Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
CONTABILIDADE
GOVERNAMENTAL TAMANHO
Pode-se dizer que o trabalho contábil, tanto no setor público quanto nos
demais, se consubstancia por meio da sintetização e da tradução das informações
acumuladas nos relatórios contábeis.
Conforme prevê Silva (2016, p. 334), com o encerramento do exercício
financeiro e, estando todos os atos e fatos contábeis registrados, “o setor de
contabilidade deve proceder ao levantamento das demonstrações contábeis que
fazem parte da prestação de contas a ser apresentada não só aos órgãos
institucionais do Poder Legislativo e Tribunal de Contas, como também para os
diversos usuários”.
Nesse aspecto, observa-se que o bem informar (entenda-se de forma
compreensível a quem não tem conhecimento técnico) faz-se de suma
importância, principalmente pelo fato de não ser o poder legislativo o único ou o
principal usuário, mas sim todos os entes que cercam a entidade governamental.
Mais um aspecto que cumpre apresentar, neste item introdutório, é a
previsão de Piscitelli e Timbó (2014, p. 321) em que “os resultados gerais do
exercício serão demonstrados nos Balanços Orçamentários e Financeiros e na
Demonstração das Variações Patrimoniais, e a situação patrimonial, no Balanço
Patrimonial, devendo ser apresentadas segundo os Anexos n. 12, 13, 15 e 14 da
Lei n. 4320/64, respectivamente”, e que, “Na contabilidade pública, os resultados
da gestão são demonstrados mensalmente, por meio de balancetes, [...], e
anualmente, mediante balanços gerais completados com quadro analíticos das
operações” (Silva, 2016, p. 335).
Assim, nesta aula será dada especial atenção às demonstrações contábeis,
cabendo explicação e exemplificação a cada uma das demonstrações que devem
ser levantadas pela contabilidade. Em ordem temática, serão abordados: balanço
orçamentário; balanço financeiro; balanço patrimonial; demonstração das
variações patrimoniais; balancete de verificação.
CONTEXTUALIZANDO
2
receitas e várias despesas a serem controladas. Não obstante, a elaboração das
demonstrações contábeis, seja no âmbito governamental ou qualquer outro, tem
por objetivo apresentar relatórios compreensíveis para o usuário que não possui
conhecimento técnico na área.
Elaborar tais relatórios, porém, mesmo com sistemas de informações bem
desenvolvidos, ainda se torna um desafio ao profissional, no mínimo nas etapas
de parametrização. Para embasar os relatórios finais, uma peça contábil
intermediária faz-se importante, que é o balancete. Mas qual é a sua função na
elaboração final das demonstrações contábeis? No decorrer do desenvolvimento
desta aula, apresentaremos subsídios para responder a essa questão.
3
preocupação se as previsões estão adequadas ou se afastaram significativamente
da previsão inicialmente estipulada.
Note-se que, como está se falando de balanço orçamentário, os conceitos
de receita e de despesa inerentes a esse processo são orçamentário/financeiro
(efetivamente recebida ou efetivamente desembolsada).
O modelo a ser seguido para a elaboração do balanço orçamentário está
previsto no anexo 12 da Lei n. 4.320/1964, podendo-se apresentar como exemplo
a seguir (Silva, 2016, p. 342):
4
de contabilidade, com as seções receita e despesa em destaque, ilustrando as
entradas e saídas de numerários. Com base nesse demonstrativo, é possível
aferir sobre as operações de tesouraria e de dívida pública, correspondendo o
saldo das duas colunas ao saldo de caixa.
Assim, não é incorreto afirmar que o balanço financeiro é uma
reprodução, em maior detalhe, da coluna execução do balanço orçamentário,
uma vez que suas finalidades são correspondentes: evidenciar, sob o regime
de caixa, as receitas efetivamente recebidas e as despesas efetivamente
desembolsadas.
Para Silva (2016, p, 343), o balanço financeiro tem o potencial de evidenciar
a movimentação financeira das entidades do setor público quanto ao período a
que a.
seArefere, discriminando:
receita orçamentária realizada por destinação de recurso;
b. A despesa orçamentária executada por destinação de recurso e o montante
não pago com parcela retificadora;
c. Os recebimentos e os pagamentos extra orçamentários;
d. As transferências ativas e passivas decorrentes, ou não, da execução
orçamentária;
e. O saldo inicial e o saldo final das disponibilidades.
5
Tabela 2 – Exemplo de balanço financeiro
INGRESSOS DISPÊNDIOS/DESEMBOLSOS
$ $ $ $
TÍTULO TÍTULO
Receita Orçamentária Despesa Orçamentária
FUNÇÃO: Administração
RECEITAS CORRENTES DESPESA CORRENTE
Receitas Tributárias 900 Outras Correntes 200
RECEITAS DE CAPITAL
Operações de Crédito 100
Alienação de bens 200 300
Recebimentos extraorçamentários Pagamentos extraorçamentários
Depósitos Restituíveis 100
(Depósitos) Demais Créditos e valores
de curto prazo de fundos 50
Isso posto, o próximo item passará a tratar dos itens ligados aos aspectos
patrimoniais (contábeis) das demonstrações e reporte dos entes governamentais.
6
somas com a conta ‘patrimônio líquido’, especificamente com a conta
resultados acumulados, que pode ser ‘superávit’ ou ‘déficit’, que
representariam aumento patrimonial ou diminuição patrimonial,
respectivamente.
7
Denomina-se ativo real a soma do ativo financeiro e do ativo permanente,
enquanto passivo real corresponde à soma do passivo financeiro com o passivo
permanente.
Neste momento, cumpre elucidar nos dizeres de Silva (2016), o debate
promovido pelos pesquisadores da área em que a Lei n. 4.320/64, tal qual
reproduzida anteriormente, apresentava critério consideravelmente rígido e
imutável na classificação dos itens que devem constar no balanço patrimonial,
segregando-se em financeiro, quando a movimentação independa de autorização
orçamentária, e em permanente, nas hipóteses em que é exigida autorização
legislativa.
Com o advento da harmonização às normas internacionais e,
consequentemente, redirecionamento dos usuários a que se destinam as
demonstrações, os procedimentos contábeis atuais possibilitaram a classificação
dos elementos patrimoniais com base nos atributos da conversibilidade
(transformação em numerário) e exigibilidade (vencimento de compromissos)
(Silva, 2016).
Entende-se que essa flexibilidade atenda aos requisitos de
compreensibilidade a todos os usuários interessados na informação, convergindo
com os preceitos determinados na estrutura conceitual da contabilidade aplicada
ao setor público.
Assim, apresenta-se abaixo o exemplo, adaptado de Silva (2016), sobre
um modelo de balanço patrimonial aplicado ao setor governamental, considerando
tanto os preceitos legais, quanto as previsões das normas contábeis.
8
TEMA 4 – DEMONSTRAÇÃO DAS VARIAÇÕES PATRIMONIAIS
9
configuram superveniências e insubsistências, respectivamente, e devem ser
reconhecidos igualmente na demonstração das variações patrimoniais.
Assim como nos temais temas, apresenta-se neste um exemplo de como
poderia se configurar uma demonstração das variações patrimoniais, conforme as
premissas legais e previsões técnicas contábeis.
10
critérios específicos para controle e mensuração, terão balancetes específicos
gerados para seus respectivos fechamentos.
Considere-se, pois, o exemplo (simplificado) do balancete de verificação,
procedente do subsistema de informação patrimonial:
Variação pat.
4.1.1 1.050 1.050
aumentativa – impostos
Variação pat.
4.9.9 20 20
aumentativa – diversas
SOMA 370 370 2.730 2.730 1.880 1.880
Fonte: Silva, 2016, p. 332-333.
11
e créditos, e que as contas se dispõem hierarquicamente semelhantemente à
disposição do balanço patrimonial e, nas contas de variações patrimoniais, a essa
demonstração. Nesse aspecto, é notório que a crítica, para devida conciliação e
posterior montagem das demonstrações, faz-se de forma mais prática com a
utilização dessa peça, quando fechada.
Assim, no mesmo molde, podem-se obter balancetes para os subsistemas
contábeis, os quais darão suporte à conferência e montagem dos demonstrativos
finais de forma mais consistente e robusta.
FINALIZANDO
12
Por fim, as demonstrações contábeis vêm a traduzir a situação econômico-
financeira do ente público, e sua devida apresentação permite à contabilidade
atingir seu principal objetivo de bem informar.
LEITURA COMPLEMENTAR
13
REFERÊNCIAS
KOHAMA, H. Contabilidade pública: teoria e prática. 15. ed. São Paulo: Atlas,
2017.
14