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A NOVA ORDEM
A Lei n. 11.638/2007 promoveu, primordialmente, para vigorar já no exercício seguinte,
uma intervenção material e numérica no rol dos demonstrativos constantes da ordem
legal vigente. Alterou a relação há décadas estabelecida pela Lei n. 6.404/1976,
excluindo a Demonstração de Origens e Aplicações de Recursos – Doar – e incorporando
duas outras demonstrações até então praticadas apenas como ferramenta suplementar
de gerência. São elas a Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC) e a Demonstração do
Valor Adicionado (DVA). Com essa operação matemática – que logicamente adiciona
recursos novos à técnica e à atividade contábil – a lista anterior cresceu de cinco para
seis demonstrativos e passou a compor-se da seguinte forma:
• Balanço Patrimonial;
• Demonstração do Resultado do Exercício;
• Demonstração dos Fluxos de Caixa;
• Demonstração das Mutações do PL;
• Demonstração de Lucros e Prejuízos Acumulados;
• Demonstração do Valor Adicionado.
UM ANO DE MUDANÇAS
Ao final de 2008, dias antes, portanto, de terminar o primeiro exercício sob a ideia da
Lei n. 11.638/2007, a ordem contábil é contemplada com novas regras. Surge a já
mencionada Medida Provisória n. 449 – posteriormente convertida na Lei n.
11.941/2009 – que outra vez altera a estrutura do Balanço e, de resto, o ordenamento
contábil. Algumas das mudanças introduzidas, aliás, não eram apenas postuladas pela
classe, mas já vinham sendo antecipadas, de algum modo, pelos profissionais em certas
tarefas especializadas. É o caso, por exemplo, do remanejamento (reclassificação) do
grupo Resultado de Exercícios Futuros nos procedimentos preparatórios para a análise
de Balanço. Esse grupo acabou excluído do Balanço na segunda fase da mudança.
PRINCIPAIS MUDANÇAS REALIZADAS NA CONTABILIDADE EM DECORRÊNCIA DAS LEIS
11.638/2007 E 11.941/2009.
Ela pode ser feita em qualquer fase do exercício, segundo a necessidade ou o interesse
momentâneo da entidade. A Lei n. 11.638, de 28 de dezembro de 2007, que a incluiu na
lista de demonstrações oficiais, em substituição à Demonstração de Origens e
Aplicações de Recursos (Doar), torna sua publicação anual obrigatória para as seguintes
entidades:
a) sociedades anônimas de capital aberto;
b) sociedades de capital fechado, cujo Patrimônio Líquido seja igual ou superior a dois
milhões de reais.
DEMONSTRAÇÃO DO VALOR ADICIONADO (DVA) – REPARTINDO VALORES
Também incluída na Lei n. 6.404/1976, pela Lei n. 11.638/2007, a Demonstração de
Valor Adicionado (DVA) retrata a riqueza que a entidade auferiu no exercício e a forma
como esses valores são distribuídos entre os correspondentes, colaboradores e
proprietários. O Conselho Federal de Contabilidade (CFC) já havia institucionalizado a
DVA por meio da Resolução 1.010/2005, normativo que também descrevia sua estrutura
e conteúdo.
Está na Lei
Os passos seguintes mostrarão como a Lei n. 6.404/1976, em seu texto mais recente,
define o Balanço e cada um de seus grupos: No balanço, as contas serão classificadas
segundo os elementos do patrimônio que registrem, e agrupadas de modo a facilitar o
conhecimento e a análise da situação financeira da companhia.
Os saldos devedores e credores que a companhia não tiver direito de compensar serão
classificados separadamente. Convém acrescentar que o “grau de liquidez”, significa a
velocidade com que cada elemento patrimonial pode converter-se em dinheiro. E as
contas do Ativo Circulante e do Realizável a Longo Prazo (Ativo Não Circulante) devem
ser dispostas em “ordem decrescente” de liquidez. Isto é, a conta de realização mais
rápida – CAIXA – está no “ponto culminante” da estrutura patrimonial. É por ela que
todos os balanços começam. Em seguida, de cima para baixo, vem BANCOS CONTA
MOVIMENTO; e, na sequência e pela ordem, todas as demais.
Deve-se destacar, também, que as primeiras contas do Ativo Circulante (CAIXA, BANCOS
CONTA MOVIMENTO e APLICAÇÕES FINANCEIRAS DIÁRIAS) integram um segmento
denominado DISPONÍVEL, ou DISPONIBILIDADES, como expresso no texto legal, pois
nessas contas encontra-se o dinheiro de que a empresa poderá dispor imediatamente
ou dentro de 24 horas.
I – no ativo circulante: as disponibilidades, os direitos realizáveis no curso do exercício
social subsequente e as aplicações de recursos em despesas do exercício seguinte;
Exemplo:
ATIVO CIRCULANTE
DISPONÍVEL
Caixa........................................................................................ 12.000,00
Bancos Conta Movimento .........................................................2.000,00
Numerários em Trânsito.............................................................6.000,00
Aplicações de Liquidez Imediata..............................................20.000,00
CONTAS A RECEBER
CLIENTES
Duplicatas a Receber................................................................10.000,00
Promissórias a Receber.............................................................10.000,00
(–) Duplicatas Descontadas.....................................................(6.000,00)
(–) Provisão para Créditos de Liquidação Duvidosa...................(300,00)
Adiantamentos a Empregados ....................................................3.000,00
Cheques em Cobrança ...............................................................1.000,00
Dividendos a Receber.................................................................1.000,00
IMPOSTOS A RECUPERAR
ICMS a Recuperar......................................................................1.400,00
IPI a Recuperar ..........................................................................1.300,00
IRRF a Recuperar.......................................................................3.600,00
ESTOQUES
Mercadorias .............................................................................. 12.400,00
Material de Embalagem..............................................................1.600,00
Estoque de Material de Expediente............................................6.000,00
(–) Provisão para Perdas de Estoques......................................(1.000,00)
DESPESAS DO EXERCÍCIO SEGUINTE
Aluguéis Passivos a Apropriar (ou a Vencer).............................5.000,00
Despesas Financeiras a Apropriar (ou a Vencer)........................4.000,00
Juros Passivos a Apropriar (ou a Vencer)...................................2.200,00
Prêmios de Seguros a Apropriar (ou a Vencer)..........................4.800,00
Outras Despesas Pagas Antecipadamente...................................6.000,00
TOTAL DO ATIVO CIRCULANTE...................................................106.000,00
As contas redutoras do ativo também são conhecidas como contas retificadoras, porque
servem para “corrigir” os valores dispostos nesse grupo. Por este motivo, elas têm
natureza credora e, ainda que façam parte do grupo de ativos, têm o saldo oposto a ele.
(Principio prudência)
II – no ativo realizável a longo prazo: os direitos realizáveis após o término do exercício
seguinte, assim como os derivados de vendas, adiantamentos ou empréstimos a
sociedades coligadas ou controladas, diretores, acionistas ou participantes no lucro da
companhia, que não constituírem negócios usuais na exploração do objeto da
companhia.
Exemplo:
ATIVO NÃO CIRCULANTE
REALIZÁVEL A LONGO PRAZO
Adiantamento a Diretores e Acionistas..................................... 4.000,00
Empréstimos a Sociedades Coligadas........................................14.000,00
Exemplo:
INVESTIMENTO
Participações em Coligadas........................................................2.600,00
Participações em Controladas ....................................................1.400,00
Obras de Arte ..........................................................................16.000,00
Imóveis de Renda.....................................................................16.000,00
IV – no ativo imobilizado: os direitos que tenham por objeto bens corpóreos destinados
à manutenção das atividades da companhia ou da empresa ou exercidos com essa
finalidade, inclusive os decorrentes de operações que transfiram à companhia os
benefícios, riscos e controle desses bens; (Redação dada pela Lei no 11.638, de 2007)
Exemplo:
IMOBILIZADO
Computadores e Periféricos......................................................10.000,00
Imóveis..................................................................................... 14.000,00
Instalações..................................................................................5.000,00
Móveis e Utensílios....................................................................3.600,00
Veículos.................................................................................... 16.400,00
(–) Depreciação Acumulada....................................................(4.000,00)
V – no intangível: os direitos que tenham por objeto bens incorpóreos destinados à
manutenção da companhia ou exercidos com essa finalidade, inclusive o fundo de
comércio adquirido. (Incluído pela Lei no 11.638, de 2007)
Exemplo:
INTANGÍVEL
Marcas e Patentes ....................................................................14.000,00
No que tange à ordem do PASSIVO, embora a lei não a defina expressamente, a própria
natureza dos (sub)grupos, à exceção do Patrimônio Líquido, sugere que as contas sejam
dispostas em ordem decrescente de exigibilidade. Em outras palavras, as obrigações são
ordenadas – de cima para baixo – segundo os respectivos vencimentos. Primeiramente,
vem a mais exigível (vencimento mais próximo), em seguida, a segunda mais exigível e
assim por diante.
Passivo Exigível
As obrigações da companhia, inclusive financiamentos para aquisição de direitos do
ativo não circulante, serão classificadas no passivo circulante, quando se vencerem no
exercício seguinte, e no passivo não circulante, se tiverem vencimento em prazo maior.
Exemplo:
PASSIVO CIRCULANTE
Duplicatas a Pagar......................................................................6.000,00
Fornecedores ............................................................................ 14.000,00
Empréstimos ............................................................................. 16.000,00
Financiamento a Pagar...............................................................6.000,00
Promissórias a Pagar...................................................................2.400,00
Cofins a Recolher .........................................................................600,00
ICMS a Recolher .......................................................................1.600,00
IPI a Recolher............................................................................1.600,00
IRRF sobre Lucro Líquido a Recolher........................................3.800,00
ISS a Recolher...........................................................................3.000,00
PIS sobre Faturamento a Recolher.............................................5.000,00
Contribuições de Previdência a Recolher ..................................3.000,00
Décimo Terceiro Salário a Pagar..............................................10.000,00
Férias a Pagar ........................................................................... 10.000,00
FGTS a Recolher .......................................................................4.000,00
Salários a Pagar........................................................................20.000,00
Provisão para Contribuição Social.............................................1.600,00
Provisão para Férias....................................................................6.400,00
Provisão para Imposto de Renda................................................3.000,00
TOTAL DO PASSIVO CIRCULANTE...............................................118.000,00
PASSIVO NÃO CIRCULANTE
Duplicatas a Pagar após 365 dias..............................................10.000,00
Fornecedores (após 365 dias) ................................................... 22.000,00
Patrimônio Líquido
A conta do capital social discriminará o montante subscrito e, por dedução, a parcela
ainda não realizada.
Serão classificadas como reservas de capital as contas que registrarem:
a) a contribuição do subscritor de ações que ultrapassar o valor nominal e a parte
do preço de emissão das ações sem valor nominal que ultrapassar a importância
destinada à formação do capital social, inclusive nos casos de conversão em
ações de debêntures ou partes beneficiárias;
b) o produto da alienação de partes beneficiárias e bônus de subcrição;
Capital Social é o valor que os sócios repassaram à empresa para seu funcionamento,
podendo ser em dinheiro, direitos ou bens. O Capital Subscrito é o valor que os sócios
se comprometeram a repassar à empresa no momento de assinatura do Contrato Social,
ou seja, é o valor prometido. Nem sempre esse valor é repassado de uma só vez,
podendo ser integralizado em várias “parcelas”, por exemplo, um capital subscrito de
R$ 100,00 pode ser integralizado com um repasse de R$ 50,00 no primeiro mês e de
mais R$ 50,00 no segundo mês. O Capital a Integralizar é o valor que os sócios ainda não
repassaram à empresa, necessário para integralizar o Capital Social. Dessa maneira o
Capital Social nada mais é que o valor que a empresa realmente já possui, obtido pelo
Capital Subscrito menos o Capital a Integralizar.
PATRIMÔNIO LÍQUIDO
Capital Subscrito......................................................................40.000,00
(–) Capital a Realizar............................................................(10.000,00)
Reserva de Capital...................................................................14.000,00
Ajustes de Avaliação Patrimonial ..............................................4.000,00
Reserva Legal.............................................................................2.000,00
Reservas Estatutárias..................................................................3.000,00
Reservas para Contingências......................................................6.000,00
Reserva de Incentivo Fiscal......................................................10.000,00
O cálculo é muito simples. Para obter o resultado, basta aplicar a seguinte fórmula:
Indicadores de rentabilidade/renda
O cálculo de rentabilidade ajuda a verificar o quanto renderam os investimentos, ou
seja, se o negócio dá lucro ou não.
Giro de Ativos = Vendas /Ativo Total
Retorno sobre os Ativos = Lucro Líquido /Ativo Total
Retorno sobre o Patrimônio Líquido = Lucro Líquido /Patrimônio Líquido.
Indicadores de Liquidez
Todos os indicadores de liquidez têm o mesmo objetivo: analisar a relação do negócio
entre o seu capital e as suas dívidas.
Liquidez Corrente = Ativo Circulante / Passivo Circulante
Liquidez Seca = (Ativos Circulantes – Estoques) / Passivos Circulantes
Liquidez Geral = (Ativos Circulantes + Realizável a Longo Prazo) / (Passivo
Circulantes + Exigível a Longo Prazo)
Liquidez Imediata = Disponível /Passivos Circulantes
Indicadores de endividamento/dívidas
O cálculo dos indicadores de endividamento servem para medir ou verificar o quanto
um negócio possui de dívida sobre o valor de patrimônio e ativos.
Endividamento = Passivo Total /Ativo Total
Grau de Endividamento = Passivo / Patrimônio Líquido
ATIVO CIRCULANTE DISPONÍVEL
Caixa........................................................................................ 12.000,00
Bancos Conta Movimento .........................................................2.000,00
Numerários em Trânsito.............................................................6.000,00
Aplicações de Liquidez Imediata..............................................20.000,00
CONTAS A RECEBER Clientes
Duplicatas a Receber................................................................10.000,00
Promissórias a Receber.............................................................10.000,00
(–) Duplicatas Descontadas.....................................................(6.000,00)
(–) Provisão para Créditos de Liquidação Duvidosa...................(300,00)
Adiantamentos a Empregados ....................................................3.000,00
Cheques em Cobrança ...............................................................1.000,00
Dividendos a Receber.................................................................1.000,00
IMPOSTOS A RECUPERAR
ICMS a Recuperar......................................................................1.400,00
IPI a Recuperar ..........................................................................1.300,00
IRRF a Recuperar.......................................................................3.600,00
ESTOQUES
Mercadorias .............................................................................. 12.400,00
Material de Embalagem..............................................................1.600,00
Estoque de Material de Expediente............................................6.000,00
(–) Provisão para Perdas de Estoques......................................(1.000,00)
DESPESAS DO EXERCÍCIO SEGUINTE
Aluguéis Passivos a Apropriar (ou a Vencer).............................5.000,00
Despesas Financeiras a Apropriar (ou a Vencer)........................4.000,00
Juros Passivos a Apropriar (ou a Vencer)...................................2.200,00
Prêmios de Seguros a Apropriar (ou a Vencer)..........................4.800,00
Outras Despesas Pagas Antecipadamente...................................6.000,00
TOTAL DO ATIVO CIRCULANTE...................................................106.000,00
ATIVO NÃO CIRCULANTE REALIZÁVEL A LONGO PRAZO
Adiantamento a Diretores e Acionistas.....................................4.000,00
Empréstimos a Sociedades Coligadas........................................14.000,00
INVESTIMENTO
Participações em Coligadas........................................................2.600,00
Participações em Controladas ....................................................1.400,00
Obras de arte............................................................................16.000,00
Imóveis de Renda.....................................................................16.000,00
IMOBILIZADO
Computadores e Periféricos......................................................10.000,00
Imóveis..................................................................................... 14.000,00
Instalações..................................................................................5.000,00
Móveis e Utensílios....................................................................3.600,00
Veículos.................................................................................... 16.400,00
(–) Depreciação Acumulada....................................................(4.000,00)
INTANGÍVEL
Marcas e Patentes ....................................................................14.000,00
TOTAL DO ATIVO NÃO CIRCULANTE ........................................ 113.000,00
TOTAL DO ATIVO.......................................................................219.000,00
PASSIVO
PASSIVO CIRCULANTE
Duplicatas a Pagar......................................................................6.000,00
Fornecedores ............................................................................ 14.000,00
Empréstimos ............................................................................. 16.000,00
Financiamento a Pagar...............................................................6.000,00
Promissórias a Pagar...................................................................2.400,00
Cofins a Recolher .........................................................................600,00
ICMS a Recolher .......................................................................1.600,00
IPI a Recolher............................................................................1.600,00
IRRF sobre Lucro Líquido a Recolher........................................3.800,00
ISS a Recolher...........................................................................3.000,00
PIS sobre Faturamento a Recolher.............................................5.000,00
Contribuições de Previdência a Recolher ..................................3.000,00
Décimo Terceiro Salário a Pagar..............................................10.000,00
Férias a Pagar ........................................................................... 10.000,00
FGTS a Recolher .......................................................................4.000,00
Salários a Pagar........................................................................20.000,00
Provisão para Contribuição Social.............................................1.600,00
Provisão para Férias....................................................................6.400,00
Provisão para Imposto de Renda................................................3.000,00
TOTAL DO PASSIVO CIRCULANTE..............................................118.000,00
PASSIVO NÃO CIRCULANTE
Duplicatas a Pagar após 365 dias..............................................10.000,00
Fornecedores (após 365 dias) ................................................... 22.000,00
PATRIMÔNIO LÍQUIDO
Capital Subscrito......................................................................40.000,00
(–) Capital a Realizar............................................................(10.000,00)
Reserva de Capital...................................................................14.000,00
Ajustes de Avaliação Patrimonial ..............................................4.000,00
Reserva Legal.............................................................................2.000,00
Reservas Estatutárias..................................................................3.000,00
Reservas para Contingências......................................................6.000,00
Reserva de Incentivo Fiscal......................................................10.000,00
TOTAL DO PASSIVO...................................................................219.000,00
Demonstração do Resultado do Exercício (DRE)
Tal questionamento – embora recorrente nas escolas – perdeu sua penúltima “razão de
existir” após a promulgação da Lei n. 11.638/2007. Eis os motivos:
1. A DRE, em tempo algum, teve o papel de apurar os lucros ou prejuízos do
exercício, já que essa tarefa está contida em um procedimento específico, anterior à
montagem dos demonstrativos. No encerramento de cada período, os saldos das contas
de receitas e despesas são transferidos, por meio de lançamentos próprios, para a conta
Resultado do Exercício (ou Lucros e Perdas, como preferem alguns autores). Elas ficam
então zeradas e a diferença devedora ou credora aparece em Resultado do Exercício.
2. Na atual ordem técnico-jurídica da Contabilidade brasileira, o Balanço
Patrimonial já não deve conter, em seu PL, a conta Lucros Acumulados. A diferença entre
receitas e despesas, conhecida mediante processo de “apuração do resultado”, quando
se mostra positiva, precisa ser transferida, ato contínuo, para Dividendos Propostos a
Pagar e para Reservas de Lucro. De outro modo, as diferenças negativas são lançadas
em Prejuízos Acumulados – conta mantida pela legislação atual e que integra o
Patrimônio Líquido na condição de redutora.
Por exemplo:
RECEITA BRUTA DAS VENDAS E SERVIÇOS .................................... 600.000,00
Vendas de mercadorias...................................................................200.000,00
Receitas de serviços prestados........................................................400.000,00
DEDUÇÕES DAS VENDAS................................................................(122.000,00)
Vendas canceladas............................................................................80.000,00
PIS/PASEP ......................................................................................... 5.200,00
COFINS ............................................................................................. 10.400,00
ICMS S/VENDAS ............................................................................... 14.400,00
ISSQN ............................................................................................... 12.000,00
Vê-se, pelos tópicos precedentes, estruturados sob diretrizes da Lei n. 6.404/1976, que
a DRE parte de uma conta ou conjunção de contas, contendo o montante do
faturamento que a empresa obteve, no período, com a venda dos produtos e/ou dos
serviços prestados à clientela. Essa conta (ou grupo) denomina-se Receita Bruta das
Vendas, Receita Bruta das Vendas e Serviços (se for o caso) ou Receita Operacional
Bruta.
Ressalte-se, por oportuno, que a conta Receita Bruta das Vendas e Serviços pressupõe
atividades comercial e prestacional concomitantes. Isso significa que ela será
desdobrada em Receita Bruta das Vendas ou Receita Bruta dos Serviços, se a empresa
exercer, alternativamente, apenas uma dessas atividades.
Por exemplo:
RECEITA OPERACIONAL LÍQUIDA...................................................478.000,00
Custo dos Serviços Prestados ...................................................... (230.000,00)
Custo da Mercadoria Vendida – CMV............................................(60.600,00)
= LUCRO OPERACIONAL BRUTO.....................................................187.400,00
O tópico precedente, previsto inciso II do art. 187, apresenta a receita líquida (receita
bruta, menos as deduções), vindo, em seguida, o Custo das Mercadorias e Serviços
Vendidos, integrante obrigatório da DRE. Esse custo aparece logo abaixo da Receita
Líquida.
O Custo das Mercadorias Vendidas (CMV para os íntimos) é obtido por meio da fórmula:
EI (Estoque Inicial) + C (Compras do período) – EF (Estoque Final). O Custo dos Serviços
Prestados tem aplicação exclusiva às empresas com atividades prestacionais e sua
composição deriva de um conjunto de fatores, tais como materiais empregados, mão de
obra utilizada etc.
Quanto ao Lucro Bruto, ou Lucro Operacional Bruto, ele configura o primeiro passo do
resultado. Na empresa comercial, é o Resultado Bruto com Mercadoria – RCM. Serve de
base para abatimento das chamadas despesas operacionais, de que tratará o inciso III,
e ainda funcionará como numerador no cálculo da “Margem Bruta”, em análise das
demonstrações contábeis.
Eis acima o grupo das Despesas Operacionais. Elas significam, na verdade, um gênero de
despesas, com subdivisões ou espécies.
Roteiro do lucro
Essas contas são dispostas logo abaixo do Lucro Operacional Bruto e têm seus valores
somados, à parte, e, em seguida, deduzidos do item anterior, resultando em um novo
item denominado Lucro ou Prejuízo Operacional, usualmente batizado pela doutrina
como Lucro Operacional Líquido ou Lucro Antes do Imposto de Renda – LAIR
(naturalmente, quando o resultado é positivo e há outras receitas ou despesas a
computar).
Cumprida essa etapa, vêm as contas Contribuição Social e Imposto de Renda. A primeira
é uma contribuição destinada à Previdência; a segunda é o famigerado “Leão”. Com a
subtração desses dois valores – calculados segundo as normas aplicadas ao regime
tributário em que a empresa se insere – chega-se ao Resultado do Exercício Após o
Imposto de Renda. Este, também denominado Lucro do Exercício Após o Imposto de
Renda, recebe no jargão a abreviatura de LAPIR.
Dinheiro em cascata
Tiram-se Contribuição Social e o Imposto de Renda, segundo as regras momentâneas do
Fisco, e o lucro remanescente, nas sociedades anônimas, é submetido a uma série de
cinco “participações”.