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Route Calisto

Influência das instituições de participação comunitária no processo de elaboração


do plano económico e social no distrito de Macanga

UCM

Delegação de Tete

2022
Route Calisto

Influência das instituições de participação comunitária no processo de elaboração


do plano económico e social no distrito de Macanga

Trabalho de investigação a ser apresentado


no Curso de Mestrado em Administração e
Finanças, Cadeira de Gestão Pública,
como Requisito parcial de Avaliação.

Docente: Msc. Heitor Foia

UCM

Delegacão de Tete

2022

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Indice
Resumo..............................................................................................................................4

1. Introdução......................................................................................................................5

1.1 Objetivos.............................................................................................................5

1.1.1 Geral..................................................................................................................5

1.1.2 Específicos........................................................................................................5

1.2.Problematização.......................................................................................................5

1.3.Metodologia.............................................................................................................5

1.4.Amostra ou Universo...............................................................................................6

2. Contextualização da gravidez na adolescência..............................................................7

2.1 Fatores de risco para gravidez precoce....................................................................8

2.2 Saúde pública, gravidez precoce e as DSTs............................................................8

2.3 Papel das Escolas.....................................................................................................9

2.4 Estrategias para Combate da Gravidez na adolescência........................................11

2.4.1 Educação sexual..............................................................................................12

2.5 Apresentação, Analise e Discussão de Resultados................................................12

3. Conclusão....................................................................................................................14

Referências Bibliográficas...............................................................................................15

APÊNDICE - GUIÃO DE ENTREVISTA.....................................................................16

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Resumo
A participação no âmbito da governação refere-se à variadas formas de envolvimento dos cidadãos nos
processos de governação, independentemente do grau de profundidade em que estes são envolvidos nos
referidos processos. Objectivos: O presente artigo busca analisar o nível de intervenção da participação
comunitária na elaboração do PES; Conceituar os termos chave e perceber a influencia das instituições de
participação comunitária. Metodologia: O artigo em causa ira observar busca de conteúdos em várias
fontes com mais foco a pesquisa bibliográfica. Fontes estas que abordam esta temática em sua totalidade e
outros conteúdos bibliográficos electrónicos em formato pdf conforme citam (Gil, 2007), e o manual de
normas de publicação de trabalhos que ajudaram a enriquecer o conteúdo e estrutura do presente trabalho.
Resultados: Com o mesmo espera-se a governação participativa para melhor nível de tomada de decisões
e melhor estruturação do PES com fim a satisfação das necessidades publicas.

Palavras-chave: Governação Participativa; Plano Economico e Social; Participação Comunitária.

Abstract
Participation in the scope of governance refers to the various forms of citizen involvement in governance
processes, regardless of the degree of depth to which they are involved in these processes. Objectives:
This article seeks to analyze the level of intervention of community participation in the elaboration of the
PES; Conceptualize the key terms and understand the influence of community participation institutions.
Methodology: The article in question will observe the search for content in various sources with more
focus on bibliographic research. These sources that approach this theme in its entirety and other electronic
bibliographic contents in pdf format as mentioned (Gil, 2007), and the manual of standards for publishing
works that helped to enrich the content and structure of this work. Results: With the same, participatory
governance is expected for a better level of decision-making and better structuring of the PES in order to
satisfy public needs.

Keywords: Participatory Governance; Economic and Social Plan; Community Participation.

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1. Introdução
A Lei nº 14/2020, de 23 de Dezembro, que estabelece os princípios e normas de
organização e funcionamento do Sistema de Administração Financeira do Estado –
SISTAFE, apresenta, entre outras reformas, a introdução do Subsistema de Planificação
e Orçamentação (SPO), em substituição do Subsistema de Orçamento do Estado (SOE),
definindo de forma sistematizada o ciclo de planificação e orçamentação, os seus
instrumentos, bem como a responsabilidade pela sua elaboração e aprovação.

Em Moçambique, o processo de descentralização tem sido caracterizado pelo


envolvimento das comunidades nos processos governativos por via de mecanismos e
espaços de participação apropriados. Os cidadãos podem ser envolvidos no processo
governativo em diferentes níveis, desde a partilha de informação que os governantes
detêm, consulta até a partilha do poder decisório.

A Implementação do processo de Planificação participativa em Moçambique enquadra-


se no âmbito no novo modelo de governação democrática: democracia participativa,
enquanto um conjunto de experiências e mecanismos que tem como finalidade estimular
a participação directa de cidadãos na vida política, através de canais de discussão e
decisão. A democracia participativa preserva a realidade do Estado. Todavia, ela busca
superar a dicotomia entre representantes e representados, recuperando o velho ideal da
democracia grega: a participação activa e efectiva dos cidadãos.

O presente estudo, cujo objecto é a Participação Comunitária no Âmbito da Governação


Municipal em Moçambique, visa essencialmente compreender a dinâmica do processo
de participação comunitária no processo de elaboração do PES, usando como caso de
estudo o Distrito de Macanga.

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2. Governação
Segundo Kjaer (2004), a governação tem sido, indubitavelmente, um elemento bastante
importante na garantia do bem-estar dos cidadãos em qualquer nação. Tradicionalmente,
a governação tem sido associada ao exercício do poder por parte dos líderes políticos.
Porém, com o tempo a inserção de novos atores, fora do aparelho governativo, cujas
ações são conjugadas na persecução do objetivo final da governação, a garantia do bem-
estar dos cidadãos, surgem novos significados do conceito.

Considerando que a finalidade da governação é garantir o bem-estar e justiça e ordem


social dos cidadãos, as três definições acima apresentadas enquadram-se na área de
administração pública, e todas servem para os propósitos do presente estudo. Porém,
porque o foco do presente trabalho está na governação a nível local, torna-se pertinente
discutir o conceito de governação local e outros a ele associados.

2.1 Governação local


Segundo o Banco Mundial (2006), a governação local é definida como a formulação e
execução da ação coletiva ao nível local. Assim, ela compreende os papéis diretos e
indiretos das instituições formais do governo local e das hierarquias governamentais,
bem como os papéis das normas informais, redes, organizações da comunidade e das
associações circunvizinhas na persecução da ação coletiva através da definição dos
modelos de interação cidadão-cidadão e cidadão-Estado, tomada de decisão coletiva, e
provisão dos serviços públicos locais.

2.1.1 Governação Participativa


A vasta literatura existente sobre esta temática aborda a questão de governação
participativa como sendo um conjunto de princípios e instrumentos políticos e
administrativos enquadrados em quatro perspetivas de análise, nomeadamente a
perspetiva da democrática participativa, a perspetiva da democracia deliberativa, a
perspetiva do empoderamento da sociedade e a perspetiva de auto governação (Simione,
2017).

A perspetiva da democrática participativa vê a governação participativa como um


mecanismo voltado para o reforço da democracia local por meio do envolvimento da
população na tomada de decisões sobre as políticas públicas e ampliação da
responsabilização política e administrativa dos governos locais (Brardhan, 2002, e
Crook, 2003, citados em Simione, 2017).

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A perspetiva da democracia deliberativa é pautada no diálogo entre os atores estatais e a
sociedade civil, por meio de espaços deliberativos. A governação participativa é
entendida aqui, segundo Speer (2012), como citado em Simione (2017), como formas
deliberativas de tomada de decisões, que privilegiem cooperação, debate público e
coletivo para promoção do bem comum.

Por último, a perspectiva da auto-governação encara a governação participativa como


um modelo de provisão de serviços públicos a partir do intercâmbio e envolvimento do
governo com vários actores dos sectores privado lucrativo e voluntário e a criação de
redes e vínculos inter-organizacionais.

“A participação não se resume unicamente às eleições, diz


também respeito ao envolvimento dos munícipes em acções de
consultas para elaboração dos planos, orçamentos e tomada de
decisões importantes para a sua vida” (Forquilha, 2016).

Em suma, a participação deve ser entendida como ato e efeito de um processo em que a
sociedade civil, a sociedade política e a sociedade econômica tenham tomado uma
decisão em conjunto. Klausmeyer & Ramalho (1995), entendem que ela acontece
quando há acesso efetivo dos envolvidos no planejamento das ações, na execução das
atividades e em seu acompanhamento e avaliação.

A participação é um instrumento importante no sentido de promover a articulação entre


os atores sociais, fortalecendo a coesão da comunidade emelhorando a qualidade das
decisões, tornando mais fácil alcançar objetivos de interesse comum. No entanto, as
práticas participativas não podem ser encaradas como procedimentos infalíveis, capazes
de sempre proporcionar soluções adequadas para problemas de todos os tipos
(Bandeira,1999).

2.1.2 Planificação Participativa como mecanismo de participação comunitária no


âmbito da governação em Moçambique
O conceito de participação é utilizado, segundo Nguenha (2009), para designar variadas
formas de envolvimento dos cidadãos nos processos de governação, independentemente
do grau de profundidade com que os cidadãos são envolvidos nos referidos processos.
Segundo o autor, os níveis de envolvimento dos cidadãos nos processos de governação
vão desde a partilha de informação que os governos detêm, passando pela consulta até a
partilha de poder decisório.

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Assim, podem se considerar participativos os governos que partilham com as suas
comunidades informações sobre as decisões tomadas unilateralmente utilizando os
diferentes meios disponíveis; tal como o são os que antes de tomar uma decisão
consultam aos cidadãos; são também participativos os governos que adoptam
mecanismos de partilha de poder de decisão sobre actividades e recursos através da
planificação participativa e do orçamento participativo.

Enquanto a Planificação Participativa ou Planificação descentralizada é uma prática de


participação dos cidadãos na qual a participação dos munícipes se circunscreve ao
exercício de planeamento, sem discutir os recursos financeiros necessários à execução
das propostas prioritárias (Dias, 2015), ou seja, um processo articulado entre os órgãos
municipais e a comunidade local de identificação de necessidades, de definição de
soluções e de plano de desenvolvimento ou operacional, seguindo uma metodologia
previamente definida (Nguenha, 2020), na Orçamentação Participativa os cidadãos
decidem, ou contribuem para a tomada de decisão sobre a alocação de uma parte ou de
todos recursos financeiros disponíveis (Macuácua et al, 2014).

Dias (2008), indica que o Orçamento Participativo pode ser visto como estrutura e
processo de participação dos cidadãos na tomada de decisão sobre os investimentos
públicos municipais assente em três princípios a saber:

 Princípio de participação aberta dos cidadãos, sem descriminação atribuída às


organizações comunitárias;
 Princípio de articulação entre democracia representativa e direta, que confere
aos participantes um papel essencial na definição das regras do processo; e,
 Princípio de definição de prioridades de investimento público processada de
acordo com critérios técnicos, financeiros e outros de carácter mais geral, que se
prendem com as necessidades sentidas pelas pessoas.

No âmbito da governação local, a PP efetiva-se de duas formas. Por um lado, o


envolvimento dos cidadãos baseia-se em mecanismos de auscultação ao nível dos
bairros, localidades, isto acontece naqueles casos em que as comunidades não se
encontram devidamente organizadas, carecendo, desta forma de uma definição
metodológica clara.

Por outro lado, o envolvimento dos cidadãos baseia-se no que Dias (2015), considera
como mecânica de organização das comunidades, através de grupos representativos, os

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quais podem assumir diferentes nomes e integrar um número variável de indivíduos em
função dos contextos, e que sirvam essencialmente de elo de ligação entre as populações
e órgão local.

2.2 Metodologia
No presente trabalho, privilegia-se uma abordagem qualitativa. Recorreu-se abordagem
qualitativa porque, por meio deste tipo de abordagem, o pesquisador interpreta os factos
procurando solução para o problema proposto (Soares, 2003), mas usou-se também uma
abordagem quantitativa uma vez que durante as pesquisa houve dados que necessitaram
de uma quantificação. Analisou-se o conteúdo da informação colhida e confrontou-se
com a realidade dos factos no distrito de Macanga, que serve de objeto de estudo da
presente pesquisa, substanciada com a literatura disponível para o alcance do objetivo
em causa.

2.2.1 Método de abordagem


No que tange ao método de abordagem, usou-se o indutivo, o qual cuja aproximação
dos fenómenos caminha para planos cada vez mais abrangentes, indo das constatações
mais particulares a leis e teorias. Assim sendo, a compreensão de factos baseou-se nas
observações dos mecanismos concebidos pelos actores locais envolvidos na
participação comunitária na governação local no distrito de Macanga. Este método
permitiu também perceber a composição e o funcionamento dos órgãos Locais.

2.2.2 Método de procedimento


Quanto ao procedimento, foi usado o método monográfico que Marconi e Lacatos
(2007) entendem que este método pode estudar indivíduos, profissões, instituições,
condições, comunidades ou mesmo grupos com objectivo de obter generalizações.
Abordou-se indivíduos com diferentes funções ou profissões em especial a nível dos
Conselhos Consultivos locais, sem esquecer alguns membros da comunidade e assim foi
possível tirar conclusões da realidade do desempenho dos Conselhos Consultivos locais
na Governação Local.

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2.3 Apresentação e análise dos resultados
2.3.1 Breve Caracterização do Distrito de Macanga
2.3.1.1 Enquadramento Geográfico
O Distrito de Macanga localiza-se na região do Baixo Zambeze, Província de Tete,
compreendendo uma área total de aproximadamente 7 192 km², tendo como limites
geográficos os seguidamente apresentados:

Fonte. Modelo Digital Zambeze

2.3.1.2 Clima
Segundo a informação obtida junto da estação meteorológica de Songo (estação mais
próxima e localizada a sudoeste do Distrito de Macanga), a temperatura média anual é
de cerca de 23,9, observando-se uma amplitude térmica anual relativa inferior a 8ºC. O
mês de Outubro é o mais quente do ano (27,5 ºC). Em Julho regista-se a temperatura
mais baixa de todo o ano (19,7 °C).

2.3.1.3 Morfologia
A superfície do Distrito de Macanga não é homogénea, entre as altitudes 500 m e os
1600 m; O Distrito divide-se, quanto a zonas agro-ecológicas, em duas grandes zonas de
relevo (INIA, 1996):

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 Região de média altitude de Tete - abrange as terras de toda a região sul do
Distrito. As altitudes médias desta região variam entre os 200 e os 1000 metros,
compreendendo baixos, médios e altos planaltos.
 Região de alta altitude de Angónia - abrange as terras da parte norte do Distrito.
É a região mais elevada, com altitudes acima dos 1000 metros. Encontra-se nesta
região o ponto mais alto do Distrito, que é o monte Zóbuè com 1 676 metros, na
localidade de Gandali a Nordeste do Distrito, rica em baixas húmidas mesmo em
tempo seco.

2.3.1.4 Organização Administrativa e Governação


Os órgãos locais do Estado têm como função à representação do Estado ao nível local
para a administração e o desenvolvimento do respectivo território. Ao mesmo tempo,
eles contribuem para a integração e unidade nacionais (Art.º 262 da Constituição da
República de Moçambique). A organização e funcionamento dos órgãos locais do
Estado obedecem aos princípios da descentralização e desconcentração (Art.º 263, n.º 2
da Constituição da República de Moçambique).

Em termos administrativos, para a realização da sua função administrativa e de


desenvolvimento territorial, a estrutura governamental é assegurada ao nível local
(províncias, Distritos, postos administrativos, localidades, povoações e aldeias)
atravésdos chamados Órgãos Locais do Estado. A Lei n° 8/2003, de 5 de Maio,
vulgarmente conhecida por lei dos órgãos locais do Estado (LOLE), estabelece
princípios e normas de organização e funcionamento dos órgãos locais do Estado nos
escalões de província, Distrito, posto administrativo e de localidade.

Macanga ficou sob uma administração portuguesa em 1930, com a criação da


Circunscrição Civil de Macanga, pelo Diploma Legislativo número 255, de 23 de
Agosto de 1930, com uma área aproximada de 23.141 Km². Trinta e quatro anos depois,
a 20 de Abril de 1964, Macanga foi elevado a Conselho, pela Portaria número 17 739,
passando a chamar-se Conselho de Macanga.

A 27 de Janeiro 1968, devido a vastidão territorial e com o objectivo de travar o avanço


da Luta de Libertação Nacional para a zona Sul do rio Zambeze, foi criada pela Portaria
20 818, publicada no Boletim Oficial número 4, Primeira Série, a Circunscrição de
Bene, com sede em Témbwé (actual Chifunde-Sede), que abrangia os Postos
Administrativos de Bene, Vila Gamito (actual Vila de Mualadzi) desintegrados de

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Macanga e Cassacatiza. O Conselho de Macanga ficou reduzido a apenas Postos
Administrativos de Furancungo sede, Kazula e Chiúta.

A 25 de Julho de 1986, pela resolução número 6/86 da Comissão Permanente da então


Assembleia Popular, foi instituído o Distrito de Chiúta, ficando assim Macanga com a
sua configuração actual.

2.3.1.5 Razões para Planificação Distrital


Com base nas metodologias para a elaboração dos Planos, o distrito chama as Equipas
Técnicas de Planificação multissectoriais, aglutinando técnicos dos vários sectores para
trabalhar em coordenação com os CL's e assessorar o Governo Distrital no processo de
planificação. A planificação é um exercício muito importante para o sucesso de
qualquer atividade que nos propusemos a fazer, além disso, o plano adotado pela
administração de Macanga apresenta as seguintes vantagens:

 Ajuda a traçar metas para o alcance dos seus objetivos;


 Permite maior envolvimento e participação de todos os atores em diferentes
níveis;
 Faculta a autoavaliação na realização das suas atividades;
 Serve de instrumento de racionalização no que diz respeito ao uso dos recursos
disponíveis; e por fim,
 Facilita ao distrito em abordar questões de desenvolvimento a longo prazo com
segurança.

2.3.1.6 Etapas do processo do PES em Macanga


O Método do Quadro Lógico, apresenta diversos passos na análise do processo de
planificação do PES que se consubstanciam no seguinte: análise do contexto, análise
das partes interessadas, análise do problema, análise da situação, análise dos objetivos,
atividades, recursos ou fundos, medir a realização dos objetivos ou indicadores, análise
dos riscos e pressupostos.

O objetivo principal do PES era a de integração de todos os sectores de


desenvolvimento social, económico e institucional de modo a se alcançar um
desenvolvimento integrado, através do aproveitamento racional dos recursos existentes
no distrito como ilustra o anexo.

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2.3.1.7 Atores envolvidos e o seu papel no processo de elaboração PES
Os atores do processo de desenvolvimento local são denominados nos livros de
administração de stakeholders. Roy (1996), ao trabalhar uma metodologia multicritério
de apoio à decisão, diz que eles são pessoas, grupos ou instituições que possuem alguma
influência no processo decisório.

Segundo MAEFP & MEF (2015), no processo de planificação participativa, vários


actores estão envolvidos como:

 Comunidade local em conjunto com os líderes comunitários;


 Organizações não-governamentais (ONGs);
 Associações;
 Conselho técnico distrital;
 Sector Privado (comerciantes e produtores); e,
 Conselho técnico Provincial através do Governo Provincial.

O papel do governo do Distrito de Macanga, através da equipa técnica funciona como


órgão responsável do PES e como agente principal de desenvolvimento ao nível local;
presta serviços sociais e económicos às comunidades locais; estimular e organizar a
participação das comunidades na solução dos seus problemas. À luz do papel essencial
do governo distrital que é a promoção do desenvolvimento através de uma efetiva
participação da comunidade local, pelo que refere-se que:

O governo municipal tem feito tudo dentro das suas capacidades para garantir que a
comunidade local participe no processo de desenvolvimento local através dos conselhos
consultivos de bairros e os munícipes tem conhecimento do quadro normativo que
garante a sua participação.

Para Nguenha (2020) na sua nota introdutória afirma que:

"No Plano Quinquenal do Governo moçambicano (2020-2024),


Boa Governação foi vista como capacidade de aproximar os
serviços aos cidadãos e, nesse sentido, o Governo preconizou a
realização de actividades que reduzam a distância entre o Estado
e a sociedade e que, por essa via, promovam formas de
democracia participativa."

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Partindo do pressuposto supra citado por Tomo e Rico (2009), para as autoridades do
Distrito de Macanga, os principais atores envolvidos no processo de planificação são
Conselhos de Desenvolvimento do Bairro, Líderes Religiosos e Médicos tradicionais
(autoridade Tradicionais), Regulos, Agentes Económicos, Fazedores da Cultura,
Juventude Municipal, Agricultores, chefes das Localidades e outros mais.

O papel das autoridades tradicionais no processo de governação local é mobilizar a


comunidade para a sua participação no desenvolvimento local. Como tal, o seu papel é
preponderante, uma vez que permite maior representatividade, legitimidade e influência
na definição de políticas e no desenho das estratégias que permitirão melhor
desenvolvimento.

Em um processo participativo, desde a elaboração do planejamento até sua execução, é


necessário que as organizações e os cidadãos participem, em algum momento, de sua
elaboração. Além de participar, é importante que cada organização e todo cidadão
conheça o seu papel dentro do sistema planejado, comprometendo-se com o
desenvolvimento local.

Para conseguir este êxito, faz-se necessário o envolvimento, se possível, de todos os


setores sociais, econômicos e políticos da comunidade, bem como de sindicatos,
comunidades, poder legislativo local, cooperativas, empresas, agricultores, lideranças,
igrejas e ONGs, entre outros.

Dentro desse processo existem dois grupos de organizações que devem participar. O
primeiro, é composto pelas organizações formais e que normalmente são registradas.

Referente as sessões de planificação têm lugar na sala do club da Administração local e


são presididas a escolha rotativa. É elaborada sempre depois da cada sessão e lavrada
uma acta. Quanto as línguas usadas durante as sessões, são o português e Chichewa esta
última que é a língua local. Durante o funcionamento, se houver despesas, são
asseguradas pelo governo distrital.

Na abordagem referente ao papel das ONGs no processo de elaboração de programas de


desenvolvimento ao nível local sustenta-se que é importante na medida em que
garantem a assistência às populações mais desfavorecidas no desenvolvimento dos
sectores sociais. Algumas ONGs procuram apoiar a emergência de uma sociedade civil

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local, privilegiando às parcerias locais ou ajudando à formação de várias entidades da
sociedade civil.

No entanto Ivala (2000), demonstra que a proliferação de ONGs nacionais que se


verificou a dada altura em Moçambique, não significa aumento da capacidade de
participação da sociedade civil, uma vez que algumas delas não têm qualquer ligação
com as comunidades locais, são dependentes das agências internacionais e pouco
transparentes; levando as agências internacionais a optarem por outras parcerias (com
grupos de base, cooperativas, associações de mulheres, grupos de interesse).

Segundo MPD (2008) no processo de elaboração do PESOD os conselhos locais são


chamados a revisitar os planos, por via de consulta de modo a definir as prioridades a
executar no referido ano, facto que de acordo com a entrevista feita ao Técnico Distrital
de Repartição de Planificação confirmou que a selecção das prioridades são feitas pela
Equipe Técnica, de acordo com a disponibilidade orçamental e com as prioridades
selecionadas tendo em conta os planos sectoriais de cada serviço, pois cada necessidade
está dentro das atividades de cada setor.

Outrossim, de acordo com o DM 67/2009 n° 2, artigo 35, são tarefas dos conselhos
locais as seguintes:

 Promover a mobilização e organização da participação da população na


implementação das iniciativas de desenvolvimento local e apresentar respostas
aos problemas apresentados pelas comunidades;
 Participar no processo de preparação, implementação e controlo dos planos
estratégicos provinciais e distritais de desenvolvimento e apreciar relatórios de
planificação; e,
 Apreciar e dar parecer sobre as propostas do PESOD.

No Decreto n°15/2000, o Governo define os mecanismos de articulações entre os


Órgãos Locais do Estado e as comunidades rurais, principalmente as Autoridades
Comunitárias e os Conselhos Locais. Igualmente o Decreto estabelece mecanismos de
articulação com entidades representativas das comunidades locais nos processos de
descentralização, na valorização das formas de organização e de participação das
comunidades locais, no funcionamento da administração pública com vistas ao
desenvolvimento do país. (Guiraze & Aires, 2011).

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Segundo o preceituado no n° 2 do artigo 115 da lei 8/2003, a forma de relacionamento
dos órgãos locais do Estado com as comunidades visa auscultação de opiniões sobre a
melhor maneira de mobilizar e organizar a participação das comunidades locais na
conceção e implementação dos programas económicos sociais e culturais em prol de
desenvolvimento.

3. Conclusão
Este trabalho foi desenvolvido procurando entender os fatores que podem influenciar a
participação da comunidade no processo do PES. No distrito de Macanga os atores
envolvidos no PES, são diversos, onde os munícipes participam de maneira consultiva
através de conselhos consultivos ou estruturas locais representativas. Entretanto, cabe a
Equipe Técnica a escolha de prioridades para constituir ou fazer parte das acções a ser
instrumentalizadas no plano em função da capacidade e disponibilidade orçamental. É
importante lembrar que a participação efectiva vai para além de uma simples consultas.
A participação por via de conselhos consultivos torna o processo não efetivo, ou seja, há
pouco espaço de participação das comunidades locais no processo de elaboração dos
planos Estratégicos de desenvolvimento municipais. O munícipe é consultado, mas não
tem oportunidade de tomar decisões tomando assim a denominação de processo semi-
participativo.

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Referências bibliográficas
Bilhim, J. (2004). A governação nas autarquias locais. Porto: Principia.

Canhanga, N, J. (2007). Os desafios da descentralização e as dinâmicas da


planificação participativa na configuração de agendas politicas locais. in: Cidadania e
Governação em Moçambique. (2010) IESE. Maputo.

Chichava, J. (1999). Participação Comunitária e Desenvolvimento: O caso dos grupos


dinamizadores em Moçambique. Maputo: INDL.

Forquilha, S. C. (2012). Conselhos Locais e Institucionalização Democrática em


Moçambique. Cap.3 In: Bernhard Weimer (organização) Moçambique: Descentralizar o
Centralismo. Economia política, recursos e resultados. IESE. Maputo.

GIL, A, C. (1994). Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. 5ª Edição. São Paulo.

Ivala, A, Z. (2000). Formas tradicionais de participação comunitária na tomada de


decisões, gestão de recursos naturais e resolução de conflitos. Nampula.

MPD (2006). Projecto de Planificação e Finanças Descentralizadas. Planificação


Distral Vol.1.

Nguenha, E. J. (2020). Governação Municipal Democrática em Moçambique: Alguns


Aspectos Importantes para o Desenho e Implementação de Modelos do Orçamento
Participativo. Conference Paper Nº35.

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