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A NOVA ESTRUTURA DO BALANÇO PATRIMONIAL

BATALHA, Marco Aurelio R.1

Resumo: Desde o surgimento da Contabilidade há mais de 20000 anos ela vem se


modificando e se aprimorando conforme o ser humano se desenvolve e cria novas formas de
relações comerciais. A globalização inspirou novas relações comerciais envolvendo empresas
de diversos setores e países. Com isso surgiu um problema. Cada país podia contabilizar ou
interpretar a contabilidade de sua forma, e um mesmo fato poderia ser registrado de forma
diferente em cada país, gerando lucro ou prejuízo em cada um deles. A necessidade de
convergir às informações contábeis para um mesmo caminho faz surgir as IFRs (International
Financial Reporting Standerds), que são as Normas Internacionais de Contabilidade (NICs).
Este estudo busca mostrar as alterações sofridas no Balanço Patrimonial, um dos principais
relatórios contábeis.

Palavras-chave: Balanço Patrimonial, IFRs, NICs, Contabilidade.

Abstract: Since the emergence of accounting for more than 20,000 years, it has been hanging
and improving as a human being develops and creates new forms of trade relations.
Globalization has inspired new involving different sectors and countries companies. With that
a problem arose. Each country could interpret accounting or accounting form, and the same
fact could be recorded differently in each country, making a profit or loss for each of them.
The need to converge the accounting information for the same path makes the IFRS
(International Financial Reporting Standerds), which are the International Accounting
Standards (NICs) arise. This study aims to show the changes done in the Balance Sheet, a
leading accounting reports.

Keywords: balance sheet, IFRS, NICs, Accounting.

Introdução

A Contabilidade tem sua origem, segundo alguns estudiosos, a mais de 20000 mil
anos, com anotações primitivas que levavam a crer a existência de um controle, mesmo que
de forma empírica, do patrimônio existente.
Em 1494 surge o primeiro trabalho escrito tipograficamente abordando o tema
contabilidade, escrito pelo Frei Franciscano Luca Pacioli. A partir dessa obra começaram a
surgir outras abordando o tema.

1
Pós Graduado em Gestão Estratégica de Negócios e Controladoria e Finanças Corporativas, Bacharel em Administração de
Empresas, Técnico em Contabilidade. Professor na Faculdade do Guarujá (UNIESP).
Com o advento da revolução industrial, a contabilidade foi se aprimorando, para
atender as novas rotinas comerciais e industriais que surgiam. A escola Italiana era a mais
forte, até que pós-crise de 1929 a escola Americana, oriunda dos Estados Unidos da América
passou a ter forte influência.
Com o advento da globalização e o estreitamento das relações comerciais corporativas
e consequentemente de suas economias, dando-se principalmente pelas necessidades de
captação de recursos internacionais e com a diminuição de barreiras relacionadas ao comércio
externo, apareceu um cenário, que até então não se dava muita importância, o de como são
demonstrados os relatórios contábeis das empresas.
A contabilidade vinha sendo bastante questionada pelas diversas formas de registrar
seus dados em diferentes países, o que causava diferentes interpretações para um mesmo fato,
dependendo do país origem desses registros.
Essas diferenças dificultavam a análise e a comparação desses resultados apresentados
pelas sociedades, ou seja, uma empresa que em um período contábil apresentava um
determinado resultado em suas contas, se o Balanço Patrimonial dos mesmos fatos, fosse feito
em outro país, poderia apresentar um resultado completamente diferente. Essa diferença
poderia influenciar de forma negativa em uma tomada de decisão de seu administrador.
Neste sentido de mudanças, Lopes de Sá (2010) já citava que não se podia duvidar de
que a evolução da contabilidade tenha sido consequência da quantidade de fatos a registrar,
provocada pela evolução socioeconômica das sociedades, tendo assim, uma visão de que a
Contabilidade não pode ficar estática no tempo e deve sofrer mutações de acordo com a
evolução dos conhecimentos.
Para minimizar essas diferenças, a partir de 2010, data limite que os órgãos
reguladores deram para a convergência das normas de contabilidade nacionais com as normas
internacionais de contabilidade (NIC).
Neste contexto o presente artigo procura evidenciar as mudanças ocorridas no Balanço
Patrimonial, um dos relatórios contábeis mais importantes, com as novas regras das NICs.

1 O balanço Patrimonial

O Balanço Patrimonial é um dos principais relatórios gerados pela contabilidade,


apresentando de forma ordenada, descrevendo, em determinado momento, o conjunto de
Bens, Direitos, Obrigações e Patrimônio Líquido da entidade e seus respectivos valores.
Segundo (YAMAMOTO, et. al., 2011) o Balanço Patrimonial é uma demonstração
estática sobre a situação patrimonial e financeira da entidade, possibilitando a obtenção de
indicadores de liquidez, endividamento, estrutura de financiamento, entre vários outros
possíveis.
O Balanço Patrimonial é composto por três grandes grupos: Ativo, Passivo e
Patrimônio Líquido (PL).

2 A Estrutura do Balanço Segundo a Lei 6404/76.

A Lei 6404/76 que regulamenta a existência das sociedades por ações (Sociedades
Anônimas) trata da apresentação do Balanço Patrimonial distribuindo seus grupos da seguinte
forma:

2.1 Ativo

Representa os bens e direitos da empresa e subdivide-se em.


Ativo Circulante – onde são registrados os bens e direitos que serão realizados em até
12 meses a partir do último balanço;
Realizável a Longo Prazo (RLP) – onde são registrados todas as contas que serão
realizadas após 12 meses a contar do último balanço;
Ativo Permanente, este subgrupo se divide em:
Investimentos – são registradas as participações em outras empresas e outros direitos
não relacionados no Circulante ou RLP;
Imobilizado – neste subgrupo são lançadas as contas relacionadas aos bens físicos e
destinados a manutenção das atividades principais da empresa;
Diferido – este subgrupo destina-se aos gastos realizados em períodos específicos, mas
que somente contribuirão para realização de exercícios futuros, como por exemplo: despesas
pré-operacionais.

2.2 Passivo

Representa todas as obrigações da empresa, dividindo-se em:


Passivo Circulante – nele são registrados os valores devidos pela entidade cujo
vencimento seja inferior a 12 meses a contar da data do último balanço;
Exigível a Longo Prazo (ELP) – este subgrupo é destinado ao registro dos valores
devidos cujos vencimentos sejam superiores há 12 meses a contar do último balanço;
Resultados de Exercícios Futuros – Segundo a Lei 6404/76 neste subgrupo são
classificados as Receitas de exercícios futuros, diminuídas dos custos e despesas a elas
correspondentes (LUDICIBUS, 1985).

2.3 Patrimônio Líquido

Neste grupo são classificados, segundo a Lei 6404/76, as seguintes contas:


Capital Social – representa os valores inseridos na empresa pelos próprios sócios ou
acionistas;
Reserva de capital – são constituídas com valores recebidos pela empresa e que não
transitam pelo resultado, por não se referirem à entrega de bens ou serviços pela empresa.
Reserva de Reavaliação - A Lei 6.404/76 em seu artigo 8º, admitia a possibilidade, até
31.12.2007, de se avaliarem os ativos de uma companhia pelo seu valor de mercado,
chamando isto de reavaliação. O valor da reavaliação do ativo imobilizado é a diferença entre
o valor líquido contábil do bem e o valor de mercado, com base em laudo técnico elaborado
por três peritos ou entidade especializada.
Reserva de Lucros - As reservas de lucros são as contas de reservas constituídas pela
apropriação de lucros da companhia, conforme previsto no § 4º do art. 182 da Lei nº 6.404/76,
para atender a várias finalidades, classificam-se como reservas de lucros:
a) Reserva Legal;
b) Reserva Estatutária;
c) Reserva para Contingências;
d) Reserva de Lucros a Realizar;
e) Reserva de Lucros para Expansão;
f) Reserva de Incentivos Fiscais.
Lucros ou Prejuízos Acumulados - Os lucros ou prejuízos representam resultados
acumulados obtidos, que foram retidos sem finalidade específica (quando lucros) ou estão à
espera de absorção futura (quando prejuízos)
3 O Balanço Patrimonial De Acordo Com As NICs

Desde 2010 o Balanço Patrimonial passou por alterações para atender aos novos
dispositivos contidos nas Leis nº 11638/07 e nº11941/09, para adaptação às práticas contábeis
brasileiras aos padrões internacionais de contabilidade (PADOVAZE, 2012)
A responsabilidade pela normatização contábil foi delegada ao comitê de
pronunciamentos contábeis (CPC) e que apresentou sua nova estrutura.

3.1 Principais alterações no balanço patrimonial

a- A apresentação do Ativo foi subdividido em dois grandes grupos: Circulante e Não


Circulante. O Antigo Realizável a Longo Prazo passou a compor o ativo não
circulante. Suas definições de circulante e não circulante mantiveram-se
inalteradas quanto ao prazo para classificação;

b- O Passivo passa a ser composto por três grandes grupos: Circulante, não circulante
e Patrimônio Líquido;

c- O grupo do Ativo Permanente foi extinto e seus componentes passaram a integrar


o grupo do ativo não circulante;

d- O ativo diferido deixou de existir, sendo suas contas transferidas para o Ativo
imobilizado ou intangível, dependendo do caso, ficando a possibilidade de
manutenção desse subgrupo até a extinção automática de seus saldos, sendo
proibida a inclusão de novos valores neste caso;

e- No ativo não circulante foi criado o subgrupo dos intangíveis, onde são registrados
os bens incorpóreos da empresa;

f- Incorporação do subgrupo Resultados de Exercícios Futuros ao passivo não


circulante, sob a nova terminologia de receita – despesas diferidas;

g- O Patrimônio Líquido para as sociedades por ações passa a ter a seguinte divisão:

a) Capital Social;
b) Reservas de Capital
c) Ajustes de Avaliação Patrimonial
d) Reservas de Lucros
e) Ações em Tesouraria
f) Prejuízos Acumulados.

Ações em Tesouraria - As ações ou quotas adquiridas pela companhia ou sociedade


limitada serão registradas em conta específica redutora do Patrimônio Líquido, intitulada
"ações ou quotas em tesouraria".
Quadro 1: comparativo do Balanço Patrimonial
Antes das Alterações Após Alterações
ATIVO ATIVO
Circulante Circulante
Realizável a Longo Prazo (RLP) NÃO Circulante
Permanente - Realizável a Longo Prazo (RLP)
- Investimentos - Investimentos
- Imobilizado - Imobilizado
- Diferido - Intangível
PASSIVO PASSIVO
Circulante Circulante
Exigível a Longo Prazo (ELP) NÂO Circulante
Resultado de Exercícios Futuros
PATRIMÔNIO LÍQUIDO PATRIMÔNIO LÍQUIDO
Capital Social Capital Social
Reserva de Capital Reserva de Capital
Reserva de Reavaliação Ajuste de Avaliação Patrimonial
Reserva de Lucros Reserva de Lucro
Lucros ou Prejuízos Acumulados Ações em tesouraria
Prejuízos Acumulados
Fonte: próprio autor

Considerações Finais

Com as grandes alterações que ocorrem no mercado internacional, se faz necessário


padronizações nos campos contábeis das empresas, visando uma uniformidade de
informações, de modo que os administradores e steakholders em geral possam, avaliar e
comparar de forma segura todas as informações apresentadas no Balanço Patrimonial,
minimizando assim, possíveis interpretações errôneas e facilitando na tomada de decisão.
O Brasil insere-se neste contexto e para tal criou as Leis nº 11638/07 e nº11941/09 que
regulamentam as informações contábeis, alterando a Lei 6404/76, que até então era soberana
neste sentido, passando a adotar uma postura de maior clareza nas informações prestadas,
seguindo dessa maneira uma padronização internacional.
Este estudo procurou demonstrar as principais alterações promovidas pela nova
regulamentação na apresentação do Balanço Patrimonial. Enfatiza-se que este trabalho foca-se
apenas no Balanço Patrimonial, deixando claro que outros relatórios contábeis também
sofreram reestruturação de acordo com a nova legislação.

Referências Bibliográficas

DELOITTE. Normas Internacionais de Contabilidade IFRS. Atlas, 2011.

LOPES DE SÁ, Antonio. Teoria da Contabilidade. 5. ed. Atlas, 2010.

LUDÍCIBUS, Sérgio. Contabilidade Introdutória. 7. ed. Atlas, 1985.

PADOVAZE, Clóvis Luís. Manual de Contabilidade Básica. 8. Ed. Atlas, 2012.

YAMAMOTO, Marina Mitio. Fundamentos da Contabilidade. A nova contabilidade no


contexto Global. Saraiva, 2011.

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