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AGROPECUÁRIA
Tributação das
empresas rurais:
faturamento e lucro
Flávia Monaco Vieira
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Introdução
O Brasil apresenta um complexo sistema tributário que, muitas vezes, não é
compreendido pelo agricultor, o que torna a escolha do regime tributário quase
impossível sem o auxílio da contabilidade. Além disso, os tributos podem repre-
sentar um dos principais custos pagos pelas empresas, que já enfrentam o desafio
de produzir e manter a empresa em funcionamento.
Neste capítulo, você vai conhecer as características dos regimes tributários e
dos tributos incidentes sobre as atividades rurais. Além disso, vai ver quais são
os tributos incidentes sobre o faturamento, sobre o valor agregado e sobre o
lucro, assim como os procedimentos de apuração dos tributos, reconhecendo as
vantagens e limitações de cada regime tributário: Lucro Real, Lucro Presumido
e Simples Nacional.
2 Tributação das empresas rurais: faturamento e lucro
Regime não
Regime cumulativo cumulativo
Quadro 4. Percentual de repartição dos tributos do Simples Nacional Anexo I da Lei Complementar nº 123/2006
Simples Nacional
O Simples Nacional é um regime tributário diferenciado e simplificado para
cálculo e recolhimento de impostos e contribuições devidos pelas microem-
presas (ME) e empresas de pequeno porte (EPP), previsto na Lei Complementar
nº 123/2006 (BRASIL, 2006).
O porte de uma empresa pode ser definido com base no faturamento anual.
De acordo com a legislação, entende-se como ME o empreendimento que tem
receita bruta inferior ou igual a R$ 360.000,00, e EPP com faturamento anual
superior a R$ 360.000,00 e igual ou inferior a R$ 4.800.000,00. As pessoas
jurídicas com atividade rural nas condições mencionadas poderão optar pela
tributação no Simples Nacional.
As empresas rurais optantes do Simples Nacional devem utilizar o Anexo
I – Comércio da Lei Complementar nº 123/2006 (BRASIL, 2006) para apuração
do valor a ser pago mensalmente via DAS.
O passo a passo do cálculo do Simples Nacional é o seguinte:
Lucro Presumido
O Lucro Presumido constitui um regime presuntivo, simplificado para deter-
minação da base de cálculo do IRPJ e da CSLL (CREPALDI, 2019). Denomina-se
Lucro Presumido por não se tratar do lucro contábil efetivo, mas uma mera
aproximação fiscal (MARTINS; KAPP JUNIOR, 2019).
A opção por esse regime de tributação deverá ser manifestada com o
pagamento da primeira quota do imposto devido de cada ano-calendário. A
saída do sistema de tributação pelo Lucro Presumido pode ocorrer anualmente
por opção ou, obrigatoriamente, quando a pessoa jurídica deixar de se en-
quadrar nas condições para permanecer no sistema (Instrução normativa
SRF N. 1700/2017) (BRASIL, 2017).
Lucro Real
O Lucro Real é uma das formas de tributação mais complexa do regime tribu-
tário, tendo como base de cálculo o lucro contábil do período de apuração,
acrescido de ajustes amparados pela legislação fiscal, que podem ser tanto
positivos como negativos, como se mostra a seguir:
Regime Presumido
Para determinação do Lucro Presumido, as empresas rurais devem aplicar
sobre a receita bruta do trimestre o percentual de 8%, resultando, dessa
forma, na base de cálculo do Lucro Presumido. Sobre essa base de cálculo,
será aplicada a alíquota de 15% de imposto de renda, além do adicional de
10% para a parcela que exceder R$ 20.000,00 de Lucro Presumido por mês
(ou seja, R$ 60.000,00 por trimestre).
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Alíquota 15% 9%
2º trimestre
de 202X IRPJ CSLL
Alíquota 15% 9%
Regime Real
“O lucro real é o lucro líquido do período de apuração ajustado pelas adi-
ções, exclusões ou compensações prescritas ou autorizadas” (BRASIL, 2018,
documento on-line) pela legislação do imposto de renda.
As adições têm por objetivo evitar que seja computada na base de cálculo
do tributo uma despesa que afetou o lucro líquido, mas que a legislação
tributária considera irredutível e que não deve, portanto, influir no valor do
lucro real (ALCÂNTARA, 2005).
Já o objetivo da exclusão é o de não computar na base de cálculo do
imposto receitas que aumentaram o lucro líquido da pessoa jurídica, mas
que a legislação do imposto considera não tributado em razão de já terem
sido tributadas em outra oportunidade (CREPALDI, 2019).
Todos os ajustes do lucro devem ser registrados no Livro Eletrônico de
Apuração do Lucro Real (e-Lalur) e do Livro Eletrônico de Apuração da Base
de Cálculo da CSLL (e-Lacs), e a escrituração fiscal deverá ser entregue em
meio digital ao Sistema Público de Escrituração Digital (SPED).
Os incentivos fiscais admitidos às pessoas rurais que optam pelo Lucro
Real são:
Dedução de receitas
Cálculo IRPJ
Alíquota 15%
IRPJ 20.683,20
Cálculo CSLL
Alíquota 9%
CSLL 12.409,92
Alíquota 15% 9%
Referências
ALCÂNTARA, S. V. Tributação da pessoa jurídica que tenha como objetivo a exploração de
atividade rural. FiscoSoft, 2005. Disponível em: http://www.fiscosoft.com.br/main_on-
line_frame.php?home=federal&secao=2&secao=2&page=index.php?PID=140165. Acesso
em: 3 fev. 2021.
BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988.
Brasília: Presidência da República, [2016]. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 3 fev. 2021.
BRASIL. Decreto n. 7.212, de 15 de junho de 2010. Regulamenta a cobrança, fiscalização,
arrecadação e administração do Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI. Brasí-
lia, DF: Presidência da República, 2010. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/_ato2007-2010/2010/decreto/d7212.htm. Acesso em: 3 fev. 2021.
BRASIL. Decreto n. 9.580, de 22 de novembro de 2018. Regulamenta a tributação, a
fiscalização, a arrecadação e a administração do Imposto sobre a Renda e Proventos
de Qualquer Natureza. Brasília, DF: Presidência da República, 2018. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2018/Decreto/D9580.htm. Acesso
em: 3 fev. 2021.
BRASIL. Lei Complementar n. 7, de 7 de setembro de 1970. Institui o Programa de Inte-
gração Social, e dá outras providências. Brasília, DF: Presidência da República, 1970.
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Leitura recomendada
SÃO PAULO (Estado). Secretaria da Fazenda e Planejamento. Resposta à consulta
tributária 6349/2015, de 4 de janeiro de 2016. Secretaria da Fazenda e Planejamento,
2016. Disponível em: https://legislacao.fazenda.sp.gov.br/Paginas/RC6349_2015.aspx.
Acesso em: 3 fev. 2021.
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