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TEORIA GERAL DA

EMPRESA

Simone Fraporti
Demonstrações contábeis
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

„„ Reconhecer a diferença entre as demonstrações contábeis.


„„ Analisar como é realizada a elaboração das demonstrações contábeis
e a sua abordagem.
„„ Identificar a importância das demonstrações contábeis para os seus
usuários.

Introdução
Para controlar toda a movimentação de uma empresa, são necessárias
ferramentas que concentrem todos os dados contábeis e facilitem o enten-
dimento das informações para a correta tomada de decisão. As demons-
trações contábeis são relatórios que apresentam as movimentações em-
presariais em relação a determinado período. Elas demonstram a situação
real da empresa, esclarecem sua posição patrimonial e financeira e indicam
seu desempenho nas atividades operacionais. Como você deve imaginar,
essas informações são de suma importância. Afinal, é por meio delas que
se tem conhecimento da saúde financeira e econômica da empresa, da
sua forma de trabalho e do seu comportamento no âmbito social.
Neste capítulo, você vai estudar a diferença entre as demonstrações
contábeis. Além disso, vai ver como elas são elaboradas e a sua abor-
dagem. Por fim, vai entender a importância dessa ferramenta para os
seus usuários.

Diferença entre as demonstrações contábeis


As demonstrações contábeis são parte integrante do conjunto de informações
financeiras divulgadas por uma entidade. Elas são fundamentais para que
organizações financeiras, sócios de empresas ou novos investidores possam
tomar suas decisões. Por meio desses demonstrativos, é possível, por exemplo,
2 Demonstrações contábeis

conseguir financiamentos bancários, pois eles mostram se a empresa pode ou


não arcar com a dívida proposta.
O principal objetivo das demonstrações contábeis é fornecer informações
sobre a posição patrimonial e financeira, o desempenho e as mudanças na
posição financeira da entidade. Essas informações são úteis a um grande
número de usuários em suas avaliações e tomadas de decisão econômica.
O conjunto completo das demonstrações contábeis está previsto no item 10
da NBC TG 26 (Resolução CFC nº 1.185/09). Você pode conhecê-las a seguir
(CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE, 2009):

a) BP: Balanço Patrimonial ao final do período;


b) DR: Demonstração do Resultado do período;
c) DRA: Demonstração do Resultado Abrangente do período;
d) DMPL: Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido do período;
e) DFC: Demonstração dos Fluxos de Caixa do período;
f) DVA: Demonstração do Valor Adicionado do período;
g) NE: Notas Explicativas.

As demonstrações contábeis também refletem os resultados da atuação


da gestão de uma empresa e fazem uma espécie de prestação de contas dos
recursos aplicados em determinado período. As informações sobre a posição
patrimonial e financeira são fornecidas principalmente pelo balanço patri-
monial, enquanto o desempenho da empresa é basicamente fornecido na
demonstração do resultado. Cada demonstração contábil tem a sua finalidade
principal, como você vai ver a seguir.
O balanço patrimonial (Tabela 1) é a demonstração contábil que evidencia,
qualitativa e quantitativamente, em determinada data, a posição patrimonial
e financeira da entidade. O balanço patrimonial é constituído pelo ativo, pelo
passivo e pelo patrimônio líquido:

„„ o ativo compreende os bens, os direitos e as demais aplicações de recur-


sos controlados pela entidade, capazes de gerar benefícios econômicos
futuros originados de eventos ocorridos;
„„ o passivo compreende as origens de recursos representados pelas obri-
gações para com terceiros, resultantes de eventos ocorridos que exigirão
ativos para a sua liquidação;
„„ o patrimônio líquido compreende os recursos próprios da entidade,
e seu valor é a diferença positiva entre o valor do ativo e o valor do
passivo. Quando o valor do passivo for maior que o valor do ativo, o
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resultado é denominado “passivo a descoberto”. Portanto, a expressão


“patrimônio líquido” deve ser substituída por “passivo a descoberto”.

Tabela 1. Balanço patrimonial.

Balanço patrimonial

Ativo Passivo

Bens e direitos Obrigações com terceiros

Patrimônio líquido

Obrigações com a empresa (diretores, acionistas, etc.)

Total ativo ($) Total passivo ($)

Fonte: Oliveira (2017, documento on-line).

A demonstração do resultado do exercício (Tabela 2) é a demonstração


contábil que evidencia o resultado formado num determinado período de
operações da entidade. Ela observa o princípio da competência e, na sua
apresentação, evidencia os vários níveis de resultados mediante confronto
entre as receitas e os custos e despesas correspondentes.

Tabela 2. Demonstração do resultado do exercício.

2016 2017

Receita bruta $$$ $$$

(–) Impostos e deduções $$$ $$$

= Receita líquida $$$ $$$

(–) Custo dos produtos $$$ $$$

= Lucro bruto $$$ $$$

(–) Despesas operacionais $$$ $$$

(–) Despesas gerais e administrativas $$$ $$$

(–) Despesas financeiras $$$ $$$


(Continua)
4 Demonstrações contábeis

(Continuação)

Tabela 2. Demonstração do resultado do exercício.

2016 2017

Receita bruta $$$ $$$

= Lucro operacional $$$ $$$

(+) Receitas não operacionais $$$ $$$

(–) Despesas não operacionais $$$ $$$

= Lucro antes da participação de terceiros $$$ $$$

(–) Imposto sobre o lucro $$$ $$$

(–) Participação de terceiros $$$ $$$

(+) Lucro líquido do exercício $$$ $$$

(–) Participação dos sócios $$$ $$$

= Lucro líquido retido na empresa $$$ $$$

A demonstração de mutações do patrimônio líquido é uma demonstra-


ção mais completa e abrangente. Ela evidencia a movimentação de todas as
contas do patrimônio líquido durante o exercício social, inclusive a formação
e a utilização de reservas não derivadas do lucro. Fornece a movimentação
ocorrida durante os exercícios nas contas componentes e faz clara indicação
do fluxo de uma conta para outra, além de indicar a origem de cada acréscimo
no patrimônio líquido. A DMPL é uma demonstração contábil mais abrangente
que a demonstração de lucros ou prejuízos acumulados; assim, torna-se desne-
cessária a elaboração da DLPA. Para compreender melhor, observe a Tabela 3.

A DLPA evidencia as alterações ocorridas no saldo da conta de lucros ou prejuízos


acumulados no patrimônio líquido. De acordo com o art. 186, § 2º, da Lei nº 6.404,
de 15 de dezembro de 1976 (BRASIL, 1976), a empresa poderá, por opção, incluir a
demonstração de lucros ou prejuízos acumulados nas demonstrações das mutações
do patrimônio líquido.
Tabela 3. Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido.

DMPL e DLPA

Lucros ou
prejuízos
Reservas de capital Reservas de lucros acumulados

Capital Partes Lucros a


Elementos social Ágio beneficiárias Bônus realizar Legal Conting. Estatuária (DLPA) Total

Saldo do
exercício anterior

(+/–) Ajustes
de exercícios
anteriores

Reversão
de reservas
de lucros

Integralização
do capital
a realizar

Resultado líquido
do exercício

(Continua)
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5
6

(Continuação)

Tabela 3. Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido.

DMPL e DLPA
Demonstrações contábeis

Lucros ou
prejuízos
Reservas de capital Reservas de lucros acumulados

Capital Partes Lucros a


Elementos social Ágio beneficiárias Bônus realizar Legal Conting. Estatuária (DLPA) Total

Formação de
reservas de:

1 – Lucros

2 – Capital

3 – Reavaliação

Capitalização
de:

1 – Reservas

2 – Lucros

(Continua)
(Continuação)

Tabela 3. Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido.

DMPL e DLPA

Lucros ou
prejuízos
Reservas de capital Reservas de lucros acumulados

Capital Partes Lucros a


Elementos social Ágio beneficiárias Bônus realizar Legal Conting. Estatuária (DLPA) Total

Dividendos
distribuídos

Aumento de
capital social
efetuado
pelos sócios/
acionistas

(–) Ações em
tesouraria

(+/–) Outras
mutações

TOTAL

Fonte: Oliveira (2016, documento on-line).


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8 Demonstrações contábeis

A demonstração do valor adicionado (Tabela 4) é a demonstração con-


tábil destinada a evidenciar, de forma resumida, os dados e as informações
do valor da riqueza gerada pela entidade em determinado período, bem como
sua distribuição. O valor adicionado é contabilmente calculado por meio
da diferença entre as receitas de vendas e os bens e serviços adquiridos de
terceiros. A demonstração do valor adicionado objetiva evidenciar o cálculo
do valor adicionado e demonstrar como este é distribuído entre os diferentes
segmentos da sociedade que contribuíram para sua obtenção — governo,
financiadores, trabalhadores e proprietários.

Tabela 4. Demonstração do valor adicionado.

Legislação Moeda
Descrição societária constante

1. Receitas

1.1 Vendas de mercadorias, produtos e serviços

1.2 Provisão para devedores duvidosos

1.3 Não operacionais

2. Insumos adquiridos de terceiros (incluem


valores dos impostos ICMS e IPI)

2.1 Matérias-primas consumidas

2.2 Custos das mercadorias e serviços vendidos

2.3 Materiais, energia, serviços


de terceiros e outros

2.4 Perda e recuperação de valores ativos

3. Valor adicionado bruto (1 – 2)

4. Retenções

4.1 Depreciação, amortizações e exaustão

5. Valor adicionado produzido


pela empresa (3 – 4)

(Continua)
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(Continuação)

Tabela 4. Demonstração do valor adicionado.

Legislação Moeda
Descrição societária constante

6. Valor adicionado recebido


em transferência

6.1 Resultado de equivalência patrimonial

6.2 Receitas financeiras

7. Valor adicionado total a distribuir (5 + 6)

8. Distribuição do valor adicionado

8.1 Pessoal e encargos

8.2 Impostos, taxas e contribuições

8.3 Juros e aluguéis

8. 4 Juros sobre capital próprio e dividendos

8.5 Lucros retidos/prejuízo do exercício

As notas explicativas são parte integrante das demonstrações contábeis e


suas informações devem ser relevantes, complementares e/ou suplementares
àquelas não suficientemente evidenciadas ou não constantes nas demons-
trações contábeis propriamente ditas. Incluem as informações de natureza
patrimonial, econômica, financeira, legal, física e social, bem como os
critérios utilizados na elaboração das demonstrações contábeis e eventos
subsequentes ao balanço.
Observe o Tabela 5, a seguir. Ele demonstra, segundo dados do Conselho
Regional de Contabilidade do Paraná (2013), o conjunto completo das demons-
trações contábeis por situação e natureza empresarial.
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Tabela 5. Demonstrações contábeis por situação e natureza empresarial.

Demons- S.A. de
tração ME e EPP PMEs NBC Regra capital
contábil ITG 1000 TG 1000 geral aberto

BP Obrigatório Obrigatório Obrigatório Obrigatório

DR Obrigatória Obrigatória Obrigatória Obrigatória

DRA Facultativa Pode ser substituída Obrigatória Obrigatória


pela DLPA

DLPA Facultativa Facultativa (obriga- Facultativa Facultativa


tória se substituir a
DRA ou a DMPL)

DMPL Facultativa Pode ser substi- Obrigatória Obrigatória


tuída pela DLPA

DFC Facultativa Obrigatória Obrigatória Obrigatória

NE Obrigatória Obrigatória Obrigatória Obrigatória

DVA Facultativa Facultativa Facultativa Obrigatória

Ainda é importante que você saiba que as demonstrações, quando obri-


gatórias, deverão ser apresentadas comparativamente, pelo menos em duas
colunas (ano e ano anterior), com os valores correspondentes de cada
exercício.

Como são elaboradas as demonstrações e a sua


abordagem
Existem inúmeras normas técnicas de contabilidade a serem observadas no
processo de elaboração da escrituração contábil e no preparo das
demonstrações contábeis. De acordo com a norma do Conselho Federal de
Contabilidade (2008).
ATHAD, 2005 destaca que com a criação de muitas empresas na
revolução industrial e o surgimento do mercado de capitais, se fez
necessário a criação de regras comuns, insistentes até então. Tanto as
empresas como os investidores tinham interesses no registro e controle do
patrimônio, pois para a tomada de decisões econômicas e financeira é
preciso duas variáveis: Padrão de comparabilidade e uma séria histórica.
Demonstrações contábeis 11

O autor narra que foi então criada regras que foram ‘aceitas’ pela
comunidade contábil, pois muitas destas já faziam parte na prática dos
profissionais da contabilidade. As regras foram sendo experimentadas e
testadas para só então surgirem procedimentos adequados aos registros,
analises e cálculos dos fatos contábeis.
ATHAD, 2005 define que os princípios contábeis são um conjunto de
regras, normas e conceito que norteiam a ciência contábil, obtidos através
do concordância da classe contábil e os demais usuários da contabilidade.
O Jornal Contábil 2020 destacou que “Os princípios da contabilidade são
um conjunto de normas gerais que delimitam a aplicação das Ciências
Contábeis. Elas representam a essência das doutrinas e teorias contábeis, que
regem a atuação dos profissionais de contabilidade”.
O Jornal Contábil 2020 complementa que “os Princípios Fundamentais
da Contabilidade foram publicados no Brasil pelo Conselho Federal de
Contabilidade (CFC) na Resolução nº 750/93, considerando o entendimento
científico e profissional da contabilidade”, com o proposito de padronizar
não somente a prática contábil como das informações constantes nas
Demonstrações Contábeis.
A Resolução do CFC 750/93 e alterações dispunham sobre os
Princípios Fundamentais de Contabilidade, que estiveram vigentes até
31/12/2016, sendo Revogada a partir de 1º/1/2017 pela NBC TSP Estrutura
Conceitual, conforme publicação no DOU de 4/10/2016,
O CFC 2016, destaca que a revogação da Resolução nº 750/1993 e
alterações, não significa que os Princípios de Contabilidade estejam
extintos, pois a revogação das resoluções visa à unicidade conceitual, de
suma importância na busca de evitar divergências na concepção doutrinária
e teórica, evitando comprometer os aspectos formais das Normas
Brasileiras.
“Com isso, os Princípios de Contabilidade, sob o ponto de vista das
Estruturas Conceituais dos setores privado e público, passaram a ser
comportados dentro das normas específicas, respectivamente, a NBC TG
Estrutura Conceitual (Resolução nº 1.374/2011) e NBC TSP EC”.
Martins 2016, reforça que o CFC ao revogar os Princípios Contábeis ,
está agindo em prol da unificação de entendimentos, da Contabilidade e da
simplificação perante os usuários da informação contábil. Eliseu Martins,
professor da Universidade de São Paulo (USP).
12 Demonstrações contábeis

Costa 2016 complementa que a “revogação da Resolução nº 750/1993


não implica na extinção dos princípios contábeis no Brasil. Na verdade, após
a aprovação da Resolução 1.374/2011, o Brasil passou a contar com uma
Estrutura Conceitual (EC/11). Enquanto a Resolução nº 750/1993 era
estruturada em ‘princípios’, a EC/11 é estruturada em capítulos, como, por
exemplo, o do objetivo ou o das características qualitativas.
De maneira geral, podemos ver que todos os princípios mencionados na
Resolução nº 750/1993 também estão na EC, com exceção do da prudência.
O ‘de/para’ da Resolução nº 750/1993 é apresentado a seguir, com os
respectivos parágrafos da Estrutura Conceitual entre parênteses:
continuidade (4.1), oportunidade (QC12 e QC19), registro do valor original
e outras bases de mensuração (4.54 a 4.56), competência (OB17 a OB20).
Em relação ao princípio da entidade, a EC faz menção à “entidade que
reporta a informação”.
Costa 2016 ainda entende que é possível identificar diversas formas de
estruturar os conceitos fundamentais existentes na Contabilidade, mas estes
que sempre estarão vivos e continuarão o norteados para o desenvolvimento
dos pronunciamentos e das decisões a serem tomadas pelos profissionais.”
Fábio Moraes da Costa, professor da Fucape Business School.
Além NBC TSP Estrutura Conceitual é possível observar o principio da
entidade no Art. 50 da Lei nº 10.406/2020 (Código civil Brasileiro), “Em
caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de
finalidade ou pela confusão patrimonial, pode o juiz, a requerimento da
parte, ou do Ministério Público quando lhe couber intervir no processo,
desconsiderá-la para que os efeitos de certas e determinadas relações de
obrigações sejam estendidos aos bens particulares de administradores ou de
sócios da pessoa jurídica beneficiados direta ou indiretamente pelo abuso”.
Com base nas fontes utilizadas é possível destacar que as
Demonstrações Contábeis, além de observar a legislação vigente, deve
também adotar regras e normas que possibilitem que as Demonstrações
Contábeis reflitam informações contempladas por padrões adotados desde
do primeiro registro contábil.
Demonstrações contábeis 13

Importância das demonstrações contábeis


para os seus usuários
Para serem úteis à gestão empresarial e aos seus usuários, as informações
extraídas das demonstrações contábeis devem ser preparadas com base nos
Princípios Fundamentais e nas Normas Brasileiras de Contabilidade (NBCs).
As Normas Brasileiras de Contabilidade regram o ordenamento contábil hoje
vigente, e os Princípios de Contabilidade, em especial, norteiam os procedi-
mentos a serem usados para os registros dos fatos contábeis e a elaboração
das demonstrações contábeis.

Entre os usuários das demonstrações contábeis, incluem-se investidores atuais e


potenciais, funcionários, credores por empréstimos, fornecedores e outros credores
comerciais, clientes, governos e suas agências, bem como o público em geral.

Você deve notar que tão importante quanto seguir as Normas Brasileiras
e os Princípios de Contabilidade é a qualidade com que as informações são
apresentadas aos usuários. A NBC T 1 (CONSELHO FEDERAL DE CONTA-
BILIDADE, 2011) trazia alguns fatores que a contabilidade deveria levar em
consideração. Essa norma foi revogada e substituída pela NBC TG Estrutura
Conceitual de 21 de novembro de 2019, que teve como base o CPC 00 (R1)
- Estrutura Conceitual para Elaboração e Divulgação de Relatório Contábil
Financeiro, das normas internacionais de contabilidade.
Com a nova norma (NBC TG Estrutura Conceitual), os fatores que devem
ser levados em consideração estão alinhados às características qualitativas de
informações financeiras úteis. De acordo com a NBC TG Estrutura Conceitual
de 21 de novembro de 2019, para que a informação contábil seja útil, ela deve
levar em consideração algumas características qualitativas descritas a seguir.
14 Demonstrações contábeis

Características qualitativas fundamentais

„„ Relevância: as informações financeiras relevantes são capazes de fazer


diferença nas decisões tomadas pelos usuários, ainda que alguns usu-
ários optem por não tirar vantagem delas ou já tenham conhecimento
delas a partir de outras fontes. As informações financeiras são capazes
de fazer diferença em decisões se tiverem valor preditivo ou valor
confirmatório, ou ambos.
„„ Representação fidedigna: para serem úteis, informações financeiras
devem representar de forma fidedigna a essência dos fenômenos que
pretendem representar. Em muitas circunstâncias, a essência de fenô-
meno econômico e sua forma legal são as mesmas. Se não forem as
mesmas, fornecer informações apenas sobre a forma legal não repre-
sentaria fidedignamente o fenômeno econômico. Para ser representação
perfeitamente fidedigna, a representação tem três características: ser
completa, neutra e isenta de erros.

Características qualitativas de melhoria

„„ Comparabilidade: as informações sobre a entidade que reporta são mais


úteis se puderem ser comparadas a informações similares sobre outras
entidades e a informações similares sobre a mesma entidade referentes
a outro período ou a outra data.
„„ Capacidade de verificação: significa que diferentes observadores bem
informados e independentes podem chegar ao consenso, embora não
a acordo necessariamente completo, de que a representação específica
é representação fidedigna.
„„ Tempestividade significa disponibilizar informações aos tomadores de
decisões a tempo para que sejam capazes de influenciar suas decisões.
De modo geral, quanto mais antiga a informação, menos útil ela é.
„„ Compreensibilidade: Alguns fenômenos são inerentemente complexos
e pode não ser possível tornar a sua compreensão fácil. Excluir infor-
mações sobre esses fenômenos dos relatórios financeiros pode tornar
mais fácil a compreensão das informações contidas nesses relatórios.
Demonstrações contábeis 15

Como você viu, portanto, o mais importante é que as informações dis-


ponibilizadas pelas demonstrações contábeis satisfaçam da melhor forma as
necessidades dos seus usuários, internos e externos, auxiliando no processo
de tomada de decisões.

BRASIL. Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Dispõe sobre as Sociedades por


Ações. Brasília, DF, 1976. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/
L6404compilada.htm>. Acesso em: 11 abr. 2018.
CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. Normas brasileiras de contabilidade NBC T 1:
estrutura conceitual para a elaboração e apresentação das demonstrações contábeis.
Brasília, DF: CFC, 2011.
CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. Princípios fundamentais e normas brasileiras
de contabilidade. 3. ed. Brasília, DF: CFC, 2008.
CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. Resolução CFC nº. 1.185/09. Aprova a NBC
TG 26: apresentação das demonstrações contábeis. Brasília, DF: CFC, 2009.
CONSELHO REGIONAL DE CONTABILIDADE DO PARANÁ. Demonstrações contábeis
obrigatórias. Curitiba: CRCPR, 2013. Disponível em: <http://www.crcpr.org.br/new/
content/publicacao/mailing/html/2013_06_17_informativoFiscalizacao.html>. Acesso
em: 11 abr. 2018.
JESUS, P. Demonstração do Valor Adicionado – DVA. SlidePlayer, 2015. Disponível em:
<http://slideplayer.com.br/slide/1255178/3/images/12/>. Acesso em: 12 abr. 2018.
OLIVEIRA, L. Balanço patrimonial: o que é, para que serve e como analisar. Capital
Social, 2017. Disponível em: <https://capitalsocial.cnt.br/balanco-patrimonial/>. Acesso
em: 12 abr. 2018.
OLIVEIRA, M. DMPL e DLPA. 2016. Disponível em: <https://www.manoeloliveira.net.
br/2016/08/dmpl-e-dlpa.html>. Acesso em: 12 abr. 2018.

RESOLUÇÃO 7501993. Disponível em: <https://cfc.org.br/noticias/revogacao-da-


resolucao-no-7501993-contexto-e-consideracoes/>. Acesso em: 17 ago. 2020.

PRINCÍPIOS DA CONTABILIDADE: ENTENDA O QUE SÃO E SUA IMPORTÂNCIA.


Disponível em: <https://www.jornalcontabil.com.br/principios-da-contabilidade-
entenda-o-que-e-e-sua-importancia/>. Acesso em: 17 ago. 2020.

ATHAR R. A. Introdução à contabilidade. São Paulo - Prentice Hall, 2005.

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