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Apostila

Gestão Financeira

Elaborado por: José Rodarte

 
 

Sumário

1. ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA .............................................................................................2


2. CONTABILIDADE GERENCIAL ...............................................................................................7
3. CONSTRUINDO UM BALANÇO ...............................................................................................9
3.1 BALANÇO PATRIMONIAL ..................................................................................................... 9
3.2 DEMONSTRATIVO DE RESULTADOS DE EXERCÍCIO. ....................................................10
3.3 ATIVIDADE DE FIXAÇÃO 1 ................................................................................................. 11
3.4 ATIVIDADE AVALIATIVA 1 – CONSTRUINDO UM BALANÇO (15 PONTOS) ..................15
4 ANÁLISE COM BASE EM ÍNDICES FINANCEIROS ..............................................................16
4.1 ÍNDICES DE LIQUIDEZ .........................................................................................................17
4.2 ÍNDICES DE ATIVIDADE OU ROTAÇÃO ............................................................................17
4.3 ÍNDICES DE ENDIVIDAMENTO ...........................................................................................18
4.4 ÍNDICES DE RENTABILIDADE ............................................................................................19
4.5 ÍNDICES DE VALOR DE MERCADO ...................................................................................20
5 ALAVANCAGEM E PONTO DE EQUILÍBRIO ........................................................................22
5.1 ALAVANCAGEM OPERACIONAL .......................................................................................23
5.1.1 ANÁLISE DO PONTO DE EQUILÍBRIO (BREAK-EVEN-POINT) .....................................23
5.2 ATIVIDADE PRÁTICA: .........................................................................................................27
6 PLANEJAMENTO FINANCEIRO DE CURTO PRAZO ...........................................................31
6.1 EVOLUÇÃO DO CAIXA E DO CGL ......................................................................................31
6.2 CICLO OPERACIONAL ........................................................................................................32
6.3 CICLO DE CAIXA ..................................................................................................................33
6.4 ATIVIDADE AVALIATIVA 2 – CICLO OPERACIONAL, CAIXA E NICG (15 PONTOS) .....35
7. NOÇÕES BÁSICAS DE MATEMÁTICA FINANCEIRA ..........................................................38
7.1 VALOR DO DINHEIRO NO TEMPO .....................................................................................43
7.1.1 JUROS SIMPLES ..............................................................................................................44
7.1.2 JUROS COMPOSTOS ......................................................................................................48
7.1.3 VALOR FUTURO (VF) ......................................................................................................50
7.1.4 VALOR PRESENTE (VP) .................................................................................................. 51
7.1.5 TAXAS PROPORCIONAIS ...............................................................................................52
7.1.6 TAXAS EQUIVALENTES .................................................................................................. 52
ANEXO 1 – ARTIGO ......................................................................................................................69

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1. ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA

A Administração Financeira constitui-se como uma das importantes áreas de qualquer


organização, tanto aquelas que possuem o lucro como objetivo, quanto aquelas sem fins
lucrativos.

Alguns dados e estudos apresentados por entidades como IBGE e SEBRAE apontam um
grande índice de empresas que encerram suas atividades antes mesmo de completar 5
anos. Um dos motivos apontados para agravar esse resultado é a falta de conhecimento
ou implementação de um planejamento financeiro.

Abaixo segue parte de um texto publicado no XII Semead/2009, cujo os autores Corrêa,
A. C. C., Matias, A. B. e Vicente, E. F. R. retratam o cenário de gestão empresarial do
Brasil, no qual demonstram um certo amadorismo do micro e pequeno empreendedor.

“ Os pequenos e médios empreendimentos respondem por 40% do PIB brasileiro, sendo


que 99,8% dos estabelecimentos industriais, comerciais e de prestação de serviço são
PME’s (pequenas e médias empresas). Além disso, essas empresas respondem por 80%
das vendas comerciais, 56% da produção industrial, 71% da receita de prestação de
serviços, 84% da força de trabalho e 71% da massa de salários do país. Só por estes
dados percebe-se a importância das pequenas empresas no desenvolvimento econômico
e social do país (MATIAS e LOPES JÚNIOR, 2002).

Como se pode perceber, há pouca profissionalização e qualificação gerencial neste tipo


de empresa, o que gera como uma de suas conseqüências a alta taxa de mortalidade de
micro e pequenas empresas no Brasil.

De acordo com o Sebrae (FATORES, 2004), as taxas de mortalidade nacional são as


seguintes:

• 49,4% para as empresas com até 2 anos de existência;


• 56,4% para as empresas com até 3 anos de existência;
• 59,9% para as empresas com até 4 anos de existência.

Assim, uma das formas de diminuir a alta taxa de mortalidade destas empresas, que
possuem grande relevância no âmbito econômico e social nacional, seria a realização da
análise financeira por parte das mesmas, que normalmente não é feita, como cita
Timmins et al (1979).

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Segundo Matias e Lopes Júnior (2002), a má administração causa grande parte dos
fracassos nas pequenas empresas. Em relação à administração, pode-se dizer que a
administração financeira é a área na qual ocorre o insucesso das pequenas empresas.
Isto pode ser afirmado porque todas as áreas da empresa, como marketing, produção e
recursos humanos estão intimamente ligadas com finanças, pois, sem capital que atenda
às necessidades da empresa, seja para financiar seu crescimento, seja para atender às
operações do dia-a-dia, não se pode desenvolver e testar novos produtos, criar ações de
marketing, comprar matéria-prima, manter a estrutura atual ou crescer.

De acordo com Patrone e duBois (1981), na maioria dos casos de pequenas empresas,
falta conhecimento da área financeira para os gestores. Além disso, eles possuem
resistência neste aprendizado. Como citado por estes mesmos autores, é comum ouvir o
seguinte comentário: “Eu não preciso saber sobre análise financeira de índices – Eu
deixo isto para meu contador”. Porém, este conhecimento poderia ser exatamente o que
faria diferença no aumento da probabilidade de sucesso das micro e pequenas
empresas.

A administração financeira possui diversos instrumentos de gestão que visam planejar,


operacionalizar e controlar qualquer tipo de organização empresarial. Os instrumentos
são estratégicos quando possuem visão de médio e longo prazos, mas também podem
ser operacionais para uma visão de curto prazo.

Estratégico •  Plano Financeiro de Longo Prazo

Operacional •  Plano Financeiro de Curto Prazo

Em finanças, basicamente, a administração de longo prazo é dividida em duas


importantes decisões:

INVESTIMENTO FINANCIAMENTO

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Ressalta-se que está atribuído a todo gestor financeiro de uma empresa, aumentar a
riqueza dos seus proprietários, ou seja, dos investidores que resolveram incorrer em
riscos.

Portanto, o administrador deverá decidir sobre a viabilidade de alguns investimentos


como expansão, abertura de novos mercados, lançamento de novos produtos, entre
outros. Diante disso, percebe-se que para crescer, será necessário investir, o que exigirá
financiamentos.

Financiamento
Investimento de de Longo
Longo Prazo?
Prazo?

DECISÃO

Todo gestor financeiro precisa ficar atento à essas duas demandas. Sobre a decisão de
investimento ele deve se atentar para o custo de capital (K), a estrutura de capital ideal,
as fontes de financiamento e os gastos de capital com expansão, substituição e
renovação.

Já para a decisão sobre financiamento de longo prazo, e preciso atentar-se para o valor
do dinheiro no tempo e a importante relação risco e retorno.

Assim como acontece em outros mercados, as fontes de financiamento no Brasil são


escassas, o que torna o custo de capital bem elevado. Diante desse cenário, a
engenharia financeira toma lugar de destaque, pois as decisões de investimento e
financiamento se transformam em marcos definidores para a continuidade dos negócios.

Abaixo são apresentadas algumas decisões estratégicas de longo prazo que um gestor
financeiro precisa observar. Grande parte destas decisões irão repercutir, em termos de
retorno, somente no longo prazo. Outra característica dessas decisões é o alto grau de
risco que elas apresentam. Por isso, muitas técnicas são utilizadas, tais como o

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orçamento de capital, juntamente com a utilização de instrumentos sofisticados de


estatísticas.

Decisões Estratégicas de Longo Prazo

A"vos permanentes 
A"vidades de Pesquisa e desenvolvimento 
Desenvolvimento de produtos 
Marke"ng 
Estrutura de Capital 
Fontes de Financiamento 

Com a mesma importância das decisões de longo prazo, apresentam-se também as de


curto prazo, que poderão definir o sucesso de uma empresa. Algumas perguntas surgem
diante de vários eventos em uma empresa, exigindo estudos e aplicações de técnicas.

Em uma indústria, como exemplo, surgem algumas perguntas na área de produção, que
desencadeia outras no departamento de compras, como:

♦ Quanto estoque a empresa deve ter? Quais itens giram mais?

♦ Como pagar, à vista ou parcelado? Com recursos próprios ou de terceiros?

♦ Qual tecnologia de produção deve ser aplicada?

♦ Vender à vista ou à prazo? Qual prazo deve ser dado? Como se comporta o
concorrente? Qual a política de crédito ideal?

♦ Como receber as vendas? Como cobrar? Deve utilizar-se de produtos de cobrança


bancária? Deve utilizar-se de serviços de cartões de crédito e débito? Como se
comportar diante da inadimplência?

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Portanto, as decisões de curto prazo podem ser resumidas conforme figura abaixo:

Decisões Operacionais de curto prazo

Nível adequado de estoque 
Nível adequado de tesouraria 
Gesão de contas a pagar 
Gestão de contas a receber 
Gestão de cobrança 
Polí"cas de preço 

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2. CONTABILIDADE GERENCIAL

Toda essa estrutura precisa ser planejada e controlada para uma adequada gestão
financeira, proporcionando resultados positivos às organizações.
Toda empresa precisa planejar e controlar sua área financeira. Algumas empresas
resistem em reconhecer as relações que todas a áreas possuem. A contabilidade e a
controladoria exercem papel importantíssimo para uma boa gestão financeira. A
contabilidade gerencial e financeira não podem ser confundidas quanto a sua finalidade.

De uma forma geral, enquanto a contabilidade financeira se empenha em fornecer


instrumentos de análise de forma adequada para os interessados externos, a
contabilidade gerencial é responsável para subsidiar os gestores internos nas suas
tomadas de decisão financeiras.

Gestão Financeira Contabilidade


Olhar para o futuro Gerencial
Olhar para o passado

Autores como ATKINSON (1995) fazem a seguinte análise sobre contabilidade financeira
e gerencial:

Contabilidade Financeira: Processo de produzir demonstrativos financeiros para


entidades e usuários externos - como acionistas, credores e governo. Este processo é
pesadamente restringido por padrões regulatórios oficiais e autoridades fiscais, e por
requisitos de auditoria de instituições independentes de contadores.

Dentre as utilizações da contabilidade, para fins gerenciais, destacam-se, entre outros:

Contabilidade Gerencial: Processo de produzir informações financeiras e operacionais


para os empregados e gerentes das organizações. Tal processo deve ser dirigido pelas
necessidades de informações de indivíduos internos à organização, e deve guiar suas
decisões operacionais e de investimentos.

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1. Projeção do Fluxo de Caixa


2. Análise de Indicadores
3. Cálculo do Ponto de Equilíbrio
4. Determinação de Custos Padrões

5. Planejamento Tributário
6. Elaboração do Orçamento e Controle Orçamentário

São diversos os instrumentos para análise da situação financeira da empresa. Os


principais são:

1. Demonstração do resultado do exercício


2. Balanço Patrimonial
3. Demonstração do lucro retido
4. Demonstração de fluxos de caixa

Há também outros instrumentos de análise financeira como as notas explicativas das


demonstrações financeiras. Elas são informações relevantes e detalhadas da política,
procedimentos, cálculos e transações contábeis feitos nas demonstrações financeiras.
Alguns analistas usam os dados das demonstrações, com as notas explicativas, para
avaliar os valores dos títulos emitidos pelas empresas, influenciando o comportamento
dos investidores.

Os grupos de interessados são:

Acionistas: Nível de risco e retorno


Credores: Liquidez de curto prazo e rentabilidade, ou seja, saudável.
Administradores: Índice de desempenho.

Pode-se dizer que a gestão financeira busca insumos do passado, interessada em


planejar o futuro diante das incertezas. Já a contabilidade gerencial organiza informações
de fatos gerados para gerar relatórios importantes para o planejamento financeiro.

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3. CONSTRUINDO UM BALANÇO

O balanço geral de uma empresa pode ser mais simples do que parece. Normalmente
existe muito preconceito quando se utiliza os instrumentos financeiros como o balanço
geral e a demonstração do resultado do exercício (DRE). De uma forma bem simples e
muito utilizada por alguns autores, pode se dizer que o balanço é uma foto tirada da
empresa em um dado momento. Já a DRE, utilizando a mesma analogia, diz-se que
poderia ser comparado ao filme da empresa, que abrange um período entre dois retratos.

TAREFA: Leia o artigo “Por que as contas não fecham” de Mikhail Lopes (Revista
Exame), localizado no final da apostila, pois será interessante para quem tem
pouca afinidade com o tema.

3.1 BALANÇO PATRIMONIAL

Descrição sintética da posição financeira da empresa em uma certa data. O balanço


iguala o que a empresa possui (ativos) com o que ela financia (passivos). Este recursos
financiado (capital) pode ser próprio ou de terceiros.

Ativo: representa o conjunto de investimentos (aplicações) realizados por uma empresa,


em conformidade com sua atividade operacional e com as condições do macro-ambiente
econômico, o qual se constitui na estrutura capaz de permitir à mesma o exercício de sua
atividade-fim.

Passivo: representa o conjunto de recursos (próprios e de terceiros), utilizados no


financiamento dos investimentos realizados (origem de recursos).

Como perceber a estrutura de capital de uma empresa em um balanço patrimonial?

Aplicação de recursos Estrutura de Capital Origem dos recursos


ATIVO PASSIVO
AC PC } Terceiros
RLP ELP } Terceiros
AP PL } Próprio

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Aplicação de recursos Estrutura de Capital Origem dos recursos


ATIVO PASSIVO
Não oneroso
AC PC } Oneroso
RLP ELP } Oneroso
Não oneroso
AP PL } Oneroso

O ativo demonstra o conjunto de decisões de investimento e o passivo o conjunto de


decisões de financiamento.

3.2 Demonstrativo de resultados de exercício.

Constitui a síntese financeira dos resultados operacionais durante certo período. É uma
demonstração dinâmica que se destina a apresentar o processo de formação do
resultado econômico obtido com o desenvolvimento das atividades em determinado
período, isto é, desempenho econômico da empresa, traduzido pelos níveis de
lucratividade e rentabilidade.

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3.3 Atividade de fixação 1

Rodolfo e Abreu resolveram abrir um pequena confecção para atender um nicho de


mercado pouco assistido. A idéia seria atender consumidores com estatura superior 1,90
metros, já que a média de altura da população brasileira tem aumentado nos últimos
anos. A empresa Crescer Ltda iniciou a empresa com um capital social de R$80.000,00,
sendo integralizado totalmente, com 50% para cada sócio.

Elabore o balanço da empresa Crescer Ltda, a partir das informações acima e à medida
que novas informações surgirem.

1. Compra de algumas máquinas por R$20.000,00, sendo R$6.000,00 à vista e


R$14.000,00 parcelado pelo BNDES em 48 parcelas e carência de 90 dias.

2. Compra de matéria-prima no valor de R$5.000,00, financiada pelo fornecedor em


30, 60 e 90 dias.

3. Aplicação financeira em CDB no Banco do Brasil no valor de R$25.000,00.

4. Compra de uma moto à vista, para entregas rápidas, no valor de R$5.000,00.

5. Venda de produtos acabados para clientes, no valor de R$9.000,00, sendo


R$1.000,00 à vista e R$8.000,00 parcelado de 4 vezes. Com esse primeiro faturamento,
foi gasto R$4.000,00 da matéria-prima.

6. Salários a pagar no valor de R$2.200,00.

7. Impostos a pagar no valor de R$800,00.

8. Resgate de R$20.000,00 da aplicação financeira.

9. Compra de matéria-prima no valor de R$10.000,00 à vista.

10. Compra de um galpão no valor de R$100.000,00, sendo R$50.000,00 à vista e


R$50.000,00 financiado por 36 meses.

11. Pagamento dos salários no dia 05 do mês subsequente, no valor de R$2.200,00.

12. Pagamento dos impostos no dia 10 do mês subsequente, no valor de R$800,00.

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Balanço Patrimonial – Empresa Crescer Ltda


ATIVO PASSIVO
ATIVO CIRCULANTE PASSIVO CIRCULANTE

EXIGÍVEL A LONGO PRAZO

ATIVO NÃO-CIRCULANTE PATRIMÔNIO LIQUIDO

TOTAL TOTAL

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Agora avalie o balanço patrimonial da Cia Delta SA, do triênio 20X1, 20X2 e 20X3.

BALANÇO DA EMPRESA CIA DELTA SA  
   20X3  20X2  20X1 
ATIVO       
CIRCULANTE          
Disponível  25.000  26.309  34.665 
Aplicações Financeiras  62.000  80.915  128.969 
Clientes  1.529.061  1.122.512  1.045.640 
Estoques  1.317.514  1.039.435  751.206 
TOTAL DO ATIVO CIRCULANTE  2.933.575  2.269.171  1.960.480 
REALIZÁVEL A LONGO PRAZO          
PERMANENTE       
Investimento  228.075  156.475  72.250 
Imobilizado  2.401.648  1.517.508  693.448 
Diferido  90.037  40.896  0 
TOTAL DO ATIVO PERMANENTE  2.719.760  1.714.879  765.698 
TOTAL DO ATIVO  5.653.335  3.984.050  2.726.178 
       
PASSIVO          
CIRCULANTE       
Fornecedores  688.791  639.065  708.536 
Outras Obrigações  433.743  289.698  275.623 
Empréstimos Bancários  158.044  83.429  66.165 
Duplicatas Descontadas  676.699  393.885  290.633 
TOTAL DO PASSIVO CIRCULANTE  1.957.277  1.406.077  1.340.957 
EXIGÍVEL A LONGO PRAZO       
Empréstimos  1.494.240  792.716  314.360 
Financiamentos  533.991  378.072  0 
TOTAL DO EXIGÍVEL A LONGO PRAZO  2.028.231  1.170.788  314.360 
TOTAL DO CAPITAL DE TERCEIROS  3.985.508  2.576.865  1.655.317 
           
PATRIMÔNIO LÍQUIDO       
Capital e Reservas  1.350.830  1.194.157  657.083 
Lucros Acumulados  316.997  213.028  413.778 
TOTAL DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO  1.667.827  1.407.185  1.070.861 
       
TOTAL DO PASSIVO  5.653.335  3.984.050  2.726.178 
       

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Além do balanço patrimonial, elabore também a DRE da empresa Crescer LTDA

DRE – Empresa Crescer Ltda


Vendas

Custo da mercadoria vendida (CMV)

Lucro Bruto

Despesas operacionais

LAJIR

Juros pagos

LAIR

Impostos

Lucro Líquido

Agora avalie a DRE da Cia Delta SA, do triênio 20X1, 20X2 e 20X3.

DEMONSTRAÇÕES DE RESULTADO DA EMPRESA CIA DELTA SA  
      EXERCÍCIOS    
  20X3  20X2  20X1 
Receita Líquida  5.851.586  4.425.866  4.793.123 
Custo dos Produtos Vendidos  ‐4.218.671  ‐3.273.520  ‐3.621.530 
Lucro Bruto  1.632.915  1.152.336  1.171.593 
Despesas Operacionais  ‐498.025  ‐427.225  ‐495.993 
Outras Receitas Operacionais  27.777  17.581  8.394 
Lucro Oper. antes do Resultado Financeiro  1.162.667  742.692  683.994 
Receitas Financeiras  5.935  7.562  10.860 
Despesas Financeiras  ‐863.298  ‐442.816  ‐284.308 
Lucro Operacional  305.304  307.438  410.546 
Resultado Não Operacional      1.058 
Lucro Antes do I.R. (LAIR)  305.304  307.438  411.604 
Lucro Líquido  165.956  167.116  223.741 

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3.4 Atividade avaliativa 1 – Construindo um balanço (15 pontos)

1. Gutemberg e Maria Eduarda resolvem abrir uma empresa com capital social de
R$105.000,00, sendo que 80% de Gutemberg e 20% de Maria Eduarda. Maria integraliza
totalmente em dinheiro e Gutemberg metade em dinheiro e metade em veículo.

2. Compra de um galpão no valor de R$125.000,00, sendo 40% à vista e 60% parcelado


em 48 vezes.

3. Compra de maquinário no valor de R$32.000,00, sendo R$12.000,00 à vista e


R$20.000,00 parcelado pelo BNDES em 24 meses.

4. Compra de matéria-prima no valor de R$8.000,00, totalmente financiado pelo


fornecedor em 30 dias.

5. Salários a pagar no valor de R$3.950,00.

6. Venda de produtos acabados para clientes no valor de R$22.500,00, sendo


R$5.000,00 à vista e R$17.500,00 à prazo. Baixa de R$6.500,00 na conta estoque.

7. Pagamento de R$522,00 de impostos.

8. Compra de caixas de papelão para embalagens, no valor de R$632,00, à vista.

9. Pagamento de R$53,00 referente a tarifa bancária.

10. Empréstimo contraído junto a uma instituição financeira, no valor de R$35.000,00


(curto prazo).

11. Venda de produtos acabados no valor de R$3.000,00 à vista. Com baixa no


estoque residual de matéria-prima e R$232,00 em embalagens.

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4 ANÁLISE COM BASE EM ÍNDICES FINANCEIROS

Os principais instrumentos para levantamento dos indicadores financeiros são o Balanço


Patrimonial e a DRE. Os principais interessados nestes índices são os investidores,
credores e administradores. Saber calcular é importante, mas interpretar os índices
requer muita sensibilidade e conhecimento.

Os índices podem ser de dois tipos:

• Corte transversal ou benchmarking: comparação de índices de diferentes


empresa em uma determinada data. Pode se comparar com empresas similares, setor ou
empresa a ser imitada (concorrente).

Exemplo: o setor tem um giro de estoque de 7,50 e a empresa analisada um giro de


11,50. Portanto, o estoque girava bem mais rápido que os concorrentes, demonstrando
maior efetividade operacional. Apresentar um índice com valor superior é sempre
melhor?

• Séries temporais: avalia o desempenho próprio da empresa ao longo do tempo,


possibilitando uma indicação de tendências. Uma variação significativa pode indicar um
problema. É útil para a comparação de índices financeiros em relação a diversas datas.
Neste caso aparece a oportunidade de verificar tendências.

• Análise combinada: É a mais precisa. Utiliza a análise de corte transversal com a


análise de séries temporais. Ajuda avaliar a tendência de comportamento de um
índice em relação à tendência observada em um setor.

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Agrupamentos dos principais índices por categorias

Índices que medem risco: liquidez, atividade, endividamento

Índices que medem retorno: rentabilidade

Índice que medem risco e retorno: valor de mercado

4.1 Índices de liquidez

Visam medir a capacidade de pagamento, em outras palavras – se existe folga.

Índice de liquidez geral: É um índice que demonstra a saúde financeira da empresa,


indicando sua capacidade de honrar compromissos de longo prazo. Resultado acima de
1,0 indica que a empresa possui bens e direitos suficientes para liquidar seus
compromissos com sobra.

ativo circulante + ativo realizável a longo prazo/passivo circulante + passivo


exigível a longo prazo

Índice de liquidez corrente: É um dos índices mais utilizados em análise por


credores/fornecedores. Mede a capacidade da empresa em saldar seus compromissos
de curto prazo. Normalmente, quanto maior for o índice, maior é a capacidade de
pagamento. Enquanto resultados acima de 1,0 revela folga, valores abaixo desse índice
revela aperto. Alguns casos devem ser analisados separadamente, principalmente
considerando algumas especificidades de setores.

ativo circulante/passivo circulante


Índice de liquidez seca: adota-se a mesma equação da liquidez corrente, mas com a
exclusão dos estoques. O motivo é para evitar imprecisão na análise, uma vez que os
estoques possuem características pouco confiáveis, principalmente quanto a certeza do
seu valor de mercado e baixa liquidez. Resultados acima de 1,0 indica a sobra após
saldar compromissos de curto prazo.

ativo circulante – estoques/passivo circulante

4.2 Índices de Atividade ou Rotação

Medem com que velocidade a empresa converte suas atividades em vendas ou caixa, ou
seja, visam mensurar a duração do ciclo operacional desde a aquisição de insumos ou
mercadorias até o recebimento das vendas.

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Prazo médio de estocagem: apresenta o tempo médio que a empresa leva para repor
seus estoques. Normalmente deve ser o menor possível, mas sem afetar o nível de
estoque ideal.

estoque médio x 365/custos dos produtos vendidos ou CMV

O giro de estoque também é útil para apresentar quantas vezes a empresa gira o estoque
no ano.

custos dos produtos vendidos ou CMV/estoque medio

Prazo médio de recebimento: demonstra quanto tempo médio a empresa deverá


esperar para receber suas vendas efetuadas a prazo para seus clientes.

contas a receber/vendas médias diárias

Prazo médio de pagamento: apresenta quanto tempo médio a empresa leva para
pagar seus fornecedores.

contas a pagar/compras médias diárias

Giro do ativo total: apresenta quanto que cada R$1,00 aplicado no ativo gera de
vendas na empresa.

vendas/ativo total

4.3 Índices de Endividamento

Demonstra o nível de participação de capital de terceiros na atividade da empresa e a


estrutura de capital adotada.

Índice de endividamento geral: estabelece a participação de terceiros na empresa, em


relação ao total investido.

passivo exigível total/ativo total

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Índice de cobertura de juros: demonstra quanto a empresa gera de receitas para


honrar compromissos com pagamento de juros. Portanto, para cada R$1,00 de receita
operacional, quanto será gasto com pagamento de juros?

LAJIR/juros

Composição do endividamento: demonstra a concentração do endividamento a curto


prazo.

Passivo Circulante/Passivo Circulante + ELP

Índice de participação de capital de terceiros: estabelece a relação entre capital de


terceiros e capital próprio, ou seja, a estrutura de capital da empresa.

Passivo Circulante + ELP/PL

Imobilização do capital próprio: apresenta quanto a empresa aplicou no ativo


permanente para cada R$1,00 investido pelos sócios.

Ativo Permanente/PL

Imobilização dos recursos não permanentes: demonstra quanto a empresa imobiliza


em relação aos recursos captados no longo prazo.

Ativo Permanente/PL + ELP

4.4 Índices De Rentabilidade

Possibilita demonstrar o retorno ou rentabilidade de todo capital investido e se há


eficiência de gestão.

Margem de lucro bruto: Estabelece quanto a empresa obtém de lucro bruto para cada
R$1,00 de receita liquida. Lembre-se que a empresa ainda precisa cobrir outras
despesas e ainda gerar lucro.

receitas de vendas – CPV/receitas de vendas liquidas

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Margem de lucro operacional: Estabelece uma análise de desempenho, já que leva em


consideração as despesas operacionais.

Resultado operacional/receita de vendas liquidas

Margem de lucro líquido: É uma medida tradicionalmente utilizada pelos proprietários,


pois avalia a sobra após um período de atividade.

Lucro disponível aos acionistas ordinários/receita de vendas liquidas

Lucro por ação (LPA): Muitos utilizada no mercado de ações, pois avalia o lucro para
cada ação emitida pela empresa.

Lucro disponível aos acionistas ordinários/número de ações ordinárias

Retorno do Ativo Total (ROA): Demonstra o retorno sobre todos os investimentos


direcionados para a empresa, tanto de capital próprio quanto de terceiros.

Lucro disponível aos acionistas ordinários/ativo total

Retorno sobre o capital próprio (ROE): Apresenta o nível de remuneração destinado


aos investidores da empresas, sócios, acionistas ou proprietários.

Lucro disponível aos acionistas ordinários/patrimônio dos acionistas ordinários

4.5 Índices de Valor de Mercado

São índices especificamente para empresas com ações negociadas nas bolsas de
valores.

Índice Preço/Lucro (P/L): mede quanto os investidores estão dispostos a pagar por
cada R$1,00 de lucro corrente. Às vezes P/L mais elevado demonstra empresas de
crescimento, mas o índice não deve ser interpretado isoladamente.

preço de mercado da ação ordinária/lucro por ação (LPA)

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Índice Preço/Valor Patrimonial (P/V): compara o valor de mercado do investimento em


relação ao seu custo. Resultados inferiores a R$1,00 indicam que a empresa não tem
criado valor para os acionistas.

preço de mercado da ação ordinária/valor patrimonial da ação ordinária

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5 ALAVANCAGEM E PONTO DE EQUILÍBRIO

Todo investidor que resolve colocar seus recursos em uma atividade, busca retornos
superiores aos dos investimentos da renda fixa ou variável. Portanto, ao assumir o risco
da atividade, toma decisões financeiras que contribua para a elevação dos resultados
operacionais e líquido. Esse desempenho pode ser medido pelos graus de alavancagem
operacional e financeira.

Alavancagem é o resultado da utilização de ativos ou fundos a um custo fixo, com


objetivo de aumentar o retorno para os proprietários. Aumentos de alavancagem provoca
a elevação dos retornos e riscos proporcionalmente. Os tipos de alavancagem podem
ser:

• Operacional: Relação entre receita e o Lajir


• Financeira: Relação entre o Lajir e o LPA
• Total: Relação entre receita de vendas e o LPA

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5.1 Alavancagem Operacional

Para o maior entendimento do grau de alavancagem operacional (GAO) é importante


conhecer primeiro os efeitos dos custos fixos nas operações da empresa, medido pelo
pondo de equilíbrio

5.1.1 Análise do ponto de equilíbrio (break-even-point)

O Ponto de Equilíbrio (PE), também conhecido como análise custo – volume – lucro, é
utilizado com objetivo de se conhecer:

1 – Determinar o nível de operações necessário para cobrir todos os custos operacionais

2 – Avaliar a rentabilidade associada a diversos níveis de vendas.

O ponto de equilíbrio operacional está relacionado ao nível de vendas necessário para


cobrir todos os custos operacionais. Portanto, o ponto de equilíbrio ocorre no momento
em que receitas totais e os custos totais se equivalem – ou seja, não há nem lucro nem
prejuízo.

a) Cálculo do ponto de equilíbrio operacional ou contábil

Inicialmente, para calcular o ponto de equilíbrio operacional (Q), é necessário conhecer o


custo dos produtos vendidos (mercadorias e serviços), decompondo-os em fixos e
variáveis.

• Os custos (despesas) fixos são independentes do volume de vendas e estão


relacionados com a função tempo.

• Os custos (despesas) variáveis dependem diretamente do volume de vendas e


não estão relacionados com o tempo.

Para calcular o ponto de equilíbrio, é necessário conhecer as seguintes variáveis:

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P = Preço unitário de venda


Q = número de unidades vendidas
CF = custo operacional fixo por período
CV = custo operacional variável por período

Abaixo são apresentadas as equações que poderão ser utilizadas para o cálculo de
quantidade, preço e nível de operações necessárias.

Exemplo de cálculo de Q

Supondo-se que uma empresa possui custos fixos de R$2.500,00, que o preço de venda
por unidade seja de R$10,00 e o custo variável seja R$5,00/unidade. Qual é o ponto de
equilíbrio (Q)?

CF R$2.500, 00
Q= = = 500un
P − CV R$10, 00 − R$5, 00

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Neste caso então, o ponto de equilíbrio operacional é de 500 unidades. A representação


gráfica abaixo permite visualizar com mais compreensão o ponto de equilíbrio e os
benefícios que o cálculo proporciona.

Exemplo de variação do Q

Suponhamos que a mesma empresa fazer um teste, aumentando todas a variáveis:

1 – Aumentar o P para R$12,50


2 – Aumentar o CF para R$3.000,00
3 – Aumentar o CV para R$7,50/unidade
4 – Aumentar todas as variáveis simultaneamente

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b) Cálculo do ponto de equilíbrio econômico e financeiro

O Pe anterior baseava-se no lucro contábil igual a zero. O Pe econômico baseia-se na


premissa de que todo investidor busca no mínimo um lucro que compense o custo de
oportunidade, já que sua decisão não foi investir no mercado financeiro. Por isso, calcula-
se o juro mínimo que pudesse compensar essa decisão. Para isso, acrescenta-se ao
custo fixo o lucro mínimo exigido como retorno. O cálculo pode ser realizado pela
seguinte equação:

CF + Lucro minimo
PeE =
P – CV

Também é necessário apurar o ponto de equilíbrio financeiro, pois nem todas as


despesas e custos fixos foram desembolsados imediatamente do caixa, já que é apurado
pelo regime de competência. Assim, faz-se necessário retirar do cálculo as despesas que
não saíram do caixa e somar os juros de endividamento que já deverão ser amortizados.

CF – Despesas não desembolsáveis+ Amortização


PeF =
P – CV

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5.2 Atividade Prática:

Como ilustração, imagine que a empresa Ieccos SA vendeu dois produtos:

Produto X Produto Y

Preço de venda R$340,00/un R$560,00/un


Custos (despesas) variáveis R$153,00/un R$392,00/un

Margem de contribuição R$187,00/un R$168,00/un


Tabela 3.1

É notável a diferença quando se analisa os produtos individualmente e o resultado


operacional. Pela tabela, nota-se que o produto X deveria ser incentivado, pois possui
uma contribuição maior para o resultado. Entretanto, uma análise simplista como esta
pode ser imprudente, pois outros fatores como aceitação do produto X ou Y no mercado,
disponibilidade de matéria prima, capacidade produtiva, entre outros, poderão interferir na
tomada de decisão.
Nesse período o custo e despesa fixo da Ieccos SA foi de R$870.000,00, podendo ser
calculado agora a margem de contribuição total e o lucro operacional (LAJIR/EBTIDA).

A – Para que os custos fixos possam ser pagos e zere o LAJIR, qual o volume de
produtos X e Y precisa ser vendido?

Para simplificar o cálculo, uma vez que foi inserido o conceito de margem de
contribuição, uma equação equivalente também poderá ser utilizada, quando
acompanhada da tabela 3.1, ou seja:

CF + Despesas fixas
Pe =
Margem de contribuição unitária

Produto X Produto Y Total


o
N de unidades necessárias
Receita de vendas
Custos (despesas) variáveis
Margem de contribuição
Custos e despesas fixos - - (R$870.000,00)
Tabela 3.2

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B – Agora avalie a situação apresentada na tabela 3.3.

Descrição Produto X Produto Y TOTAL


Preço unitário R$ 320,00 R$ 280,00
Capacidade produtiva 5.000 unidades 5.000 unidades 10.000 unidades
Consumo de matéria prima por unidade 2 Kg 1 Kg 15.000 kg
Receita bruta R$ 1.600.000 R$ 1.400.000 R$ 3.000.000
Gastos variáveis unitários R$ 100,00 R$ 90,00
Gastos variáveis totais R$ 500.000 R$ 450.000 R$ 950.000
Margem de contribuição total R$ 1.100.000 R$ 950.000 R$ 2.050.000
Custo Fixo Total 980.000
LAJIR R$1.070.000
Tabela 3.3

Neste cenário, a empresa gasta 15.000 Kg de matéria prima para fabricar os dois
produtos. No entanto, diante de um novo cenário com escassez, o fornecedor reduziu em
50% o fornecimento de matéria prima, ou seja, somente vai entregar 7.500 Kg. Portanto,
qual deve ser sua decisão para a empresa não cair no LAJIR negativo, produzir o produto
que possibilita maior margem de contribuição (X) ou aquele que consome menos matéria
prima (Y)?

RESPOSTA:

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Agora que já se conhece o efeito dos custos fixos nas operações empresariais, é possível
o estudo da Alavancagem Operacional (GAO).

Conforme Assaf Neto e Lima (2010) essa é uma medida que aponta como uma alteração
no volume de atividade pode influenciar o resultado operacional de uma empresa. Ou
seja, quanto o aumento de 20% nas vendas impacta no lucro operacional desta. Essa
média pode ser obtida pela seguinte equação:

Porcentagem da Variação do Lucro


GAO =
Porcentagem da Variação no Volume da Atividade

A estrutura de custos e despesas da empresa determina o GAO, sendo mais potencial a


que tiver maiores custos e despesas fixos em relação aos custos e despesas variáveis.
Mas os riscos também são maiores proporcionalmente. Veja o exemplo abaixo:

Empresa X Empresa Y
Receita de vendas R$200.000 100% R$200.000 100%
Custos e despesas variáveis R$60.000 30% R$140.000 70%
Margem de Contribuição R$140.000 70% R$60.000 30%
Custos e despesas fixos R$120.000 R$40.000
Resultado Operacional R$20.000 R$20.000
Tabela 3.4

Caso as empresa X e Y aumentem em 20% o volume de vendas, qual será o GAO de


cada?

Empresa X Empresa Y
Receita de vendas 100%
R$240.000 100% R$240.000
Custos e despesas variáveis R$72.000 30% R$168.000 70%
Margem de Contribuição R$168.000 70% R$72.000 30%
Custos e despesas fixos R$120.000 R$40.000
Resultado Operacional R$48.000 R$32.000
Variação nas vendas 20% 20%
Variação no lucro operacional 140% 60%
GAO 7 3
Tabela 3.5

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Percebe-se claramente que um aumento de 20% nas vendas da empresa X eleva o lucro
operacional em 7 vezes (140%). Já a empresa Y aumenta 3 vezes (60%). Isto acontece
porque os custos fixos se mantiveram e aumentaram a diluição pela elevação do volume
de vendas. Como a estrutura da empresa X é mais arriscada, numa hipótese oposta de
redução de 20% nas vendas, somente a empresa Y ainda se manterá com lucro.

Empresa X Empresa Y
Receita de vendas 100%
R$160.000 100% R$160.000
Custos e despesas variáveis R$48.000 30% R$112.000 70%
Margem de Contribuição R$112.000 70% R$48.000 30%
Custos e despesas fixos R$120.000 R$40.000
Resultado Operacional -R$8.000 R$8.000
Variação nas vendas - 20% - 20%
Variação no lucro operacional - 140% - 60%
GAO 7 3
Tabela 3.6

Portanto, a alavancagem operacional é uma decisão complexa, pois aumentando-a,


eleva-se proporcionalmente o risco, obrigando um nível de vendas adequado. O lucro
aumenta mais rápido em empresas alavancadas, mas no caso de redução no volume
vendas, o prejuízo também aumenta rapidamente.

PARA PENSAR: Como obter uma estrutura de custos similar à empresa X (mais
arriscada), que proporciona resultado operacional diferente ao da empresa Y?

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6 PLANEJAMENTO FINANCEIRO DE CURTO PRAZO

Gestão do ativo circulante: conjunto de operações que visa definir e manter


investimentos em disponibilidades, títulos negociáveis, duplicatas a receber, estoques, e
outros ativos circulantes, baseados na operacionalidade da organização, no mercado, no
custo de oportunidade, no risco, etc.

Gestão do passivo circulante: conjunto de decisões relativas às fontes de


financiamento de curto prazo, normalmente destinadas à manutenção dos investimentos
em capital de giro. Essas fontes podem ser onerosas e não-onerosas.

6.1 Evolução do Caixa e do CGL

Administração financeira de curto prazo se confunde com a administração do capital de


giro líquido. O capital de giro líquido (CGL) é a diferença entre o ativo circulante e o
passivo circulante.

Ativos circulantes são compostos por caixas e outros ativos que se esperam ser
convertidos em caixa num prazo máximo de um ano.

Passivos circulantes são obrigações que prevê pagamento num prazo máximo de um
ano.

CGL = caixa + outros ativos circulantes – passivo circulante.

CAIXA = ELP + PL – Ativos totais (exceto caixa)

Algumas atividades aumentam ou reduzem o saldo de caixa.

Atividades que aumentam: (FONTES DE CAIXA)

1.Aumento no ELP (empréstimo)


2.Aumento do PL (emissão de novas ações)
3.Aumento do passivo circulante
4.Redução do ativo circulante, exceto caixa
5.Redução de ativos permanentes.

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Atividades que reduzem: (APLICAÇÕES DE CAIXA)

1.Redução do ELP
2.Redução do PL
3.Redução do passivo circulante
4.Aumento do ativo circulante, exceto caixa
5.Aumento do ativo permanente

6.2 Ciclo Operacional

Uma administração de capital de giro eficiente envolve uma alta rotação (giro) do
circulante, tornando mais dinâmico seu fluxo de operações;

Ciclo Operacional (CO): se inicia na aquisição de matéria-prima e se finaliza no


recebimento da venda do produto final. Incorpora sequencialmente todas as fases
operacionais presentes no processo empresarial de produção-venda-recebimento.

Ciclo Financeiro (CF): é o período de tempo transcorrido desde o pagamento dos


fornecedores até o recebimento das suas vendas, no qual a empresa necessita dispor de
capital de giro para manter suas operações (+). Seu valor pode ser positivo ou negativo.

O CO é o período entre a compra da mercadoria até o recebimento das vendas.

CO = Período de estoque + período de contas a receber

O ciclo operacional demonstra como o produto se move entre as contas do ativo


circulante.

Disponibilidades

Contas a receber

Estoque

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6.3 Ciclo de Caixa

A principal preocupação nas finanças de curto prazo é conciliar as atividades


operacionais com as financeiras.

EXEMPLO:

EVENTOS DECISÕES
Compra de matéria-prima Quanto estocar?
Pagamentos à vista Tomar emprestado ou usar o caixa disponível?
Fabricação do Produto Qual tecnologia deverá ser adotada?
Vendas Deverá ser concedido crédito a clientes?
Cobrança Como cobrar?
Atenção: os eventos não são sincronizados e são incertos.

CICLO DE CAIXA é o período entre a saída de caixa, devido o pagamento do estoque,


até o recebimento da venda.

Ciclo de caixa = ciclo operacional – período de contas a pagar

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Ciclo Financeiro Positivo (+): montante de recursos necessários para financiar os


ativos circulantes entre o pagamento dos fornecedores e o recebimento dos clientes.
Situação vivenciada pela maioria das empresas.

Ciclo Financeiro Negativo (-): montante de recursos disponíveis para a empresa


financiar outros ativos ou aplicar no mercado. Situação vivenciada por determinados
segmentos ou empresas (geralmente de grande porte).

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6.4 ATIVIDADE AVALIATIVA 2 – Ciclo Operacional, caixa e NICG (15 pontos)

Exercício 1

Wladimir está planejando vender hot-dogs para alunos da faculdade. Fez os cálculos e
chegou aos seguintes custos:

Fixo:
R$ 90,00 gás
R$150,00 combustível
R$ 80,00 seguro
R$ 30,00 outros
Total de R$350,00

O custo para produzir os hot-dogs é de R$0,95 por unidade.


O preço de venda estipulado foi de R$1,50 por hot-dog.
a) Sabendo que ele planejou vender 50 unidades por noite, de segunda a sexta,
quantos dias Wladimir deverá trabalhar só para pagar os custos?

b) Se ele ampliar o negócio, vendendo também durante o dia, alcançando 2.000


unidades, qual seria o lucro operacional?
c) Com o aumento de unidades vendidas, o custo direto com a produção poderia ser
reduzido para R$0,85 por unidade. Diante disto, o preço de venda poderia ser
reduzido. Qual deve ser o novo preço de venda, mantendo um LAJIR de
R$750,00?

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Exercício 2

Suponha as seguintes informações:

Item Saldo inicial ($) Saldo final ($)


Estoques 4.925 5.150
Contas a receber 3.019 3.380
Fornecedores 7.516 7.952
Vendas líquidas 47.115 / ano
Custo da merc. vendida 22.893

a) Calcule o ciclo operacional;


b) Calcule o ciclo de caixa.

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Exercício 3

Conhecendo-se as vendas médias diárias pode-se calcular o volume de financiamento


necessário às atividades operacionais da empresa.

NICG = CICLO DE CAIXA X VENDAS MÉDIAS DIÁRIAS

EX.: PME = 45 D
PMR = 35 D
PMP = 30 D
Vendas médias mensais = $90.000

a) Qual a NICG?
b) Qual a NICG caso as vendas fossem de $180.000?

Exercício 4
Considere as seguintes informações provenientes de determinada empresa:

Item Valor inicial ($) Valor final ($)


Estoques 8.152 10.300
Contas a receber 6.537 7.147
Contas a pagar 10.128 10.573
Vendas líquidas 93.125
Custo da merc. vendida 46.152

a) Calcule os ciclos operacional e de caixa.


b) Como você interpreta os resultados?

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7. NOÇÕES BÁSICAS DE MATEMÁTICA FINANCEIRA

Conhecendo um pouco a calculadora hp12c


São vários as ferramentas úteis para operacionalizar questões de matemática financeira.
Atualmente temos uma ótima ferramenta que está bem difundida que é o MsExcel. Outra
excelente ferramenta utilizada e muita mais antiga é a calculadora financeira HP12c.

Primeiros Passos: Ligar e desligar a calculadora

Para ligar e desligar a calculadora, basta pressionar a tecla [ON].

[ON] - Liga a calculadora (se ela estiver desligada).

[ON] - Desliga a calculadora (se ela estiver ligada).

Auto-teste dos circuitos

Para saber se a calculadora está funcionando normalmente, existem alguns


procedimentos de teste que podem ser efetuados, como:

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Teste automático: com a calculadora desligada, pressione e mantenha pressionada a


tecla [x] (ou [+]) e depois ligue a HP12C, pressionando a tecla [ON]. Solte a tecla [ON] e
depois a tecla [x] (ou [+]). Um auto- teste será realizado. Se o mecanismo da máquina
estiver funcionando corretamente, dentro de aproximadamente 25 segundos (durante os
quais no visor será exibido a palavra "running" piscando) todos os indicadores do visor
serão exibidos (a exceção do * : indicador de bateria fraca). Se aparecer a expressão
"Error 9" ou não aparecer nada, a calculadora está com problemas;

Teste semi-automático: com a calculadora desligada, pressione e mantenha


pressionada a tecla [÷] e depois ligue a HP12C, pressionando a tecla [ON]. Solte a tecla
[ON] e depois a tecla [÷]. Para verificar todas as teclas da HP, nesta opção de teste é
necessário pressionar TODAS as teclas da máquina, da esquerda para a direita, de cima
para baixo. Ou seja, é necessário pressionar todas as teclas, da tecla [N] até a tecla [÷],
depois da tecla [yx] até a tecla [x], da tecla [R/S] até a tecla [-], pressionando, na
passagem, a tecla [ENTER] e, por último, da tecla [ON] até a tecla [+], passando,
também, pela tecla [ENTER]. Assim, a tecla [ENTER] deverá ser pressionada em duas
passagens distintas.

De forma similar ao teste anterior, se o mecanismo da máquina estiver funcionando


corretamente, após pressionar todas as teclas na ordem descrita, o visor indicará o
número 12 no centro. Se aparecer a expressão "Error 9" não aparecer nada, a
calculadora está com problemas.

Funções amarelas e azuis

Como forma de economizar teclas, a HP emprega o recurso de atribuir à mesma tecla,


diferentes funções. Algumas teclas da HP apresentam legendas em branco (função
principal), em amarelo ou em azul. Para empregar uma função "amarela" é necessário
pressionar a tecla [f] antes. Para empregar uma função "azul" é necessário pressionar a
tecla [g] antes.

Exemplo : a tecla [i] apresenta outras duas funções adicionais : a função [INT] em
amarelo e a função [12÷]. Para usar a função [i] basta pressionar a tecla [i]. Para usar a

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função [INT] é necessário pressionar, antes, a tecla [f] (note que o visor indicará que tecla
[f] foi pressionada) e depois a tecla [INT]. De forma similar, para usar a função [12÷] é
necessário pressionar a tecla [g] (note que o visor indicará que tecla [g] foi pressionada) e
depois a tecla [12÷].

Observações complementares: Lembre-se que quando a tecla [f] ou [g] é pressionada,


somente as funções em amarelo ou azul serão ativadas. Caso as teclas [f] ou [g] tenham
sido pressionadas de forma indesejada, para cancelar a operação, basta pressionar as
teclas [f] [PREFIX].

Formatar exibição de casas decimais

Embora sempre trabalhe internamente com valores com muitas casas decimais, a HP12C
permite a exibição de um número de casas decimais pré-fixado. Para fixar um número de
casas decimais, pressione a tecla [f] e depois o número de casas decimais desejado. Por
exemplo, para trabalhar com 2 casas decimais, basta pressionar [f] 2. Para exibir 4 casas
decimais, pressione [f] 4.

Importante lembrar : embora exiba valores com um número de casas decimais


predefinido, internamente a máquina processará um número com um maior número de
casas decimais. Em cálculos sucessivos, os valores das etapas intermediárias exibidas
no visor, podem, portanto, ser diferentes do valor final exibido. Assim, evite transcrever
valores para o papel e depois para a calculadora. Tente sempre usar as pilhas e os
registradores da calculadora.

Selecionar ponto ou vírgula

A HP12C permite usar o ponto ou a vírgula como separador de casas decimais. Para
trocar a opção em vigor, desligue a máquina, pressione a tecla [.] e depois ligue a
máquina, liberando primeiro a tecla [ON] e depois a tecla [.]. Automaticamente, a HP12C
trocará o separador de casas decimais.

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Notação de números muito grandes ou muito pequenos

A HP permite a realização de cálculos com números que sejam maiores que 10-100 e
menores que 10100. Já que o visor só permite a exibição de números com até 10
algarismos, números muito grandes ou muito pequenos são exibidos sob a forma de
notação científica, onde a mantissa é apresentada primeiramente e, depois, o expoente
de 10 que multiplica a mantissa. Por exemplo 14 milhões multiplicado por 24 milhões será
exibido na HP como sendo [3,360000 14]. Note a existência de espaço entre 3,360000
e 14. O primeiro número [3,360000] é a mantissa e o segundo [14] é o expoente de 10
que está multiplicando a mantissa. De outra forma : 14.000.000 x 24.000.000 =
336.000.000.000 = 3,360000 x 1014 .

Uma forma de trabalhar com valores muito grandes na HP é viabilizada pela tecla [EEX]
que representa o expoente de 10 que multiplica o número que está sendo digitado. A
função será melhor descrita a seguir.

Indicação de bateria fraca

Caso a bateria da máquina esteja fraca, aparecerá um indicador * piscando no canto


inferior esquerdo. Para evitar um desgaste antecipado da bateria, deve-se evitar colocar
a calculadora próxima a fontes de campos eletromagnéticos, como autofalantes
automotivos, aparelhos de som, televisores, etc.

Lógica RPN e Pilhas

As duas principais características das calculadoras HP12C consistem na lógica RPN (no
inglês Reverse Polonish Notation, ou Notação Polonesa Reversa) e na pilha de
registradores.

Lógica RPN

Note que a HP12C não possui uma das principais teclas de calculadoras algébricas
comuns que é a tecla de igualdade. A razão dessa inexistência consiste no fato da HP

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trabalhar com uma lógica matemática diferente : a lógica RPN. Enquanto em uma
operação algébrica comum, os operandos devem ser intercalados por operadores, na
lógica RPN os operandos devem ser colocados primeiramente e, depois, devem ser
colocados os operadores.

A lógica RPN (segundo o HP Museum, site http://www.hpmuseum.org) foi criada a partir


dos trabalhos apresentados por Jan Lukasiewicz, matemático polonês, nos anos 20.
Consiste, basicamente, em um sistema lógico formal que permite a especificação de
expressões matemáticas sem o uso de parênteses, através da colocação dos operadores
antes (notação pré-fixada), ou depois (notação pós-fixada), dos operandos.

A notação pré-fixada recebeu o nome de Notação Polonesa, em homenagem a Jan


Lukasiewicz. A HP ajustou a notação pós-fixada para o teclado das calculadoras,
mediante o uso de pilhas para armazenamento dos operandos e funções específicas
para o manuseio das pilhas. Assim, denominou a lógica criada de Notação Polonesa
Reversa, ou, simplesmente, RPN – mantendo a homenagem a Lukasiewicz.

Por exemplo, para somar 5 e 4 em uma operação algébrica, deve-se fazer 5 + 4 = 9. Em


uma operação com lógica RPN, é necessário entrar com o 5 e o 4 e, depois, com o
operador da adição. Para poder separar os números (isto é, indicar para a calculadora
que o 4 e o 5 são dois números distintos e não 45), a HP disponibiliza a tecla [ENTER].
Assim, para somar 4 e 5 na HP será necessário pressionar as teclas 4 [ENTER] 5 [+]. No
visor aparecerá a resposta 9.

DICA: Proteja sua HP12c

Para desligar e travar a calculadora, impossibilitando


o uso por terceiros, pressione as seguintes teclas:

Ligue a calculadora e aplique a seguinte sequência

45 Enter | ON PMT (juntos) | ON PMT (juntos) | 1/x

Para ligar novamente:

ON PMT

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7.1 Valor do dinheiro no tempo

De uma forma simplificada, podemos dizer que a Matemática Financeira, é o ramo da


Matemática Aplicada que estuda o comportamento do dinheiro no tempo. A Matemática
Financeira pois, busca quantificar as transações que ocorrem no universo financeiro
levando em conta a variável tempo, ou seja o valor monetário no tempo (time value
money). As principais variáveis envolvidas no processo de quantificação financeira, são:
a taxa de juros, o capital e o tempo.

Devemos entender como Juros, a remuneração de um capital aplicado a uma certa


taxa, durante um determinado período, ou seja, é o dinheiro pago pelo uso de dinheiro
emprestado. Portanto, Juros (J) = preço do crédito.

A existência de Juros, decorre de vários fatores, entre os quais destacam-se:

1 - inflação: a diminuição do poder aquisitivo da moeda num determinado período de


tempo.
2 - risco: os juros produzidos de uma certa forma, compensam os possíveis riscos do
investimento.
3 – aspectos intrínsecos da natureza humana : a maioria dos seres humanos são
gananciosos por natureza.

Normalmente o valor do capital é conhecido como principal (P). A taxa de juro (i), é a
relação entre os Juros e o Principal, expressa em relação a uma unidade de tempo.

Assim por exemplo, se os juros anuais correspondentes a uma dívida de R$2000,00


(Principal = P) forem R$200,00 (Juros = J), a taxa de juros anual ( i ) será 200/2000 =
0,10 = 10% ao ano.Indica-se: i = 10% a.a.

Costuma-se especificar taxas de juros anuais, trimestrais, semestrais, mensais, etc.,


motivo pelo qual deve-se especificar sempre o período de tempo considerado.

Quando a taxa de juros incide no decorrer do tempo, sempre sobre o capital inicial,
dizemos que temos um sistema de capitalização simples (Juros simples). Quando a

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taxa de juros incide sobre o capital atualizado com os juros do período (montante),
dizemos que temos um sistema de capitalização composta (Juros compostos).

Na prática, o mercado financeiro utiliza apenas os juros compostos, de crescimento


mais rápido (veremos em outro artigo, que enquanto os juros simples crescem segundo
uma função do 1º grau – crescimento linear, os juros compostos crescem muito mais
rapidamente – segundo uma função exponencial).

7.1.1 Juros Simples

O regime de juros simples, é aquele no qual os juros incidem sempre sobre o capital
inicial. Este sistema não é utilizado na prática nas operações comerciais, mas, a análise
desse tema, como introdução à Matemática Financeira, é de uma certa forma,
importante.
Considere o capital inicial P aplicado a juros simples de taxa i por período, durante n
períodos.

Lembrando que os juros simples incidem sempre sobre o capital inicial, podemos
escrever a seguinte fórmula, facilmente demonstrável:

J = P . i . n = Pin

J = juros produzidos depois de n períodos, do capital P aplicado a uma taxa de juros por
período igual a i.

No final de n períodos, é claro que o capital será igual ao capital inicial adicionado aos
juros produzidos no período. O capital inicial adicionado aos juros do período é
denominado MONTANTE (M). Logo, teríamos:

M = P + J = P + P.i.n = P(1 + i.n)

Portanto, M = P(1+in).

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Exemplo:

A quantia de $3000,00 é aplicada a juros simples de 5% ao mês, durante cinco anos.


Calcule o montante ao final dos cinco anos.

Solução:

Temos: P = 3000, i = 5% = 5/100 = 0,05 e n = 5 anos = 5.12 = 60 meses.


Portanto, M = 3000(1 + 0,05x60) = 3000(1+3) = $12000,00.

A fórmula J = Pin, onde P e i são conhecidos, nos leva a concluir pela linearidade da
função juros simples, senão vejamos:

Façamos P.i = k.

Teremos, J = k.n, onde k é uma constante positiva.

(Observe que P . i > 0)

Ora, J = k.n é uma função linear, cujo gráfico é uma semi-reta passando pela origem.
(Porque usei o termo semi-reta ao invés de reta?).

Portanto, J/n = k, o que significa que os juros simples J e o número de períodos n, são
grandezas diretamente proporcionais. Daí, infere-se que o crescimento dos juros simples
obedece a uma função linear, cujo crescimento depende do produto P.i = k, que é o
coeficiente angular da semi-reta J = kn.

Exercício proposto:
Calcule o montante ao final de dez anos de um capital $10000,00 aplicado à taxa de juros
simples de 18% ao semestre (18% a.s).

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Resposta: $46000,00

O mesmo cálculo com unidade de tempo diferentes:

Vimos no artigo anterior, que se o capital P for aplicado por n períodos, a uma taxa de
juros simples i, ao final dos n períodos, teremos que os juros produzidos serão iguais a

J = Pin

e que o montante (capital inicial adicionado aos juros do período) será igual a

M = P(1 + in).

O segredo para o bom uso destas fórmulas é lembrar sempre que a taxa de juros i e o
período n têm de ser referidos à mesma unidade de tempo.

Assim, por exemplo se num problema, a taxa de juros for i =12% ao ano = 12/100 = 0,12
e o período n = 36 meses, antes de usar as fórmulas deveremos colocá-las referidas à
mesma unidade de tempo, ou seja:

a) 12% ao ano, aplicado durante 36/12 = 3 anos , ou

b) 1% ao mês = 12%/12, aplicado durante 36 meses, etc.

Exemplos:

E01 – Quais os juros produzidos pelo capital $12000,00 aplicados a uma taxa de juros
simples de 10% ao bimestre durante 5 anos?

SOLUÇÃO:
Temos que expressar i e n em relação à mesma unidade de tempo.

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Vamos inicialmente trabalhar com BIMESTRE (dois meses):

i = 10% a.b. = 10/100 = 0,10

n = 5 anos = 5.6 = 30 bimestres (pois um ano possui 6 bimestres)

Então: J = $12000.0,10.30 = $36000,00

Para confirmar, vamos refazer as contas, expressando o tempo em meses.


Teríamos:
i = 10% a.b. = 10/2 = 5% ao mês = 5/100 = 0,05

n = 5 anos = 5.12 = 60 meses

Então: J = $12000,00.0,05.60 = $36000,00

E02 – Um certo capital é aplicado em regime de juros simples, à uma taxa mensal de 5%.
Depois de quanto tempo este capital estará duplicado?

SOLUÇÃO:
Temos: M = P(1 + in). Logo, o capital estará duplicado quando

M = 2P. Logo, vem:

2P = P(1 + 0,05n); (observe que i = 5% a.m. = 5/100 = 0,05).

Simplificando, fica:

2 = 1 + 0,05n Þ 1 = 0,05n, de onde conclui-se n = 20 meses ou 1 ano e oito meses.

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Exercício proposto:

Um certo capital é aplicado em regime de juros simples, à uma taxa anual de 10%.
Depois de quanto tempo este capital estará triplicado?

Resposta: ________ anos.

7.1.2 Juros Compostos


 
O capital inicial (principal) pode crescer, como já sabemos, devido aos juros, segundo
duas modalidades a saber:

Juros simples - ao longo do tempo, somente o principal rende juros.


Juros compostos - após cada período, os juros são incorporados ao principal e passam,
por sua vez, a render juros. Também conhecido como "juros sobre juros".

Vamos ilustrar a diferença entre os crescimentos de um capital através juros simples e


juros compostos, com um exemplo:

Suponha que $100,00 são empregados a uma taxa de 10% a.a. Teremos:

Principal = 100 Juros simples Juros compostos


N. de anos Montante simples Montante composto
1 100+0,1(100)=110 100+0,1(100) = 110,00
2 110+0,1(100)=120 110+0,1(110) = 121,00
3 120+0,1(100)=130 121+0,1(121) = 133,10
4 130+0,1(100)=140 133,1+0,1(133,1) = 146,41
5 140+0,1(100)=150 146,41+0,1(146,41) = 161,05

Observe que o crescimento do principal segundo juros simples é LINEAR enquanto que o
crescimento segundo juros compostos é EXPONENCIAL, e portanto tem um crescimento
muito mais "rápido".

Na prática, as empresas, órgãos governamentais e investidores particulares costumam


reinvestir as quantias geradas pelas aplicações financeiras, o que justifica o emprego

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mais comum de juros compostos na Economia. Na verdade, o uso de juros simples não
se justifica em estudos econômicos.

Fórmula para o cálculo de Juros compostos

Considere o capital inicial (principal P) $1000,00 aplicado a uma taxa mensal de juros
compostos ( i ) de 10% (i = 10% a.m.).

Vamos calcular os montantes (principal + juros), mês a mês:

Após o 1º mês, teremos: M1 = 1000 x 1,1 = 1100 = 1000(1 + 0,1)

Após o 2º mês, teremos: M2 = 1100 x 1,1 = 1210 = 1000(1 + 0,1)2

Após o 3º mês, teremos: M3 = 1210 x 1,1 = 1331 = 1000(1 + 0,1)3

Após o nº (enésimo) mês, sendo S o montante, teremos evidentemente:

S = 1000(1 + 0,1)n

De uma forma genérica, teremos para um principal P, aplicado a uma taxa de juros
compostos i durante o período n :

S = P (1 + i)n

onde S = montante, P = principal, i = taxa de juros e n = número de períodos que o


principal P (capital inicial) foi aplicado.

NOTA: Na fórmula acima, as unidades de tempo referentes à taxa de juros (i) e do


período ( n ), tem de ser necessariamente iguais. Este é um detalhe importantíssimo, que
não pode ser esquecido! Assim, por exemplo, se a taxa for 2% ao mês e o período 3
anos, deveremos considerar 2% ao mês durante 3x12=36 meses.

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7.1.3 Valor futuro (VF)


 

Segundo (Ross, Westerfiel e Jaffe, 2002) o valor futuro representa o montante de


dinheiro que um investimento se transformará ao longo de determinado período, dada
uma taxa de juros”. A equação que expressa o VF pode assim ser descrita:

VF = VP(1 + K ) n

Na HP12c este cálculo fica muito mais simples, conforme os passos abaixo:

OPERAÇÃO NA HP 12C

VALOR ENTER/CHS
PV
TAXA I
PERÍODO N
VALOR FUTURO FV
VALOR DA PARCELA PMT

Graficamente pode ser assim representado:

PMPC
 
2.000,00
2.200,00
2.420,00
2.662,00
   
2.928,20

12.210,20

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7.1.4 Valor presente (VP)


 

Segundo (Ross, Westerfiel e Jaffe, 2002) o valor presente é o valor atual de fluxos de
caixa futuros, descontados a uma taxa de desconto apropriada”. A equação para o
cálculo do VP está inserida abaixo:

VF
VP =
(1 + K ) n

Na HP12c este cálculo fica muito mais simples, conforme os passos abaixo:

OPERAÇÃO NA HP 12C

VALOR ENTER/CHS
FV
TAXA I
PERÍODO N
VALOR PV
PRESENTE

943,40
890,00
839,62
792,09  
 
747,26
4.212,37

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7.1.5 Taxas Proporcionais

Duas taxas são proporcionais quando os seus valores formam uma proporção direta com
os tempos a elas referidos, reduzidos à mesma unidade.

Sendo i a taxa de juro relativa a um período e ik a taxa proporcional que queremos


determinar, relativa à fração 1/k do período, temos:

EXEMPLO: Calcule a taxa mensal proporcional a 30% ao ano

SOLUÇÃO
Lembrando que 1 ano = 12 meses, temos:

i12 = 30/12 = 2,5 istoé2,5%a.m.

7.1.6 Taxas Equivalentes

Duas taxas são equivalentes quando, aplicadas a um mesmo capital, durante o mesmo
período, produzem o mesmo juro.
EXEMPLO: Calcular o juro produzido pelo capital de R$ 20.000,00

• à taxa de 4% ao mês, durante 6 meses


• à taxa de 12% ao trimestre, durante 2 trimestres

SOLUÇÃO
No primeiro caso, temos J = 20.000,00 x 0,04 x 6 = 4.800,00
No segundo caso, temos J = 20.000,00 x 0,12 x 2 = 4.800,00
Como os juros são iguais, podemos dizer que 4% a . m. e 12% a . t., são taxas
equivalentes

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ATIVO PASSIVO
ATIVO CIRCULANTE PASSIVO CIRCULANTE

EXIGÍVEL A LONGO PRAZO

ATIVO NÃO-CIRCULANTE PATRIMÔNIO LIQUIDO

TOTAL TOTAL

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DRE
Receita com vendas de Serviços

Outras Receitas

Custo dos Serviços Prestados (CSP)

Lucro Bruto

Despesas operacionais

Outras Despesas

LAJIR

Juros pagos

LAIR

Impostos

Lucro Líquido

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Anexo 1 – Artigo

Por que as contas não fecham


Entenda os mistérios contábeis das empresas da Nova Economia

Por Mikhail Lopes – Revista Exame - 17/04/2000

No início de 1972, a fabricante nacional de pistões e bronzinas Metal Leve abriu o capital na
Bolsa de Valores de São Paulo. Levando em conta o valor do patrimônio da empresa, constante
de seu balanço, cada ação teve o preço fixado em 2,65 cruzeiros, a moeda da época. Após a
abertura do capital, o valor das ações se multiplicou várias vezes até estabilizar na casa dos 15
cruzeiros. O caso da Metal Leve mostra como uma empresa não vale pelo patrimônio que está
registrado em seu balanço. Vale pelo que o mercado acredita que ela pode gerar de lucro no
futuro.

Balanço, então, para quê? De que serve aquela confusão de números, escondidos por trás de
alíneas obscuras, notas em letra miúda no rodapé e um fraseado empolado, tocado a expressões
cheias de significado como ativo ou passivo, imobilizado ou diferido? Que dizer dos créditos de
liquidação duvidosa? Do realizável a longo prazo ou dos passivos circulantes? Como reagir
diante de uma depreciação ou, pior, de uma amortização? Isso para não falar, nestes tempos de
globalização, no goodwill, nas liabilities ou no equity. Pois é. Sabe-se vagamente que, no final das
contas, o ativo tem de ser igual ao passivo. Sabe-se também que o que interessa mesmo é a
última linha do balanço, aquela que diz se uma empresa está no azul ou no vermelho. Mas a
ciência contábil continua sendo um mistério acessível a uns poucos iluminados.

Os guarda-livros da época da Revolução Industrial já conheciam casos como o da Metal Leve, de


discrepância entre o que uma empresa vale (quanto o mercado está disposto a pagar por ela) e o
que está registrado no balanço. Ocorre que a função do balanço - sim, ele tem uma função - não
é propriamente dizer quanto a empresa vale, mas saber se ela está dando lucro ou não. "A
contabilidade é fantástica para medir o lucro que aconteceu", diz o professor Eliseu Martins, da
Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA).
"Mas é extremamente pobre para medir o lucro futuro."

O que os guarda-livros de outrora não sabiam e nem podiam imaginar é que a discrepância entre
o valor acionário da empresa e o valor de seus ativos se tornaria muito maior nas empresas da
Nova Economia. Considere o caso da fabricante americana de equipamentos de telecomunicação
Cisco. A empresa tem ativos contabilizados no balanço de 1999 em 14,7 bilhões de dólares, mas
é avaliada pelo mercado acionário em mais de 470 bilhões de dólares, ou 32 vezes o valor
declarado. No portal Yahoo! essa proporção chega a 36 vezes (valor de mercado de 68,3 bilhões
de dólares para ativos de 1,9 bilhão). Na Oracle, são 30 vezes. Em 1972, depois de sua
fenomenal abertura de capital na Bovespa, a Metal Leve valia aquilo que na época era uma
fábula: 5,66 vezes o total dos ativos no balanço. Uma miséria em comparação com as empresas
digitais de hoje.

A discrepância maior nas empresas da Nova Economia ocorre por um motivo simples: os ativos
mais importantes delas não são fábricas ou máquinas, declaradas como patrimônio no balanço.
São marcas, clientes ou as tecnologias que desenvolvem. Eles são ativos conhecidos como
intangíveis. De acordo com os critérios tradicionais, uma marca ou um software não podem ser
contabilizados como ativos. Não existem contabilmente, mas têm grande valor de mercado. Eis o
grande problema da contabilidade convencional aplicada a empresas baseadas no intangível:
como registrar no balanço aquilo que o mercado mais valoriza?

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"Os ativos intangíveis só passam a existir contabilmente quando a empresa vende ou compra a
marca ou o software. Ou seja, quando entra ou sai dinheiro do caixa. Porque os balanços são
baseados no fluxo de caixa", diz Sidney Ito, sócio da empresa de auditoria KPMG. "Isso tende a
aumentar ainda mais a diferença entre o que está no balanço e o que a empresa vale no
mercado." Ou seja: o software que uma empresa desenvolveu ou uma marca que construiu não
entram no balanço como patrimônio. O que vai para o balanço são os gastos em pesquisa para
criar o software ou o marketing para construir a marca.

Isso gera outro tipo de distorção entre os balanços da velha e da Nova Economia. Quando uma
empresa constrói, digamos, uma fábrica, contabilizar todo o custo da construção no ano em que
ela é concluída não faz sentido. A fábrica vai durar 20, 30, 50 anos, gerando receita ao longo do
tempo. O bom senso manda, então, que se imagine durante quanto tempo a fábrica vai funcionar
- o que, por si só, já é difícil de fazer - e se lance o custo da construção em parcelas ao longo
desses anos. Isso é conhecido no impenetrável jargão dos guarda-livros como depreciação.
Suponha que a Votorantim Celulose e Papel construa uma fábrica neste ano por 70 milhões de
reais e projete para ela uma vida útil de 35 anos. A empresa contabilizará como despesa no
balanço deste ano 2 milhões de reais, e não 70 milhões.

Mas os gastos com pesquisa e desenvolvimento, marketing, publicidade e treinamento não


podem ser tratados como a fábrica, muito embora possam representar exatamente a mesma
coisa no dia-a-dia de uma empresa da Nova Economia. A StarMedia, por exemplo, gastou no ano
passado 33,2 milhões de dólares em pesquisa de novas tecnologias e produtos e 53,4 milhões
em marketing e vendas. A empresa foi obrigada, pelas regras contábeis dos Estados Unidos
(país onde está sediada), a contabilizar tudo como despesa. Isso contribuiu para seu prejuízo de
90,7 milhões de dólares em 1999. Boa parte do mito que circunda os prejuízos das empresas da
Internet pode ser atribuída e essa distorção.

Aquilo que as empresas gastam com pesquisa, desenvolvimento e marketing pode gerar
benefícios por anos, talvez décadas. Pense em todas aquelas empresas com ações cotadas na
Nasdaq, a bolsa eletrônica americana, com valor de mercado nas estrelas e prejuízo idem. Elas
não precisam de fábricas, mas têm de construir outras coisas: marcas, bases de clientes,
conhecimento tecnológico. Na economia da Internet, são esses os bens que determinarão o
sucesso ou o fracasso. E as regras contábeis americanas dizem que eles devem ser lançados no
balanço como despesas.

Quanta diferença isso faz? Muita. Considere o exemplo da Amazon.com, uma unanimidade
quando o assunto são anomalias acionárias. A empresa de Jeff Bezos publicou no balanço de
1999 um prejuízo de 720 milhões de dólares. Se os investimentos em pesquisa e
desenvolvimento, marketing e publicidade fossem considerados como ativos e depreciados ao
longo de cinco anos, a Amazon.com teria um lucro de 400 milhões de dólares. Sem poder confiar
em uma única linha de um balanço de uma empresa da Nova Economia elaborado com base em
critérios tradicionais, o mercado acaba valorizando demais os intangíveis e gera a discrepância
existente entre a avaliação das empresas e o que elas representam de fato em termos
econômicos.

No Brasil, a situação é um pouco diferente. Alguns gastos com marketing e pesquisa e


desenvolvimento (especialmente investimentos feitos antes de a empresa começar a operar)
podem ser contabilizados como ativos - e não como despesa, como manda a lei americana. Tais
gastos entram no balanço sob a misteriosa alcunha de ativo diferido, e podem ser depreciados ao
longo de um período determinado de tempo. "Isso pode dar margem a truques contábeis, porque
no Brasil não existe uma cultura de transparência na prestação de contas", diz Charles Holland,
sócio da consultoria Ernst & Young. Por outro lado, o balanço de uma empresa da Nova
Economia pode lançar mão desse artifício para registrar de forma mais realista seus intangíveis.

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As regras contábeis do tempo da máquina a vapor têm deixado de cabelo em pé os contadores e


os gestores de muitas empresas digitais. Afinal, que juízo os investidores farão de tais empresas
cujos balanços são incapazes de registrar seus bens mais importantes, como sua base de
clientes, sua marca ou as tecnologias que desenvolvem? O pior de tudo é que as mesmas regras
contábeis da velha economia dão muita margem a que os contadores das empresas da nova
usem truques para fazer os balanços parecerem mais sedutores aos olhos do mercado acionário.

Algumas empresas digitais têm, por exemplo, registrado como receita todo o dinheiro que os
internautas pagam nos sites por algum produto ou serviço, quando na verdade ficam com uma
pequena parcela do total. Veja o caso da Priceline.com, empresa americana que ficou famosa por
criar o modelo em que o internauta diz quanto quer pagar por uma passagem aérea ou quarto de
hotel. A empresa registrou um faturamento de 152 milhões de dólares no mais recente relatório
trimestral apresentado à Securities and Exchange Comission (SEC), a comissão que fiscaliza o
mercado acionário americano. Mas essa soma inclui o valor total que os consumidores pagaram
por passagens aéreas, hotel e aluguel de carros. A Priceline.com só embolsou 18 milhões de
dólares. O resto do dinheiro foi pago a companhias aéreas, hotéis e locadoras de veículos.

Outro truque contábil que está se tornando comum entre as empresas .com é registrar o valor de
anúncios permutados como se eles tivessem sido vendidos. A StarMedia, por exemplo, computou
um faturamento de 5,6 milhões de dólares no terceiro trimestre do ano fiscal de 1999. Mas 26%
desse total se referiam a anúncios pelos quais a empresa não recebeu nem um centavo, mas sim
espaço publicitário permutado com emissoras de TV e rádio. Esse tipo de transação é comum em
empresas de mídia. Mas, para as empresas da mídia tradicional, tais acordos nunca representam
mais que 5% do total das vendas de anúncios. No mundo online, não é raro encontrar
companhias que obtêm até metade de seu faturamento dessa forma. As transações com permuta
de anúncios responderam por 6% de toda a receita de publicidade na Internet no segundo
trimestre do ano passado, de acordo com uma pesquisa da empresa de contabilidade
PricewaterhouseCoopers.

As empresas digitais, mestres na arte de oferecer produtos e serviços de graça para atrair
internautas, descobriram uma maneira de disfarçar o efeito que toda essa generosidade produz
no balanço. Imagine que um usuário compre um suéter de 50 reais num site que oferece
desconto de 20% sobre aquele preço. As empresas então deveriam lançar apenas 40 reais como
receita. No entanto, algumas .com estão lançando os 50 reais como receita e 10 reais como
despesa de marketing. No final das contas, o resultado é o mesmo, mas as vendas acabam
infladas. Trata-se de um artifício poderoso num mundo em que a maioria das empresas dá
prejuízo e no qual o que todos olham é o crescimento da receita.

Amazon.com, eToys e 1-800-flowers estão entre as muitas empresas de comércio eletrônico que
fazem mágicas com os custos de armazenamento, empacotamento e envio de produtos. As
empresas do mundo dos átomos contabilizam esses gastos como custo de vendas. As empresas
digitais contabilizam como despesa de marketing. Por quê? Porque a despesa com vendas afeta
diretamente a margem de lucro. Muitas empresas digitais já operam com margens de lucro
raquíticas e têm pouco interesse em que elas emagreçam ainda mais. Outro benefício para as
.com: tal prática permite esconder despesas de outro tipo em meio aos gastos com marketing que
os investidores acreditam ser necessários neste momento para construir marcas conhecidas. É
uma forma de transformar uma despesa muitas vezes bastante tangível em um atraente ativo
intangível. A livraria virtual Varsitybooks.com dispensou os serviços de auditoria da KPMG em
outubro depois que ela se recusou a assinar um balanço em que os custos de envio estavam
contabilizados como despesas de marketing. A nova empresa de auditoria, a
PricewaterhouseCoopers, assinou o balanço.

No final do ano passado, a SEC, entidade que fiscaliza o mercado acionário dos Estados Unidos,
enviou um documento ao órgão que define os padrões contábeis no país. Em 11 páginas, listava

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problemas nas práticas contábeis usadas pelas empresas digitais e pedia que o órgão estudasse
meios de limitar tais práticas. A valorização pelo mercado dos tais ativos intangíveis que não são
contabilizados acaba oferecendo uma brecha. Sempre dá para disfarçar o balanço jogando com
aquilo que o mercado vai julgar como intangível. Um endurecimento nas regras contábeis
americanas - já bastante rígidas - pode até coibir algumas práticas duvidosas, mas nunca fará
com que elas acompanhem o ritmo com que os magos das finanças inventam novos truques para
fazer os balanços parecerem mais vistosos aos olhos dos investidores sem infringir a lei.

Já a questão da discrepância entre o valor do patrimônio de uma empresa registrado no balanço


e seu valor no mercado acionário é mais complicada de resolver. "Os balanços são muito
objetivos. Para que eles representassem a perspectiva de uma empresa dar lucro no futuro,
precisariam basear-se em critérios mais subjetivos", diz o professor Martins, da FEA. "Mas aí os
balanços dariam margem a ainda mais malabarismos contábeis. Vira uma areia movediça. Qual
contador iria querer assinar um balanço desses? É por isso que essa discussão só existe na
academia." Enquanto a academia se debate para decidir os novos e misteriosos termos atrás dos
quais serão escondidas as estrelas da Nova Economia, ainda é melhor usar os critérios da velha.
Ou seja: do jeito como está é ruim. Se mexer, piora.

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