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Matéria elaborada conforme a legislação vigente à época de sua publicação, sujeita a mudanças em decorrência das
alterações legais.
ASSUNTOS DIVERSOS
ROTEIRO
1. INTRODUÇÃO
2. OBJETIVOS
3. RECONHECIMENTO
4. CRITÉRIOS PARA DETERMINAÇÃO
5. ELEMENTOS PATRIMONIAIS ENVOLVIDOS
6. DIFERENÇA COM O AVJ
7. TAXA DE DESCONTO
8. CUSTOS E BENEFÍCIOS
9. CLASSIFICAÇÃO CONTÁBIL
9.1. Balanço
9.2. Divulgação - Notas Explicativas
10. ASPECTOS TRIBUTÁRIOS
10.1. AVP do Ativo
10.2. AVP do Passivo
10.3. Variação Cambial
1. INTRODUÇÃO
A não utilização do AVP, pode fazer com que os resultados da pessoa jurídica fiquem distorcidos, e a sua utilização
tornam comparáveis as operações sob o ponto de vista de uma análise, independentemente se estas operações forem à
vista ou a prazo, por este motivo a importância deste assunto para os contribuintes.
Neste trabalho iremos referenciar o Ajuste a Valor Presente na ótica contábil e tributária, baseada na Resolução CFC n°
1.151 de 23 de janeiro de 2009 e na Instrução Normativa RFB n° 1.515 de 24 de novembro de 2014.
2. OBJETIVOS
O Ajuste a Valor Presente tem por objetivo efetuar o ajuste para demonstrar o valor presente de um fluxo de caixa futuro.
Item 1 a 3 da Resolução CFC n° 1.151/2009
A utilização das informações com base no valor presente permite a correção de eventos passados que já foram
registrados trazendo maior grau de confiabilidade nas demonstrações contábeis.
Todos os cálculos efetuados para se chegar ao valor presente devem ficar disponíveis de forma clara, para que terceiros
possam chegar a resultados similares ou aproximados, tornando-se assim um trabalho confiável.
3. RECONHECIMENTO
A norma contábil determina que a mensuração contábil seja aplicada no reconhecimento inicial de ativos e passivos,
apenas em algumas situações especiais como por exemplo, numa renegociação de dívida, onde são elaborados novos
termos, o AVP deverá ser aplicado como se fosse uma nova medição. Item 5 da Resolução CFC n° 1.151/2009
Para de determinar o Ajuste a Valor Presente, há a necessidade de se atender aos seguintes critérios: Item 4 da
Resolução CFC n° 1.151/2009
b) Descrição do Item;
a) for provável que algum benefício econômico futuro associado ao item flua para a entidade ou flua da entidade; e
b) o item tiver custo ou valor que possa ser mensurado com confiabilidade e neste caso a informação é confiável quando
ela é completa, neutra e livre de erro.
Neste contexto, faz necessário avaliar a materialidade, ou seja, características qualitativas da informação contábil
financeira útil.
“Os elementos integrantes do ativo e do passivo decorrentes de operações de longo prazo, ou de curto prazo
quando houver efeito relevante, devem ser ajustados a valor presente com base em taxas de desconto que
reflitam as melhores avaliações do mercado quanto o valor do dinheiro no tempo e os riscos específicos do ativo
e do passivo em suas datas originais.” Item 21 da Resolução CFC n° 1.151/2009
a) Elementos ativos e passivos de longo prazo devem ser ajustados a valor presente;
b) Elementos ativos e passivos de curto prazo, apenas quando houver efeito relevante, devem ser ajustados a valor
presente.
O Ajuste a Valor Presente não é sinônimo de valor justo. O AVP objetiva efetuar o ajuste para demonstrar o valor
presente de um fluxo de caixa futuro, enquanto que o AVJ é o valor justo pelo qual um ativo pode ser negociado, ou um
passivo liquidado. Item 2 da Resolução CFC n° 1.428/2013
Podemos citar como exemplo, uma venda financiada de um bem para um determinado cliente, onde este cliente terá
uma taxa de financiamento especial pelo fato de se um cliente especial, ou seja, uma taxa abaixo do praticado no
mercado. Na pessoa jurídica que efetuou a venda, este reconhecerá a contrapartida do ajuste a valor presente como
redução da sua receita, evidenciando que, nesse caso, terá obtido um valor de venda inferior ao praticado no mercado.
Item 6 da Resolução CFC n° 1.151/2009
7. TAXA DE DESCONTO
Em regra geral, faz-se necessário utilizar uma taxa de desconto que reflita juros compatíveis com a natureza, o prazo e
os riscos relacionados à transação, levando-se em consideração, ainda, as taxas de mercado praticadas na data inicial
da transação entre partes conhecedoras do negócio, que tenham a intenção de efetuar a transação e em condições
usuais de mercado. Nos casos em que a taxa é explícita, o processo de avaliação passa por uma comparação entre a
taxa de juros da operação e a taxa de juros de mercado. Porém ressalta-se que nos casos em que a taxa estiver
implícita, é necessário estimar a taxa da transação, considerando as taxas de juros de mercado. Itens 12 ao 14 da
Resolução CFC n° 1.151/2009
Os riscos e incertezas devem ser considerados para efeitos de mensuração devendo ser avaliado e estimado qual preço
os participantes do mercado estão dispostos a cobrar pelo riscos e incertezas associados aos fluxos de caixa e quando a
estimativa de prêmio pelo risco não for confiável, pode ser adotada taxa de desconto que reflita uma taxa de juros livre
de risco.
Para a definição da taxa a ser utilizada, deverá o contribuinte efetuar uma análise por transação na data da ocorrência,
pois o uso de uma taxa de juros única não é aceitável, apenas sendo admitida para grupos de ativos ou passivos
semelhantes.
A NBC TG 12 - Ajuste a Valor Presente, aprovada pela Resolução CFC n° 1.151/2009 estabelece que:
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“Os elementos integrantes do ativo e do passivo decorrentes de operações de longo prazo, ou de curto prazo
quando houver efeito relevante, deve, ser ajustados a valor presente com base em taxas de desconto que
reflitam as melhores avaliações do mercado quando o valor do dinheiro no tempo e os riscos específicos do ativo
e do passivo em suas datas originais.” (NBC TG 12, item 21)
a) Arrendamento Mercantil: A taxa de desconto a ser utilizada no cálculo do valor presente dos pagamentos mínimos do
arrendamento mercantil deve ser a taxa de juros implícita. Item 20 da Resolução CFC n° 1.304/2010
b) Empréstimos Subsidiados: Não há mercado consolidado de dívidas de longo prazo no Brasil, ficando a oferta de
crédito limitada a um único ente governamental. Assim, excepcionalmente, até que surja um efetivo mercado competitivo
de crédito de longo prazo no Brasil, passivos dessa natureza, e ativos correspondentes no credor, não estão
contemplados por esta Norma como sujeitos à aplicação do conceito de valor presente por taxas diversas daquelas a
que tais empréstimos e financiamentos já estão sujeitos. Item 11 da Resolução CFC n° 1.151/2009
8. CUSTOS E BENEFÍCIOS
Na relação custo do benefício pode se tornar admissível o uso de única taxa para grupos de ativos ou passivos
semelhantes. Item 19 a 20 da Resolução CFC n° 1.151/2009
O equilíbrio entre o custo e o benefício é uma limitação de ordem prática, ao invés de uma característica qualitativa, pois
os benefícios decorrentes da informação devem exceder o custo de produzi-la.
Ressalta-se que é mais fácil a identificação dos custos do que dos benefícios inerentes ao AVP.
9. CLASSIFICAÇÃO CONTÁBIL
Dados da transação:
Temos que as obrigações são registradas no passivo circulante quando o vencimento se der até o término do exercício
seguinte ou no passivo não circulante quando o vencimento se der após o término do exercício seguinte. Art. 180 da Lei
6.404 de 15 de Dezembro de 1.976.
Portanto neste contexto o valor de R$ 14.444, 44 deve ser registrada como ativo circulante (curto prazo), enquanto que o
valor de R$ 5.555, 56 deverá ser registrado como ativo não circulante (longo prazo).
a) Registro da Venda:
D- (-) Ajuste a Valor Presente - Lei 12.973/2014 - Receita Bruta da Venda de Produtos (CR) R$ 5.700,00
9.1. Balanço
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Balanço Patrimonial
ATIVO R$ 14.300,00
ATIVO CIRCULANTE R$ 9.244,44
Duplicatas a Receber R$ 14.444,44
(-) Juros a Realizar - Lei 12.973/2014 (R$ 5.200,00)
ATIVO NÃO CIRCULANTE R$ 5.055,56
Duplicatas a Receber R$ 5.555,56
(-) Juros a Realizar - Lei 12.973/2014 (R$ 500,00)
A divulgação deverá conter informações que permitam que os usuários das demonstrações contábeis tenham um
entendimento adequado das mensurações ao valor presente. Item 33 da Resolução CFC n° 1.151/2009
b) Premissas utilizadas;
d) Montante dos fluxos de caixa estimados ou séries de montantes de fluxos de caixa estimado;
i) Breve descrição dos procedimentos adotados para acomodar mudanças de premissas da administração;
k) Reconhecimento inicial;
Em relação a venda a prazo, os valores decorrentes do ajuste a valor presente somente serão considerados na
determinação do lucro real no mesmo período de apuração em que a receita ou resultado da operação deva ser
oferecido à tributação. Artigo 34 a 35 da IN RFB n° 1.515/2014
Considerando neste caso que a receita de venda seja tratada como receita bruta, os valores referentes a ajuste de valor
presente, deverão ser registrados a débito em conta de dedução da receita bruta em contrapartida à conta de juros a
apropriar ou equivalente, pois conforme prevê o artigo 3° da IN RFB n° 1.515/2014, o ajuste a valor presente pode ser
deduzido da receita bruta, vejamos:
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Porém ressalta-se que os valores apropriados como receita a partir da conta de juros a apropriar poderão ser excluídos
do Lalur nos períodos relativos as apropriações.
Contudo no período em que a receita ou o resultado da venda tenha que ser oferecido à tributação, os valores
decorrentes dos ajustes a valor presente, deverão ser adicionados ao Lucro Líquido para determinação do lucro real.
Os valores decorrentes do Ajuste a Valor Presente, apenas serão considerados na determinação do lucro real no período
em que: Artigo 37 a 35 da IN RFB n° 1.515/2014
b) o bem for utilizado como insumo na produção de bens ou serviços, no caso de aquisição a prazo de bem a ser
utilizado como insumo na produção de bens ou serviços;
c) o ativo for realizado, inclusive mediante depreciação, amortização, exaustão, alienação ou baixa, no caso de aquisição
a prazo de ativo não classificável como compra para revenda ou insumo;
d) a despesa for incorrida, no caso de aquisição a prazo de bem ou serviço contabilizado diretamente como despesa; e
e) o custo for incorrido, no caso de aquisição a prazo de bem ou serviço contabilizado diretamente como custo de
produção de bens ou serviços.
a) na hipótese do ativo ser comprado a prazo e não ser classificado como revenda ou insumo, inclusive mediante
depreciação, amortização, exaustão, alienação ou baixa, não seja dedutível;
b) na hipótese, de aquisição a prazo do bem ou serviço, contabilizado diretamente na despesa, caso a despesa não seja
dedutível; e
c) nas hipóteses de compra para revenda, insumo ou ativo imobilizado, caso os valores decorrentes do ajuste a valor
presente não tenham sido evidenciados em subconta.
Portanto pode-se resumir que nas aquisições a prazo dos itens mencionados anteriormente os valores decorrentes de
ajuste a valor presente serão registrados a débito em conta de juros a apropriar.
Já nas hipóteses de compra para revenda, insumo ou ativo imobilizado, os valores decorrentes de ajuste a valor
presente serão registrados em subcontas em contrapartida à conta de juros a apropriar.
Deverão ser adicionados ao Lucro líquido para determinação do lucro real os valores apropriados como despesa a partir
da conta de juros a apropriar.
Os valores evidenciados nas subcontas referentes as compras pra revenda, insumo ou ativo imobilizado, do ajuste a
valor presente serão:
b) Na hipótese de compra pra insumo, no momento em que o produto for baixado no período em que for utilizado como
insumo;
c) Nos casos de compras para ativos imobilizados, o valor do AVP, desde que evidenciado em subconta será baixado à
medida que o ativo for realizado, inclusive mediante a depreciação, amortização, exaustão, alienação ou baixa.
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Porém considerando que quando o bem for revendido ou utilizado como insumo a pessoa jurídica não possua um
controle individual das unidades em estoque, esta poderá utilizar-se do método contábil denominado “Peps”, primeiro
que entra, primeiro que sai, independentemente da empresa possuir registro permanente de inventário ou do registro
permanente ser com base no custo médio.
Considerando a evidenciação em subconta, o valor baixado, poderá ser excluído do lucro líquido na determinação do
lucro real no período relativo a baixa.
Em relação aos bens do ativo imobilizado somente poderá ser excluído do lucro líquido, caso o valor realizável do ativo
seja considerado dedutível, caso contrário não poderá ser excluído.
Em relação a variação cambial o artigo 40 da IN RFB 1.515/2014 dispõe que as variações monetárias, ativas ou
passivas, em razão da taxa de câmbio referentes aos saldos de juros a apropriar decorrentes de ajuste a valor presente
não serão computadas na determinação do lucro real.
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