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Transportes, Construção
Civil, Rural e Terceiro Setor
Unidade 2:
Obrigações da atividade rural
Objetivos
• Identificar as obrigações acessórias e tributárias da atividade rural;
Reconhecimento e mensuração
da receita da atividade agrícola
Na Unidade 1, estudamos a respeito das culturas temporária e permanente.
Agora, chegou a hora de nos aprofundarmos em relação ao reconhecimento e a
mensuração do Ativo Biológico. Antes disso, precisamos conhecer algumas defi-
nições relacionadas à área agrícola estabelecidas pelo CPC 29.
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Destaca-se que as plantas portadoras são registradas pelo seu valor de custo
enquanto as plantas não portadoras devem ser reconhecidas pelo valor justo. O
valor justo, conforme definição do item 8 do CPC 29, compreende “o preço que
seria recebido pela venda de um ativo ou que seria pago pela transferência de um
passivo em uma transação não forçada entre participantes do mercado na daa de
mensuração”. Abordaremos este assunto com um exemplo prático mais adiante.
Para cultivar um pomar de laranjeiras são necessários alguns meses até o iní-
cio de sua produção. Enquanto o pomar não tiver floração, todos os gastos realizados
com os cuidados com o pomar (plantio, cultivo, adubação, poda) são acumulados
como “custo com formação” e devem ser debitados na conta do Ativo Não Circulante
> Ativo Imobilizado > Ativo Biológico (Planta Portadora) > Laranjeira em Formação.
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Unidade 2
No momento da colheita, todos esses gastos com a safra devem ser transferi-
dos para o Ativo Circulante > Estoque de Produto Agrícola > Laranjeiras, e, assim, se
encerra o ciclo de produção, e os novos custos serão para o próximo ciclo produtivo.
Lembre-se
O Estoque é abrangido pelo CPC 16.
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Inicialmente, precisamos lembrar que a Lei n.º 12.973/2014, em seu art. 13,
determina que o ganho com a avaliação do ativo ao valor justo deve ser contabili-
zado em uma subconta vinculada àquele ativo, e, caso não seja registrada em conta
separada, este ganho será tributado. Estudaremos o registro contábil da avaliação
do valor justo em contas separadas também para facilitar o entendimento.
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Balanço
ATIVO PASSIVO E PATRIMÔNIO LÍQUIDO
Ano 1 Ano 2 Ano 1 Ano 2
CIRCULANTE
Caixa/Banco 15.000,00
Estoque - Produto Agrícola -
Laranja
Ativo Biológico - Laranja
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Vida útil 15
Lembre-se
O que está depreciando é a Laranjeira; então, a depreciação da planta compõe o
custo do produto.
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O CPC 29 afirma que o ativo biológico deve ser registrado por quanto ele
vale - valor justo. Até o momento, registramos apenas os custos. Vamos, então,
registrar o ajuste de avaliação do valor justo.
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(-) CPV
Podemos observar que a empresa não obteve lucro com a venda da laranja,
mas sim por causa do ajuste ao valor justo.
Desafio
Com base nas informações apuradas no exemplo da Agrolaranjal Ltda., preen-
cha o Balanço Inicial do Ano X2, no Ambiente Virtual.
Conceito
Obrigações tributárias principais e acessórias: A obrigação principal diz respeito
ao compromisso com o pagamento de impostos. Já a obrigação acessória é a entre-
ga das declarações ao fisco.
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De acordo com o art. 49 da Lei n.º 4.504/64, o valor do ITR é apurado levan-
do em consideração:
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Númerodemódulosfiscais Alíquotas
Até 2 0,2%
Acima de 2 até 3 0,3%
Acima de 3 até 4 0,4%
Acima de 4 até 5 0,5%
Acima de 5 até 6 0,6%
Acima de 6 até 7 0,7%
Acima de 7 até 8 0,8%
Acima de 8 até 9 0,9%
Acima de 9 até 10 1,0%
Acima de 10 até 15 1,2%
Acima de 15 até 20 1,4%
Acima de 20 até 25 1,6%
Acima de 25 até 30 1,8%
Acima de 30 até 35 2,0%
Acima de 35 até 40 2,2%
Acima de 40 até 50 2,4%
Acima de 50 até 60 2,6%
Acima de 60 até 70 2,8%
Acima de 70 até 80 3,0%
Acima de 80 até 90 3,2%
Acima de 90 até 100 3,4%
Acima de 100 3,5%
Fonte: Adaptado pela Univates com base em Brasil (1964).
Conceito
Módulos fiscais: Um módulo fiscal compreende uma unidade de medida que varia
para cada município, podendo compreender entre 5 a 110 hectares. Por exemplo, no
município de Cruzeiro do Sul, estado do Rio Grande do Sul, 1 módulo fiscal compreen-
de 18 hectares, enquanto no município de São Paulo, do estado de São Paulo, 1 módulo
fiscal compreende apenas 5 hectares.
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Além disso, precisamos nos lembrar das Instruções Normativas (IN) emi-
tidas pela Secretaria da Receita Federal (SRF). A IN SRF n.º 83, de 11 de outubro
de 2001, estabelece procedimentos específicos sobre a tributação dos resultados
da atividade rural das pessoas físicas. Considera-se resultado da atividade rural,
segundo o art. 11 dessa IN, “a diferença entre os valores das receitas recebidas e das
despesas de custeio e dos investimentos pagos no ano-calendário, corresponden-
tes a todas as unidades rurais exploradas pela pessoa física”.
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1. Está obrigado a entregar o LCDPR o produtor rural pessoa física que auferiu
receita no valor de R$ 7.200.000,00, excepcionalmente no ano de 2019 (IN
RFB nº 1903/2019). A partir de então, considera-se a receita bruta total da
atividade rural superior a R$ 4.800.000,00 para estar obrigado à entrega.
3. Está facultado de registrar Livro Caixa o produtor que auferir receita inferior
a R$ 56.000,00. Porém, caso o produtor queira compensar prejuízos poste-
riores, deverá escriturar o Livro Caixa (consulte o § 4º do art. 22 da IN SRF
n.º 83/2001).
Você estudou até aqui as obrigações acessórias referente ao ITR e ao IR, mas
essas não são as únicas obrigações. Se um produtor rural pessoa física contratar em-
pregados, ele estará sujeito às mesmas obrigações trabalhistas que as pessoas jurídicas.
Vamos estudar agora quais são essas obrigações e se existem diferentes tributações.
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3) eSocial
O eSocial foi estabelecido por meio do Decreto n.º 8.373, de 11 de dezem-
bro de 2014, como um mecanismo criado pelo governo federal para unificar as
informações relativas às obrigações fiscais, previdenciárias e trabalhistas, com o
objetivo de padronizar a transmissão, a validação, o armazenamento e a distribui-
ção das obrigações.
É importante lembrar que o eSocial não cria novas obrigações, apenas uni-
fica todas as obrigações fiscais, previdenciárias e trabalhistas em um só ambiente.
Assim, é possível agilizar a troca de informações entre o empregador e o responsá-
vel pela execução das rotinas trabalhistas, ou seja, o contador.
4) Seguridade Social
A Seguridade Social surgiu no Brasil com o objetivo de assegurar os direitos
relativos à saúde, à previdência e à assistência social (BRASIL, 1988, art. 194). Em
contrapartida, quem custeia a Seguridade Social é a sociedade, ou seja, os contri-
buintes.
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Em 2001, a Lei n.º 10.256 alterou a Lei n.º 8.212/1991, permitindo ao produ-
tor rural optar, em vez da contribuição de 20% incidente sobre a remuneração dos
trabalhadores a título de Seguridade Social, pela alíquota de 2,5% sobre a receita
bruta proveniente da comercialização da produção. E quanto à alíquota de risco
de acidente de trabalho incidente sobre a remuneração, esta passou a ser de 0,1%
sobre a comercialização da produção.
Mais tarde, em 2018, a Lei n.º 13.606, nos artigos 14 e 15, dispôs novas
alíquotas para a contribuição previdenciária. Agora, os produtores rurais pessoa
física ou jurídica podem optar por continuar o recolhimento da contribuição
previdenciária sobre a folha bruta de salários dos empregados e trabalhadores
avulsos ou, então, realizar a contribuição incidente sobre a receita bruta da comer-
cialização da produção rural (o antigo Funrural), com as alíquotas de 1,2% sobre a
receita bruta proveniente da comercialização da sua produção para os produtores
rurais pessoas físicas e 1,7% sobre a receita bruta proveniente da comercialização
da sua produção para os produtores rurais pessoa jurídica.
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Contribuição previdenciária
PESSOA FÍSICA 1 PESSOA JURÍDICA 2
1,7% sem receita
20% sem folha 20% sem folha
1,2% sem receita bruta (art. 25,
de pagamento de pagamento
Seguridade Social bruta (art. 25, Lei nova redação por
(art. 22, Lei n.º (art. 22, Lei n.º
n.º 8212/91) força da Lei n.º
8212/91) 8212/91)
13.606/2018)
0,1% sem receita 1%, 2% ou 3% sem 0,1% sem receita
Acidente de 1%, 2% ou 3% sem
bruta (art. 25, Lei folha de paga- bruta (art. 25, Lei
trabalho (RAT) folha pagamento
n.º 8212/91) mento n.º 8870/94)
Outras entidades
0,25% sem
0,2% sem receita 0,2% sem receita receita bruta (IN
SENAR bruta (art. 6, Lei bruta (art. 6, Lei 971/2009, alte- -
n.º 9.528/97) n.º 9.528/97) rada pela IN n.º
1453/2014)
2,5% sobre re-
2,5% sobre re- 2,5% sobre re-
muneração (IN
muneração (art. muneração(art.
Salário Educação - n.º 971/2009,
3º do Dec. n.º 3º do Dec. n.º
alterada pela IN n.º
87.043/82) 87.043/82)
1453/2014)
0,2% sobre re-
muneração (IN
0,2% sobre 0,2% sobre
INCRA - n.º 971/2009,
remuneração remuneração
alterada pela IN n.º
1453/2014)
1. Estas regras aplicam-se ao produtor rural contribuinte individual (empregador). 2. Consideram-se tais alíquo-
tas somente para as pessoas jurídicas que se dediquem apenas a atividade de produção rural. Fonte: Adaptado
pela Univates com base no Anexo IV da Instrução Normativa RFB n.º 971, de 13 de novembro de 2009.
Exemplo pessoa física: Imagine que um produtor rural pessoa física co-
mercializou sua produção anual de soja no valor de 1.800.000,00 e pagou aos seus
empregados um total de 1.333.333,33 durante todo o ano.
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Pessoa física
Salário pago durante o ano 1.333.333,33
Valor da receita total anual 1.800.000,00
Pessoa jurídica
Salário pago durante o ano 15.000.000,00
Valor da receita total anual 250.000.000,00
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Cabe ao produtor (seja ele pessoa física ou jurídica), portanto, calcular qual
é a melhor forma de tributação, lembrando que a opção é irretratável e deve ser
realizada junto ao pagamento da primeira guia de INSS (janeiro de cada ano ou no
mês de início da atividade rural).
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Referências
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fazenda.gov.br/sijut2consulta/link.action?visao=anotado&idAto=107054. Acesso
em: 22 ago. 2020.
BRASIL. Lei n.º 10.256, de 9 de julho de 2001. Altera a Lei n.º 8.212, de 24 de
julho de 1991, a Lei n.º 8.870, de 15 de abril de 1994, a Lei n.º 9.317, de 5 de
dezembro de 1996, e a Lei n.º 9.528, de 10 de dezembro de 1997. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/LEIS_2001/L10256.htm. Acesso em: 22
ago. 2020.
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REED, J. [Sem título]. Unsplash, 5 jul. 2018. 1 fotografia. Disponível em: https://
unsplash.com/photos/-04wiGkb8Jc. Acesso em: 23 nov. 2020.
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