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Gestão, Elaboração e
Divulgação de Relatórios
de Análise Econômica e
Financeira e Demonstrações
Financeiras Consolidadas
da Organização Bradesco,
ao Mercado e aos Órgãos
Reguladores
Normas Internacionais de Contabilidade – IFRS
Introdução
As Normas Internacionais de Contabilidade O processo de convergência às normas
(International Accounting Standards – IAS), internacionais de contabilidade tornou-se
atualmente conhecidas como International importante em virtude das profundas
Financial Reporting Standards (IFRS), são transformações verificadas nos últimos anos
pronunciamentos contábeis internacionais no cenário econômico mundial, representadas,
notadamente, pelo acelerado processo de
publicados pelo International Accounting Standards
globalização da economia.
Board (IASB), os quais se baseiam em princípios e
não em regras específicas. As normas em IFRS foram adotadas pelos países
da União Europeia a partir do 31 de dezembro de
Estas normas são de alta qualidade, compreensíveis 2005, com o objetivo de convergir as demonstrações
e aplicáveis, que proporcionam transparência financeiras consolidadas elaboradas por suas
e comparabilidade das informações nas empresas. A iniciativa foi internacionalmente
demonstrações financeiras e em outros relatórios acolhida pela comunidade financeira. Atualmente,
contábeis, facilitando o entendimento entre os além dos países que já estão adotando as normas
participantes do mercado de capitais do mundo internacionais, muitos outros têm projetos oficiais
e outros usuários da contabilidade, na tomada de de convergência das normas contábeis locais para
decisões econômicas. as normas em IFRS, inclusive o Brasil.
Trustees Fundação
(Conselho) IASC
Nomeação
Nomeação Nomeação
Fiscalização
Recursos Reporte
Reporte
SAC
IASB IFRIC
(Conselho Consultivo)
Aconselhamento Interpretações
Emite
IFRS
Alta Qualidade, Executável e Global
Fonte: IASB
As normas internacionais são um conjunto de detalhada no Framework for the Preparation and
pronunciamentos técnicos compostos por: Presentation of Financial Statements.
• IAS: são os primeiros pronunciamentos emitidos O Framework não é uma norma internacional de
pelo IASC. contabilidade e sim uma descrição dos conceitos
básicos que devem ser respeitados na preparação
• SIC: são as primeiras interpretações emitidas pelo
e apresentação das demonstrações financeiras
IASC.
internacionais. Ele define o espírito intrínseco e
• IFRS: são os mais recentes pronunciamentos a filosofia geral das normas internacionais e tem
emitidos pelo IASB. como objetivos: (i) auxiliar o IASB e o IFRIC no
desenvolvimento e interpretação das normas
• IFRIC: são as mais recentes interpretações internacionais de contabilidade; (ii) orientar
emitidas pelo IASB. os usuários da contabilidade na elaboração das
demonstrações financeiras; e (iii) ajudar os auditores
Framework (Estrutura Conceitual)
na formação de suas opiniões.
A estrutura conceitual de preparação e apresentação
das demonstrações financeiras internacionais é
Obs.: todos os pronunciamentos internacionais são publicados pelo IASB em língua inglesa.
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Normas Internacionais de Contabilidade – IFRS
Fonte: IASB.
IFRS no Brasil
O Conselho Federal de Contabilidade (CFC), 5) Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis,
por meio da Resolução CFC no 1.055, de 7.10.2005, Atuariais e Financeiras (Fipecafi); e
criou o Comitê de Pronunciamentos Contábeis
(CPC) com o objetivo de estudar, preparar e emitir 6) Instituto dos Auditores Independentes (Ibracon).
pronunciamentos técnicos sobre procedimentos
Além das seis entidades quem compõem o CPC,
de contabilidade internacional. Desta forma,
serão sempre convidados a participar dos trabalhos
busca permitir a emissão de normas pela entidade
representantes dos seguintes órgãos: Bacen, CVM,
reguladora brasileira, visando à centralização
e à uniformização de seu processo de produção, Susep e Secretaria da Receita Federal do Brasil.
levando-se sempre em consideração a convergência Outras entidades ou especialistas poderão ser
do padrão contábil brasileiro aos padrões convidados.
internacionais. São membros do CPC:
O Conselho Federal de Contabilidade, por meio
1) Associação Brasileira de Companhias Abertas da Resolução CFC no 1.103, de 28.9.2007, criou,
(Abrasca); também, o Comitê Gestor da Convergência no Brasil.
2) Associação dos Analistas e Profissionais de O Comitê é composto pelo próprio CFC, pelo Ibracon,
Investimento do Mercado de Capitais (Apimec pela CVM e pelo Bacen. Seu principal objetivo
Nacional); é viabilizar maior transparência das informações
financeiras para o mercado por meio de reformas
3) Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuros
contábil e de auditoria, sempre considerando a
(BM&FBovespa);
convergência com as normas internacionais de
4) Conselho Federal de Contabilidade (CFC); contabilidade.
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Normas Internacionais de Contabilidade – IFRS
O Banco Central do Brasil, por meio do Comunicado revogando certos dispositivos da Lei no 6.404/1976.
no 14.259, de 10.3.2006, tornou obrigatória para as Há cerca de oito anos, a CVM constituiu um
Instituições Financeiras, a elaboração e publicação grupo de trabalho composto por representantes
de Demonstrações Financeiras Consolidadas em das diversas entidades que tratam de
IFRS, a partir de 31.12.2010. demonstrações financeiras (companhias,
auditores, analistas, investidores, usuários,
A Comissão e Valores Mobiliários (CVM) expediu,
fiscalizadores e pesquisadores), denominado
em 13.7.2007, a Instrução CVM no 457, tornando
Comissão Consultiva para Assuntos Contábeis.
obrigatória a elaboração e publicação de
O grupo preparou a primeira proposta de
Demonstrações Financeiras Consolidadas em IFRS
revisão da antiga Lei no 6.404/1976. Válida
para as Companhias Abertas Brasileiras, a partir
desde 1o de janeiro de 2008, a Lei no 11.638/2007
de 31.12.2010.
introduziu artigos que dão poderes ao CPC
Por sua vez, a Superintendência de Seguros para elaborar normativos contábeis visando a
Privados (Susep) emitiu a Circular Susep no 357, de convergência para as normas internacionais de
26.12.2007, exigindo a preparação e publicação de contabilidade.
Demonstrações Financeiras Consolidadas em IFRS,
Numa tendência mundial, entende-se que a
a partir de 31.12.2010.
crescente importância da contabilidade tem
A convergência para o IFRS é considerada uma das levado à busca da internacionalização das normas
maiores mudanças na estrutura da contabilidade contábeis. Isto requer uma harmonização interna e
brasileira desde 1976, ano da publicação da um inevitável alinhamento com o desenvolvimento
então Lei das S.As. (Lei no 6.404). O Presidente da contábil que ocorre no mundo, como decorrência,
República sancionou, em 28 de dezembro de em especial, da necessidade de se obter maior
2007, a nova lei contábil que introduziu certos credibilidade nos princípios contábeis brasileiros.
princípios de IFRS na contabilidade brasileira. O Conselho Federal de Contabilidade acompanhou
A nova Lei no 11.638/2007 foi criada a partir e participou ativamente da evolução desse projeto e
do Projeto de lei no 3.741/2000, alterando e busca alinhar a contabilidade brasileira às IFRS.
O CPC já produziu diversos pronunciamentos contábeis baseados na Lei no 11.638/07 e nos normativos do IASB. Os órgãos reguladores têm acompanhado o CPC e
aprovado os seus pronunciamentos, conforme pode ser observado no quadro a seguir:
Normas emitidas pelo CPC e também aprovadas por outras entidades
Com muitos trabalhos a serem realizados no ano de 2009, especialmente pela proximidade da adoção do
IFRS, o CPC divulgou agenda contendo um programa de trabalho, conforme pode ser observado no quadro a
seguir:
Programa de Trabalho do CPC – Agenda de 2009
Como podemos observar, o Brasil é um dos países que assumiu o compromisso de alinhar as suas práticas
contábeis ao IFRS e o seu processo de convergência avança rapidamente.
Bradesco
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Normas Internacionais de Contabilidade – IFRS
• Contratos de seguros e contratos de pelo maior valor entre o saldo não amortizado
investimento – Em BR GAAP, os contratos da garantia e o valor da melhor estimativa da
de seguro, capitalização e previdência Administração pela obrigação presente, para
complementar (por exemplo PGBLs e VGBLs) os contratos cujo evento de default do cliente
são contabilizados como contratos de seguros e tenha ocorrido.
os respectivos prêmios recebidos são registrados
no resultado do período. Segundo o IFRS 4, • Hiperinflação sobre ativos e passivos não
os contratos são classificados como de seguro monetários – Em decorrência da aplicação
ou de investimento com base na análise de da norma IAS 29 (Financial Reporting in
risco significativo de seguro transferido para o Hyperinflationary Economies) serão apurados
Banco, levando-se em consideração cenários os efeitos inflacionários sobre ativos e passivos
com substância comercial e a ocorrência de não monetários, até 30 de junho de 1997, data
um evento que afete adversamente o segurado. em que o Brasil deixou de ser considerado como
Os contratos classificados como de uma economia hiperinflacionária. Tais ativos e
investimentos por não transferirem risco passivos foram corrigidos pela UFIR (Unidade
significativo de seguro ao Banco, são avaliados Fiscal de Referência) até 31 de dezembro de
segundo o IAS 39. Os contratos de seguro estão 1995, em BR GAAP.
sujeitos a um teste mínimo de adequacidade do
passivo, considerando-se a melhor estimativa • Provisão para dividendos a pagar não
da Administração de todos os fluxos de caixa declarados – Deverão ser refletidos nas
contratuais futuros destes contratos (inclusive demonstrações financeiras em IFRS, os efeitos
salvados, recuperações e ressarcimentos em da reversão da provisão constituída no passivo
que o Banco possui o direito contratual), não e acordo com o BR GAAP (normas brasileiras) de
levando em consideração o efeito da mitigação dividendos superiores aos dividendos mínimos
de risco por meio de contratos de resseguro. obrigatórios não declarados antes do final do
Provisões para equalização de risco, catástrofes, exercício.
ou para contratos que não se encontram
• Participação de minoritários nas
sustentados não são permitidas pelo IFRS 4, na
subsidiárias – Segundo o IAS 27 e IAS 1,
data de transição.
os saldos de participações minoritárias
• Classificação de contratos de arrendamento são consideradas como parte integrante
mercantil – Segundo o IAS 17 (Leases), do patrimônio líquido do Banco.
os contratos de arrendamento mercantil Em BR GAAP, a participação de minoritários é
devem ser classificados como contratos de considerada como um componente separado do
arrendamento operacional ou financeiro, passivo, entre o grupo de patrimônio líquido
segundo um modelo econômico de e o grupo de resultado de exercícios futuros.
transferência de riscos ou benefícios dos Em IFRS, caso certos veículos de investimento ou
ativos objeto entre as partes no contrato. entidades de propósito específico sejam
A Administração está apurando os eventuais consolidadas (em decorrência da aplicação do
impactos da aplicação do IAS 17 sobre todos os SIC 12 ou IAS 27), as participações de minoritários
seus contratos de arrendamento mercantil.
são ajustadas, adequadamente, porém caso
• Garantias financeiras prestadas a terceiros – estas participações tenham características de
Segundo o IAS 39, as garantias financeiras um passivo financeiro (por exemplo, cotas de
prestadas a terceiros devem ser contabilizadas, fundos resgatáveis imediatamente por terceiros
inicialmente, a valor justo de mercado no ato a valor justo de mercado), segundo o IAS 32,
da concessão da garantia e amortizada estas participações são classificadas como
durante o período de vigência do risco. elemento do passivo e não afetam o patrimônio
Subsequentemente, estas garantias são avaliadas líquido do Banco.