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PT25057 - IRC / Benefícios fiscais
Segunda, 01 de Junho, 2020

IRC - Benefícios Fiscais

Actualizado em: Quinta, 16 de Julho, 2020

Determinado PME da zona centro tem um projeto aprovado no âmbito do Portugal 2020 em agosto de 2019. O projeto terá a duração
de dois anos. O investimento total elegível será de cerca de 5 400 000 euros e terá o apoio de 22,50% a fundo perdido e 22,50% de
empréstimo garantido.

Em 2019 a empresa efetuou um investimento parcial no valor de 1 200 000 euros e não solicitou o empréstimo garantido nem solicitou
nenhum adiantamento do incentivo não reembolsável. Em 2019 pretende ainda usufruir do RFAI.

Mesmo não tendo solicitado o empréstimo sem juros, nem tendo solicitado o adiantamento do valor não reembolsável, terá que
considerar esse benefício em 2019? Se sim, será de aplicar a taxa dos 22,50% (a fundo perdido) ao valor dos investimentos já
efetuados para determinar o valor do benefício a fundo perdido? E em relação à isenção de juros, visto que não solicitou ainda o
empréstimo? Estes benefícios do Portugal 2020 estão apenas sujeitos aos limites regionais (juntamente com o RFAI) ou estão
também sujeitos aos limites minimis?

Parecer Técnico
Na situação em análise as questões colocadas são sobre o enquadramento contabilístico e fiscal da atribuição de apoio no âmbito do
Portugal 2020. No caso em concreto, o valor total do projeto é 5.400.000 euros, sendo que, a entidade foi notificada, em agosto de
2019, na atribuição de um subsídio não reembolsável (22,5%) e um subsídio reembolsável (22,5%). No ano de 2019, a entidade investiu
o valor de 1.200.000 euros, no entanto, ainda não recebeu qualquer valor dos subsídios não reembolsável nem do subsídio
reembolsável. Para o mesmo investimento, a entidade pretende usufruir do REFAI.

Começamos por fazer referência ao tratamento contabilístico dos apoios recebidos e/ou a receber. Não tendo sido indicado qual o
normativo contabilístico aplicado, na situação em análise, iremos dar resposta no pressuposto que a entidade adota as Normas
Contabilísticas e Relato Financeiro (NCRF).

A contabilização dos subsídios deve atender aos procedimentos previstos na Norma Contabilística e de Relato Financeiro (NCRF) n.º
22 - "Subsídios e Outros Apoios das Entidades Públicas".

O princípio contabilístico a ter em atenção na contabilização dos subsídios é o princípio do balanceamento entre rendimentos e
gastos, devendo o subsídio ser reconhecido nos rendimentos do período, no momento e na mesma proporção, em que for reconhecido
o gasto subsidiado, conforme previsto no parágrafo 14 da NCRF 22.

Em termos de reconhecimento dos subsídios, em primeiro há que identificar o momento que esse subsídio deve ser inicialmente
reconhecido nas demonstrações financeiras.

No Balanço, o subsídio deve ser inicialmente reconhecido quando exista segurança de que a entidade cumprirá as condições a ele
associadas e de que os mesmos serão recebíveis, independentemente de ainda não ter sido efetivamente recebido, conforme previsto
nos parágrafos 8 e 9 da NCRF 22.

Normalmente, com a aprovação da atribuição do apoio financeiro pela entidade gestora da medida de apoio, estão cumpridos os
critérios de reconhecimento do subsídio, pelo que o mesmo pode ser sido reconhecido no balanço nesse período. Mas, é possível que
esse reconhecimento inicial possa apenas ser efetuado num período posterior.

Para determinar o momento do reconhecimento inicial do subsídio, a entidade deve efetuar um juízo de valor e julgamentos sobre a
sua capacidade para cumprir as condições associadas ao subsídio atribuído, ainda que se tratem de objetivos a alcançar em períodos
futuros.

Com base nesses juízos de valor e julgamentos, deve efetuar estimativas para o cálculo do montante do subsídio a ser atribuído.

Os fatores a ter conta para a realização dessas estimativas e julgamentos devem ser aqueles diretamente relacionados com a
execução do investimento e operação do projeto proposto na candidatura ao subsídio.

Tal como decorre do parágrafo 26 da NCRF 4 - "Políticas Contabilísticas, Alterações nas Estimativas Contabilísticas e Erros", o uso de
estimativas é uma parte essencial da preparação de demonstrações financeiras e não diminui a sua fiabilidade, devendo ser objeto de
revisões periódicas.

Na demonstração dos resultados, para o reconhecimento, há que ter em atenção o referido princípio do balanceamento entre
rendimentos e gastos.

Os subsídios atribuídos devem ser reconhecidos nos resultados (rendimentos) do período na mesma proporção dos respetivos custos
subsidiados incorridos pela entidade e reconhecidos como gastos do período, tendo também em atenção o pressuposto do regime do
acréscimo, ou seja, deve ser reconhecido independentemente do momento do recebimento.

O reconhecimento do subsídio inicialmente no Balanço e a respetiva imputação a resultados vai depender, primeiro da estimativa de
cumprimento das condições contratadas e de que o mesmo se torna recebível, e segundo do momento em que são incorridas as

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despesas e são contabilizados os respetivos gastos, atendendo ao referido princípio do balanceamento entre rendimentos e gastos.

Esse reconhecimento não está dependente do recebimento de meros adiantamentos, havendo, antes, que verificar se existe a
estimativa que as condições impostas para a atribuição do subsídio irão ser cumpridas.

Em termos de apresentação nas demonstrações financeiras, de acordo com os parágrafos 22 e 25 da NCRF 22, os subsídios não
reembolsáveis relacionados com a aquisição ou produção de um ativo (fixo tangível ou intangível) (também conhecidos como
subsídios ao investimento), devem ser apresentados como componente do capital próprio (conta 593 e rubrica "Outras variações no
capital próprio"), e imputados como rendimentos do exercício (conta 7883) numa base sistemática e racional durante a vida útil do
ativo, ou seja, pela proporção da depreciação ou amortização do ativo fixo tangível ou ativo intangível, respetivamente.

Os subsídios relacionados com rendimentos (conhecidos como subsídios à exploração), que são concedidos para assegurar uma
rentabilidade mínima ou compensar deficits de exploração de um dado exercício imputam-se como rendimentos desse período (conta
75), ou de período futuros, se se destinarem também a assegurar rentabilidades mínimas ou a compensar deficits de exploração
desses períodos futuros, mais uma vez tendo presente o princípio do balanceamento entre rendimentos e gastos e o pressuposto do
regime do acréscimo.

Quanto à atribuição de um subsídio reembolsável, sem juros (ou com taxa de juro inferior à taxa de mercado), o tratamento
contabilístico é o que se segue.

Em termos contabilísticos, o subsídio reembolsável deve ser reconhecido como passivo financeiro, nos termos do parágrafo 13 da
Norma Contabilística e de Relato Financeiro n.º 22 - "Contabilização dos subsídios do governo e divulgação de apoios do Governo".

De acordo com o parágrafo 21 da NCRF 22, o benefício de um empréstimo de uma entidade pública com uma taxa de juro inferior à do
mercado é tratado como um subsídio de entidade pública.

O empréstimo deve ser reconhecido e aferido em conformidade com a NCRF 27 - Instrumentos Financeiros, sendo mensurado ao
custo amortizado, efetuando-se a atualização para o valor presente através da aplicação de uma taxa de juro de mercado.

O valor presente do empréstimo obtido é o montante que igual os fluxos de caixa atualizados à taxa de juro de mercado ao momento
presente.

O benefício da taxa de juro inferior à do mercado deve ser determinado como a diferença entre a quantia escriturada inicial do
empréstimo determinada em conformidade com a NCRF 27 e a quantia recebida.

Esse benefício é contabilizado como subsídio relacionado com rendimentos ou relacionado com ativos, tendo em conta as condições
e obrigações que foram, ou devem ser, satisfeitas ao identificar os gastos que o benefício do empréstimo visa compensar.

No caso de não existirem condições específicas futuras a cumprir, que estejam estipuladas contratualmente, esse benefício é
reconhecido imediatamente como rendimento do período (subsídios à exploração).

Se existirem essas condições, o benefício é diferido e reconhecido, numa base linear nos rendimentos em períodos futuros, durante o
período em que exista a obrigação de cumprimento dessas condições específicas para a sua atribuição, quando seja tratado como um
subsídio relacionado com rendimentos (à exploração).

Quando esteja relacionado com ativos subsidiados, esse benefício é reconhecido inicialmente em capital próprio e reconhecido nos
rendimentos na proporção das depreciações ou amortizações reconhecidas em cada período dos ativos subsidiados.

No reconhecimento inicial do subsídio, quando existir a segurança de que se cumprirá as condições associadas e de que será
recebido, a entidade deve proceder ao seguinte registo contabilístico:

Pelo reconhecimento do subsídio reembolsável:

- Débito da conta 278x - "Outros devedores e credores - Entidade gestora", pelo montante a receber do subsídio reembolsável atribuído;

Por contrapartida a:

- Crédito da conta 258x - "Outros financiadores - Entidade financiadora X", pelo valor presente do empréstimo atualizado pela taxa de
juro de mercado ao momento presente;

- Crédito da conta 75x - "Subsídios à exploração" (se não existirem condições específicas a cumprir no futuro), pela diferença entre o
montante atribuído e o seu valor presente atualizado pela taxa de juro de mercado;

- Ou em alternativa, conta 282 - "Rendimentos a reconhecer" (se existirem condições específicas a cumprir no futuro e estiver
relacionado com rendimentos), pela diferença entre o montante atribuído e o seu valor presente atualizado pela taxa de juro de
mercado;

- Ou em alternativa, conta 593 - "Subsídios" (se existirem condições específicas a cumprir no futuro e estiver relacionado com ativos),
pela diferença entre o montante atribuído e o seu valor presente atualizado pela taxa de juro de mercado.

No momento do recebimento do subsídio reembolsável, o registo contabilístico pode ser o seguinte:

- Débito da conta 12 - "Depósitos à ordem" por contrapartida a crédito da conta 278x - "Outros devedores e credores - entidade
financiadora X", pelo montante recebido.

Durante o período do contrato celebrado para a atribuição do subsídio, com condições específicas a cumprir no futuro, pelo
reconhecimento do subsídio como rendimento do período (quando esteja relacionado com rendimentos):

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- Débito da conta 282 - "Rendimentos a reconhecer" por contrapartida a crédito da conta 75x - "Subsídios à exploração", pela proporção
anual do subsídio imputada ao período corrente.

Durante o período de vida útil dos ativos subsidiados, pela proporção das depreciações ou amortizações reconhecidas em cada
período:

- Débito da conta 593 - "Subsídios" por contrapartida a crédito da conta 7883 - "Imputação de subsídios para investimentos", pela
proporção das depreciações ou amortizações reconhecidas em cada período.

De referir que, este reconhecimento inicial deve ser efetuado no momento da assinatura do contrato de atribuição do subsídio ou num
momento posterior, atendendo ao momento em que existe uma segurança de que se irão cumprir as condições associadas à medida
de apoio e de que o subsídio irá ser recebido.

A partir deste momento, este subsídio reembolsável é tratado como um passivo financeiro (financiamento obtido - empréstimo a
pagar), nos termos da NCRF 27 - "Instrumentos financeiros".

No momento do vencimento e pagamento das prestações do subsídio reembolsável, com juros, mensurado ao valor presente:

Pela atualização do empréstimo obtido à taxa de juro de mercado:

- Débito da conta 691 - "Juros suportados" por contrapartida a crédito da conta 258x - "Outros financiadores - Entidade financiadora X",
pelos juros incorridos (determinados pela taxa de juro de mercado);

Pelo pagamento da prestação do empréstimo, se for um empréstimo sem taxa de juro:

- Débito da conta 258x - "Outros financiadores - Entidade financiadora X" por contrapartida a crédito da conta 12 - "Depósitos à ordem",
pelo pagamento da prestação (capital).

Pelo pagamento da prestação do empréstimo, se for um empréstimo com taxa de juro reduzida:

- Débito da conta 258x - "Outros financiadores - Entidade financiadora X", pelo pagamento do capital e juros nominais;

- Débito da conta 691 - "Juros suportados", pelos juros nominais suportados no empréstimo; Por contrapartida a:

- Crédito da conta 12 - "Depósitos à ordem", pelo pagamento da prestação (capital e juros).

No caso em concreto a entidade tem um projeto aprovado no âmbito do Portugal 2020, sendo que 22,5% é considerado como subsídio
não reembolsável e 22,5% como subsídio reembolsável ("empréstimo garantido"), sendo que, até à data ainda não recebeu qualquer
verba relacionada com estes apoios. Em todo o caso, no momento da notificação da decisão, a entidade deverá proceder aos
respetivos registos contabilísticos de acordo com o anteriormente exposto.

Atendendo que já foram efetuados investimentos, pressupondo que, nos termos da NCRF 7 - Ativos Fixos Tangíveis, os investimentos
em causa estão a ser depreciados, a entidade deverá reconhecer em resultados, na conta 7883, a respetiva cota parte do subsídio
(1.200.000 euros x taxa de depreciação x 22,5%).

Em termos fiscais, o Código do IRC prevê a tributação dos subsídios à exploração na alínea j) do n.º 1 do artigo 20.º, sendo o
tratamento fiscal idêntico ao tratamento contabilístico previsto na NCRF 22.

O reconhecimento do gasto de juros pela aplicação da mensuração ao custo amortizado é também aceite para efeitos de IRC,
conforme previsto na alínea c) do n.º 2 do artigo 23.º do Código desse imposto.

Tal como referido, os subsídios relacionados com ativos vão sendo imputados como rendimentos do período numa base sistemática e
racional durante a vida útil do ativo.

Como se constata, o benefício obtido é, na prática, os juros que a empresa deixou de pagar pela obtenção do subsídio, e que pagaria
caso recorre-se a financiamento no mercado.

Dessa forma, o benefício deve ser calculado com base na taxa de juro de mercado que a empresa contrataria em condições de
mercado a entidades independentes.

O cálculo do valor presente do subsídio é efetuado pela atualização dos fluxos de caixa previstos ao longo do contrato de empréstimo,
tendo por base a taxa de juro nominal e o período de carência, para o momento presente, utilizando uma taxa de juro de mercado (que
seria contratada em condições de mercado).

Na questão é mencionado que a entidade em causa pretende usufruir do Regime Fiscal de Apoio ao Investimento (RFAI), pressupomos
que, para o mesmo investimento do projeto Portugal 2020.

Nos termos do n.º 6 do artigo 23.º do Código Fiscal do Investimento (redação do Decreto-Lei n.º 162/2014, de 31/10), o RFAI é
cumulável com auxílios de Estado para o mesmo investimento, nomeadamente apoios financeiros, desde, e na medida em que, não
sejam ultrapassados os limites máximos aplicáveis aos auxílios com finalidade regional em vigor na região na qual o investimento seja
efetuado.

As orientações da União Europeia em matéria de auxílios estatais com finalidade regional para 2014-2020 estão publicadas no Jornal
Oficial da União Europeia n.º C 209/1, de 27 de julho de 2013 (OAR) e no Regulamento (UE) n.º 651/2014, de 16 de junho de 2014, que
aprovou o Regulamento Geral de Isenção por Categoria (RGIC), publicado no Jornal Oficial da União Europeia n.º C 187/1, de 26 de
junho de 2014.

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A Portaria n.º 297/2015, de 21/09 estabelece a regulamentação para a aplicação dos benefícios fiscais ao investimento do RFAI, tal
como decorre do n.º 7 do artigo 23.º do CFI.

O benefício fiscal do RFAI pode ser determinado em função de percentagem dos investimentos relevantes, dependendo da região onde
é efetuado o investimento, num montante até cinco milhões de euros, e de mais 10 por cento sobre o restante investimento que
exceda esse montante, conforme o artigo 43.º do CFI.

Essas percentagens limite podem ser majoradas em 10 pontos percentuais para as médias empresas e em 20 pontos percentuais para
as micro e pequenas empresas tal como definidas na Recomendação n.º 2003/361/CE, da Comissão, de 6 de maio de 2003, exceto
quanto a projetos de investimento cujas aplicações relevantes excedam 50 milhões de euros.

No caso de projetos de investimento cujas aplicações relevantes excedam 50 milhões de euros, independentemente da dimensão da
empresa, o montante máximo de benefício fiscal possível está limitado a 50 milhões de euros, adicionado de 50 por cento sobre o
investimento entre 50 milhões e 100 milhões de euros. O eventual excedente a 100 milhões não é considerado para o benefício fiscal.

Tal como referido, o RFAI é cumulável com outros apoios de Estado com finalidade regional, nomeadamente incentivos financeiros,
como os subsídios não reembolsáveis e empréstimos sem juros ou com juros reduzidos de medidas de apoio financeiro do Portugal
2020, para o mesmo investimento. Todavia, quando assim é, os limites referidos para a determinação do incentivo máximo para o
benefício fiscal do RFAI devem também atender ao montante desses apoios financeiros, conforme previsto nos n.ºs 5 e 6 ambos do
artigo 23.º do CFI.

Os limites máximos aplicáveis aos auxílios estatais com finalidade regional previstos no n.º 5 do artigo 23.º do Código Fiscal do
Investimento devem atender às condições determinadas no artigo 4.º da Portaria n.º 297/2015, nomeadamente:

- Qualquer investimento inicial iniciado pelo mesmo beneficiário, incluindo qualquer empresa do mesmo grupo, num período de três
anos a contar da data de início dos trabalhos de um outro investimento relativamente ao qual tenham sido concedidos benefícios
fiscais, ou qualquer outro auxílio de Estado com finalidade regional na mesma região de nível 3 da Nomenclatura das Unidades
Territoriais para Fins Estatísticos (NUTS), deve ser considerado parte de um projeto de investimento único;

- O valor dos benefícios fiscais concedidos de dedução à coleta de IRC (e isenção ou redução do IMI) nos termos do RFAI deve
corresponder ao seu valor atualizado reportado ao termo do período de tributação em que sejam realizadas as aplicações relevantes
(e ao termo do ano da aquisição ou construção do imóvel, para efeitos do benefício fiscal do IMI);

- O valor atualizado dos benefícios fiscais deve ser determinado com base nas taxas de atualização aplicáveis nos vários momentos
em que os benefícios fiscais são utilizados, tal como estabelecido na Comunicação da Comissão sobre a revisão do método de
fixação das taxas de referência e de atualização publicada no Jornal Oficial da União Europeia, n.º C 14, de 19 de janeiro de 2008.

As taxas de referência podem ser consultadas através do sítio de internet da Direção Geral da Concorrência da União Europeia:

http://ec.europa.eu/competition/state_aid/legislation/reference_rates.html

Se forem excedidos estes limites máximos, nomeadamente pela utilização simultânea do RFAI e da obtenção de subsídios e
empréstimos sem juros ou com taxas de juro reduzidas como medida de apoio no âmbito do Portugal 2020, o correspondente excesso
é adicionado ao IRC liquidado para efeitos de apuramento do imposto a pagar ou a recuperar, conforme determina o n.º 4 do artigo 4.º
da Portaria n.º 297/2015.

No limite e, em termos práticos, se os benefícios de Estado das medidas de apoio financeiro excederem, desde logo, o referido limite
máximo de apoios de finalidade regional, a empresa já não beneficia da dedução fiscal de IRC referente ao RFAI.

Para determinar se um auxílio é ou não compatível com o mercado comum é necessário tomar em consideração a intensidade do
auxílio e, por conseguinte, o montante do auxílio expresso em equivalente-subvenção. Para efeitos do RFAI, essa intensidade do auxílio
corresponde aos limites máximos de auxílios estatais de finalidade regional previstos no artigo 43.º do CFI.

No cálculo do equivalente-subvenção dos auxílios a desembolsar em diversas prestações deve ser aplicada a taxa de juro prevalecente
no mercado aquando da concessão do auxílio. Para assegurar uma aplicação uniforme, transparente e simples das regras em matéria
de auxílios estatais, é conveniente considerar que as taxas do mercado aplicáveis são as taxas de referência. Estas taxas referidas
acima, são as publicadas pela Comissão Europeia.

Os níveis de auxílio são definidos como uma percentagem dos custos elegíveis. Assim, para determinar se um auxílio é ou não
enquadrado nos auxílios regionais é necessário tomar em consideração a intensidade do auxílio a atribuir. A unidade de medida
comum da intensidade do auxílio é o equivalente-subvenção bruto, que permite comparar a intensidade dos auxílios concedidos de
diferentes formas.

O equivalente subvenção bruto (ESB) é o valor que efetivamente corresponde a uma vantagem financeira atribuída pelo Estado
(independentemente do organismo que atribui a ajuda).

No caso de se tratar de um incentivo a fundo perdido o correspondente equivalente de subvenção bruto é igual ao valor do incentivo,
uma vez que a totalidade do apoio corresponde de facto a uma vantagem financeira que o Estado proporciona à empresa.

No caso de se tratar de um subsídio reembolsável ou de uma bonificação de juros, o respetivo equivalente de subvenção tem de ser
calculado uma vez que o valor do reembolso não confere uma vantagem para a empresa encontrando-se esta vantagem apenas no
valor dos juros que a empresa fica dispensada de pagar.

No caso de um empréstimo em condições favoráveis (por exemplo, subsídio reembolsável), o ESB consistirá na diferença, para um
determinado ano, entre os juros de referência calculados à taxa de referência em vigor no momento da concessão e os juros
efetivamente pagos, ou seja, constitui o apuramento do elemento de auxílio enquanto vantagem conferida ao beneficiário que este não
conseguiria obter em condições normais de mercado.

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Para os subsídios reembolsáveis, que são normalmente empréstimos obtidos a taxas de juro mais favoráveis ou sem taxa de juro (ou
período de carência), esses auxílios de Estado devem ser determinados pela diferença entre os juros pagos (de valor reduzido ou zero)
e aqueles que seriam devidos por aplicação das referidas taxas de referência.

Este cálculo deve ser efetuado durante o período contratualizado para a atribuição do subsídio. Pelo que se esse empréstimo (ou parte
dele) for transformado em subsídio não reembolsável, então, a totalidade do montante do valor atribuído como subsídio não
reembolsável, deve ser considerado para como auxílio de Estado para efeitos do controlo dos limites máximos definidos no artigo 43.º
do CFI.

Quando se excedem os limites máximos de apoio dos incentivos de finalidade regional, por utilização cumulativa dos apoios
financeiros (subsídios reembolsáveis com taxas de juro nulas ou reduzidas ou subsídios não reembolsáveis) com o RFAI, esse
montante em excesso deve ser adicionado ao IRC liquidado para efeitos de apuramento do imposto a pagar ou a recuperar, a ser
incluído no campo 372 (reposição de benefícios fiscais) do quadro 10 do rosto da declaração modelo 22.

Tal como referido acima, no limite, se os benefícios de Estado das medidas de apoio financeiro excederem, desde logo, o referido
limite máximo de apoios de finalidade regional, a empresa já não pode beneficiar da dedução fiscal de IRC referente ao RFAI.

Para efeitos desse controlo da utilização do benefício fiscal do RFAI, face à dedução à coleta de IRC e aos limites máximos dos
auxílios de finalidade regional, devem ser preenchidos os subquadros 074 e 078 do quadro 07 do anexo D da modelo 22, conforme as
instruções para os respetivos campos.

Os cálculos dos apoios financeiros, nomeadamente relativos a subsídios reembolsáveis (apoios por taxas de juro reduzidas ou nulas)
(ESB), são efetuados pelas entidades gestoras da atribuição desses apoios, pelo que se sugere que se solicite essa informação a
essas entidades.

Assim, no caso em concreto, o benefício fiscal do RFAI deve ser considerado no quadro 078-A, que é decomposto em 3 subquadros:

078-A1 - Informação relativa a projetos de investimento de âmbito regional;

078-A2 - Incentivos financeiros usufruídos e fiscais utilizados - valores do período de tributação;

078- A3 - Incentivos financeiros usufruídos e fiscais utilizados - valores atualizados acumulados

No campo 754 deve ser indicado o tipo de investimento inicial em causa.

As linhas a indicar no subquadro 078-A1 são relativas aos incentivos fiscais e financeiros relativas aos investimentos efetuados. Se,
para o mesmo investimento há lugar a dois incentivos (fiscal - RFAI e financeiro - Portugal 2020) deve ser inscrita apenas 1 linha com a
soma do investimento elegível efetuado.

O subquadro 078-A3 é para serem declarados os acumulados atualizados relativos ao incentivo fiscal (RFAI) e financeiro atualizado
(Portugal2020) e respetiva taxa de intensidade de auxílio acumulada.

O valor atualizado dos benefícios fiscais deve ser determinado com base nas taxas de atualização aplicáveis nos vários momentos em
que os benefícios fiscais são utilizados, tal como estabelecido na Comunicação da Comissão sobre a revisão do método de fixação
das taxas de referência e de atualização publicada no Jornal Oficial da União Europeia, n.º C 14, de 19 de janeiro de 2008.

Caso o sujeito passivo usufrua exclusivamente de incentivos financeiros Portugal 2020 não deve preencher o quadro 078-A.

Por último, damos nota que os incentivos abrangidos pela regra de minimis são os de carácter financeiro, como por exemplo, a
redução de taxado IRC e as linhas de juros bonificados.

Os auxílios de minimis são um conjunto de ajudas que os Estados podem conceder às empresas residentes que, pelo seu reduzido
valor, não afetam de forma significativa o livre comércio e a concorrência entre os países membros da União Europeia.

De acordo com a regra geral de minimis, constante do Regulamento n.º 1407/2013, da Comissão, de 18 de dezembro, que se aplica
entre 1 de janeiro de 2014 e 31 de dezembro de 2020, o montante total dos referidos incentivos e de outros incentivos de natureza não
fiscal concedidos a uma empresa única, de acordo com a definição dada pelo n.º 2 do artigo 2.º do Regulamento, não pode exceder o
montante de 200 mil euros, durante um período correspondente a três períodos financeiros.

Este auxílio pode materializar-se num benefício fiscal (poupança de imposto) ou não fiscal (por exemplo, bonificação de taxa de juro).

A remuneração convencional do capital social, com o Orçamento do Estado para 2017 (Lei n.º 42/2016, de 28 de dezembro) o
benefício foi estendido a todos os sujeitos passivos, deixando de estar limitado às micro, pequenas e médias empresas, pelo que
deixou de estar sujeito às regras europeias aplicáveis em matéria de auxílios de minimis.

Neste momento, os únicos incentivos fiscais sujeitos às regras de auxílios de mínimos são:

1 - Remuneração convencional do capital social (n.º 3 do artigo 41.º-A do Estatuto dos Benefícios Fiscais) (para períodos anteriores a
2017);

2 - A redução da taxa de IRC aplicável às PME, aos primeiros 15 mil euros de matéria coletável (n.º 2 do artigo 87.º do CIRC);

3 - A redução de taxa dos benefícios à interioridade (artigo 41.º-B do EBF);

4 - Despesas com projeto de investimento produtivo para as empresas que não sejam PME [alínea b) do n.º 1 do artigo 18.º do anterior
Código Fiscal do Investimento, revogado pelo artigo 7.º do Decreto-Lei n.º 162/2014, de 31 de outubro]; e

5 - Redução ou isenção da derrama municipal (artigo 18.º, n.º 25 da Lei n.º 73/2013, de 3 de setembro).

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O RFAI e restantes benefícios fiscais previstos no Código Fiscal do Investimento e as medidas de apoio previstas no programa
Portugal 2020 não estão sujeitas às regras de auxílios de mínimos, tendo sido apoios de estado aprovados pela União Europeia.

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