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Matéria elaborada conforme a legislação vigente à época de sua publicação, sujeita a mudanças em decorrência das
alterações legais.
CONTABILIDADE
ROTEIRO
1. INTRODUÇÃO
2. OBRIGATORIEDADE
3. OBJETIVO
4. ELABORAÇÃO
5. ESTRUTURA DE DIVULGAÇÃO
5.1. Exigências da Lei n° 6.404/1976
5.2. Entidades que adotam a NBC TG 1000
5.3. Entidades que adotam a ITG 1000
6. PARTICULARIDADES
6.1. Entidades Cooperativas
6.2. Entidades Sem Fins Lucrativos
6.3. Entidade Desportiva Profissional
6.4. Entidade Fechada de Previdência Complementar
7. MODELO DE NOTAS EXPLICATIVAS
1. INTRODUÇÃO
A presente matéria abordará a obrigatoriedade de apresentação das notas explicativas às demonstrações contábeis, suas
particularidades em relação as normas contábeis adotadas pela entidade, bem como apresentará ao final, um exemplo prático com
o modelo de notas explicativas.
2. OBRIGATORIEDADE
A elaboração das Notas Explicativas às Demonstrações Contábeis está prevista no § 4° do artigo 176, da Lei n° 6.404/1976 (Lei da
S/A), o qual estabelece que as demonstrações contábeis sejam complementadas por notas explicativas e outros quadros analíticos
ou demonstrações contábeis necessárias para esclarecimento da situação patrimonial e dos resultados do exercício.
A elaboração das Notas Explicativas também está prevista nos Pronunciamentos Técnicos, Interpretações e/ou Orientações
emitidos pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) e ratificados pelo Conselho Federal de Contabilidade (CFC).
3. OBJETIVO
Conforme estabelece o Item 9 do CPC 26 - Apresentação das Demonstrações Contábeis, o objetivo das demonstrações contábeis
é o de proporcionar informação acerca da posição patrimonial e financeira, do desempenho e dos fluxos de caixa da entidade que
seja útil a um grande número de usuários em suas avaliações e tomada de decisões econômicas.
As demonstrações objetivam também apresentar os resultados da atuação da administração em face de seus deveres e
responsabilidades na gestão diligente dos recursos que lhe foram confiados. Para tanto, as demonstrações contábeis proporcionam
informações da entidade acerca do seguinte:
a) ativos;
b) passivos;
c) patrimônio líquido;
Estas informações, em conjunto com outras informações constantes das notas explicativas, ajudam os usuários das
demonstrações contábeis na previsão dos futuros fluxos de caixa da entidade e, em particular, a época e o grau de certeza de sua
geração.
4. ELABORAÇÃO
Ao elaborar as Notas Explicativas o profissional contabilista deve ter em mente que o objetivo das demonstrações contábeis é
fornecer informações contábil-financeiras acerca da entidade que reporta essa informação que sejam úteis: item OB2 do
Pronunciamento Conceitual Básico - Estrutura Conceitual para Elaboração e Divulgação de Relatório Contábil-Financeiro
c) outros credores, quando da tomada de decisão ligada ao fornecimento de recursos para a entidade.
Sendo assim, o foco a ser considerado na elaboração e na análise das demonstrações contábeis é o da relevância das
informações necessárias ao processo decisório de investidores e credores. Para tanto, o profissional deverá atentar-se que as
notas explicativas devem conter:
a) Informações úteis
São aquelas informações revestidas das características qualitativas fundamentais do relatório contábil-financeiro. Essas
características de acordo com o Pronunciamento Conceitual Básico (CPC 00), item QC5, são “relevância e representação
fidedigna”.
b) Informações relevantes
Já o item QC6 do Pronunciamento Conceitual (CPC 00) define: “Informação contábil-financeira relevante é aquela capaz de fazer
diferença nas decisões que possam ser tomadas pelos usuários”.
c) Informação material
A informação é material se a sua omissão ou sua divulgação distorcida puder influenciar decisões que os usuários tomam com
base na informação contábil-financeira acerca de entidade específica que reporta a informação. Pronunciamento Conceitual (CPC
00), item QC11
Depreende-se dos itens acima que todas as informações próprias das demonstrações contábeis de conhecimento da entidade que
possam de fato influenciar investidores e credores e, apenas essas, devem ser divulgadas.
Destacam-se assim, a responsabilidade do Contabilista com relação à completude da informação, à obrigatoriedade de que a
informação e os comentários relativos a ela sejam neutros, o que inclui a qualificação e a adjetivação, e o zelo para a inexistência
de erros.
Quanto à relevância, conforme a Estrutura Conceitual (“CPC 00”) é baseada na natureza ou na magnitude da informação, ou em
ambas. Logo, não se pode a priori especificar um limite quantitativo uniforme para relevância ou predeterminar o que seria julgado
relevante para uma situação particular. Em razão disso, o julgamento sobre a relevância da informação será, praticamente, caso a
caso.
De acordo com o item QC11: “a materialidade é um aspecto de relevância específico da entidade baseado na natureza ou na
magnitude, ou em ambos, dos itens para os quais a informação está relacionada no contexto do relatório contábil-financeiro de uma
entidade em particular”.
Portanto, a Estrutura Conceitual (CPC 00) determina que toda a informação é relevante e deve ser divulgada se sua omissão ou
sua divulgação distorcida puder influenciar decisões que os usuários tomam como base no relatório contábil-financeiro de propósito
geral da entidade específica que reporta a informação. Consequentemente, se não tiver essa característica, a informação não é
relevante e não deve ser divulgada. Além disso, a informação quando for relevante, deve ser completa, neutra, livre de erro,
comparável, verificável, tempestiva e compreensível.
Cabe destacar que a entidade não precisa fornecer uma divulgação específica, requerida por um Pronunciamento Técnico,
Interpretação ou Orientação do CPC/CFC, se a informação não for material. Item 31 do CPC 26 - Apresentação das
Demonstrações Contábeis
5. ESTRUTURA DE DIVULGAÇÃO
c) as particularidades da entidade que reporta a informação e suas operações, tendo em vista as características qualitativas das
Demonstrações Contábeis.
a) apresentar informações sobre a base de preparação das demonstrações financeiras e das práticas contábeis específicas
selecionadas e aplicadas para negócios e eventos significativos;
b) divulgar as informações exigidas pelas práticas contábeis adotadas no Brasil que não estejam apresentadas em nenhuma outra
parte das demonstrações financeiras;
c) fornecer informações adicionais não indicadas nas próprias demonstrações financeiras e consideradas necessárias para uma
apresentação adequada.
a) os principais critérios de avaliação dos elementos patrimoniais, especialmente estoques, dos cálculos de depreciação,
amortização e exaustão, de constituição de provisões para encargos ou riscos, e dos ajustes para atender a perdas prováveis na
realização de elementos do ativo;
b) os investimentos em outras sociedades, quando relevantes (artigo 247, parágrafo único, da Lei n° 6.404/1976);
c) o aumento de valor de elementos do ativo resultante de novas avaliações (artigo 182, § 3° da Lei n° 6.404/1976);
d) os ônus reais constituídos sobre elementos do ativo, as garantias prestadas a terceiros e outras responsabilidades eventuais ou
contingentes;
i) os eventos subsequentes à data de encerramento do exercício que tenham, ou possam vir a ter, efeito relevante sobre a situação
financeira e os resultados futuros da companhia.
A NBC TG 1000 (pequenas e médias empresas) estipula que as notas explicativas devem:
a) apresentar informações acerca das bases de elaboração das demonstrações contábeis e das práticas contábeis específicas
utilizadas, de acordo com os itens 8.5 e 8.7 da referida NBC TG 1000:
b) divulgar as informações exigidas por esta Norma que não tenham sido apresentadas em outras partes das demonstrações
contábeis; e
c) prover informações que não tenham sido apresentadas em outras partes das demonstrações contábeis, mas que sejam
relevantes para compreendê-las.
a) declaração de que as demonstrações contábeis foram elaboradas em conformidade com esta Norma;
b) resumo das principais práticas contábeis utilizadas (item 8.5 da citada norma);
c) informações de auxílio aos itens apresentados nas demonstrações contábeis, na ordem em que cada demonstração é
apresentada, e na ordem em que cada conta é apresentada na demonstração; e
Em seu item 39, a ITG 1000 (ME e EPP) estabelece que as Notas Explicativas às Demonstrações Contábeis devem incluir, no
mínimo:
f) qualquer outra informação relevante para a adequada compreensão das demonstrações contábeis.
6. PARTICULARIDADES
Atenção especial deve ser dada ao elaborar as Notas Explicativas, para que além de atender os itens citados anteriormente nesta
matéria, atendam também aos requisitos de normas específicas, conforme segue:
As normas específicas para entidades cooperativas estão previstas na ITG 2004 - Entidade Cooperativa.
A referida norma dispõe que as notas explicativas devem conter, além das previstas nas Normas Brasileiras de Contabilidade, as
seguintes informações:
a) se não discriminados nas demonstrações próprias, devem ser elaborados quadros com a composição dos saldos (ativos e
passivos) e transações (ingressos e receitas, repasse aos associados, dispêndios, custos e despesas) com partes relacionadas,
associados e não associados, desdobrados conforme a natureza das operações;
b) discriminação dos fundos e reservas, detalhando sua natureza, finalidade e forma de utilização;
d) informações dos juros sobre as quotas do capital integralizado, conforme previsão estatutária.
As normas contábeis específicas para Entidades sem fins lucrativos estão previstas no item 27 da ITG 2002 - Entidade sem
Finalidade de Lucros, a qual estabelece que as notas explicativas contenham, pelo menos, as seguintes informações:
b) os critérios de apuração da receita e da despesa, especialmente com gratuidade, doação, subvenção, contribuição e aplicação
de recursos;
d) as subvenções recebidas pela entidade, a aplicação dos recursos e as responsabilidades decorrentes dessas subvenções;
g) eventos subsequentes à data do encerramento do exercício que tenham, ou possam vir a ter, efeito relevante sobre a situação
financeira e os resultados futuros da entidade;
k) os critérios e procedimentos do registro contábil de depreciação, amortização e exaustão do ativo imobilizado, devendo ser
observado a obrigatoriedade do reconhecimento com base em estimativa de sua vida útil;
m) segregar os atendimentos com recursos próprios dos demais atendimentos realizados pela entidade;
n) todas as gratuidades praticadas devem ser registradas de forma segregada, destacando aquelas que devem ser utilizadas na
prestação de contas nos órgãos governamentais, apresentando dados quantitativos, ou seja, valores dos benefícios, número de
atendidos, número de atendimentos, número de bolsistas com valores e percentuais representativos;
o) a entidade deve demonstrar, comparativamente, o custo e o valor reconhecido quando este valor não cobrir os custos dos
serviços prestados.
Conforme item 17 da ITG 2003 - Entidade Desportiva Profissional as notas explicativas, além das exigidas nas Normas Brasileiras
de Contabilidade, devem conter as seguintes informações:
a) gastos com a formação de atletas, registrados no ativo intangível e o valor amortizado constante do resultado do período;
b) composição dos direitos sobre os atletas, registrados no ativo intangível, segregados o valor do gasto do da amortização;
d) o total de atletas vinculados à entidade na data base das demonstrações contábeis, contemplando o percentual de direito
econômico individual ou por categoria ou a inexistência de direito econômico;
f) direitos e obrigações contratuais não passíveis de registro contábil em relação à atividade desportiva;
g) contingências ativas e passivas de natureza tributária, previdenciária, trabalhista, cível e assemelhadas, de acordo com a NBC
TG 25 - Provisões, Passivos Contingentes e Ativos Contingentes; e
Para estas entidades aplica-se a ITG 2001 - Entidade Fechada de Previdência Complementar, a qual estipula que as Notas
Explicativas devem conter, no mínimo, as seguintes informações, conforme item 23:
a) contexto operacional da EFPC, incluindo resumo das principais práticas contábeis; relação dos itens avaliados; descrição dos
critérios adotados nos períodos, anterior e atual; e eventuais efeitos decorrentes de possíveis mudanças dos critérios;
b) descrição das contingências passivas relevantes cujas chances de perdas sejam prováveis ou possíveis;
c) critérios utilizados para a constituição de provisões e, conforme o caso, a descrição de, no mínimo, a natureza, o valor
provisionado e a taxa;
d) critérios de avaliação e amortização das aplicações de recursos existentes no ativo intangível e diferido;
e) relação das avaliações de bens dos investimentos imobiliários e imobilizado, incluindo, no mínimo, histórico; data da avaliação;
identificação dos avaliadores responsáveis; contas relacionadas e respectivos valores; e os efeitos verificados no exercício;
f) ajustes de exercícios anteriores decorrentes de mudanças de práticas contábeis ou retificações de erros de períodos anteriores,
não atribuíveis a eventos subsequentes, com descrição da natureza e dos seus respectivos efeitos;
g) descrição da operação de contratação de contribuições em atraso, de serviço passado, de déficit técnico e de outras
contratações com informações sobre valor contratado; prazos de amortização; valor das parcelas; data de vencimento; juros
pactuados; e outras informações previstas em norma específica;
h) quadros com a composição das contribuições em atraso e contratadas, por patrocinador e por plano, bem como com a
composição da carteira de investimentos, comparativos com o exercício anterior;
i) critérios utilizados para o rateio das despesas administrativas, se for o caso, entre os planos de benefícios;
A seguir apresentamos um modelo de notas explicativas. Salienta-se que o modelo é ilustrativo, com a finalidade de auxiliar o
profissional contábil na elaboração das Notas Explicativas, devendo este, sempre levar em consideração a norma contábil adotada,
os requisitos legais ao qual a entidade está sujeita, bem como as suas particularidades.