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CAPÍTULO 5

5.2 DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO


A Demonstração do Resultado do Exercício e o relatório contábil que permite
verificar de forma direta se a empresa está tendo lucro ou prejuízo. Ela
apresenta um resumo das operações da empresa em poucas linhas, e permite
avaliar como foi composto o resultado financeiro daquele período�
Do ponto de vista do usuário, a Demonstração de Resultado do
Exercício (DRE) permite saber se a empresa é rentável, quais contas
contribuíram para este resultado favorável� Da mesma forma, no caso de
prejuízo, às contas integrantes da demonstração vão indicar o porquê do
prejuízo�
A DRE é uma demonstração dedutiva, começa pelas Receitas ganhas
pela empresa, e destas são deduzidos os custos e despesas gastos, e
necessários para obtenção daquelas receitas�
Abaixo, a Demonstração do Resultado do Exercício adaptada de
Ribeiro (2010):

Companhia Moura Ribeiro


DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO
Exercício findo em: 31 de dezembro de x1(em R$)
RECEITA OPERACIONAL BRUTA
Venda de Mercadorias e/ou Prestação de Serviços 1.929.975
DEDUÇÕES E ABATIMENTOS
Abatimentos Concedidos
Vendas Anuladas
Descontos Incondicionais Concedidos
Impostos e Contribuições sobre Vendas (496.000)
RECEITA OPERACIONAL LÍQUIDA 1.433.975
CUSTOS OPERACIONAIS
CMV e/ou Custo dos Serviços Prestados (336.500)
LUCRO BRUTO 1.097.475
Despesas com Vendas (36.000)
Despesas Gerais e Administrativas (687.175)

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RECEITA OPERACIONAL BRUTA


Outras Despesas Operacionais
LUCRO ANTES DOS RESULTADOS FINANCEIROS 374.300
Despesas Financeiras (5.000)
Receitas Financeiras 45.000
LUCRO(PREJUÍZO) OPERACIONAL 414.300
OUTRAS RECEITAS
OUTRAS DESPESAS
RESULTADO DO EXERCÍCIO ANTES DO IR 414.300
PROVISÃO PARA CONTRIBUIÇÃO SOCIAL (37.663)
PROVISÃO PARA IMPOSTO DE RENDA(IR) (94.159)
RESULTADO DO EXERCÍCIO APÓS O IR 282.478
PARTICIPAÇÕES
Debêntures
Empregados
Administradores
Partes Beneficiárias
Contribuições para Instituições ou Fundos de Assistência ou
Previdência de Empregados
REVERSÃO DE JUROS SOBRE O CAPITAL PRÓPRIO
LUCRO LÍQUIDO DO EXERCÍCIO 282.478

NOTA:
A DRE acima exemplificada, como podemos per-
ceber é uma demonstração dedutiva, começa pe-
las receitas, e são deduzidos os custos, despesas,
provisões de impostos, as participações, chegan-
do ao resultado, que no exemplo apresenta um lu-
cro de R$282.478. A DRE permite ao usuário, no
caso o pequeno produtor rural, verificar se a em-
presa é lucrativa ou não é, se apresenta prejuízo.

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5.3 OUTRAS DEMONSTRAÇÕES


Listamos a seguir às outras demonstrações mais
importantes:

• Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados


(DLPA),
• Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC), e
• Demonstração do Valor Adicionado (DVA).
Conforme Ribeiro (2010):

“ a DLPA é um relatório contábil que tem por finali-


dade evidenciar o saldo inicial da conta de Prejuízos
Acumulados, os ajustes de Exercícios Anteriores, as
reversões de reservas, o Lucro Líquido do Exercício
e a sua destinação.

DLPA
Exemplo adaptado de Ribeiro (2010):
Companhia Moura Ribeiro S/A
DEMONSTRAÇÃO DE LUCROS OU PREJUÍZOS
ACUMULADOS
Exercício findo em: 31 de dezembro de x1
Saldo no início do período 0
Ajustes de Exercícios anteriores 0
Saldo ajustado 0
Lucro ou Prejuízo do Exercício 282.478
Reversão de Reservas 0
Saldo à disposição 282.478

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Destinação do Exercício
Reserva Legal (14.123)
Reserva Estatutária 0
Reserva para Contingência 0
Outras Reservas 0
Dividendos Obrigatórios (268.355)
Juros sobre o Capital Próprio
Saldo no fim do Exercício 0

As companhias abertas, não podem manter saldos


de Lucros Acumulados ao final do exercício, tal saldo
deverá ser transferido para Reserva de Lucros, confor-
me aprovação pelos sócios ou acionistas em assembleia
geral da empresa. No entanto, pequenas e médias em-
presas, conforme determinação do Conselho Federal de
Contabilidade (CFC) podem manter saldo em conta de
Lucros Acumulados.
De acordo com Yamamoto e outros (2011), a DFC:

“ tem por objetivo evidenciar as alterações ocor-


ridas no caixa e equivalentes de caixa, permitindo
aos usuários avaliarem a capacidade da entidade
gerar caixa e equivalentes de caixa, bem como suas
necessidades de liquidez. As informações referen-
tes às mutações na posição financeira da entidade
são úteis para avaliar as suas atividades de inves-
timento, de financiamento e operacionais durante
o período abrangido pelas demonstrações contá-
beis. Essas informações são úteis para fornecer ao
usuário uma base para avaliar a capacidade que
a entidade tem de gerar caixa e equivalentes de
caixa e as suas necessidades de utilização desses
recursos.

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Equivalentes de caixa são todas as disponibilidades


imediatas de caixa da empresa, tais como: Caixa (di-
nheiro disponível na Tesouraria da empresa), Aplicações
Financeiras de Curto Prazo, como a caderneta de pou-
pança e outras aplicações no mercado como CDB ou
RDB. Dependendo do porte da empresa, tais aplicações
devem estar relacionadas nas Notas Explicativas.
Na Demonstração do Fluxo de Caixa, devem estar
contempladas as seguintes atividades:

1) Operacionais: referem-se aos recebimentos e


pagamentos das atividades negociais da empre-
sa, constantes no objeto social da mesma. São
exemplos os recebimentos por vendas a clientes,
pagamento a fornecedores por compra de mate-
riais, pagamento de salários a funcionários, paga-
mentos de despesas etc.
2) Investimentos: transações de ativos para a pro-
dução de bens e serviços na empresa, transações
de ativos financeiros, aquisições ou vendas de
participações em outras empresas etc.
3) Financiamentos: captação de recursos na forma
de empréstimos junto às instituições financeiras,
e sua amortização e remuneração. Captação de
recursos junto à acionistas ou cotistas, e respecti-
vo retorno em forma de lucros ou dividendos.
A Demonstração de Fluxo de Caixa DFC podem ser
elaboradas por método direto ou método indireto. No
método indireto a DFC é apurada com base no resultado
apontado na DRE, fazendo os ajustes a este resultado que
não afetam o Caixa, como a Depreciação e Amortização,

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o Resultado da venda de ativo não circulante, as varia-


ções nos ativos e passivos, e todos ajustes como estes, e
que afetam as atividades operacionais. Os registros das
atividades de investimentos e financiamentos, são obti-
dos principalmente na Tesouraria da empresa, e conci-
liados especificamente na Contabilidade da empresa. O
método direto leva em conta as efetivas saídas e entra-
das de caixa na Tesouraria, subdivididas em atividades
operacionais, de investimentos, e de financiamentos,
apuradas em certo período.
Abaixo, diferenças de estruturas dos métodos diretos
e indiretos, apresentado por Szuster e outros (2008):
DFC – MÉTODO DIRETO DFC – MÉTODO INDIRETO
ATIVIDADES OPERACIONAIS (1) ATIVIDADES OPERACIONAIS (1)
Recebimento de clientes Lucro líquido
Pagamento a Fornecedores (+) Despesa com depreciação
Pagamento de Despesas Operacionais (+) Provisão com devedores duvidosos
Pagamento de IR e CSLL (-) Aumento em Duplicatas a Receber
ATIVIDADES DE INVESTIMENTOS (2) (-) Aumento em Estoques
Aplicação em Títulos a Receber (-) Redução em Fornecedores
ATIVIDADES DE FINANCIAMENTOS (3) (-) Redução em Contas a Pagar
Pagamento de dividendos (+) Aumento do IR e CSLL a pagar
Variação dos saldos de Caixa e
(+) Aumento de Juros a pagar
Equivalentes (1+2+3)
Saldo inicial de Caixa e Equivalentes ATIVIDADES DE INVESTIMENTOS (2)
Saldo final de Caixa e Equivalentes Aplicação em Títulos a Receber
ATIVIDADES DE FINANCIAMENTOS (3)
Pagamento de dividendos
Variação dos saldos de Caixa e
Equivalentes (1+2+3)
Saldo inicial de Caixa e Equivalentes
Saldo final de Caixa e Equivalentes

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A seguir a Demonstração dos Fluxos de Caixa do


Grupo Pão de Açúcar, exemplificado em Szuster e outros
(2008):
CIA BRASILEIRA DE DISTRIBUIÇÃO 2007 2006
Demonstração dos Fluxos de Caixa R$ milhares R$ milhares
Atividades Operacionais
Lucro líquido do exercício 210.878 85.524
Ajuste para reconciliação do lucro líquido 625.571 914.611
(Acréscimo) decréscimo de ativos (509.214) (374.650)
Acréscimo (decréscimo) de passivos 235.198 312.070
Caixa líquido das atividades operacionais 562.433 937.555
Atividades de Investimentos
Adições em investimento (285.310) (74.552)
Aquisições de bens do ativo imobilizado (1.009.017) (827.665)
Acréscimo do ativo intangível (8.266) (1.322)
Acréscimo do ativo diferido (16.503) (28.640)
Venda de bens imobilizado 85 13.791
Caixa líquido das atividades de investimento (1.319.011) (918.388)
Atividades de Financiamentos
Aumento de Capital 21.071 7.212
Aumento da reserva de capital 0 37
Captações e refinanciamentos 2.455.859 199.549
Pagamentos de financiamentos (1.917.419) (593.238)
Caixa líquido nas atividades de financiamentos 539.199 (448.493)
Decréscimo líquido no caixa e equivalentes (217.379) (429.326)
Caixa e equivalentes no fim de exercício 1.064.132 1.281.511
Caixa e equivalentes no início do exercício 1.281.511 1.710.837
Variação no caixa e equivalentes (217.379) (429.326)
Informações suplementares do fluxo de caixa
Juros pagos de empréstimos e financiamentos 490.383 113.568

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Observações de Szuster e outros (2008), quanto ao


fluxo de caixa acima:

• O caixa gerado pelas atividades operacionais di-


minuiu de $937.555 para $562.433.
• Já o caixa consumido pelas atividades de inves-
timento aumentou de – 918.388 para – 1.319.011.
• Por sua vez, o caixa gerado pelas ativida-
des de financiamento aumentou de -448.493
para 539.199, mostrando que houve captação de
recursos.
• A variação total de caixa foi de – 217.379 em
2007.
O saldo final da DFC em certo período, deverá ter
o mesmo valor que o saldo de Caixa e Equivalentes de
Caixa, apresentados no Balanço Patrimonial do mesmo
período.
Conforme Yamamoto e outros (2011), a DVA informa:

“ a riqueza criada pela entidade e sua distribui-


ção, durante determinado período. A DVA está fun-
damentada em conceitos macroeconômicos, bus-
cando apresentar a parcela de contribuição que a
entidade possui na formação do Produto Interno
Bruto (PIB). Essa demonstração apresenta quanto
a entidade agrega de valor aos insumos adquiridos
de terceiros e que são vendidos ou consumidos du-
rante determinado período.

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A Demonstração do Valor Adicionado (DVA) indica


como foi distribuída a riqueza gerada na empresa aos
interessados na mesma, como: empregados, acionistas,
governo e financiadores de recursos, e quanto ficou reti-
do na empresa.
A DVA permite de uma certa forma a prestação de
contas junto à sociedade onde a empresa está inserida.
Esta prestação de contas apresenta aspectos como:

• Valor agregado pela empresa, resultante do valor


da produção ou vendas, deduzido dos insumos ad-
quiridos de terceiros, como o custo de mercado-
rias vendidas ou produtos vendidos, impostos de
compras, seguros e energia elétrica etc.
• Distribuição do valor agregado aos componentes
da sociedade, como os empregados, acionistas,
financiadores de recursos e governo.
Abaixo DVA adaptada de Padoveze (2017):
DEMONSTRAÇÃO DE VALOR ADICIONADO (em R$)
EM 31 de dezembro de x1
RECEITAS
Receita bruta de venda de mercadorias ou serviços 50.000
(-) Provisão para Liquidação de Crédito Duvidoso (33)
Outras Receitas Operacionais 10
Outras Receitas ou Despesas 10
Soma 49.987
INSUMOS ADQUIRIDOS DE TERCEIROS
Custo das mercadorias vendidas ou serviços (18.915)
Impostos sobre compras (5.445)
Seguros contratados (44)

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RECEITAS
Energia elétrica consumida (1.020)
Soma (25.424)
VALOR ADICIONADO 24.563
RETENÇÕES
Depreciação e Amortização (780)
VALOR ADICIONADO PELA EMPRESA 23.783
VALOR ADICIONADO RECEBIDO EM TRANSFERÊNCIA
Equivalência Patrimonial 240
Receitas Financeiras 120
Soma 360
VALOR ADICIONADO TOTAL A DISTRIBUIR 24.143
DISTRIBUIÇÃO DO VALOR ADICIONADO
Gastos com Pessoal(empregados)
Salários 8.000
Encargos Sociais (exceto INSS e FGTS) 4.400
Soma 12.400
Impostos, Taxas e Contribuições(governo)
Tributos sobre as vendas 12.000
Tributos sobre as compras (5.445)
INSS e FGTS 3.040
Provisão para IR e CSLL 382
Soma 9.977
Juros e Aluguéis(financiadores)
Despesas Financeiras 556
Soma 556
Lucros Distribuídos(acionistas)
Dividendos 726
Soma 726
Lucros retidos
Lucro líquido do exercício 1.210
Dividendos distribuídos (726)
Soma 484
TOTAL DA DISTRIBUIÇÃO DO VALOR ADICIONADO 24.143

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A base para a elaboração da DVA é a Demonstração


de Resultados do Exercício (DRE) analítica, mas há infor-
mações adicionais que são levantadas no Departamento
Financeiro ou na Contabilidade.

IMPORTANTE!
Das demonstrações apresentadas neste capí-
tulo a mais importante para fins de gestão é a
Demonstração do Fluxo de Caixa (DFC), que per-
mite a administração de caixa. É claro que para
o pequeno produtor rural a elaboração destas
demonstrações, no momento do início das ativi-
dades, pode se apresentar como controles com
certa sofisticação, mas à medida que os negó-
cios forem crescentes, tais demonstrações se
mostrarão importantes e necessárias!

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REFERÊNCIAS
Referências -

Referências

GUERRA, Luciano. Contabilidade Descomplicada. São Paulo:


Saraiva, 2006.

MARION, José Carlos. Contabilidade Básica. 10. ed. São Paulo: Atlas,
2009.

PADOVEZE, Clóvis Luís. Manual de Contabilidade Básica. 5. ed. São


Paulo: Atlas, 2004.

___________________ Manual de Contabilidade Básica. 10. ed. São


Paulo: Atlas, 2017

RIBEIRO, Osni Moura. Contabilidade Básica Fácil. 27.ed. São Paulo:


Saraiva, 2010.

__________________ Contabilidade Geral Fácil. 7.ed. São Paulo:


Saraiva, 2010.

SZUSTER, Natan; CARDOSO, Ricardo Lopes; SZUSTER, Fortunée


Rechtman; SZUSTER, Fernanda Rechtman; SZUSTER, Flávia
Rechtman. Contabilidade Geral: Introdução à Contabilidade
Societária. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2008.

YAMAMOTO, Marina Mitiyo; PACCEZ, João Domiraci; MALACRIDA,


Mara Jane Contrera. Fundamentos da Contabilidade: A nova
Contabilidade no contexto global. São Paulo: Saraiva, 2011.

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