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ACTIVIDADE AGRÍCOLA E PECUÁRIA

O SCE define a actividade agrícola como a gestão, feita por uma entidade, da
transformação biológica de activos biológicos para venda em produtos agrícolas ou em
activos biológicos adicionais;

De acordo com NCRF 11 a actividade agrícola compreende também: a criação de gado,


a safra ocasional e permanente, a silvicultura, as plantações, a floricultura e a
aquacultura.

A actividade pecuária, porém, é o conjunto de procedimentos ou tarefas desenvolvidos a


fim de realizar a produção e a criação animal;

Assim, a Contabilidade agrícola ou rural é a especialidade da contabilidade aplicada às


empresas rurais, ou seja, às empresas localizadas nos campos e que têm por fim a
exploração da terra (agricultura) ou a criação animal (pecuária).

CONCEITO DE CONTABILIDADE AGRÁRIA, CONTABILIDADE AGRÍCOLA


OU RURAL

É comum encontrar a contabilidade agrícola também a ser chamada de contabilidade


agrária ou também de contabilidade rural;

Consideram alguns autores que os termos contabilidade agrária e contabilidade rural são
mais abrangentes, não restringindo a aplicabilidade desta contabilidade à agricultura
apenas, como consideram ser o termo contabilidade agrícola.

ACTIVOS BIOLÓGICOS

O desenvolvimento das actividades agrícola e pecuária tem como princípio aquilo que
contabilisticamente é classificado como activos biológicos;

De acordo com o SCE é activo biológico um animal ou planta vivos;

O tratamento contabilístico dos activos biológicos encontra-se regulado, no SCE,


através da NCRF 11 Agricultura e activos biológicos.

PRODUTOS AGRÍCOLAS E PRODUTOS TRANSFORMADOS APÓS COLHEITA

Os produtos agrícolas são produtos colhidos dos activos biológicos;


Ao definir o seu âmbito a NCRF 11 fala da necessidade de se distinguir um produto
agrícola até a colheita e aquele após a transformação, geralmente industrial;

Uma empresa agrária ou rural classifica um elemento como activo biológico, e


consequentemente o sujeita à NCRF 11, até a fase da colheita, sendo que após esta fase
é de se aplicar a NCRF 9 Inventários ou qualquer outra norma que se adeque ao produto
colhido;

Para clarificar esta separação a NCRF 11 apresenta, a título de exemplo, a seguinte


tabela

RECONHECIMENTO E MENSURAÇÃO DOS PRODUTOS AGRÍCOLAS E


ACTIVOS BIOLÓGICOS

Antes de determinar as regras para reconhecer e mensurar os produtos agrícolas e


activos biológicos é necessário reconhecer o desafio decorrente das dificuldades
associadas a uma das principais características naturais dos mesmos, que é a
transformação;

Esta é a característica comum que se encontra na diversidade daqueles que


consideramos fazerem parte da abrangência da actividade agrícola.

O parágrafo 7 da NCRF 11 classifica esta transformação em duas categorias:

1. A transformação do activo biológico (de acordo com a tabela acima) através de


crescimento, degeneração e procriação; e
2. A produção de produtos agrícolas (a exemplo dos que aparecem na tabela
acima).

O reconhecimento de um activo biológico ou de um produto agrícola é condicionado


pela obrigação deste satisfazer à definição de activo, ou seja:

1. Que a entidade o controle como resultado de acontecimentos passados;


2. Que associada a sua posse seja provável o usufruto de benefícios económicos
futuros; e
3. Que o seu custo ou justo valor possam ser mensurados com suficiente
fiabilidade.

A mensuração de um activo biológico ou de um produto agrícola deve ser ao justo valor


menos os custos estimados no momento da venda do mesmo activo ou produto agrícola;

Exceptuam-se aquelas situações em que o justo valor não possa ser mensurado com
fiabilidade, casos em que a mensuração será pelo custo, no início, ou pelo custo
deduzido das amortizações e imparidades acumuladas, a posterior.

As diferenças resultantes das variações no justo valor dos activos biológicos e dos
produtos agrícolas devem ser reconhecidos nos resultados (ganhos ou perdas) do
período em que ocorrem;

São, ou devem ser, também mensurados ao justo valor e reconhecidos como ganhos por
aumento do justo valor os resultados da procriação de activos biológicos.

CULTURAS TEMPORÁRIAS E CULTURAS PERMANENTES E SUA


CONTABILIZAÇÃO

As culturas temporárias são aquelas culturas sujeitas ao replantio após a colheita. Estas
são caracterizadas por ter um período curto de vida. Ex: Soja, milho, arroz, Feijão,
mandioca, batata-doce;

Culturas permanentes são aquelas que permanecem vinculadas ao solo e proporcionam


mais de uma colheita ou produção. Estas são caracterizadas por ter um período de vida
longo, superior a 1 ano ou mais. Ex: Cana-de-açúcar, Oleicultura (Oliveiras),
Cafeicultura, Citricultura (Citrinos – laranja, limão).

O SCE, através do código de contas, separa o reconhecimento destes dois tipos de


culturas em contas de activos biológicos de produção (conta 2.7.1) e activos biológicos
consumíveis (conta 2.7.2) para as culturas permanentes e as culturas temporárias
respectivamente;

É importante anotar que estas contas registam igualmente os activos biológicos animais,
que são adquiridos ou procriados na empresa.

A contabilização de todos os gastos (sementes, mudas, insecticidas, fertilizantes, mão-


de-obra de produção, combustíveis, depreciações dos materiais e instrumentos de
produção, energia e água usados na produção e outros gastos, incluindo os gastos com a
colheita) directamente associados ao processo de produção destas culturas é feito numa
subconta que se deverá criar dentro das contas acima, à medida que estes custos vão se
consumindo em benefício da efetivação da produção.

Ao longo do processo de produção esta conta designar-se-á culturas em formação


temporárias/permanentes, dependendo do tipo de cultura, e dever-se-á também criar
uma subconta que receberá o nome de produtos agrícolas que vai registar a cultura
terminada e que imediatamente será saldada com a transferência de seus valores para as
diversas contas de inventários ou qualquer outra conta, de acordo com o objectivo da
produção.

Os outros gastos, não directamente ligados à produção, são reconhecidos directamente


nos resultados, incluindo quaisquer ganhos ou perdas resultantes das variações dos
justos valores dos activos biológicos da empresa.

É importante anotar, porém, que com base na contabilidade que assenta sobre o justo
valor como base de mensuração todos os gastos e perdas acima referidos, aquando do
apuramento do custo de produção, são reconhecidos directamente nos resultados, pois a
mensuração do produto final da produção será com base no justo valor menos os custos
de vender ou o preço de venda praticado no mercado menos a margem de lucro
historicamente praticada pela empresa.

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