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Origem da normalização internacional da contabilidade

1. Antecedentes
A internacionalização da economia é, segundo Hoarau (1995), um fenómeno antigo, ao
passo que a harmonização contabilística é umas preocupações recentes. O movimento
para a integração das economias nacionais começou no século XVI, assumindo uma
maior preponderância no século XIX. O estádio seguinte de desenvolvimento ocorreu
após a 2ª Guerra mundial, com a criação do GATT. De acordo com Tua (2000), o inicio
da harmonização internacional da informação financeira começa a gerar-se nos
Congressos Mundiais de profissionais de contabilidade, tendo o primeiro sido realizado
em 1904 em San Louis, nos EUA, e celebrados regularmente, de cinco em cinco anos,
desde então. É, no entanto, em meados do século XX que se situa a origem do processo
de harmonização.

1.1 A relação entre a Harmonização e a Normalização

Tanto a harmonização como a normalização pressupõem a redução da diversidade


contabilística.

A harmonização contabilística pode definir-se como um processo de aumento de


comparabilidade das práticas contabilísticas estabelecendo-se limites ao seu grau de
variação. Contrariamente quando falamos de normalização significa que uma única
norma ou regra se aplica a todas as situações.

1.2 Utilidade da Harmonização em Contabilidade Internacional.

 Ajuda a uniformizar as diferenças observadas entre os sistemas contabilísticos;


 Permite melhorar a internacionalização dos mercados económicos, que requerem
informações homogéneas, para os diferentes investidores;
 Criar um vínculo entre a informação e o desenvolvimento, referidos pelos
organismos reguladores;
 Permite o acesso a redes financeiras internacionais; e
 Permite melhorar a tomada de decisão dos investidores ao nível do mundo.

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1.3 Vantagens e Desvantagens da Harmonização Contabilistica

Vantagens da harmonização contabilística destacam-se as seguintes:

 Maior segurança nos negócios internacionais e a cooperação internacional entre


as empresas;
 Permite facilitar a análise da informação financeira elaborada em diferentes
países; e
 Elimina as barreiras à livre circulação de capitais a nível internacional.

Desvantagens da harmonização. Algumas desvantagens da harmonização são:

 O processo de harmonização acarreta custos maiores que os benefícios;


 Alguns autores consideram que o processo de harmonização é apenas um
processo político que simplesmente trata de harmonizar os interesses das partes
afectadas;
 Predominância de modelos contabilísticos anglo-saxónicos.

2. Normalização Internacional da Contabilidade

A origem da normalização internacional da contabilidade esta inserida no contexto da


globalização da economia mundial, principalmente, em termos da captação de recursos
internacionais como consequência da redução das barreiras comerciais entre as nações.
A informação contabilística se tornou ainda mais importante para tomada de decisões de
investidores e para gestão dos administradores. As normas internacionais de
contabilidade surgem como a necessidade das empresas multinacionais de poder
compararem a informação financeira a nível internacional, por causas de:

 Diferenças de registo e/ou tratamento de dados que dependência da origem e


causando sobremaneira impactos diferentes na avaliação dos activos pelo
método de valor ajustado ( fair value);
 Fusões, incorporação e aquisições das Multinacionais em relação às empresas
dos países investidos; e
 Transparência, confiança e relevância com as Demonstrações Financeiras junto
dos accionistas e instituições financeiras.

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De facto a vertente privada ou Professional desempenhou um papel relevante no
processo de desenvolvimento das normas internacionais de contabilidade. De entre as
instituições privadas que se destacaram foram:

 A international Accounting Standards Board (IASB), fundado em 1973, por


dezasseis organismos contabilísticos profissionais de noves países, cuja
organização tem vindo a evidenciar-se até nos dias de hoje na elaboração de
normas das normas internacionais de contabilidade. A função deste organismo
foi de formular e publicar, no interesse público, normas de contabilidade que
possam ser utilizadas na apresentação das demonstrações financeiras, e
promover a sua observância e aceitação mundial.
 A International Federation of Accountants (IFAC) fundada em 1977 e no ano de
1982 contribuiu com a criação das normas internacionais de auditoria, onde se
encontra entre vários assuntos, a ética dos auditores.

2.1 Etapas da Normalização Internacional da Contabilidade

A normalização internacional da contabilidade foi efectuada em três etapas, seguintes:

a) A primeira fase durou desde 1973 até 1989 a qual foi considerada como
antagónica, “período adormecido e flexível” em virtude desta fase descritiva, em
que foram emitidas 26 normas que incluíam, para quase os temas abordados,
duas ou mais alternativas aceitáveis de contabilização, razão pela qual esta fase
foi caracterizada pela elevada flexibilidade, isto é, um pais usava as normas do
IASB também podia usar as suas normas internas para registo de uma transacção
quando julgasse conveniente.

b) A segunda fase vigorou de 1989 a 1995 que foi apelidada como o “período
normativo” pelo facto de ser neste período em que foi criada a estrutura
conceptual para a preparação e apresentação das demonstrações financeiras, isto
é, foi introduzidos modelos que deviam ser adoptados para apresentação de
informação contabilística, oferecendo assim uma base para a redução de formas
diferenciadas de tratamentos contabilísticos alternativos que outrora permitidos.
Começa-se aqui, a elaboração de normas que substituem as anteriores.

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c) A terceira fase decorreu de 1995 a 2001, que foi apontada como o ”período de
reestruturação” foi caracterizada pela reelaboração de algumas normas existentes
com objectivo de tratar aspectos insuficientes nas normas anteriores, como o
caso de investimentos financeiros, despesas de investigação e de
desenvolvimento, leasing, valores imobiliários, etc.

3. Normalização da Contabilidade em Moçambique

A Resolução de n.13/84 que aprovava o primeiro Plano Geral de Contabilidade de


Moçambique independente de facto foi um instrumento para elaboração das
demonstrações financeiras do sector privado nacional. Este PGC que foi herdado do
anterior que vigorou no tempo colonial e alguns anos depois da independência do nosso
país era limitado, quer dizer que o Plano Geral de Contabilidade continha a listagem de
contas, nomenclaturas e a modalidade (explicação resumida sobre a movimentação de
algumas contas). Portanto, não se tinha Princípios de Contabilidade Geralmente Aceites
(GAAP) no entanto como normas nacionais de contabilidade e leis que debruçam de
forma aprofundada os assuntos das demonstrações financeiras, nem as Normas
Internacionais de Contabilidade (NICs).

3.1 A adopção de Normas Internacionais para Relato Financeiro

Moçambique tratando-se de um país com a economia em crescimento decorrente da


entrada de investimentos directos estrangeiros não estaria fora dos efeitos de
globalização contabilística. O exemplo disso, nota-se a presença a partir da metade da
década noventa de grandes empresas estrangeiras no ramo de contabilidade e Auditoria
que de certo modo contribuíram com as novas técnicas de elaboração das
demonstrações financeiras como o caso da KPMG, Ernest & Young, Deloitte e
PricewaterhouseCoopers que entraram no mercado moçambicano como culminar da
presença das primeiras multinacionais Coca-cola, Mozal, etc.

A adopção do novo Plano Geral de Contabilidade - Normas Internacionais para Relato


Financeiro (PGC-NIRF) tem por objectivo, de um lado acomodar a necessidade da
comparabilidade e transparência das demonstrações financeiras das grandes e médias
empresas nacionais com as estrangeiras, por outro permitir o relato uniformizado das
demonstrações financeiras das multinacionais em relação à informação contabilística
dos países de origem.

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Bibliografia

Deloitte (2009). Normas Internacionais de Contabilidade IFRS. Editora Atlas, São


Paulo.

Rodrigues, L Lima & Pereira, A. Alexandra (2004). Manual de Contabilidade


Internacional – A diversidade Contabilística e o Processo de Harmonização
internacional. Publisher Team, Lisboa.

Choi, Frederich, et al (2002). International Accounting. 4th edition, peintice Hall, USA.

Ernest Young (2009). Plano Geral de Contabilidade -Normas Internacionais de Relato


Financeiro. Imprensa Nacional de Moçambique, Maputo.

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