato financeiro de elevada qualidade,
“Global Accounting Standards”, orientadas para as Bolsas de Valores Mundiais e para outras entidades,
que sejam úteis na tomada de decisão;
- Promover o uso e a rigorosa aplicação das normas;
- Trabalhar ativamente com as Comissões de Normalização Contabilística dos vários países (Accounting
Standards Setting Bodies – ASSB), na prossecução da convergência para a normalização contabilística.
Os seus membros são associações de profissionais de diversos países que deverão influenciar a
regulamentação e as práticas de elaboração de demonstrações financeiras, de modo a assegurar a sua
correspondência com as disposições incluídas nas normas emitidas pelo IASB.
Os países fundadores do IASB foram a Alemanha, Austrália, Canadá, EUA, França, Japão, México,
Países Baixos, e Reino Unido. Atualmente, este organismo é composto por mais de cem países, entre os 10
quais Portugal, representado pela Ordem dos Revisores Oficiais de Contas.
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DIREITO EUROPEU

4ª Diretiva 78/660/CEE do
Conselho, de 25 de Julho de 1978 Diretiva 2013/34/UE do
Parlamento Europeu e do Conselho,
Relativa às contas anuais de certas formas de de 26 de junho de 2013
sociedades
SNC

7ª Diretiva 83/349/CEE do Relativa às demonstrações financeiras anuais,


Conselho, de 13 de Junho de 1983 às demonstrações financeiras consolidadas e
aos relatórios conexos de certas formas de
empresas
Relativa às contas consolidadas
IFRS

Regulamento (CE) n.º 1606/2002 do Parlamento Europeu e do Conselho, de 19 de julho de 2002

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IFRS

▪ Aplicação obrigatória
▪ Contas consolidadas (ou individuais, se não obrigadas à apresentação de contas consolidadas) das entidades com
valores mobiliários admitidos à negociação em mercado regulamentado da UE, sem prejuízo do disposto no art.
5º do DL nº 158/2009, de 13 de Julho, republicado pelo DL nº 98/2015, de 2 de Junho, relativamente às
entidades sujeitas à supervisão do BdP e do ISP.
▪ Com caráter de opção
▪ Entidades que possuam contas consolidadas sujeitas à CLC, bem como para as entidades cujas contas individuais
integram o perímetro de consolidação de outras empresas, desde que igualmente sujeitas à CLC.
▪ Uma vez exercida a opção, deve ser aplicadas por um período mínimo de 3 exercícios

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Setembro de 2019
O PROCESSO DE EMISSÃO DE NORMAS DO IASB

Inicialmente, os projetos são


identificados após uma vasta consulta
junto dos preparadores e utilizadores
das Demonstrações Financeiras.

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Setembro de 2019
O PROCESSO DE EMISSÃO DE NORMAS DO IASB

O Comité de Orientação elabora um


documento no qual constam as
questões sujeitas a discussão.

Analisa os comentários recebidos e


produz um Exposure Draft
(normativo em formato inicial).

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Setembro de 2019
O PROCESSO DE EMISSÃO DE NORMAS DO IASB

Discute o draft e aprova através de


uma maioria simples.

Após discussão e comentários o draft


dá origem à norma.

https://www.ifrs.org/about-us/how-we-
set-standards/

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Setembro de 2019
UNIÃO EUROPEIA – PROCESSO DE ENDOSSO DAS NORMAS INTERNACIONAIS

▪ O Regulamento (CE) nº 1606|2002, teve como objetivo contribuir para o bom


funcionamento dos mercados de capitais pela utilização das normas internacionais
na Comunidade, com vista a assegurar um elevado grau de transparência e de
comparabilidade das demonstrações financeiras.

▪ Surge a necessidade de adotar as normas internacionais de contabilidade à realidade


europeia criando um processo de endosso que permita satisfazer os requisitos
definidos pela Comissão.

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Setembro de 2019
UNIÃO EUROPEIA – PROCESSO DE ENDOSSO DAS NORMAS INTERNACIONAIS

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Setembro de 2019
UNIÃO EUROPEIA – PROCESSO DE ENDOSSO DAS NORMAS INTERNACIONAIS

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Setembro de 2019
UNIÃO EUROPEIA – PROCESSO DE ENDOSSO DAS NORMAS INTERNACIONAIS

IFRS

Draft Approval

Advice

Approval
Approval
Consult

https://ec.europa.eu/info/business-economy-euro/company-reporting-and-
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auditing/company-reporting/financial-reporting_en#ifrs-endorsement-process
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SISTEMA DE NORMALIZAÇÃO CONTABILÍSTICA (SNC) EM PORTUGAL

SNC – Decreto-Lei 98/2015 de 2 de Junho (artº3 e artº10)

Exclui-se do âmbito:
▪ Entidades da administração pública – SNC-AP ;
▪ Entidades do setor financeiro (sujeitas a supervisão do Banco de Portugal, da ASSFP e da
CMVM);
▪ Pessoas singulares que exercem atividade comercial, industrial ou agrícola com volume de
negócios médio nos últimos 3 anos que não excede 200.000 €;
▪ Entidades do setor não lucrativo (ESNL) cujo volume de negócios não ultrapassou, em nenhum
dos 2 últimos anos, 150.000 €
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Setembro de 2019
SISTEMA DE NORMALIZAÇÃO CONTABILÍSTICA (SNC) EM PORTUGAL

MODELO DUAL STANDARD artº4º DF consolidadas DF individuais

S
Títulos cotados? IFRS obrigatório IFRS por opção

S
Prepara DF consolidadas? IFRS por opção IFRS por opção

Incluída no perímetro de
S
consolidação de entidade
IFRS por opção IFRS por opção
(EU) que relata de acordo
com as IFRS?

N 21

ISCAL – Contabilidade de Grupos de Empresas NCRF obrigatório NCRF obrigatório


Setembro de 2019
SISTEMA DE NORMALIZAÇÃO CONTABILÍSTICA (SNC) EM PORTUGAL

SISTEMA DE NORMALIZAÇÃO CONTABILÍSTICA (SNC)


DL nº 158/2009, de 13 de Julho, republicado pelo DL 98/2015, de 2 de Junho

Microentidades Pequenas Entidades Médias Entidades ESNL


Art.ºs 9º, n.º1, e 9º-D Art.ºs 9º, n.º2, e 9º-C Art.º 9º, n.º3 Art.º 9º-E

o Total do balanço: o Total do balanço: o Total do balanço:


NCRF-ESNL
o € 350k (€ 500k) o € 4M (€ 1.5M) o € 20M
o VN líquido: o VN líquido: o VN líquido:
o € 700k (€ 500k) o € 8M (€ 3M) o € 40M
NCRF ou
o N.º méd. trab.: o N.º méd. trab.: o N.º méd. trab.:
IFRS/IAS
o 10 (5) o 50 (50) o 250

NC-ME NCRF NCRF

NCRF ou Grandes Entidades


NCRF-PE
NCRF-PE Art.º 9º, n.º4 22

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ISCAL de Empresas
Mestrado CGN – NC 22
Setembro de 2019
SISTEMA DE NORMALIZAÇÃO CONTABILÍSTICA (SNC) EM PORTUGAL

SNC
MODELOS DE DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

NC-ME Regime das PE Regime geral Regime das ESNL

o Balanço (modelo o Balanço o Balanço o Balanço


reduzido) (modelo
reduzido) o Demonstração o Demonstração
o Demonstração dos dos resultados
dos resultados
resultados por por naturezas
o Demonstração por naturezas (e,
naturezas (e, por
dos resultados por opção, por
opção, por o Demonstração
por naturezas funções)
funções) (modelo de alteração de
(e, por opção,
reduzido) Demonstração fundos
por funções) o
o Anexo (modelo (modelo das alterações no patrimoniais
reduzido): reduzido) capital próprio
o Demonstração
dispensa de anexo dos fluxos de
se divulgar o Anexo (modelo o Demonstração
reduzido) dos fluxos de caixa
informação do nº
4 do art. 11.º na caixa
o Anexo.
face do balanço. o Anexo 23

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ISCAL de Empresas
Mestrado CGN – NC 23
Setembro de 2019
SISTEMA DE NORMALIZAÇÃO CONTABILÍSTICA (SNC) EM PORTUGAL

▪ Normas Interpretativas (NI)


▪ NI 1 – Consolidação – Entidades
de finalidades especiais
▪ NI 2 – Uso de técnicas de valor
presente pra mensurar o valor de
uso

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SNC – SÍNTESE EVOLUTIVA

7ª Diretiva Diretiva 2013/34/UE


Consolidação de Modernização das PE e ME
POC/77 e CNC DFC
contas Diretivas Contab. (Lei 20/2010
(Decreto-Lei (Decreto-Lei
(Decreto-Lei (Decreto-Lei e Lei
47/77) 79/2003)
238/91) 35/2005) 35/2010)

1989 1999 2004 2009 2015

… 1977 1991 2003 2005 2010

POC/89 SIP e DRF Justo valor


SNC (Decreto- ATUAL SNC
(Decreto-Lei (Decreto-Lei (Decreto-Lei
Lei 158/2009) (DL 98/2015)
410/89) 44/99) 88/2004)

Regulamento Normas
2002
4ª Diretiva UE 1.606/2002 do IASB
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Mestrado CGN – NC 25
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OBRIGADO!

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