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Contabilidade
Agrícola
MAPUTO
Agosto de 2010
1. Introdução
Da mesma forma, a Contabilidade Rural, que abrange não só o Sector Agrícola, mas
também as atividades zootécnicas e agroindustriais, contém peculiaridades que a
distingue de forma acentuada da Contabilidade aplicada a outros sectores. Não só
pelas particularidades da Contabilidade Rural, mas principalmente pela importância
desta contabilidade para o empresário rural, é que o presente módulo da disciplina de
Contabilidades sectoriais, visa abordar as características do ramo da Contabilidade
Rural, especificamente as de Contabilidade Agrícola, na qual se procura identificar o
nível de conhecimento profissional necessário para a aplicação prática.
2. Conceitos Básicos
O processo produtivo, por sua vez, é o conjunto de eventos e acções através dos quais
os factores de produção se transformam em produtos vegetais e animais. É também
um sistema de preparar a terra para plantar, tratar e colher, com a finalidade de
produzir alimentos para subsistência do homem e do animal. A agricultura será tão
mais próspera quanto maior for o domínio que o homem venha a ter sobre o processo
de produção, que se obterá na medida do conhecimento acerca das técnicas de
execução e gerência.
Empresas rurais são aquelas que exploram a capacidade produtiva do solo por meio
do cultivo da terra, da criação de animais e da transformação de determinados produtos
agrícolas.
O campo de actividade das empresas rurais pode ser dividido em três grupos distintos:
A Contabilidade Rural pode ser estudada de modo geral (para todas as empresas) ou
particular (aplicada a certo ramo de actividade ou sector da economia).
Sãs as fases necessárias do processo produtivo, de acordo com o tipo de cultura. Esta
separação traz diversos benefícios à gestão, por exemplo: na programação e
distribuição das tarefas do pessoal e máquinas; possibilita medir o desempenho e
Regra geral
Daí a opção para o mês de Dezembro, não só pelo facto de ser o último mês do ano,
mas também pela redução ou até interrupção da actividade operacional, propiciando
férias colectivas, consequentemente, condições mais adequadas para o inventário das
mercadorias.
Actividade Agrícola
Ora, não existe melhor momento para medir o resultado do período, senão logo após a
colheita e sua respectiva comercialização. Não há lógica para se esperar 6, 8, ... meses
O Docente: Paulo Rassul
até o final do ano (se a colheita for no início do ano) para mensurar o resultado (lucro
ou prejuízo) da safra agrícola.
Nesse caso, recomenda-se que o ano agrícola seja fixado em função da cultura que
prevaleça economicamente.
Assim, se a empresa, em cultura conjugada, planta feijão entre os pés de café, ou milho
entre as ruas de uva, certamente o período de colheita do café e da uva é que
determinará o ano agrícola, mesmo que no seu encerramento haja uma cultura
secundária em formação (o que é inevitável). Assim sendo, seria feita a avaliação da
cultura em formação, e a avaliação, ainda que não perfeita, não traria grandes
distorções à contabilidade, pois o valor apurado não seria relevante em relação à
cultura principal.
Actividade Pecuária
O raciocínio que se deve utilizar aqui é o mesmo utilizado para a colheita agrícola.
Nesse caso, todavia, o bezerro será o «fruto», o produto final que valoriza o património
da empresa.
Há empresas pecuárias que fixam o exercício económico com base no mês seguinte
em que se concentra a venda das reses para o frigorífico. Esse critério é igualmente
válido quanto ao nascimento dos bezerros.
Essa imposição traz sérios prejuízos à contabilidade agrícola, já que esse sector,
necessariamente, deveria ter seu exercício económico coincidente com o ano agrícola,
para melhor avaliar o desempenho da empresa.
Ressalvemos, que nada impede que se faça de acordo com o que descrevemos nos
itens anteriores, o que genericamente será de extrema relevância.
Pessoa física é a pessoa natural, é todo ser humano, é todo indivíduo (sem nenhuma
execpção). A existência de pessoa física termina com a morte.
Pessoa jurídica é a união de indivíduos que, por meio de um trato reconhecido por lei,
formam uma nova pessoa, com personalidade distinta da de seus membros. As
pessoas jurídicas podem ter fins lucrativos, empresas industrias, comerciais, etc.) ou
não (cooperativas, associações culturais, religiosas, etc.).
As pessoas físicas tidas como pequeno e médio produtor rural, não precisam para fins
de Imposto sobre o rendimento, fazer escrituração regular em livros contabilísticos e
podem utilizar apenas um livro Caixa e efectuar uma escrituração simplificada.
Todavia, as pessoas físicas tidas como grande produtor rural serão equiparads às
pessas jurídicas para fins contabilísticos, devendo fazer escrituração regular, por
intermédio de profissionais contabilistas qualificados, utilizando como base o método
O Docente: Paulo Rassul
das partidas dobradas (lançamentos a débito e a crédito simultâneamente).
Evidentemente que a nossa atenção nessa matéria, será direccionada para as pessoas
jurídicas e para pessoas físicas equiparadas às jurídicas.
Exercício de Aplicação nº 01
Várias objecções têm sido apontadas sobre a adoção da contabilidade nas empresas
rurais. Estas objeções que usualmente tem se levantado podem ser classificadas em
dois grupos, que são:
Estas objeções não podem mais subsistir, pois, no estado actual de nossa cultura
contabilística é inadmissível que uma pessoa, possuidora de conhecimentos práticos
da vida económica, os aceite de boa fé.
Sobre o primeiro grupo, pode-se dizer que a extensão da empresa rural não impede a
perfeita contabilidade. Se fosse questão de complexidade dos factos administrativos
realizados seria impossível a existência da contabilidade pública.
Com relação ao segundo grupo, o mesmo ressalte-se que a ignorância não pode ser
um motivo de escusa, pois, a contabilidade é uma ciência difundida, pois se os
responsáveis pela nossa economia rural não possuem o seu conhecimento, deve-se-
lhes impor estas habilidades.
Todas as empresas necessitam de registos das suas operações, por várias razões:
a) por menor que seja uma empresa, a informação que se acumula durante um
ano é demasiado complexa para que se possa analisar os resultados sem ter
anotações adequadas.
b) os membros desta empresa necessitam das informações sobre os factos
ocorridos e que seria difícil de obtê-las sem a existência dos registos.
Quanto maior for a empresa mais necessários são os registros sobre as operações e,
especialmente, nas empresas associativas onde os sócios têm direito e obrigação de
O Docente: Paulo Rassul
analisar o desenvolvimento da empresa e participar de sua gestão. As principais
características desejáveis para um sistema provedor de informações
contabilísticasábeis são as seguintes:
Não existe uma estrutura capaz de gerar informações, é preciso procurar uma solução
mais simples, porque ao trabalhar com informações não confiáveis se estará gerando
resultados também sem confiabilidade.
Caso não existam condições para apurar os recursos alocados nos vários factores,
podemos adoptar algum modelo de controle baseado nas movimentações financeiras.
A diferença básica entre estas duas culturas é que a temporária ou anual está sujeita
ao replantio e é arrancada do solo, enquanto que a permanente ou perene está
vinculada ao solo, dando produção por diversos anos.
Após a colheita, esta conta é baixada pelo seu valor de custo e transferida para a conta
“Produtos Agrícolas”, em que serão acumulados todos os custos posteriores à colheita.
A partir deste ponto, na fase produtiva, os custos que surgirem não serão mais
contabilizados no Imobilizado, mas no Activo Circulante – Stock; geralmente, em uma
conta intitulada “Colheita em Andamento”, especificando o produto.
Estes custos são apropriados ao valor da terra ou amortizados ao longo dos anos. Na
hipótese da amortização como custo em vários períodos, a classificação correcta é no
Activo Permanente – Diferido.
Outros gastos, como cercas, estradas, açudes, instalações e bebedouros, não devem
ser contabilizados na conta “Melhoria”, mas individualmente no Activo Permanente -
Imobilizado.
1. Cana de açúcar é:
a) Cultura temporária
b) Cultura em erradicação
c) Cultura permanente
d) Cultura flutuante 2. Milho é:
a) Cultura temporária
b) Cultura em erradicação
c) Cultura permanente
d) Cultura flutuante
3. Cultura temporária em formação é classificada como:
a) Stock
b) Investimento
c) Imobilizado
d) Diferido
4. Cultura permanente em formação é classificada como:
a) Stock
b) Investimento
c) Imobilizado
d) Diferido
5. Mão de obra na plantação de qualquer cultura é:
a) Despesa
b) Custo
c) Perda
d) Património Líquido
6. Juros de financiamentos agrários são considerados:
a) Despesa
b) Custo
c) Activo Permanente
d) Patimónio Líquido
7. Cultura permanente formada é considerada:
a) Despesa
b) Custo
11. A Cia. Milharal prepara muitos hectares para plantar milho doce, voltado para
produtos alimentícios. Sabendo-se que o ciclo vegetativo do milho não
ultrapassa 180 dias, que o período de sementeira será entre setembro e
novembro, que o ano agrícola, consequentemente o exercício económico, está
fixado para 31/3, os custos para a referida cultura foram:
- de Janeiro a Março
Armazenagem em paiol (dois meses – 6.500
Em 10^3 Mt
ACTIVO PASSIVO e CAPITAIS PROPRIOS
Circulante Circulante
Disponível 510.000 -- 0
Observações:
a) Como nesse exercício se solicita apenas o Lucro Operacional, não será feita a
provisão para Imposto sobre o rendimento.
………………………………………………………… 10.000
Está prevista uma colheta anual de maçã durante 20 anos. Na primeira colheita,
os gastos sem depreciação foram de 38.000.000 Mt.
Em Mt
ACTIVO PASSIVO e CAPITAIS
PROPRIOS
Circulante Circulante
Permanente
Património Líquido
Imobilizado 14.100 20.000
Capital
Terras 10.000 5.000
Res. Capital
Cafeeiro 2.000 1.000
Res. Legal
Tractor 4.000 2.000
Res.
b) Apurar o Resultado do Período, sendo que 1/3 da soja colhida foi vendida à
vista por 5.000 Mt
Na primeira cultura, considerando que não existe outra receita operacional, a empresa
não apurará resultado; como não houve realização da receita, não haverá a
Gastos Pré-Operacionais
Todas as despesas pagas ou incorridas pela empresa, durante o período que antecede
o início de suas operações e que não forem identificadas directamente com a cultura,
serão enquadradas como préoperacionais no Activo permanente diferido.
Pela teoria da contabilidade, toda receita obtida nesse período, como receitas
financeiras, receitas extraordinárias, deve ser tratada como redução (diminuição) dos
gastos pré-operacionais.
Normalmente ao se preparar a terra bruta para agricultura, ocorre uma série de gastos,
tais como: desmatamento, destocamento, terraplanagem, desvios de leitos, de rios ou
córregos para irrigação, nivelamento do solo, etc.
Estes gastos, normalmente, são adicionados ao valor da terra, pois são entendidos
como valorização da terra, já que a tornam agricultável.
A dúvida que frequentemente surge é quanto ao título ao subgrupo em que essa conta
deve ser classificada: Imobilizado ou Diferido?
Não resta dúvida de que a classificação adequada é no Activo Diferido, já que se trata
de aplicações de recursos em gastos que contribuirão para a formação do resultado de
mais de um exercício económico.
Os outros termos estudados, embora também aplicáveis, não são tão abrangentes a
adequados como melhorias.
Os gastos denominados Melhorias serão distribuídos como custos ao longo dos anos.
Essa baixa, corresponde à distribuição do valor do capital aplicado entre várias
colheitas, e pode ser denominado amortização.
4.3.4 Correctivos
Exercício de Aplicação nº 03
a)Fase de instalação
b)Fase pré-agrícola
c) Fase Pré-industrial
d)Fase Pre-operacional
Ano 2:
Ano 4:
Ano 5:
- Calcário
- Correctivo
- Adubo
3º
ano
Pede-se:
Uma das dificuldades encontradas para calcular o custo das lavouras ou das safras é o
cálculo exacto do custo dos equipamentos agrícolas utilizados na cultura agrícola.
Implementos agrícolas como tractores, colhedeiras, aparelhos agrícolas, etc., não são
utilizados ininterruptamente durante o ano, em virtude de entressafra, chuvas, geadas,
ociosidades, etc. Dessa forma, recomenda-se a apropriação da depreciação em
decorrência do uso às respectivas culturas ou projectos. Daí a necessidade de se
calcular a depreciação por hora, estimando-se um número de horas de trabalho por
equipamento, em vez da quantidade de anos de vida útil.
O cálculo do custo por hora pelo uso do tractor é obtido considerando-se as seguintes
variáveis:
Para calcular o custo por hectare, precisamos conhecer o número de horas necessárias
para passar o tractor num hectare.
Multiplicando-se o número de horas pelo custo de uma hora, temos o custo por hectare.
Ressalte-se, todavia, que o veterinário é a pessoa mais indicada para determinar a vida
útil do gado reprodutor.
Em alguns casos o touro, mesmo que não sirva para monta, é útil para o fornecimento
de sêmen (inseminação artificial), e não é descartado de imediato para a venda ao
frigorífico. O perídodo de captação do sêmen também será considerado como tempo
de vida útil para a taxa de depreciação.
Exemplo:
Valor admitir que um touro avaliado em 55.000 tenha uma vida útil estimada de oito
anos para permanecer junto às vacas para procriação (monta) e de mais dois anos
para colecta de sêmen (inseminação artificial), totalizando des anos (taxa de
depreciação: 10%). Esse touro pesa aproximadamente 800 Kg e, se fosse vendido hoje
para corte (frigorífico), valeria 6.000. Suponde-se que o seu peso deverá ser mantido
após o término da vida útil, o valor a ser depreciado será de 49.000 (55.000 – 6.000).
Assim teremos:
Exemplo:
Cálculo da exaustão 0 48% extraídas x 25% exaustão x 1.000.000 Mt = 12.000,00 , custo dos
eucaliptos extraídos
Cana do Açúcar
O canavial, uma vez plantado, poderá gerar, dependendo da região, de três a quatro
cortes (ou mais).
A quota de exaustão anual será, admitindo três cortes, de 33,33% ( se de quatro cores,
25%). Supondo que toda a extração ocorra dentro do exercício económico (ano-base),
basta multiplicar a percentagem de 33,33% pelo custo de formação da cana de açúcar
para obter-se o custo da cultura formada.
Pode-se neste caso, medir a área (por exemplo 1.200 hectares extraídos em relação a
um total de 2.800 hectares; o percentual para fins de cálculo é de 42,86% - 1.200/2800
– sobre os 33,33%), ou a percentagem pode ser medida em função da tonelada
extraída em relação ao total esperado, ou outros critérios.
• 1º corte - 35.4%
• 2º corte - 25.1%
• 3º corte - 21.4%
• 4º corte - 18.1 %.
Exercício de Aplicação nº 04
1. Toda a cultura permanente, cujo produto final é o fruto, será alvo de:
a) Depreciação
b) Exaustão
c) Amortização
d) Nenhuma das anteriores
2. As taxas de depreciação numa cultura permanente, podem ser calculadas:
a) Pelo tempo de vida útil de cada espécie de cultura
b) Pela produção estimada de cada unidade durante sua vida útil
c) Pelo número de hectares
d) As alternatives a e b estão certas
3. A depreciação passa a incidir sobre a cultura:
a) A partir do plantio das sementes
b) A partir do instante em que ela está totalmente formada mas ainda
não produz c) A partir da primeira safra
d) A partir do momento em que está em formação
4. Para os gados reprodutores, animais de trabalho e outros do activo pemanente
incidem taxas de: a) Amortização
b) Depreciação
c) Exautão
d) Sobre eles não incide nenhuma taxa
5. A quotas de exaustão podem ser aplicadas em:
a) Animais reprodutores cuja fertilidade entra em declínio
b) Culturas permanentes após cada colheita dos frutos
8. Exaustão é aplicada a:
a) Pastagem
b) Cafeeiro
c) Aquisição de direitos sobre empreendimentos de propriedade de terceiros
d) Nenhuma das anteriores
9. Depreciação é aplicada a:
a) Cana de açúcar
b) Pomares
c) Aquisição de direitos sobre empreendimentos de propriedade de terceiros
d) Nenhuma das anteriores
10. Amortização é aplicada a:
a) Palmito
b) Laranjal
c) Aquisição de direitos sobre empreendimentos de propriedade de terceiros
d) Nenhuma das anteriores
Palmito
Châ
Café
Gado Bovino
Pastagem
Banana
Arado
Cana de Açúcar
Colhedeira
Reflorestamento
Laranja
Direitos adquiridos de
reflorestamento de
terceiros
Gastos pré-operacionais
Uva
Guaraná
Seringueira
Suínos
Tractor
Melhoramentos
Cerca eléctrica
Anos Anual
Animais de 8 12,5%
Criação
10 10%
Bovinos
Reprodutores
Suínos
Animais de 12 8,33%
Trabalho
8 12,5%
Burro de tracção
5 20%
Cavalo de sela
Boi de carro
De roda 10 10%
De esteira 10 10%
Microtractor 7 14,28%
Veículos
Camião 5 20%
Carroça 10 10%
Carro de bois 10 10%
Carreta de tractor 15 6,67%
Implementos
Ancinho 12 8,33%
Arado de discos e 15 6,67%
aiveca
15 6,67%
Grade de discos
15 6,67%
Carreta com pneus
15 6,67%
Semeadeira de linhas
20 5%
Semeadeira de grãos
miúdos 12 8,33%
Cultivador 15 6,67%
Plaina 8 12,5%
Combinada rebocada 20 5%
Ceifadeira
Plantadeira
Bico de Pato (Planet) 5 20%
Banana 8 12,5%
Café 20 5%
Chá 20 5%
Figo 17 5,88%
Laranja 15 6,67%
Maracujá 5 20%
Relação estimada entre a vida útil esperada e uso pelo tipo de máquina
Horas Tractor Máquina para Máquina para Máquina para
por
ano Aração-vida em plantio Colheita
Fonte: Pearsons, Merton S. et. Al. Farm machinery; depreciacion, and replacement.
Maio 1960. 3186 – Biblioteca IEA.