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Matéria elaborada conforme a legislação vigente à época de sua publicação, sujeita a mudanças em decorrência das alterações legais.
Roteiro
1. INTRODUÇÃO
2. EVOLUÇÃO HISTÓRICA
3. PREVISÃO LEGAL DO AVP
4. ASPECTOS CONTÁBEIS
5. O PORQUÊ DE MENSURAR A VALOR PRESENTE - DOUTRINA CONTÁBIL
6. RECONHECIMENTO E CRITÉRIOS PARA DETERMINAÇÃO
7. ELEMENTOS PATRIMONIAIS ENVOLVIDOS
8. EXCEÇÕES À APLICAÇÃO DO AVP
9. AVP x AVALIAÇÃO A VALOR JUSTO (AVJ)
10. TAXA DE DESCONTO
11. CLASSIFICAÇÃO CONTÁBIL
12. BALANÇO PATRIMONIAL
13. DIVULGAÇÃO EM NOTAS EXPLICATIVAS
14. ASPECTOS TRIBUTÁRIOS
14.1. Controle em subcontas
15. AVP NO REGIME DE LUCRO REAL
15.1. Ajuste a Valor Presente de Ativo – IRPJ E CSLL
15.2. Inaplicabilidade de controle em subcontas do Ativo
15.3. Ajuste a Valor Presente de Ativo – PIS/Pasep e Cofins
15.4. Ajuste a Valor Presente de passivo
15.5. Aplicabilidade do controle em subcontas no AVP do passivo
15.6. Variação cambial
16. AVP NO REGIME DE LUCRO PRESUMIDO
16.1. Ajuste a Valor Presente de ativo – IRPJ e CSLL
16.2. Variações cambiais
16.3. Ajuste a Valor Presente – Contrato tipificado como de Arrendamento Mercantil –
Arrendatária Lucro Presumido
16.4. Arrendamento Mercantil – Pessoa jurídica não sujeita à Lei do Leasing (Lei n°
6.099/74), não obrigada ao Lucro Real
16.5. Ajuste a Valor Presente de ativo – PIS/Pasep e Cofins
1. INTRODUÇÃO
Nesta matéria, serão apresentadas as orientações sobre Ajuste a Valor Presente (AVP), segundo seus aspectos contábeis e tributários, envolvendo os
artigos 183 e 184 da Lei n° 6.404/76, a Lei n° 12.973/2014, entre outras.
2. EVOLUÇÃO HISTÓRICA
A Lei n° 12.973/2014 alterou diversos dispositivos da legislação do imposto de renda das empresas para adequá-la às alterações da lei comercial e
societária (Lei n° 6.404/76), pelas Leis n° 11.638/2007 e 11.941/2009.
Desde 01.01.2008 estão em vigor no Brasil as novas práticas contábeis que, em síntese, determinam que as demonstrações financeiras sejam elaboradas
segundo os padrões das normas internacionais de contabilidade.
Dentre as diversas alterações, houve a implantação da apuração do Ajuste a Valor Presente (AVP) de elementos do ativo e do passivo, conforme consta no
inciso VIII do artigo 183 e no inciso III do artigo 184 da Lei n° 6.404/76.
Até a edição da Lei n° 12.973/2014 (conversão da MP n° 627/2013), a lei tributária não previa tratamento específico a respeito da prática de ajustar a valor
presente, limitando-se a garantir a neutralidade tributária em decorrência da aplicação da nova ordem contábil. (Lei n° 11.941/2009, artigo 16)
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Matéria elaborada conforme a legislação vigente à época de sua publicação, sujeita a mudanças em decorrência das alterações legais.
Relembre que, a Lei n° 11.941/2009 – nos seus artigos 15 a 24 – instituiu e determinou a aplicação do Regime Tributário de Transição (o RTT), cuja vigência
se deu desde 2008. A citada lei determina que o RTT ficaria vigente até que a lei tributária disciplinasse sobre os efeitos tributários dos novos métodos e
critérios contábeis, o que ocorreu com a edição da Medida Provisória n° 627/2013, posteriormente convertida na Lei n° 12.973/2014, que revogou o RTT.
A Lei n° 12.973/2014, atualmente normatizada pela Instrução Normativa RFB n° 1.700/2017, trouxe sob o enfoque tributário a nova regulamentação contábil,
exigindo, conforme o caso, ora a utilização de subcontas para a evidenciação dos ajustes contábeis, ora o controle na e-Lalur e no e-Lacs.
Art. 183 - No balanço, os elementos do ativo serão avaliados segundo os seguintes critérios:
(…)
VIII - os elementos do ativo decorrentes de operações de longo prazo serão ajustados a valor presente, sendo os demais ajustados quando houver
efeito relevante.
Art. 184 - No balanço, os elementos do passivo serão avaliados de acordo com os seguintes critérios:
(…)
III - as obrigações, os encargos e os riscos classificados no passivo não circulante serão ajustados ao seu valor presente, sendo os demais
ajustados quando houver efeito relevante.
Na prática, o AVP evidencia na contabilidade o valor de um direito (artigo 183) ou de uma obrigação (artigo 184) descontada pela taxa de juros, sendo que
esses juros serão tratados como receitas financeiras (direitos) ou como despesas financeiras (obrigação), como será demonstrado nos outros tópicos desse
material.
4. ASPECTOS CONTÁBEIS
Com o objetivo de estabelecer os requisitos básicos a serem observados quando da apuração do AVP de elementos do ativo e do passivo, foi editada a
Resolução CFC n° 1.151/2009, que também aprovou a NBC TG n° 12 – Ajuste a Valor Presente.
Vale dizer que a NBC TG 12 faz parte das normas completas de contabilidade, conhecida também como IFRS Full, que devem ser seguidas por todas as
companhias abertas e para as demais entidades não sujeitas a alguma regulamentação contábil específica. (Fipecafi 2022, p. 85)
Além daquela, outras normas contábeis abordam o AVP, como passamos a expor resumidamente no quadro a seguir:
Norma voltada às pequenas e médias empresas, traz previsão de registro obrigatório do AVP para operações de
NBC TG 1000, item 11.13
longo prazo.
Norma voltada às pequenas empresas, traz previsão de registro obrigatório do AVP para valores a pagar e a receber
NBC TG 1001, item 11.6
superiores a um ano.
NBC TG 1002, item 11.3 Norma voltada às microentidades, traz previsão de registro obrigatório do AVP para operações superiores a um ano.
Para essa matéria, o termo “norma contábil”, utilizado ao longo do conteúdo, refere-se à NBC TG 12.
Matéria elaborada conforme a legislação vigente à época de sua publicação, sujeita a mudanças em decorrência das alterações legais.
Assim, demonstrações avaliadas a custos históricos podem ser úteis como reporte do retorno dos cruzeiros originariamente investidos, mas
podem ser irrelevantes como elemento preditivo para o investidor. Este é apenas um exemplo das divergências que podem existir ao escolhermos
uma base de avaliação para a contabilidade
Os elementos integrantes do ativo e do passivo decorrentes de operações de longo prazo, ou de curto prazo quando houver efeito relevante,
devem ser ajustados a valor presente com base em taxas de desconto que reflitam as melhores avaliações do mercado quanto ao valor do
dinheiro no tempo e os riscos específicos do ativo e do passivo em suas datas originais.
O AVP visa evidenciar contabilmente o ativo ou passivo pelo seu valor presente em um fluxo de caixa futuro (livre dos juros nos efeitos do tempo),
proporcionando aos usuários da informação contábil uma análise econômica com menor margem de erro entre os prêmios requeridos em contrapartida aos
riscos assumidos. (NBC TG 12, item 8)
Em uma operação de compra, por exemplo, que não foi à vista ou a curto prazo, o objetivo do AVP é o de destacar os juros embutidos na compra do valor
registrado no passivo a pagar, tratando os juros como despesa financeira, contribuindo assim para a transparência e para a representação fidedigna dos
fatos.
É o processo que compreende incorporar, nas demonstrações contábeis, um item que se enquadre na definição de um elemento e que satisfaça os critérios
de reconhecimento mencionados na norma. Envolve a descrição do item, a atribuição do seu valor e a sua inclusão no balanço patrimonial ou na
demonstração do resultado. (NBC TG 12, item 4)
O reconhecimento considera aspectos como a relevância e a confiabilidade na avaliação das transações de ativos e passivos, e ainda, a avaliação pelo
profissional contábil a respeito do custo x benefício da informação. Nesse contexto, faz-se necessário avaliar a materialidade, ou seja, característica
qualitativa da informação contábil financeira útil. (NBC TG 12, itens 17 a 20)
Situações em que as transações comerciais sejam de curto prazo – até 90 dias de prazo de vencimento – comumente não têm o reconhecimento do AVP.
(Fipecafi 2022, p. 85)
b) elementos ativos e passivos de curto prazo, apenas quando houver efeito relevante.
Também não haverá aplicação do AVP sobre os empréstimos e financiamentos subsidiados (financiamentos a taxas subsidiadas por agências de fomento,
tais como BNDES, BRDE etc.) – de acordo com o item 11 da NBC TG12.
Ademais, no Anexo da NBC TG 12, é possível verificar a inaplicabilidade do AVP para os contratos de mútuos entre partes relacionadas que não possuem
data prevista para vencimento.
Para visualizar essa diferenciação, cita-se, conforme no item 6 da própria norma, o caso de venda financiada de um bem para um determinado cliente, em
que ele terá uma taxa de financiamento especial pelo fato de ser um cliente especial, ou seja, uma taxa abaixo da praticada no mercado. Na pessoa jurídica
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que efetuou a venda, ele reconhecerá a contrapartida do Ajuste a Valor Presente como redução da sua receita, evidenciando que, nesse caso, terá obtido um
valor de venda inferior ao praticado no mercado.
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Nos casos em que a taxa é explícita (está indicada em contrato ou é conhecida), o processo de avaliação passa por uma comparação entre a taxa de juros
da operação e a taxa de juros de mercado. Porém, ressalta-se que, nos casos em que a taxa estiver implícita, é necessário estimar a taxa da transação,
considerando as taxas de juros de mercado. (NBC TG 12, itens 12 ao 14)
Os riscos e incertezas devem ser considerados para efeitos de mensuração, devendo ser avaliado e estimado qual preço os participantes do mercado estão
dispostos a cobrar pelos riscos e incertezas associados aos fluxos de caixa e, quando a estimativa de prêmio pelo risco não for confiável, pode ser adotada
taxa de desconto que reflita uma taxa de juros livre de risco.
As taxas de juros buscam remuneração que cubra os riscos e incertezas, ao longo do tempo, da operação contratada entre partes. Portanto, no processo de
mensuração, a contabilidade deve refletir de forma mais adequada a informação mais próxima da realidade (a fidedignidade da informação deve estar
implícita nas demonstrações contábeis da entidade que as reporta. (NBC TG 01, itens 33 e 34)
Para a definição da taxa a ser utilizada, deverá a entidade efetuar análise por transação na data da ocorrência, pois o uso de uma taxa de juros única não é
aceitável, apenas é admitida para grupos de ativos ou passivos semelhantes.
Os elementos integrantes do ativo e do passivo decorrentes de operações de longo prazo, ou de curto prazo quando houver efeito relevante, deve,
ser ajustados a valor presente com base em taxas de desconto que reflitam as melhores avaliações do mercado quando o valor do dinheiro no
tempo e os riscos específicos do ativo e do passivo em suas datas originais. (item 21, CPC 12)
Por fim, para algumas operações, tem-se um pronunciamento específico em relação à taxa de desconto, como nas operações de arrendamento mercantil, em
que, no arrendatário, a taxa de desconto a ser utilizada no cálculo do AVP dos pagamentos mínimos do arrendamento mercantil deve ser a taxa de juros
implícita. (item 26 da NBC TG 06 (R3) – Operações de Arrendamento Mercantil)
Dados da transação
Venda de produtos (máquina) pelo valor pré-fixado de R$ 20.000,00;
Primeiramente, é necessário dividirmos o recebimento em curto prazo e longo prazo e, neste contexto, o valor de R$ 14.444,44 deve ser registrado como
ativo circulante (curto prazo), enquanto que o valor de R$ 5.555,56 deverá ser registrado como ativo não circulante (longo prazo).
b) pelo Ajuste a Valor Presente, considerando que pela aplicação matemática do exemplo o valor presente é R$ 11.747,89 e os juros embutidos são de R$
8.252,11:
D - (-) Ajuste a Valor Presente sobre a Receita Bruta da Venda de Produtos (RE) R$ 8.252,11
C - (-) Juros a Apropriar – AVP – Duplicatas a Receber (AC) R$ 5.501,41
C - (-) Juros a Apropriar – AVP – Duplicatas a Receber (ANC) R$ 2.750,70
c) noCtrl+M
primeiro mês, pelo registro da receita financeira apropriada, considerando que todo mês será aplicada a taxa de 3% sobre o valor líquido do ativo que
neste mês é R$ 11.747,89:
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ATIVO R$ 11.747,89
d) Montante dos fluxos de caixa estimados ou séries de montantes de fluxos de caixa estimado;
i) Breve descrição dos procedimentos adotados para acomodar mudanças de premissas da administração;
j) Propósito da mensuração a valor presente, se para reconhecimento inicial ou nova medição e motivação da administração para levar a efeito tal
procedimento;
Abaixo, reproduz-se (com cortes) o Modelo de Plano de Contas Referencial contido na Escrituração Contábil Fiscal (ECF), o qual consta em nossa página
neste link (clique aqui):
NessaCtrl+M
transcrição, reproduzimos alguns elementos do ativo e passivo (contas propriamente ditas), que se submetidos ao Ajuste a Valor Presente devem ser
evidenciadas na escrituração contábil e fiscal.
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Na coluna “orientações”, indica a obrigatoriedade do controle fiscal de Ajuste a Valor Presente por subcontas, bem como a dispensa de seu uso no caso de
controle nos livros fiscais e-Lalur e e-Lacs.
Ativo
1 ATIVO
1.01.01 DISPONIBILIDADES
TÍTULOS E VALORES
1.01.01.05 MOBILIÁRIOS - NÃO HEDGE - NO
PAÍS
1.01.03 ESTOQUES
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TRIBUTOS A RECUPERAR -
1.02.01.08
LONGO PRAZO
1.02.02 INVESTIMENTOS
PARTICIPAÇÕES PERMANENTES
1.02.02.01
EM SOCIEDADES - NO PAÍS
1.02.03 IMOBILIZADO
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1.02.05 INTANGÍVEL
Passivo
2 PASSIVO
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Considerando que a receita de venda seja tratada como receita bruta, os valores referentes ao AVP deverão ser registrados a débito em conta de dedução da
receita bruta em contrapartida à conta de juros a apropriar ou equivalente no Ativo, pois, conforme prevê o § 1° do artigo 26 da Instrução Normativa RFB n°
1.700/2017, o AVP pode ser deduzido da receita bruta, vejamos:
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Para exemplificar, consideramos o mesmo cenário exposto no item 11 deste material, em que foi efetivada em janeiro uma venda a prazo com a nota fiscal
no valor de R$ 20.000,00. Naquele exemplo, pelo registro da receita e do valor presente, a entidade demonstrou os fatos da seguinte forma:
D - (-) Ajuste a Valor Presente sobre a Receita Bruta da Venda de Produtos (RE) R$ 8.252,11
Se fôssemos verificar a Demonstração de Resultados do Exercício dessa operação no momento da venda apenas, obteríamos a seguinte informação em
janeiro:
Portanto, é possível notar que, em janeiro, houve uma receita com vendas de R$ 20.000,00, mas, com o registro do AVP, o valor dos juros embutidos na
operação foi reduzido da receita bruta para que, posteriormente, seja computado como receita financeira, à medida em que transcorrem os meses.
A legislação tributária determina que, no período em que a receita ou o resultado da venda a prazo tenha que ser oferecido à tributação (janeiro por exemplo),
o AVP deverá ser adicionado ao Lucro Líquido para efeito de apuração do IRPJ e da CSLL, ou seja, a vendedora deverá fazer um ajuste de adição na Parte A
do e-Lalur e e-Lacs no valor de R$ 8.252,11 para tributar o valor total da nota fiscal de R$ 20.000,00 exemplificado. (Instrução Normativa RFB n° 1.700/2017,
artigo 91, § 3°)
Porém, ressalta-se que os valores reconhecidos como receita financeira a partir da conta de juros a apropriar poderão ser excluídos do Lucro Real (base de
cálculo do IRPJ) e do resultado ajustado (base de cálculo da CSLL), nos períodos relativos às apropriações.
Retomando o exemplo do tópico 11 de venda a prazo, no primeiro mês em que a entidade reconheceu a receita financeira, o seguinte lançamento contábil foi
realizado, apropriando uma fração do AVP que, inicialmente, foi excluído da receita bruta de vendas (totalizando R$ 8.252,11 que serão reconhecidos para
resultado ao longo dos 18 meses do cenário exemplificado):
O que a legislação tributária estabelece é que essa receita financeira de R$ 352,44 poderá ser excluída da apuração fiscal do IRPJ e CSLL por meio de um
ajuste de exclusão do e-Lalur e e-Lacs, até porque o total dos juros a apropriar (R$ 8.252,11) já foi oferecido à tributação no período da venda. (Instrução
Normativa RFB n° 1.700/2017, artigo 91, § 2°)
Essas adições e exclusões de ativos devem ser controladas na Parte B do e-Lalur e do e-Lacs. (Instrução Normativa RFB n° 1.700/2017, artigo 91, § 4°)
Matéria elaborada conforme a legislação vigente à época de sua publicação, sujeita a mudanças em decorrência das alterações legais.
Todavia, o valor total das receitas auferidas no mês pelo regime não cumulativo, para a formação da base de cálculo, deve compreender os respectivos
valores decorrentes do AVP de que trata o inciso VIII do caput do artigo 183 da Lei n° 6.404/76. (Lei n° 10.833/2003, artigo 1°, § 1°; Lei n° 10.637/2002, artigo
1°, § 1°; Instrução Normativa RFB n° 2.121/2022, artigo 25, § 1°)
Utilizando o exemplo do subtópico 15.1 dessa matéria, na prática temos que o valor total dos juros de R$ 8.252,11 deverá compor a base de cálculo no mês
em que a receita bruta foi auferida, fazendo com que seja tributado PIS/Cofins sobre o valor da nota fiscal de R$ 20.000,00. Nos demais meses, à medida
que a receita financeira for apropriada para o resultado, todos os valores serão excluídos.
b) o bem for utilizado como insumo na produção de bens ou serviços, no caso de aquisição a prazo de bem a ser utilizado como insumo na produção de
bens ou serviços;
c) o ativo for realizado, inclusive mediante depreciação, amortização, exaustão, alienação ou baixa, no caso de aquisição a prazo de ativo não classificável
como compra para revenda ou insumo;
d) a despesa for incorrida, no caso de aquisição a prazo de bem ou serviço contabilizado diretamente como despesa; e
e) o custo for incorrido, no caso de aquisição a prazo de bem ou serviço contabilizado diretamente como custo de produção de bens ou serviços.
Contudo, não poderão ser consideradas na determinação do Lucro Real e do resultado ajustado se: (Instrução Normativa RFB n° 1.700/2017, artigo 93, § 2°;
Lei n° 12.973/2014, artigo 5°, § 2°)
a) o ativo comprado a prazo (exceto os ativos para revenda e insumos) não tiver dedutibilidade na despesa com depreciação, amortização, exaustão,
alienação ou baixa;
b) a aquisição a prazo do bem ou serviço, contabilizado diretamente na despesa, não for despesa dedutível; e
c) na compra para revenda, insumo ou ativo não circulante, caso os valores decorrentes do Ajuste a Valor Presente não tenham sido evidenciados em
subconta vinculada ao ativo.
Nas aquisições a prazo dos itens mencionados anteriormente, os valores decorrentes do AVP serão registrados a débito em conta de juros a apropriar ou
equivalente, conforme determinação do artigo 94 da Instrução Normativa RFB n° 1.700/2017.
Dados da transação
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a) pelo registro da aquisição do Ativo Imobilizado:
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b) pelo Ajuste a Valor Presente em subconta do Ativo e dos juros a apropriar no Passivo, considerando que pela aplicação matemática do exemplo os juros
embutidos são de R$ 20.000,00:
c) no primeiro mês, pelo registro da despesa financeira apropriada no valor exemplificativo de R$ 1.020,00:
a) na hipótese de compra para revenda, no momento em que o produto for revendido, de modo que esse valor do AVP poderá ser excluído do Lucro Líquido
neste período por meio de ajuste na Parte A do e-Lalur e e-Lacs; (Instrução Normativa RFB n° 1.700/2017, artigo 94, §§ 3° e 6°)
b) na hipótese de compra para insumo, no momento em que o produto for utilizado como insumo na produção de bens ou serviços, de modo que esse valor
do AVP poderá ser excluído do Lucro Líquido neste período por meio de ajuste na Parte A do e-Lalur e e-Lacs; e (Instrução Normativa RFB n° 1.700/2017,
artigo 94, §§ 4° e 6°)
c) nos casos de compras para ativos não circulantes, o valor do AVP evidenciado em subconta será baixado à medida que o ativo for realizado, inclusive
mediante a depreciação, amortização, exaustão, alienação ou baixa, podendo ser excluído nestes períodos do Lucro Líquido mediante ajuste na Parte A do e-
Lalur e e-Lacs, caso o ativo realizado seja dedutível. Se o valor realizado do ativo for indedutível, não será autorizada a exclusão do valor da apuração do IRPJ
e CSLL. (Instrução Normativa RFB n° 1.700/2017, artigo 94, §§ 7° a 10)
Em continuidade ao exemplo acima voltado ao Ativo Imobilizado, pela baixa da subconta à medida em que a depreciação da máquina incorre ao mês a uma
taxa de 0,83% a.m (10% a.a):
D – Despesa com Depreciação (RE) R$ 830,00 (valor depreciável de R$ 100.000,00 x taxa mensal de 0,83%)
D - (-) Subconta - Ajuste a Valor Presente – Imobilizado (ANC) R$ 166,00 (valor do AVP de R$ 20.000,00 x taxa mensal de 0,83%)
Tendo em vista que o valor do AVP pode ser considerado na determinação do Lucro Real (IRPJ) e do resultado ajustado (CSLL), no período de realização
deles, deverão ser adicionados ao Lucro Líquido, mediante adição na Parte A do e-Lalur e e-Lacs, para os valores apropriados como despesa a partir da conta
de juros a apropriar. (Instrução Normativa RFB n° 1.700/2017, artigo 93, § 2°, incisos I a III e artigo 94, §§ 1° e 2°)
Considerando que, quando o bem for revendido ou utilizado como insumo, a pessoa jurídica não possua um controle individual das unidades em estoque, ela
poderá utilizar-se do método contábil denominado “Peps”, primeiro que entra, primeiro que sai, independentemente da empresa possuir registro permanente
de inventário ou do registro permanente ser com base no custo médio. (Instrução Normativa RFB n° 1.700/2017, artigo 93, § 2°, incisos I a III e artigo 94, §
5°)
Na hipótese de os saldos de juros a apropriar, decorrentes de Ajuste a Valor Presente, referirem-se às operações de venda a prazo ou de demais operações
referidas nos artigos 91 e 92 da Instrução Normativa RFB 1.700/2017, as variações monetárias decorrentes de Ajuste a Valor Presente serão adicionadas ou
excluídas, conforme o caso, na Parte A do e-Lalur e do e-Lacs, e deverão ser controladas na Parte B, nas mesmas contas que registram os valores relativos a
juros a apropriar. (Instrução Normativa RFB 1.700/2017, artigo 96, § 1°, inciso I)
No caso de aquisição de ativos para revenda, para utilização como insumo, para ativo imobilizado ou demais operações relacionadas a um ativo de
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registrados em subcontas, as variações monetárias serão adicionadas ou excluídas, conforme o caso, na Parte A do e-Lalur e do e-Lacs, sem controle na
Parte B. (Instrução Normativa RFB 1.700/2017, artigo 96, § 1°, inciso II)
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Matéria elaborada conforme a legislação vigente à época de sua publicação, sujeita a mudanças em decorrência das alterações legais.
Na aquisição de bem ou serviço contabilizado diretamente como despesa ou custo dedutível ou indedutível, as variações monetárias serão adicionadas ou
excluídas, conforme o caso, na Parte A do e-Lalur e do e-Lacs, e deverão ser controladas na Parte B, nas mesmas contas que registram os valores relativos a
juros a apropriar. (Instrução Normativa RFB 1.700/2017, artigo 96, § 1°, inciso III)
A parcela da variação monetária em razão da taxa de câmbio controlada na Parte B do e-Lalur e do e-Lacs, referente a juros a apropriar de corrente de vendas
a prazo ou demais operações sujeitas ao Ajuste a Valor Presente, deverá ser computada nas exclusões relativas às receitas apropriadas a partir da conta de
juros a apropriar ou equivalente. (Instrução Normativa RFB 1.700/2017, artigo 96, § 2°)
As variações monetárias em razão da taxa de câmbio adicionadas ou excluídas no e-Lalur e no e-Lacs, referentes à aquisição de ativos ou demais operações,
deverão ser computadas nas adições relativas às despesas apropriadas a partir da conta de juros a apropriar ou equivalente. (Instrução Normativa RFB
1.700/2017, artigo 96, § 3°)
A parcela da variação monetária em razão da taxa de câmbio controlada na Parte B do e-Lalur e do e-Lacs, de aquisição de bem ou serviço contabilizado
diretamente como despesa ou custo, deverá ser computada nas adições relativas às despesas apropriadas a partir da conta de juros a apropriar ou
equivalente. (Instrução Normativa RFB 1.700/2017, artigo 96, § 4°)
Os valores decorrentes do AVP acima exposto, apropriados como receita financeira no mesmo período de apuração do reconhecimento da receita bruta ou
em outro período de apuração, não serão incluídos, nas bases de cálculo do Lucro Presumido e do resultado presumido. (Instrução Normativa RFB N°
1.700/2017, artigo 215, § 5°)
Para exemplificar, consideramos o mesmo cenário exposto no item 11 desta matéria, em que foi efetivada em janeiro uma venda a prazo, cuja nota fiscal é
no valor de R$ 20.000,00, com a redução do AVP no montante de R$ 8.252,11 a apropriar para receita financeira na medida em que os juros são
transcorridos. Nesse caso, a receita bruta para apurar o IRPJ e a CSLL é sobre os R$ 20.000,00, e as receitas financeiras no total de R$ 8.252,11 não serão
computadas na(s) apuração(ões) trimestral(ais).
Os valores decorrentes do Ajuste a Valor Presente sobre elementos do ativo abaixo citados incluem-se para efeitos de apuração do IRPJ e da CSLL, nas
demais receitas a serem adicionadas ao Lucro Presumido, independentemente da forma como essas receitas tenham sido contabilizadas, de acordo com a
Instrução Normativa RFB n° 1.700/2017, artigo 215, §§ 6° e 7°, de modo que não serão tributados como receitas financeiras na medida em que vão sendo
apropriadas.
a) os ganhos de capital na alienação de ativos e devolução de capital com bens e direitos, demais receitas como as de locação de imóveis sem previsão no
objeto social da empresa e resultados positivos decorrentes de receitas não compreendidas como receitas brutas, como por exemplo, receita de juros sobre
contratos de mútuo, etc.;
b) os rendimentos e ganhos líquidos auferidos em aplicações financeiras de renda fixa e renda variável;
d) os valores recuperados, correspondentes a custos e despesas, inclusive com perdas no recebimento de créditos, nos termos do artigo 215, § 3°, inciso IV
da Instrução Normativa RFB n° 1.700/2017;
e) o valor resultante da aplicação dos percentuais de presunção sobre a parcela das receitas auferidas em cada atividade nas exportações às pessoas
vinculadas ou aos países com tributação favorecida que exceder o valor já apropriado na escrituração da empresa, na forma prevista na norma de preço de
transferência;
f) a diferença de receita financeira calculada conforme disposto no capítulo V e no artigo 58 da Instrução Normativa RFB n° 1.312/2012, voltada ao preço de
transferência; e
g) as multas ou qualquer outra vantagem paga ou creditada por pessoa jurídica, ainda que a título de indenização, por causa de rescisão de contrato.
Nas alienações de investimentos, imobilizado ou intangível, poderão ser considerados no valor contábil, e na proporção deste, os respectivos valores
decorrentes dos efeitos do Ajuste a Valor Presente de que trata o inciso III do caput do artigo 184 da Lei n° 6.404/76 (elementos do passivo ajustáveis a valor
presente). (Instrução Normativa RFB n° 1.700/2017, artigo 215, § 15)
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ASSUNTOS DIVERSOS
Boletim Imposto de Renda n° 15 - 1ª Quinzena. Publicado em: 07/08/2023
Matéria elaborada conforme a legislação vigente à época de sua publicação, sujeita a mudanças em decorrência das alterações legais.
Para o efeito de apuração do ganho de capital, a pessoa jurídica terá de calcular inicialmente o quociente entre o valor contábil do ativo na data da alienação
e o valor do mesmo ativo sem considerar eventuais realizações anteriores, inclusive mediante depreciação, amortização ou exaustão, e a perda estimada por
redução ao valor recuperável. (Instrução Normativa RFB n° 1.700/2017, artigo 215, § 16)
A parcela a ser considerada no valor contábil do ativo não circulante acima citado corresponderá ao produto dos valores decorrentes do Ajuste a Valor
Presente pelo quociente mencionado no parágrafo anterior. (Instrução Normativa RFB n° 1.700/2017, artigo 215, § 17)
16.3. Ajuste a Valor Presente – Contrato tipificado como de Arrendamento Mercantil – Arrendatária Lucro Presumido
No caso de pessoa jurídica arrendatária de contrato de arrendamento mercantil em que haja transferência substancial dos riscos e benefícios inerentes à
propriedade do bem arrendado, e na hipótese das contraprestações a pagar e respectivos saldos de juros a apropriar decorrentes de Ajuste a Valor Presente
serem atualizados em função da taxa de câmbio ou de índices ou coeficientes aplicáveis por disposição legal ou contratual, as variações monetárias ativas
decorrentes dessa atualização não serão acrescidas às bases de cálculo do IRPJ e da CSLL. (Instrução Normativa RFB n° 1.700/2017, artigo 215, § 30)
16.4. Arrendamento Mercantil – Pessoa jurídica não sujeita à Lei do Leasing (Lei n° 6.099/74), não obrigada ao Lucro
Real
De acordo com o artigo 218 da Instrução Normativa RFB n° 1.700/2017, a pessoa jurídica arrendadora, que realiza operações em que haja transferência
substancial dos riscos e benefícios inerentes à propriedade do ativo e que não esteja sujeita ao tratamento tributário disciplinado pela Lei n° 6.099/74, deverá
computar o valor da contraprestação na determinação das bases de cálculo do Lucro Presumido e do resultado presumido.
As receitas financeiras reconhecidas, segundo as normas contábeis e legislação comercial relativas ao arrendamento mercantil, que estiverem computadas
na contraprestação, não serão acrescidas às bases de cálculo do Lucro Presumido e do resultado presumido.
Na hipótese das contraprestações a receber e respectivos saldos de juros a apropriar decorrentes de AVP serem atualizados em função da taxa de câmbio
ou de índices ou coeficientes aplicáveis por disposição legal ou contratual, as variações monetárias ativas decorrentes dessa atualização, que estiverem
computadas na contraprestação de que trata o caput, não serão acrescidas às bases de cálculo do Lucro Presumido e do resultado presumido.
O disposto no artigo 218 da Instrução Normativa RFB n° 1.700/2017 também se aplica aos contratos não tipificados como arrendamento mercantil, que
contenham elementos contabilizados como arrendamento mercantil por força de normas contábeis e da legislação comercial.
Para efeito da determinação da base de cálculo, o faturamento corresponde à receita bruta, o artigo 12, § 3° do Decreto-lei n° 1.598/77 compreende o AVP
das operações envolvendo:
d) as receitas da atividade ou objeto principal da pessoa jurídica não compreendidas itens “a” a “c” acima.
Logo, no regime cumulativo, o valor do Ajuste a Valor Presente compõe o faturamento da pessoa jurídica, na hipótese de se tratar de receita bruta (o
faturamento, apenas).
Ademais, as receitas financeiras, que não estejam classificadas como receita bruta da pessoa jurídica sujeita ao regime cumulativo, mesmo que decorrentes
de Ajuste a Valor Presente de ativos, estão excluídas da base de cálculo dessas contribuições. (Lei n° 9.718/98, artigos 2° e 3°)
Matéria elaborada conforme a legislação vigente à época de sua publicação, sujeita a mudanças em decorrência das alterações legais.
Nos termos da Lei n° 9.610, de 19 de fevereiro de 1998, que regula os direitos autorais, é proibida a reprodução total ou parcial, bem como a produção de
apostilas com base nesta obra, por qualquer forma, meio eletrônico ou mecânico, inclusive por meio de processos reprográficos, fotocópias ou gravações
sem a permissão por escrito dos autores. A reprodução não autorizada, além das sanções civis (apreensão e indenização), está sujeita às penalidades de
que trata o artigo 184 do Código Penal.
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