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CONTABILIDADE

AGROPECUÁRIA
Tributação das
empresas rurais:
faturamento e lucro
Flávia Monaco Vieira

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

>> Apresentar os principais tributos incidentes sobre o faturamento das em-


presas rurais e respectivas bases de cálculo.
>> Identificar os regimes tributários válidos para tais empresas.
>> Explicar os procedimentos de apuração do IRPJ e CSLL de empresas agro-
pecuárias.

Introdução
O Brasil apresenta um complexo sistema tributário que, muitas vezes, não é
compreendido pelo agricultor, o que torna a escolha do regime tributário quase
impossível sem o auxílio da contabilidade. Além disso, os tributos podem repre-
sentar um dos principais custos pagos pelas empresas, que já enfrentam o desafio
de produzir e manter a empresa em funcionamento.
Neste capítulo, você vai conhecer as características dos regimes tributários e
dos tributos incidentes sobre as atividades rurais. Além disso, vai ver quais são
os tributos incidentes sobre o faturamento, sobre o valor agregado e sobre o
lucro, assim como os procedimentos de apuração dos tributos, reconhecendo as
vantagens e limitações de cada regime tributário: Lucro Real, Lucro Presumido
e Simples Nacional.
2 Tributação das empresas rurais: faturamento e lucro

Tributos incidentes na atividade rural


A contabilidade tributária tem a responsabilidade de controlar as obrigações
fiscais da empresa em conformidade com a legislação vigente, evitando ônus
tributários. Deve, ainda, proporcionar ao empresário a possibilidade de ana-
lisar o regime tributário mais favorável por meio de informações econômicas
e financeiras.
No Brasil, o agronegócio é reconhecido como um dos setores que mais
contribui para o crescimento econômico do país. Em 2019, a soma de bens e
serviços gerados no agronegócio chegou a R$ 1,55 trilhão, o que corresponde
a 21,4% do PIB brasileiro (CEPEA, 2020).
Os tributos podem representar um alto custo para a empresa, inclusive
na atividade rural, sendo necessário buscar a forma menos onerosa para ela.
Entre os tributos que incidem sobre a atividade rural, destacam-se:

„„ Imposto de Renda sobre a Pessoa Jurídica (IRPJ);


„„ Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido (CSSL);
„„ Programa de Integração Social e de Formação do Patrimônio do Servidor
Público (PIS/PASEP);
„„ Contribuição para Financiamento da Seguridade Social (Cofins);
„„ Contribuição Patronal Social (CPP) vinculado ao Instituto Nacional do
Seguro Social (INSS);
„„ Fundo de Assistência ao Trabalhador Rural (Funrural);
„„ Imposto sobre Circulação de Mercadorias e prestação de Serviços
(ICMS); e
„„ Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI).

No entanto, antes de aprofundar-se o estudo nos tributos, é necessário


conhecer, para fins tributários, quais atividades são consideradas rurais e
as atividades que não são consideradas como tal, como você confere no
Quadro 1, a seguir.
Tributação das empresas rurais: faturamento e lucro 3

Quadro 1. Atividades rurais e atividades não rurais

Atividades rurais Atividades não rurais


(Decreto nº 9.580, de 2018) (RFB, 2001, art. 4º)

„„ a agricultura; „„ a industrialização de produtos, tais


„„ a pecuária; como bebidas alcoólicas em geral, óleos
„„ a extração e a exploração essenciais, arroz beneficiado em máquinas
vegetal e animal; industriais, fabricação de vinho com uvas ou
„„ a exploração: a) da frutas;
apicultura; b) da „„ a comercialização de produtos rurais de
avicultura; c) da terceiros e a compra e venda de rebanho
cunicultura; d) da com permanência em poder do contribuinte
suinocultura; e) da em prazo inferior a 52 dias, quando em
sericicultura; f) da regime de confinamento, ou 138 dias, nos
piscicultura; e g) de demais casos;
outras culturas animais; „„ o beneficiamento ou a industrialização de
„„ a transformação de pescado in natura;
produtos decorrentes „„ o ganho auferido por proprietário de
da atividade rural, rebanho, entregue, mediante contrato
desde que não sejam por escrito, a outra parte contratante
alteradas a composição (simples possuidora do rebanho) para o
e as características do fim específico de procriação, ainda que o
produto in natura, feita rendimento seja predeterminado em número
pelo próprio agricultor de animais;
ou pelo criador, com „„ as receitas provenientes do aluguel ou
equipamentos e arrendamento de máquinas, equipamentos
utensílios usualmente agrícolas e pastagens, e da prestação de
empregados nas serviços de transportes de produtos de
atividades rurais, com terceiros;
uso exclusivo de matéria- „„ as receitas decorrentes da venda de recursos
prima produzida na área minerais extraídos de propriedade rural, tais
rural explorada, tais como metal nobre, pedras preciosas, areia,
como a pasteurização aterro, pedreiras; as receitas de vendas
e o acondicionamento de produtos agropecuários recebidos em
do leite e o herança ou doação, quando o herdeiro ou
acondicionamento do donatário não explore atividade rural;
mel e do suco de laranja „„ as receitas financeiras de aplicações de
em embalagem de recursos no período compreendido entre
apresentação; e dois ciclos de produção;
„„ o cultivo de florestas que „„ os valores dos prêmios ganhos a qualquer
se destinem ao corte título pelos animais que participarem em
para comercialização, concursos, competições, feiras e exposições;
consumo ou „„ os prêmios recebidos de entidades
industrialização. promotoras de competições hípicas pelos
proprietários, criadores e profissionais do
turfe;
„„ as receitas oriundas da exploração do
turismo rural e de hotel fazenda.

Fonte: Adaptado de Brasil (2018) e Brasil (2001).


4 Tributação das empresas rurais: faturamento e lucro

A receita bruta da atividade rural decorrente da comercialização dos


produtos deverá ser sempre comprovada por documentos normal-
mente utilizados nessa atividade, como (MARION, 2019):
„„ nota fiscal do produtor;
„„ nota fiscal de entrada;
„„ nota promissória rural vinculada à nota fiscal do produtor;
„„ outros documentos reconhecidos pelas fiscalizações estaduais.

A seguir, confira os principais tributos da atividade rural, que serão apre-


sentados em três categorias: tributos incidentes sobre o faturamento (PIS,
Cofins, Simples Nacional), sobre o valor agregado (ICMS, IPI, CPP/Funrural) e
sobre o lucro (IRPJ, CSLL).

Tributos incidentes sobre o faturamento

Programa de Integração Social (PIS) e Contribuição para


Financiamento da Seguridade Social (Cofins)
O PIS é destinado a promover a integração do empregado na vida e no de-
senvolvimento das empresas (Lei Complementar nº 7/1970) (BRASIL, 1970) e a
Cofins é destinada exclusivamente às despesas com atividades-fim das áreas
de saúde, previdência e assistência social (Lei Complementar nº 70/1991)
(BRASIL, 1991).
A alíquota do PIS e da Cofins incide sobre o faturamento mensal, ou seja,
a receita bruta das vendas de mercadorias e de serviços (Lei complementar
nº 70/1991) (BRASIL, 1991).
Há dois sistemas de apuração das contribuições do PIS e da Cofins — uma
é cumulativa (para os contribuintes optantes pelo Lucro Presumido) e outra
é não cumulativa (empresa optante pelo Lucro Real, com algumas exceções)
(Quadro 2).
Tributação das empresas rurais: faturamento e lucro 5

Quadro 2. Apuração do PIS e da Cofins pelo regime cumulativo versus não


cumulativo

Regime cumulativo Regime não cumulativo

A base de cálculo compreende o total A base de cálculo compreende o total


do faturamento (receita bruta) do faturamento (receita bruta)

Não é permitido o aproveitamento Permite o desconto de créditos


de créditos nas aquisições para apurados com base em custos,
abatimento do débito gerado despesas e encargos da pessoa
jurídica para abatimento de débitos
gerados

A alíquota nesse regime é de 0,65% A alíquota nesse regime é de 1,65%


para PIS e de 3% para Cofins para PIS e 7,6% para Cofins

A legislação prevê algumas isenções para a atividade rural, sendo necessário


sempre acompanhar as disposições legais, que podem ser revogadas a qual-
quer momento. A seguir, confira alguns casos em que o pagamento do PIS e
da Cofins vigora isento.

„„ Venda de grãos in natura, como arroz, trigo, milho e outros — o compra-


dor apura seus impostos pelo Lucro Real e utiliza o grão como insumo
destinado à alimentação humana ou animal.
„„ Operações de venda de soja, conforme a Lei nº 12.865, de 09 de ou-
tubro de 2013 (BRASIL, 2013), em que as condições impostas pela Lei
nº 10.925/04 (BRASIL, 2004), nos artigos 8º e 9º, foram extintas. Dessa
forma, em todas as vendas de soja praticada por pessoas jurídicas
tributadas pelo Lucro Presumido, independentemente de quem seja
o adquirente, haverá suspensão.
„„ Vendas destinadas de forma direta ou indireta à exportação, o que
implica na imunidade ou isenção no pagamento de PIS e Cofins em tais
operações, seja no regime cumulativo ou não cumulativo.
6 Tributação das empresas rurais: faturamento e lucro

Comparativo da apuração do PIS e da Cofins nos regimes cumulativo


e não cumulativo.

Regime não
Regime cumulativo cumulativo

Base de cálculo Receita bruta mensal Receita bruta mensal (-)


créditos

Alíquota PIS 0,65% 1,65%

Alíquota Cofins 3,00% 7,60%

Considerando os seguintes valores:


„„ receita bruta mensal R$ 85.500,00;
„„ insumos adquiridos, com pagamento de R$ 907,50 PIS e R$ 4.180,00 Cofins.
Regime cumulativo:
„„ base de cálculo = R$ 85.500,00;
„„ PIS = R$ 85.500,00 x 0,65% = R$ 555.75;
„„ Cofins = R$ 85.500,00 x 3,00% = R$ 2.565,00;
Regime não cumulativo:
„„ base de cálculo = R$ 85.500,00;
„„ crédito PIS sobre insumos R$ 907,50;
„„ crédito Cofins sobre insumos R$ 4.180,00.
„„ PIS = R$ 33.000,00 x 1,65% = R$ 1.402,50;
„„ PIS = R$ 1.402,50 – R$ 907,50 = R$ 495,00;
„„ Cofins = R$ 33.000,00 x 7,60% = R$ 6.460,00;
„„ Cofins = R$ 6.460,00 – R$ 4.180,00 = R$ 2.280,00.

Imposto no Simples Nacional


A base de cálculo do Simples Nacional é a receita bruta da empresa, e a alí-
quota varia de acordo com o faturamento acumulado dos últimos 12 meses
e a categoria de operação. Cada modalidade conta com tributos diferentes
conforme disposto pela Lei Complementar nº 123/2006 (BRASIL, 2006).
A pessoa jurídica produtora rural que optar pelo Simples Nacional deve
apurar o valor devido mensalmente determinado, mediante aplicação da
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alíquota efetiva, calculada a partir das alíquotas nominais constantes da


tabela do Anexo I da Lei Complementar nº 123/2006 (BRASIL, 2006), alterada
pela Lei Complementar nº 155/2016 (BRASIL, 2016) sobre a base de cálculo,
observando-se que devem ser segregadas as receitas brutas auferidas no
mercado interno, e aquelas decorrentes da exportação.
As empresas rurais optantes do Simples Nacional devem utilizar o Anexo
I – Comércio da Lei Complementar nº 123/2006 (BRASIL, 2006) para apuração
do valor a ser pago mensalmente, via Documento de Arrecadação do Simples
Nacional (DAS) (Quadro 3).

Quadro 3. Alíquotas e partilha do Simples Nacional, disposto no Anexo I da


Lei Complementar nº 123/2006

Valor a deduzir Receita bruta em 12


Faixa Alíquota (em R$) meses (em R$)

1ª Faixa 4,00% – Até 180.000,00

2ª Faixa 7,30% 5.940,00 De 180.000,01 a 360.000,00

3ª Faixa 9,50% 13.860,00 De 360.000,01 a 720.000,00

4ª Faixa 10,70% 22.500,00 De 720.000,01 a 1.800.000,00

5ª Faixa 14,30% 87.300,00 De 1.800.000,01 a 3.600.000,00

6ª Faixa 19,00% 378.000,00 De 3.600.000,01 a 4.800.000,00

Fonte: Adaptado de Brasil (2006).

Por se tratar de um imposto simplificado, o Simples Nacional engloba os


seguintes tributos: IRPJ, CSLL, PIS, Cofins, CPP, IPI e ICMS. Conheça a seguir,
no Quadro 5, os percentuais de cada tributo por faixa de apuração do Simples
Nacional — Tabela Comércio.
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Quadro 4. Percentual de repartição dos tributos do Simples Nacional Anexo I da Lei Complementar nº 123/2006

Faixas Percentual de repartição dos tributos

IRPJ CSLL Cofins PIS/Pasep CPP IPI ICMS

1ª faixa 5,50% 3,50% 11,51% 2,49% 37,50% 7,50% 32,00%

2ª faixa 5,50% 3,50% 11,51% 2,49% 37,50% 7,50% 32,00%

3ª faixa 5,50% 3,50% 11,51% 2,49% 37,50% 7,50% 32,00%

4ª faixa 5,50% 3,50% 11,51% 2,49% 37,50% 7,50% 32,00%


Tributação das empresas rurais: faturamento e lucro

5ª faixa 5,50% 3,50% 11,51% 2,49% 37,50% 7,50% 32,00%

6ª faixa 8,50% 7,50% 20,96% 4,54% 23,50% 35,00% -

Fonte: Adaptado de Brasil (2006).


Tributação das empresas rurais: faturamento e lucro 9

Tributos incidentes sobre o valor agregado

Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de


Mercadorias e Sobre Prestações de Serviços (ICMS)
O ICMS é um imposto estadual cobrado na circulação de mercadorias e  sobre
Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de
Comunicação, sobre a receita bruta da empresa em sua atividade, com as
deduções autorizadas pela legislação específica (Lei Complementar nº 87, de
13 de setembro de 1996) (BRASIL, 1996).
Antes do início de suas atividades, a empresa rural que pretenda habitual-
mente realizar operações relativas à circulação de mercadorias deve inscrever-
-se no Cadastro de Contribuinte do ICMS do seu Estado. Para a apuração do
ICMS, deve-se verificar a alíquota de cada mercadoria individualmente, pois
cada produto pode ter uma alíquota diferente, além de base de cálculo redu-
zida e/ou isenta. Cada Estado e o Distrito Federal podem instituir alíquotas
e benefícios fiscais diferenciados.
Dessa forma, sendo o ICMS de competência estadual, conforme determi-
nado pela Constituição Federal de 1988 (BRASIL, [2016]), artigo 155, inciso ii,
cabe ao contribuinte consultar o Regulamento do ICMS do seu estado.
Conforme a cartilha Questões Tributárias da Agroindústria Familiar:

A regra geral é de que as operações com produtos de produção própria efetuadas


pelos produtores rurais não enquadrados como microprodutores rurais e destinadas
a contribuintes desse Estado que utilizarão esses produtos na comercialização
e/ou industrialização estão ao abrigo do diferimento do pagamento do imposto,
desde que o destinatário emita a respectiva contranota. Logo, não há recolhimento
do imposto nessa etapa (RIO GRANDE DO SUL, 2018, p. 35).
[...].
A contranota é o documento de liquidação da operação. O produtor é o con-
tribuinte do imposto. No momento em que ele vende para outro contribuinte
dentro do Estado (por exemplo, uma vinícola, um supermercado, etc.) ele passa
a responsabilidade pelo recolhimento do imposto para esse outro contribuinte
(diferimento). A contranota funciona como comprovante desse diferimento (RIO
GRANDE DO SUL, 2018, p. 38).

Caso as operações destinem os produtos a outros destinatários ou a


pessoas físicas ou jurídicas que se constituam em consumidores finais dos
produtos ou, ainda, para qualquer estabelecimento localizado fora do Estado
do Rio Grande do Sul, o imposto deverá ser recolhido, desde que não haja
alguma isenção específica para o produto (RIO GRANDE DO SUL, 2018).
10 Tributação das empresas rurais: faturamento e lucro

Via de regra, as alíquotas interestaduais do ICMS são as seguintes RICMS,


Livro I, Art. 12 (DOMÍNIO, 2019, documento on-line):

„„ 12% quando o destinatário estiver localizado nos Estados de MG, PR,


RJ, SC e SP.
„„ 7% quando o destinatário estiver localizado nas regiões Norte, Nordeste
e Centro-Oeste e no Estado do ES.

A empresa Tenda Verde, localizada no Estado do Rio Grande do Sul,


fez uma saída de produtos coloniais (mel, geleia e doces), no total
de R$ 56.000,00 para a Feira de Produtos Naturais, realizada em Santa Catarina,
onde pretende comercializar seus produtos.
Considerando que os produtos não contam com isenção e a alíquota inte-
restadual é 12%, o valor do ICMS devido é R$ 7.800,00.
Cálculo: R$ 56.000,00 x 12% = 56.000,00

Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI)


O IPI incide sobre produtos industrializados, nacionais e estrangeiros e suas
disposições estão regulamentadas pelo Decreto nº 7.212/2010 (BRASIL, 2010).
O produtor rural só pagará IPI se, concomitantemente, desenvolver atividades
industriais.
Produto industrializado é o resultante de qualquer operação que modifique
a natureza, o funcionamento, o acabamento, a apresentação ou a finalidade
do produto ou o aperfeiçoe para consumo.
Se a empresa rural, concomitantemente, industrializar e comercializar
seus produtos, terá que destacar na venda o valor do IPI. Tomando como
exemplo a legislação paulista, o RICMS/SP dispõe que é considerado industrial
o estabelecimento rural (SÃO PAULO, 2021):

„„ cujo titular for pessoa jurídica;


„„ que estiver autorizado pelo fisco à observância das disposições a que
se sujeitarem os estabelecimentos de comerciantes ou de industriais;
„„ que industrializar a sua própria produção.
Tributação das empresas rurais: faturamento e lucro 11

Um estabelecimento rural com atividade de horticultura, localizado


no estado de São Paulo, realizou a consulta tributária nº 6349/2015 à
Secretaria da Fazenda (SEFAZ/SP), relatando que gostaria de embalar e identificar
seus produtos e, em alguns casos, lavá-los e cortá-los, deixando-os pronto para
consumo, mesmo não vendendo direto ao consumidor final. O estabelecimento
indagou se tais atividades seriam consideradas como industriais.
A SEFAZ/SP interpretou que os produtos hortícolas que serão destinados a
corte e processamento passarão pelo processo de industrialização na moda-
lidade de beneficiamento. Da mesma forma, as embalagens que o estabeleci-
mento pretende utilizar não se caracterizam como um mero acondicionamento
rudimentar, com o intuito de somente facilitar o transporte da mercadoria,
nem fica evidenciado que, para ser comercializado, o produto hortícola natural
dependeria necessariamente de acondicionamento em embalagem. Pelo relato,
há embalagem do produto hortícola em “embalagens de apresentação” (que
agregam valor ao produto pela aposição da identificação), de modo que fica
evidenciado que haverá, também, industrialização na modalidade de acondi-
cionamento (SÃO PAULO, 2016).

Contribuição Patronal Previdenciária (CPP) e Fundo


de Assistência ao Trabalhador Rural (Funrural)
A CPP é uma arrecadação federal vinculada ao INSS e, consequentemente, ao
Ministério do Trabalho e Previdência Social. O objetivo da CPP é contribuir para
a manutenção do Regime Geral da Previdência Social. Em regra, a contribuição
incide sobre a folha de pagamento, porém, alguns contribuintes podem estar
sujeitos à incidência da contribuição previdenciária sobre a receita bruta,
como é o caso das agroindústrias (Lei nº 12.546/2011) (BRASIL, 2011).
Atualmente, o produtor rural pode escolher a entre duas formas de re-
colhimento da contribuição previdenciária: pelo Funrural, que tem a base de
cálculo a receita bruta, ou pela folha de pagamento (Quadro 4).
12 Tributação das empresas rurais: faturamento e lucro

Quadro 4. Alíquota incidente sobre a opção receita bruta e sobre a folha


de pagamento

Opções (base de cálculo) INSS RAT SENAR % total

Receita bruta 1,70% 0,10% 0,25% 2,05%

Folha de pagamento 20,00% 3,00% 2,5% 25,50%

Para definir de que modo recolherão, os produtores rurais devem consi-


derar um cálculo comparativo das duas opções, de modo a verificar qual é
a melhor. A opção é irretratável para o ano-calendário e deve ocorrer antes
da primeira comercialização de cada ano.

Cálculo do recolhimento da contribuição patronal previdenciária


„„ Despesa da folha de pagamento: R$ 54.000,00
„„ Faturamento anual: R$ 850.000,00
„„ Opção 1: recolhimento sobre a folha de pagamento (alíquota 25,5%)

R$ 54.000,00 x 25,5% = R$ 13.770,00

„„ Opção 2: recolhimento sobre o faturamento (alíquota 2.05%)

R$ 850.000,00 x 2.05% = R$ 17.425,00

O Funrural é um fundo rural voltado para contribuição social. O


recolhimento dessa contribuição social pode ser feito por diferentes
pessoas: empregado rural, produtor rural pessoa física e produtor rural pessoa
jurídica (Lei nº 8.212/1991) (BRASIL, 1991).
Tributação das empresas rurais: faturamento e lucro 13

Tributos incidentes sobre o lucro

Imposto de Renda para a Pessoa Jurídica (IRPJ)


O IRPJ é um tributo que incide sobre a renda da empresa, sendo de competência
da União. Com o objetivo de impulsionar a economia nacional, é utilizado para
financiar projetos públicos e fomentar o desenvolvimento social.
A Lei nº 5.172/1966 (BRASIL, 1966) estabelece que a base de cálculo do
IRPJ é o montante, real, arbitrado ou presumido, da renda ou dos proventos
tributáveis. Sua apuração pode ser mensal, trimestral ou anual e sua base
de cálculo pode variar dependendo do regime tributário.
A alíquota do IRPJ para as empresas rurais é de 15%, podendo ter a base
de cálculo sobre:

„„ lucro líquido, para as optantes do regime do Lucro Real;


„„ presunção do lucro de 8% sobre a receita bruta (equiparadas a comércio
ou indústria), para as optantes do regime do Lucro Presumido.

Indiferente da tributação pelo Lucro Presumido ou Lucro Real, o IRPJ terá


adicional de 10% sobre a parcela do lucro que exceder R$ 20.000,00 por mês.

Contribuição Social sobre o Lucro (CSSL)


A CSLL é de competência da União e, assim como o imposto de renda, incide
sobre o lucro do exercício e sua base é o resultado apurado no período. Seu
objetivo é financiar a seguridade social no Brasil, ou seja, busca proteger os ci-
dadãos que precisem de aposentadoria, auxílio-doença e seguro-desemprego.
A alíquota do IRPJ para as empresas rurais é de 9% e pode ter a base de
cálculo sobre:

„„ lucro líquido, para as optantes do regime do Lucro Real;


„„ presunção do lucro de 12% sobre a receita bruta, para as optantes do
regime do Lucro Presumido.

Regimes tributários aplicados às empresas


rurais
O sistema tributário brasileiro permite que a empresa opte pelo enquadra-
mento mais vantajoso desde que atenda os requisitos impostos em lei. Para
14 Tributação das empresas rurais: faturamento e lucro

a empresa rural, assim como as demais empresas gerais, a tributação se dá


nas opções de Lucro Real, Lucro Presumido e Simples Nacional (MARTINS;
KAPP JUNIOR, 2019).

Simples Nacional
O Simples Nacional é um regime tributário diferenciado e simplificado para
cálculo e recolhimento de impostos e contribuições devidos pelas microem-
presas (ME) e empresas de pequeno porte (EPP), previsto na Lei Complementar
nº 123/2006 (BRASIL, 2006).
O porte de uma empresa pode ser definido com base no faturamento anual.
De acordo com a legislação, entende-se como ME o empreendimento que tem
receita bruta inferior ou igual a R$ 360.000,00, e EPP com faturamento anual
superior a R$ 360.000,00 e igual ou inferior a R$ 4.800.000,00. As pessoas
jurídicas com atividade rural nas condições mencionadas poderão optar pela
tributação no Simples Nacional.
As empresas rurais optantes do Simples Nacional devem utilizar o Anexo
I – Comércio da Lei Complementar nº 123/2006 (BRASIL, 2006) para apuração
do valor a ser pago mensalmente via DAS.
O passo a passo do cálculo do Simples Nacional é o seguinte:

1. faturamento acumulado x alíquota = resultado;


2. resultado - dedução = valor provisório;
3. valor provisório/faturamento acumulado x 100 = alíquota efetiva;
4. faturamento do mês x alíquota efetiva = simples a pagar.

A empresa Produtos da Terra optou por apurar seus tributos pelo


regime do Simples Nacional. Considerando que desenvolve ativida-
des de comércio, a empresa está sujeita ao Anexo I da Lei Complementar nº
123/2006 (BRASIL, 2006). Para calcular o tributo devido, é necessário conhecer o
faturamento acumulado dos últimos 12 meses para enquadrá-la na faixa correta
da tabela do Simples Nacional e calcular a alíquota efetiva.
Veja a seguir, o cálculo do Simples devido.
„„ Faturamento dos últimos doze meses: R$ 252.750,00.
„„ 2ª faixa da tabela do Simples Nacional: alíquota de 7,30% com dedução de
R$ 5.940,00.
„„ Faturamento do mês: R$ 25.000,000.
Tributação das empresas rurais: faturamento e lucro 15

A seguir, confira a apuração do Simples Nacional.


„„ Faturamento acumulado x alíquota = resultado.
„„ R$ 252.750,00 x 7,30% = R$ 18.450,75
„„ Resultado – dedução = valor provisório
„„ R$ 18.450,75 – R$ 5.940,00 = R$ 12.510,75
„„ Valor provisório/faturamento acumulado x 100 = alíquota efetiva
„„ R$ 12.510,75/R$ 252.750,00 x 100 = 4,95%
„„ Faturamento do mês x alíquota efetiva = simples a pagar
„„ (d) R$ 25.000,00 x 4,95% = R$ 1.237,46
„„ Valor da DAS = R$ 1.237,46 (vencimento no dia 20 do mês seguinte da data
de apuração).

Lucro Presumido
O Lucro Presumido constitui um regime presuntivo, simplificado para deter-
minação da base de cálculo do IRPJ e da CSLL (CREPALDI, 2019). Denomina-se
Lucro Presumido por não se tratar do lucro contábil efetivo, mas uma mera
aproximação fiscal (MARTINS; KAPP JUNIOR, 2019).
A opção por esse regime de tributação deverá ser manifestada com o
pagamento da primeira quota do imposto devido de cada ano-calendário. A
saída do sistema de tributação pelo Lucro Presumido pode ocorrer anualmente
por opção ou, obrigatoriamente, quando a pessoa jurídica deixar de se en-
quadrar nas condições para permanecer no sistema (Instrução normativa
SRF N. 1700/2017) (BRASIL, 2017).

Somente podem optar pelo Lucro Presumido as pessoas jurídicas


não obrigadas à apuração do Lucro Real, ou seja, aquelas com receita
bruta anual de até R$ 78.000.000,00 (Lei 12.814/2013, Art. 7º) (BRASIL, 2013).

A apuração do IRPJ e do CSLL no Regime Presumido deve ser obrigatoria-


mente trimestral e pode ser dividida em até três quotas mensais, iguais e
sucessivas, vencíveis no último dia útil dos três meses subsequentes ao de
encerramento do período de apuração a que corresponder (Lei 9.430/1996)
(BRASIL, 1996).
16 Tributação das empresas rurais: faturamento e lucro

Lucro Real
O Lucro Real é uma das formas de tributação mais complexa do regime tribu-
tário, tendo como base de cálculo o lucro contábil do período de apuração,
acrescido de ajustes amparados pela legislação fiscal, que podem ser tanto
positivos como negativos, como se mostra a seguir:

„„ (+) ajustes fiscais positivos (adições);


„„ (-) ajustes fiscais negativos (exclusões);
„„ (=) lucro ou prejuízo do período.

A legislação permite que qualquer empresa opte por esse regime de


tributação.
A apuração do IRPJ e do CSLL no Lucro Real pode ser trimestral ou anual,
por estimativa mensal; neste caso, o período de apuração encerra-se em 31
de dezembro do respectivo ano-calendário (MARION, 2019).
Na forma anual, a empresa calcula mensalmente os tributos, fazendo
sua antecipação, tendo como base o lucro mensal, em que são aplicadas
as alíquotas determinadas pela legislação, conforme o enquadramento das
atividades. Já na forma trimestral, a apuração dos tributos é feita ao final de
cada trimestre, não havendo a antecipação mensal, e sua base de cálculo é o
lucro trimestral da empresa, o qual se aplica às alíquotas correspondentes
a sua modalidade de atividade.
No Quadro 5, confira as vantagens e desvantagem dos regimes de Lucro
Real e de Lucro Presumido.
Tributação das empresas rurais: faturamento e lucro 17

Quadro 5. Vantagens e desvantagem do Regime do Lucro Real e do Lucro


Presumido

Lucro real Lucro presumido

„„ Compensação de prejuízos „„ Regime tributário


fiscais simplificado
„„ Aproveita créditos do PIS e „„ Menores alíquotas no PIS e
Vantagens da Cofins na Cofins
„„ Considera o lucro real, „„ Vantagem da presunção
bom para empresas com para empresas com
custo da operação alto. margem de lucro alto

„„ Regime tributário „„ Não há compensação de


simplificado créditos de PIS e da Cofins
„„ Menores alíquotas no PIS e „„ Se houver redução da
Desvantagens na Cofins lucratividade da empresa
„„ Vantagem da presunção no decorrer do ano, não é
para empresas com possível ajustar a base de
margem de lucro alto cálculo

O regulamento do imposto de renda prevê o regime do lucro arbi-


trado. O arbitramento de lucro é aplicável pela autoridade tributária
quando a pessoa jurídica deixar de cumprir as obrigações acessórias relativas
à determinação do lucro real ou presumido.

Apuração de imposto sobre o resultado


Nesta seção, serão demonstradas as apurações do IRPJ e CSLL pelo Lucro
Presumido e pelo Lucro Real.

Regime Presumido
Para determinação do Lucro Presumido, as empresas rurais devem aplicar
sobre a receita bruta do trimestre o percentual de 8%, resultando, dessa
forma, na base de cálculo do Lucro Presumido. Sobre essa base de cálculo,
será aplicada a alíquota de 15% de imposto de renda, além do adicional de
10% para a parcela que exceder R$ 20.000,00 de Lucro Presumido por mês
(ou seja, R$ 60.000,00 por trimestre).
18 Tributação das empresas rurais: faturamento e lucro

Deverão ser acrescidos à parcela os ganhos de capital os rendimentos


e ganhos líquidos auferidos em aplicações financeiras, as demais receitas
e os resultados positivos não abrangidos na receita bruta (MARION, 2019).
Em relação à contribuição social, a base de cálculo é a presunção de 12%
sobre a receita bruta e a alíquota é de 9%.

Cálculo dos tributos no Lucro Presumido

1º trimestre de 202X IRPJ CSLL

Receita bruta (RB) R$ 156.300,00 R$ 156.300,00

Base de cálculo Presunção de 8% RB Presunção de 12% RB


Valor da base de cálculo R$ 12.504,00 R$ 18.756,00

Alíquota 15% 9%

Valor a recolher R$ 1.875,60 R$ 1.688,04

2º trimestre
de 202X IRPJ CSLL

Receita bruta R$ 258.100,00 R$ 258.100,00


(RB)

Receita R$ 35.000,00 R$ 35.000,00


financeira (RF)

Base de Presunção de 8% RB + RF Presunção de 12% RB + RF


cálculo R$ 20.648,00 + R$ 35.000,00* R$ 30.972,00 + R$ 35.000,00**
Valor da base
de cálculo

Alíquota 15% 9%

Valor a R$ 8.347,20 R$ 5.937,48


recolher

No caso de haver valor de receita financeira, o valor é integralmente adicio-


nado à base de cálculo. Ou seja, a base de cálculo é a presunção do faturamento
+ a receita financeira.
* Base de cálculo do IRPJ = (258.100,00 x 8%) + R$ 35.000,00 = 55.648,88
** Base de cálculo da CSLL = (258.100,00 x 12%) + R$ 35.000,00 = 65.972,00
Tributação das empresas rurais: faturamento e lucro 19

Regime Real
“O lucro real é o lucro líquido do período de apuração ajustado pelas adi-
ções, exclusões ou compensações prescritas ou autorizadas” (BRASIL, 2018,
documento on-line) pela legislação do imposto de renda.
 As adições têm por objetivo evitar que seja computada na base de cálculo
do tributo uma despesa que afetou o lucro líquido, mas que a legislação
tributária considera irredutível e que não deve, portanto, influir no valor do
lucro real (ALCÂNTARA, 2005).
Já o objetivo da exclusão é o de não computar na base de cálculo do
imposto receitas que aumentaram o lucro líquido da pessoa jurídica, mas
que a legislação do imposto considera não tributado em razão de já terem
sido tributadas em outra oportunidade (CREPALDI, 2019).
Todos os ajustes do lucro devem ser registrados no Livro Eletrônico de
Apuração do Lucro Real (e-Lalur) e do Livro Eletrônico de Apuração da Base
de Cálculo da CSLL (e-Lacs), e a escrituração fiscal deverá ser entregue em
meio digital ao Sistema Público de Escrituração Digital (SPED).
Os incentivos fiscais admitidos às pessoas rurais que optam pelo Lucro
Real são:

„„ os bens do ativo imobilizado (máquinas e implementos agrícolas,


veículos de cargas e utilitários rurais, reprodutores e matrizes, etc.),
exceto a terra nua, quando destinados à produção, podem ser depre-
ciados, integralmente, no próprio ano-calendário de aquisição;
„„ compensação dos prejuízos fiscais e das bases de cálculo negativas da
CSLL decorrentes da atividade rural com o lucro da mesma atividade
— não se aplica o limite de 30% de que tratam os artigos 15 e 16 da Lei
nº 9.065, de 1995 (BRASIL, 1995).

O cálculo do imposto de renda devido pelas empresas rurais deve ser


efetuado de acordo com os critérios aplicáveis às pessoas jurídicas em geral,
cuja alíquota básica é de 15%. Destaca-se que estão sujeitas ao adicional
de 10% sobre a parcela do lucro que ultrapassar o limite de R$ 20.000,00
para cada mês abrangido no período de apuração. Os impostos deverão ser
apurados por trimestre ou anualmente (MARION, 2019).
20 Tributação das empresas rurais: faturamento e lucro

Exemplo: apuração do IRPJ e CSLL no Lucro Real


Considere que a Empresa Alfa Agro Ltda. apresentou o seguinte demonstrativo
de resultado do exercício e que a apuração e recolhimento dos tributos é anual.

Receita bruta 2.300.000,00

Dedução de receitas

(-) Impostos (PIS, Cofins, ICMS) –115.000,00

(-) Devoluções –30.000,00

= Lucro bruto 2.155.000,00

(-) Custo das mercadorias vendidas –1.015.000,00

(-) Despesas operacionais –685.750,00

(+) Receitas de aplicação financeiras 28.413,00

= Resultado antes do IRPJ e CSLL 482.663,00

(-) Contribuição social sobre o lucro ?

(-) Imposto de renda pessoa jurídica ?

Lucro líquido do exercício ?

Antes do cálculo do IRPJ e CSLL, é necessário consultar a contabilidade e


verificar os ajustes necessários para obtenção do lucro tributável. Considere
os seguintes ajustes:

„„ adição: despesas não dedutíveis R$ 101.475,00;


„„ deduções: depreciação acelerada incentivada R$ 196.000,00;
„„ prejuízos acumulados de exercícios anteriores R$ 250.250,00.
Tributação das empresas rurais: faturamento e lucro 21

Cálculo IRPJ

Lucro líquido 482.663,00

(+) Despesas não dedutíveis 101.475,00

(-) Depreciação acelerada incentivada –196.000,00

(=) Lucro real antes da compensação de prejuízos fiscais 388.138,00

(-) Compensação de Prejuízos de exercícios anteriores –250.250,00

Base de cálculo do IRPJ 137.888,00*

Alíquota 15%

IRPJ 20.683,20

Observação: se a base de cálculo do IRPJ fosse acima de R$ 240.000,00,


a diferença maior seria tributada na alíquota de 10% (IRPJ adicional).

Cálculo CSLL

(-) Depreciação acelerada incentivada –196.000,00

(=) Lucro real antes da compensação de prejuízos fiscais 388.138,00

(-) Compensação de prejuízos de exercícios anteriores –250.250,00

Base de cálculo da CSLL 137.888,00

Alíquota 9%

CSLL 12.409,92

Apuração dos tributos


Vejamos o comparativo da apuração dos tributos IRPJ e CSLL nos regimes de
Lucro Presumido e de Lucro Real com apuração trimestral, considerando os
seguintes dados da empresa:

„„ faturamento trimestral: R$ 320.000,00;


„„ lucro tributável: R$ 84.000,00.
22 Tributação das empresas rurais: faturamento e lucro

Lucro presumido IRPJ CSLL

Faturamento R$ 320.000,00 R$ 320.000,00

Base de cálculo Presunção 8% Presunção 12%

Base de cálculo (valor)* R$ 25.600,00 R$ 38.400,00

Alíquota 15% 9%

Valor do tributo R$ 3.840,00 R$ 3.456,00

*A base de cálculo é o faturamento somado ao percentual de presunção.

Lucro real IRPJ IRPJ adicional CSLL

Lucro tributável R$ 84.000,00 R$ 84.000,00 R$ 84.000,00

Base de cálculo* R$ 84.000,00 R$ 24.000,00 R$ 84.000,00

Alíquota 15% 10% 9%

Valor do tributo R$ 12.600,00 R$ 2.400,00 R$ 7.560,00

* A base de cálculo do IRPJ Adicional corresponde ao valor da base de cálculo


do IRPJ que excedeu R$ 60.000,00, ou seja, R$ 24.000,00 (R$ 84.000,00 – R$
60.000,00).

Referências
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atividade rural. FiscoSoft, 2005. Disponível em: http://www.fiscosoft.com.br/main_on-
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24 Tributação das empresas rurais: faturamento e lucro

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Leitura recomendada
SÃO PAULO (Estado). Secretaria da Fazenda e Planejamento. Resposta à consulta
tributária 6349/2015, de 4 de janeiro de 2016. Secretaria da Fazenda e Planejamento,
2016. Disponível em: https://legislacao.fazenda.sp.gov.br/Paginas/RC6349_2015.aspx.
Acesso em: 3 fev. 2021.
Tributação das empresas rurais: faturamento e lucro 25

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