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DIVISÃO DE ECONOMIA E GESTÃO

CURSO: LICENCIATURA EM CONTABILIDADE E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

TRABALHO DE LICENCIATURA

TEMA: EXECUÇÃO ORÇAMENTAL DA DESPESA PÚBLICA.

(CASO DE ESTUDO: MUNICIPIO DA CIDADE DE TETE 2020-2021)

COLACIA LUDOVICO CULICETE

TETE, DEZEMBRO DE 2022


COLACIA LUDOVICO CULICETE

EXECUÇÃO ORÇAMENTAL DA DESPESA PÚBLICA.


(CASO DE ESTUDO: MUNICIPIO DA CIDADE DE TETE 2020-2021)

O SUPERVISOR:
MS’C. MANUEL RATO INOCÊNCIO ANTONIO

TETE, DEZEMBRO DE 2022


Agradecimentos
Em primeiro lugar Agradecer imensamente à Deus, por ter-me concedido saúde, disposição e
tranquilização nos momentos mais difíceis da minha trajetória académica até nos dias de hoje.

Aos meus pais, Nomes dos Papytos, pelos valores morais e éticos que me proporcionaram desde
pequena e que sempre participaram duma forma integral em toda a minha vida desde o apoio
moral ate ao financeiro e que deram sempre aquele puxão de orelha, mas tudo, para que não
tivesse outra coisa como prioridade, mas sim á escola.

aos pais espirituais que Deus enviou para minha vida, que incansavelmente oram dia pós dia para
que se cumpra o que foi destinado para minha vida

Aos meus irmãos queridos, por serem tão companheiros, por acreditarem e apoiarem meu sonho.

Em particular vai meu obrigado ao Alfredo e a Nilza, que desempenharam o papel de pais nos
últimos tempos.

Agradeço ao meu Supervisor, Manuel Rato Inocêncio Antônio, pela compressão, dedicação,
empenho e paciência que teve para a orientação e produção do trabalho, sempre com sugestões e
comentários que foram uma mais-valia para o desenvolvimento do mesmo.

Há todos meus amigos e colegas, meu muito obrigado pelos inúmeros conselhos, frases de
motivação e orientação. As risadas que vocês compartilharam comigo nessa etapa tão
desafiadora da minha vida académica, com destaque a Neusa, Sollange e Isaque, que sempre me
apoiaram, incentivaram, meu muito obrigado.

Finalmente, agradeço à todos que direta ou indiretamente contribuíram na minha formação


académica, moral e espiritual e agradeço também àqueles que tudo fizeram para que este trabalho se
tornasse uma realidade.
Dedicatória

Este trabalho é dedicado especialmente à minha mãe e meu pai, ambos em memoria! Que tanto
lutaram por me e pelos meus irmãos e cuidaram de nos ate os últimos suspiros, e que continuem
sendo a minha maior fonte de inspiração na vida.

Às pessoas que sempre estiveram ao meu lado pelos caminhos da vida, me acompanhando,
apoiando e principalmente acreditando em mim.
Epígrafe

“O caminho para o desenvolvimento social e

econômico – seja de um país ou de uma

organização – passa necessariamente pela administração.”

(Idalberto Chiavenato)
DECLARAÇÃO DE HONRA

Eu Colacia Ludovico Culicete, declaro que este trabalho é o resultado da minha investigação
pessoal e das orientações da meu supervisor, o seu conteúdo é original. Declaro ainda que este
trabalho nunca foi apresentado em nenhuma outra instituição de ensino superior para obtenção
de qualquer grau académico.

Tete, ao 20 de Dezembro 2022

_______________________________________________

(Colacia Ludovico Culicete)


Resumo
O presente trabalho com o tema, execução orçamental da despesa pública, caso de estudo:
município da cidade de TETE 2020-2021.Tendo como principal objetivo de avaliar até que ponto
a Contabilização e Controlo das despesas públicas nesta entidade se conformam com a Lei n°
09/2002, de 12 de Fevereiro (Lei do SISTAFE) e compreender como é feita a realização dessa
mesma despesa pública.

O motivo principal para a escolha deste tema deveu-se ao facto de os gestores e contabilistas
públicos serem obrigados por lei, a aplicar normas e procedimentos previstos na lei do SISTAFE,
sobre a contabilização e controlo das despesas públicas.

A escolha deste tema, também baseou-se no facto deste proporcionar uma informação muito
importante e as para o desenvolvimento e crescimento económico do país e melhorar o nível de
confiança entre o público em geral e as entidades públicas. E por fim, deveu-se pelo facto dos
funcionários da CMCT mostrarem disponibilidade imediata em fornecer informações para a
concretização do mesmo estudo.

O mesmo fundamenta-se na pesquisa e análise bibliográfica e documental, que se assentou


basicamente em artigos relacionados com a execução e controlo da despesa pública, e no que diz
respeito a pesquisa documental recorreu-se á algumas leis e regulamentos nacionais, mas com
particular atenção a Lei do SISTAFE.

Para melhor compreensão fez-se um estudo de caso no CMCT, recorrendo às entrevistas aos
funcionários pertencentes à Repartição de Administração e Finanças (RAF). Também fez-se a
análise dos relatórios económicos, financeiros e patrimoniais da entidade publica em causa.

O estudo revelou que a CMCT efetua a execução das suas despesas em conformidade com a Lei
do SISTAFE, proporcionando uma informação financeira aproximada às regras e procedimentos
previstos nesta Lei.
Abstract

The present work with the theme, budgetary execution of public expenditure, case study:
municipality of the city of TETE 2020-2021. ° 09/2002, of February 12 (SISTAFE Law) and
understand how this same public expenditure is carried out.

The main reason for choosing this theme was due to the fact that managers and public
accountants are required by law to apply rules and procedures laid down in the SISTAFE law, on
the accounting and control of public expenditure.

The choice of this theme was also based on the fact that it provides very important information
and information for the development and economic growth of the country and improves the level
of trust between the general public and public entities. And finally, it was due to the fact that
CMCT employees showed immediate availability to provide information for the implementation
of the same study.

The same is based on research and bibliographical and documentary analysis, which was based
basically on articles related to the execution and control of public expenditure, and with regard to
documentary research, some national laws and regulations were used, but with particular
attention to the SISTAFE Law.

For a better understanding, a case study was carried out in the CMCT, using interviews with
officials belonging to the Administration and Finance Department (RAF). An analysis was also
made of the economic, financial and equity reports of the public entity in question.

The study revealed that the CMCT carries out its expenses in accordance with the SISTAFE
Law, providing financial information close to the rules and procedures set out in this Law.
Indice
Índice de Figuras
Índice de Tabelas
Lista de Siglas e Abreviação
AR Assembleia da República

BM Banco de Moçambique

BR Boletim da República

CEDSIF Centro de Desenvolvimento de Sistemas de Informação de Finanças

CGE Conta Geral do Estado

COD Célula Orçamental da Despesa

CRM Constituição da República de Moçambique

CUT Conta Única do Tesouro

e-SISTAFE Sistema Electrónico da Administração Financeira do Estado

H0 Hipótese Nula
H1 Hipótese Alternativa

PETs Inquérito de Rastreio da Despesa Pública (Public Expenditure Tracking Survey)


RAF Repartição de administração e Finanças

SISTAFE Sistema da Administração Financeira do Estado

TA Tribunal Administrativo
CAPITULO I: INTRODUÇÃO

1.1 Contextualização

As principais regras e procedimentos a serem observadas na preparação e execução do


Orçamento do Estado estão consagrados na Lei n.º 9/2002, de 12 de Fevereiro, já mencionada,
no Regulamento do SISTAFE, aprovado pelo Decreto n.º 23/2004, de 20 de Agosto, no Decreto
n.º 80/2018, de 21 de Dezembro, que confere competências aos órgãos e instituições do Estado
para procederem a alterações orçamentais no âmbito da Execução do Orçamento do Estado, no
Manual de Administração Financeira e Procedimentos Contabilísticos (MAF), aprovado pelo
Diploma Ministerial n.º 181/2013, de 14 de Outubro, do Ministro das Finanças e nas Circulares
n.º 11/GAB-MEF/2018, de 31 de Dezembro e n.º 08/GAB-MEF/2019, de 18 de Novembro,
ambas do Ministro da Economia e Finanças, referentes à Administração e Execução do
Orçamento e ao Encerramento do Exercício Económico, respectivamente.
Desta feita, de acordo com Nguenha et al (2012), ter orçamentos adequados é uma condição
fundamental da descentralização, pois, para que os governos locais possam ser capazes de dar
respostas às necessidades dos cidadãos, eles requerem recursos e autonomia suficientes. Sem
isto, o compromisso pode conduzir à frustração e à desilusão dos cidadãos. Os autores enfatizam
que o tamanho do orçamento está, certamente, associado à prestação de contas e à participação
dos cidadãos.

Regra geral, as despesas dos Sectores Económicos e Sociais têm vindo a reduzir, tanto em
termos nominais como reais. Não obstante, ao longo deste período, o governo tem conseguido
cumprir com os seus objetivos de manter as despesas proporcionais nos sectores prioritários,
como parte das despesas discricionárias, perto ou acima da sua meta de 60 por cento; no entanto,
as despesas dos sectores prioritários, como parte da despesa total, tem vindo a reduzir nos
últimos anos conforme o serviço da dívida e as operações financeiras têm comprimido os
recursos disponíveis.

1.2. Problema
A pergunta que enfatiza a problemática do presente trabalho é a seguinte:

 Será que as formas de execução orçamental da despesa pública adotadas na Conselho


Municipal da Cidade de Tete ﴾CMCT) são feitas a luz e conformidade da Lei nº 09/2002
de 12 de Fevereiro (Lei do SISTAFE)?
1.3. Delimitação

No que respeita a delimitação no tempo e no espaço, a pesquisa realizar-se-á na Província


de Tete, concretamente no Conselho Municipal da Cidade de Tete, no período
compreendido entre o ano 2020 á 2021.

Figura 1: Adaptado Google Hearth

1.4 Hipóteses

Em relação a este ponto se apresenta duas possíveis hipóteses a seguir:

 H1: Melhoramento do sistema de gestão orçamental a nível do CMCT; e


 H2: Capacitar os recursos humanos deste sector de modo a tornar a mão-de-obra mais
qualificada, com possibilidade de responder as diversas barreiras que podem vira a surgir
durante o processo de gestão.

1.5 Objetivos

1.5.1. Objetivo Geral

 Analisar a execução orçamental da despesa pública, dentro do CMCT no primeiro


semestre de 2022.

1.5.2. Objetivos específicos

 Distinguir as diversas técnicas de gestão orçamental dentro do CMCT;


 Perceber ate que pontos os deficits orçamentais se fazem sentir no CMCT;
 Caracterizar o processo de controlo da despesa pública na CMCT;
 Comparar a teoria sustentada pela literatura e a pratica a luz do método de observação
direta;
 Constatar entraves e desafios no âmbito da gestão orçamental do CMCT.

1.6. Justificativa

Sabendo que as autarquias locais gozam da autonomia financeira e compreendem os


poderes de elaboração e execução de planos de atividades de orçamento, disposição de
receitas próprias, ordenação e processamento das despesas e arrecadação de receitas que
por lei são destinadas as autarquias para gerência do próprio património; o Município da
cidade de Tete tem uma autonomia administrativa, financeira e patrimonial, isto é,
autonomia de gerir o seu próprio património.

Enfatiza-se que o desenvolvimento e crescimento económico que se tem registado nos últimos
anos em Moçambique, faz com que haja sempre uma crescente preocupação por parte do
Governo em modernizar e atualizar o seu papel como responsável na administração financeira da
coisa pública. Para que se possa perceber exaustivamente o Sistema da Administração Financeira
do Estado (SISTAFE), é preciso que a contabilidade pública moçambicana tenha consistência,
comparabilidade, materialidade e oportunidade.

A pesquisa terá como horizontes á Província de Tete, concretamente no Conselho


Municipal da Cidade de Tete, no período compreendido entre o ano 2020 á 2021. Há
fatores que explicam a escolha deste período. Um dos principais fatores é a disponibilidade de
dados de análise neste período.

1.7. Relevância do Trabalho

O presente estudo acarreta relevância a vários níveis desde académico, social, politico, estrutural
e mais. Portanto, a elaboração deste estudo para Moçambique revela-se de crucial importância
para:
 O desenho de políticas económicas de respostas, isto é, políticas de estabilização e de
ajustamento macroeconómico mais eficazes, evitando perdas acentuadas no âmbito da
execução orçamental a nível do CMCT.

 Uma das relevâncias a destacar, assenta no facto da execução orçamental servir de mastro
no âmbito da condução de uma dada entidade, este instrumento ajuda a dar rumo e nas
tomadas de decisão no âmbito de implementação ou distribuição de dados recursos
públicos.

1.8 Organização da Dissertação

Esta dissertação está organizada em cinco capítulos. O primeiro capítulo descreve a contextualização
da pesquiza a nível nacional. O segundo capítulo faz a revisão da literatura relevante relacionada com
o tópico desta pesquisa. O terceiro capítulo apresenta os métodos e procedimentos de análise
(Metodologia). O quarto capítulo apresenta e analisa os resultados deste estudo. O último e quinto
capítulo apresenta as conclusões e recomendações deste estudo.
CAPÍTULO II: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1. Orçamento do estado em Moçambique


Os orçamentos estatais ou públicos são representações dos diversos gastos de um governo.
Gastos que envolvem saúde, educação, transportes, segurança e defesa, essencialmente. Uma das
principais funções do poder político é definir o orçamento a partir das receitas geradas pelos
impostos e outras formas de arrecadação, por exemplo: recurso á dívida externa doações e outras.

Em Moçambique o Estado tem feito uma gestão orçamental como forma de controlar recursos
que são cada vez mais escassos para satisfazer as necessidades do povo que são cada vez mais
crescentes. Para tal, o Estado elabora um orçamento anual que integra as receitas e as despesas a
serem efetuadas nesse período.

A proposta de lei do Orçamento do Estado é elaborado pelo Governo e submetida à Assembleia


da República e deve conter informação fundamentada sobre as previsões de receitas, os limites
das despesas, o financiamento da défice e todos os elementos que fundamentam a política
orçamental (art. 130, n° 03 da Constituição da República).

Segundo a Lei 15/97 que estabelece princípios, regras e normas de Enquadramento do orçamento
do Estado e da Conta Geral do Estado, o Ministério do Plano e Finanças è responsável pela
preparação e elaboração do Orçamento do Estado e colectar, processar, disseminar dados de sua
execução.

A lei define as regras de execução do orçamento e os critérios que devem presidir à sua
alteração, período de execução, bem como estabelece o processo a seguir sempre que não seja
possível cumprir os prazos de apresentação ou votação do mesmo (art. 30, n° 04 da Constituição
da República). De acordo com o art. 13, a execução do Orçamento do Estado é fiscalizada pelo
Tribunal Administrativo e pela Assembleia da República, a qual, tendo em conta o parecer
daquele Tribunal, aprecia e delibera sobre a Conta Geral do Estado.

2.2. Despesa na Administração Pública

O n.º 1 do artigo 15 da Lei n.º 9/2002, de 12 de Fevereiro, que cria o Sistema de Administração
Financeira do Estado (SISTAFE), define a Despesa Pública como todo o dispêndio, pelo Estado,
de recursos monetários ou em espécie, seja qual for a sua proveniência ou natureza, com ressalva
daqueles em que o beneficiário se encontra obrigado à sua reposição.

Pelo disposto no n.º 2 do artigo acima indicado, a despesa só pode ser assumida e realizada se for
legal, encontrar-se devidamente inscrita no Orçamento do Estado aprovado, tiver cabimento na
correspondente verba orçamental e estiver justificada quanto à sua economicidade, eficiência e
eficácia. Segundo preceitua a alínea c) do artigo 37 da Lei do SISTAFE, acima mencionada, a
execução do Orçamento do Estado compete aos órgãos ou instituições que integram o
Subsistema da Contabilidade Pública.

Os serviços públicos, tais como a educação, saúde, defesa e segurança e outros são feitos através
das despesas públicas.

Constitui despesa pública, o conjunto de dispêndios do Estado ou de outra pessoa de direito


público para o funcionamento dos serviços públicos. Nesse sentido, a despesa é a parte do
Orçamento, ou seja, é onde se encontram classificadas todas autorizações para gastos com várias
atribuições e funções governamentais. ﴾Fortes, 2002).

Silva citado por Bezerra Filho (2005), define despesa pública, como sendo todos os desembolsos
efetuados pelo Estado no atendimento aos serviços e encargos assumidos no interesse geral da
comunidade, nos termos da constituição, das leis ou em decorrência de contractos ou outros
instrumentos.

Despesa pública, em ordem geral caracteriza um dispêndio de recursos do património público,


representado essencialmente por uma saída de recursos financeiros, imediata ﴾com redução de
disponibilidades) ou mediata ﴾com reconhecimento da obrigação (Piscitelli et al, 2002).

Em regra, as despesas públicas devem ser autorizadas pelo Poder Legislativo, por meio do ato
administrativo chamado orçamento público. Exceção diz respeito às despesas extra-orçamentais.
Ainda para o mesmo autor, as despesas públicas devem obedecer aos seguintes requisitos:

 Utilidade: atender a um número significativo de pessoas;


 Legitimidade: atender a uma necessidade pública real;
 Discussão pública: ser discutida e aprovada pelo poder legislativo e pelo Tribunal de
Contas do respetivo ente;
 Possibilidade contributiva: possibilidade de a população atender à carga tributária
decorrente da despesa;
 Oportunidade; hierarquia de gastos; e ser estipulada (prevista) em lei.

2.3. Classificação das despesas públicas


Em geral as despesas públicas dividem-se em dois grandes grupos que são: Despesas
Orçamentais e Despesas Extra-Orçamentais.

2.3.1. Despesas Orçamentais


Para Kohama ﴾2001), a despesa orçamental é aquela cuja realização depende da
autorização legislativa. Não se pode realizar sem crédito orçamental correspondente; em
outras palavras é aquela que integra o orçamento, despesa discriminada e fixada no
orçamento público.

Para reforçar a definição acima, cita-se Fortes (2002), que afirma que a despesa orçamental
corresponde à todos os factos representativos de saída de recursos, exceto as devoluções de
terceiros cauções, depósitos judiciais para recursos, etc. E das operações de crédito por
antecipação da receita orçamental e os pagamentos de passivos financeiros anteriores restos
a pagar).

Segundo o nº 1 b) do artigo 23 da Lei nº 09/2002 de 12 de Fevereiro a despesa orçamental


é classificada de acordo com os critérios orgânico, territorial, económico e funcional.

2.3.2. Despesas Extra-Orçamentais


Para Kohama ﴾2001), a despesa extra-orçamental é aquela paga a margem da lei orçamental
e, portanto, independentemente da autorização legislativa, pois se constitui em saídas de
passivos financeiros, compensatórios de entrada no ativo financeiro, oriundos de receitas
extra- orçamentais, correspondendo a restituição ou entrega de valores recebidos, como
cauções, depósitos, consignações e outros.

Sem se limitar a definição acima, também constituem despesas extra-orçamentais os


pagamentos que não dependem de autorização legislativa; àqueles que não estão
vinculados ao orçamento público; não integram o orçamento. Correspondem à restituição
ou entrega de valores arrecadados sob o título de receita extra-orçamental (Angélico,
1994).
2.4. Realização da despesa pública
A contabilidade pública só permite realizar despesas que estejam previamente autorizadas,
por isso, além da necessidade explícita, os órgãos fiscalizadores forçam os administradores
dos recursos públicos a planearem o seu orçamento o mais próximo possível da realidade,
ou seja, formalizar em relatórios, com estimativas de receitas e fixação das despesas, a fim
de cumprirem esse ditame legal. (Andrade, 2002).

Normas e Procedimentos para realização das despesas públicas

Segundo a Lei nº 09/2002, de 12 de Fevereiro, as normas a observar para a realização das


despesas públicas são as seguintes:

 Inscrever a despesa: a despesa tem que constar da relação de pagamentos e tem que
possuir uma origem;
 Legalidade da despesa: a despesa tem que possuir um enquadramento legal, ou seja,
é autorizada pela lei;
 Cabimento orçamental: a despesa tem que ter um orçamento para suportá-la;
 Liquidez: devem existir fundos para pagar a despesa.

2.4.1. Fiscalização e Inspeção da despesa pública


De acordo com o artigo 131 da Constituição da República de Moçambique (CRM) de
2004, a execução do Orçamento do Estado é fiscalizado pelo Tribunal Administrativo (TA)
e pela Assembleia da República (AR), a qual, tendo em conta o parecer daquele tribunal,
aprecia e delibera sobre a Conta Geral do Estado (CGE).

Segundo o nº 1 do artigo 30 do Boletim da República lei 05/1992 de 06 de Maio, compete


a secção da fiscalização das despesas públicas:

 Apreciar as Contas do Estado; e


 Julgar as contas dos organismos, serviços e entidades sujeitas à jurisdição do
tribunal.

Ainda de acordo com o nº 2 do artigo 228 da CRM de 2004, o controlo dos atos e factos
administrativos e da aplicação das normas regulamentares emitidos pela administração
pública, bem como a fiscalização da legalidade das despesas públicas e a respetiva
efetivação da responsabilidade por infração financeira cabem ao TA.

2.4.1.1 Entidades sujeitas a fiscalização prévia das despesas públicas


De acordo com o artigo 60 da lei nº 26/2009 de 29 de Setembro, estão sujeitos à
fiscalização prévia da jurisdição administrativa:

 O Estado e outras entidades públicas, designadamente os serviços e organismos


inseridos no âmbito da administração pública central, provincial e local, incluindo
os dotados de autonomia administrativa e financeira e personalidade jurídica;
 Os institutos públicos;
 As autarquias locais; e
 Outras entidades que a lei determinar.

2.5 Normas e Procedimentos para realização das despesas públicas

Segundo a Lei nº 09/2002, de 12 de fevereiro, as normas a observar para a realização das


despesas públicas são as seguintes:

 Inscrever a despesa: a despesa tem que constar da relação de pagamentos e tem que
possuir uma origem;
 Legalidade da despesa: a despesa tem que possuir um enquadramento legal, ou seja, é
autorizada pela lei;
 Cabimento orçamental: a despesa tem que ter um orçamento para suportá-la;
 Liquidez: devem existir fundos para pagar a despesa.

2.5.1 Despesas de Exercícios anteriores

Segundo FORTES (2002), as despesas de exercícios anteriores são as despesas resultantes de


compromissos assumidos, em exercícios anteriores àquele em que fôr ocorrer o pagamento, para
o qual não existe empenho escrito em despesas a pagar porque a despesa não foi empenhada ou
porque o empenho foi anulado.

De acordo com BEZERRA FILHO (2005), poderão ser pagos, na dotação de despesas de
exercícios anteriores, desde que autorizado pelo ordenador de despesa, os seguintes casos:
 As despesas de exercícios encerrados, para os quais o orçamento respetivo consignava
créditos próprios, com saldo suficiente para atendê-las, mas que não tenham sido
processadas, em época própria, tendo o credor cumprido a sua obrigação;
 Os restos a pagar, com prescrição interrompida, ou seja, que tenham sido cancelados e o
credor tenha cumprido a sua obrigação; e
 Os compromissos, decorrentes de obrigações de pagamento, criados em virtude da lei e
reconhecidos após o encerramento do exercício.

2.5.2 Despesas por pagar

Despesas por pagar são as despesas empenhadas, pendentes de pagamento na data de


encerramento do exercício financeiro, inscritas contabilisticamente obrigações a pagar no
exercício subsequente. (PISCITELLI, 2002).

Ainda de acordo com o artigo 31 da Lei nº 09/2002 de 12 de Fevereiro, relativamente ao período


do exercício económico em curso, devem ser consideradas as seguintes regras:

 Constituem despesas por pagar as despesas liquidadas e não pagas até 31 de Dezembro;
 As despesas por pagar devem ser anuladas, caso não sejam pagas decorrido 1 (um) ano.

De acordo com KOHAMA (2001), as despesas por pagar classificam-se em:

 Despesa por pagar processados: são aquele cujo empenho foi entregue ao credor, que
por sua vez forneceu o material, prestou o serviço ou ainda executou a obra, e despesa foi
considerada liquidada por ter sido cumprido o terceiro estágio correspondente à
liquidação, estando na fase de pagamento. Verifica-se que a despesa se processou até a
liquidação e em termos orçamentais foi considerada despesa realizada, faltando apenas o
processamento do pagamento;
 Despesas por pagar não processados: são aquele cujo empenho foi legalmente emitido,
mas depende, ainda da fase de liquidação, isto é, o empenho foi emitido, porém, o objeto
adquirido ainda não foi entregue e depende de algum fator para a sua regular liquidação;
do ponto de vista do sistema orçamental de sua escrituração contabilística, não está
devidamente processada.

2.5.3 Anulação das despesas públicas

De acordo com o nº 1 do artigo 32 da Lei nº 09/2002 de 12 de Fevereiro, reverte à respetiva


dotação o valor da despesa anulada do exercício. Ainda segundo o nº 2 do mesmo artigo, quando
a anulação do valor da despesa ocorrer após o encerramento do respetivo exercício económico, o
valor anulado é considerado receita do ano em que a anulação se efetivar.

Para BEZERRA FILHO (2005), a anulação da despesa pública efetua-se nas seguintes
circunstâncias:

 Ocorrendo no exercício da emissão do empenho correspondente, faz-se o estorno,


revertendo o valor ao saldo da dotação correspondente;
 Acontecendo a restituição após o encerramento de exercício de seu empenho e
pagamento, constitui receita pública.

2.6 Controlo da despesa pública


Em Moçambique nota-se hoje uma crescente preocupação por parte do Estado em racionalizar e
controlar duma forma eficaz, eficiente e económica as despesas públicas. De acordo com
MORAIS et al (1999), Controlo é qualquer ação aplicada pela gestão para reforçar a
possibilidade de que os objetivos e metas previamente estabelecidas sejam atingidos.

Como processo social que é, a atividade financeira suscita, em particular nas complexas
civilizações da atualidade, o aparecimento de múltiplas formas de controlo, as quais incidem
sobre os seus diversos instrumentos e instituições. (FRANCO, 2001).

De acordo com o artigo 62 da lei nº 09/2002 de 12 de Fevereiro, o subsistema de controlo interno


compreende os órgãos e entidades que intervêm na inspeção e auditoria dos processos de
arrecadação, cobrança e utilização de recursos públicos e abrange ainda as respetivas normas e
procedimentos.
2.6.1 Controlo Interno da despesa pública
O controlo interno da despesa pública tem a finalidade de ajudar os gestores da coisa pública no
cumprimento dos objetivos previamente traçados, através duma eficiência e eficácia na gestão
das despesas públicas.

MORAIS et al (1999:17), definem o controlo interno como sendo a forma levada a cabo pelo
conselho de administração, direção e outros membros da organização com o objetivo de
proporcionar um grau de confiança razoável na concretização dos seguintes objetivos:

 Eficácia e eficiência dos recursos;


 Fiabilidade da informação financeira; e
 Cumprimento das leis e normas estabelecidas.

A existência de um adequado sistema de controlo interno é de extrema importância para a


administração pública e em particular para o controle externo.

Para a repartição pública, afirma MACHADO e REIS citado por DINIZ et al (2007), o controlo
interno “representa uma ferramenta de grande valiosidade na detectação de falhas operacionais
dos procedimentos adotados e na manutenção da integridade da entidade”.

Em Moçambique, a Lei nº 09/2002, de 12 de Fevereiro no seu artigo 64, admite que o controlo
interno tem por objeto:

 Fiscalizar a correta utilização dos recursos públicos e a exatidão e fidelidade dos dados
contabilísticos;
 Garantir, através da fiscalização, a uniformização da aplicação das regras e métodos
contabilísticos; e
 Verificar o cumprimento das normas legais e procedimentos aplicáveis.

2.6.2 Controlo Externo da despesa pública

O Controlo Externo é a etapa de verificação em que cabe aos órgãos externos de fiscalização de
cada poder verificar, analisar, apurar e concluir atendimento sobre determinado assunto
administrativo ou contabilístico. O controlo externo pode ser exercido pelo poder legislativo,
assim como pelo tribunal administrativo, conselhos e comissões especiais e até pelo cidadão.
Todos os atos e factos contabilísticos, administrativos e judiciais da entidade pública são
passíveis de controlos externos.
Sua finalidade é exaltar eventuais distorções entre o objetivo do ato ou do facto, com seu
resultado. Qualquer disparidade nesse sentido pode, e deve ser averiguada e até punida de acordo
com a legislação em vigor. (ANDRADE, 2002).

2.7 SISTAFE
O Sistema de Administração Financeira vigente assenta em normas legais que remontam de mais
de cem anos, sendo a destacar o Regulamento de Fazenda, de 1901, e o Regulamento de
Contabilidade Pública, de 1881.

A necessidade de reforma com vista a introduzir legislação e modelos de gestão mais adequados
às necessidades atuais de administração do erário público, determinou a adoção e implementação
pontuais de algumas medidas.

Desde 1997 tem se vindo a desenvolver esforços de modernização nas áreas do Orçamento do
Estado, impostos indiretos e alfândegas, entre outras. Estas Reformas procuravam melhorar o
sistema de programação e execução orçamental, harmonizar o sistema dos impostos indiretos e a
pauta aduaneira com os sistemas vigentes nos países da região em que Moçambique se insere, e,
delinear circuitos de registo na área da contabilidade pública, visando torná-los mais eficientes,
eficazes e transparentes.

Com vista a estabelecer de forma global, abrangente e consistente os princípios básicos e normas
gerais de um sistema integrado de administração financeira dos órgãos e instituições do Estado e,
ao abrigo do disposto no nº 1 do Artigo 135 da Constituição da República, a Assembleia da
República aprovou a Lei 9/2002, de 12 de Fevereiro, que cria o Sistema de Administração
Financeira do Estado, doravante designado por SISTAFE, tendo sido regulamentado pelo
Decreto nº 23/2004, de 20 de Agosto, onde estão contidas as principais normas de gestão
orçamental, financeira, patrimonial, contabilística e de controlo interno do Estado.

Em 2020, por forma a responder aos desafios atuais das Finanças Publicas, a Lei do SISTAFE
beneficiou da sua primeira reforma por forma a torná-la mais abrangente e eficaz no controlo do
erário público, tendo sido aprovada pela Assembleia da República e submetida ao Presidente da
República que promulgou e mandou publicar a nova Lei, nº 14/2020, de 23 de Dezembro.

A nova Lei do SISTAFE contém 91 artigos com aspetos revistos e introduzidos. O destaque nas
mudanças introduzidas vai mais pela reforma constitucional e o novo pacote legislativo da
descentralização. Com estas reformas, o SISTAFE passa a ser um sistema de gestão aplicável
para as Finanças Públicas nas autarquias, governos provinciais e secretarias de Estado. Nesta
revisão destaca-se a introdução do Subsistema de Planificação e Orçamentação (SPO), em
substituição do Subsistema do Orçamento do Estado que, segundo se pretende, “visa definir o
ciclo de planificação, os seus instrumentos e a responsabilidade pela sua elaboração e
aprovação”.

Com a entrada em vigor da Lei nº 14/2020, de 23 de Dezembro, o SISTAFE passa a ter seis
subsistemas, nomeadamente, o Subsistema de Planificação e Orçamento; Contabilidade Pública;
Tesouro Público; Património do Estado; Monitoria e Avaliação; e Auditoria Interna. Conta
igualmente com a introdução do artigo sobre infrações financeiras, fraudes e sanções e,
estabelece um regime de responsabilização e as respetivas medidas sancionatórias para os
Funcionários e Agentes do Estado que não cumprirem com as normas e procedimentos
estabelecidos.

Fig 2: Ilustração do Logotipo do Sistema Eletrónico da Administração Financeira do Estado

2.8 Estudos Empíricos


Ao longo dos anos, muitos pesquisadores têm tentado investigar empiricamente a relação entre
as despesas públicas e o crescimento económico tendo como base o modelo desenvolvido por
Sarget e Walace (1981).

Nessa tentativa, vários ilustraram modelos que descrevem a relação entre estas duas variáveis
usando dados de diferentes países e técnicas de estimação apropriadas. Dentre os estudos
existentes, destacam-se aqueles realizados por Ozurumba (2012) e Ezeabasili et al (2012),
Nikolaos, A. e Constantinos (2013) e Nhabimde (2013).
Os autores Ozurumba (2012), Ezeabasili et al. (2012), buscaram analisar a relação entre despesa
publica e o desenvolvimento económico na Nigéria, usando dados de séries temporais para o período
1970-2006. Ezeabasili et al. (2012), adoptaram abordagens de modelação simples que permitiram
usar a técnica dos Mínimos Quadrados Ordinários e algumas técnicas de cointegração e análise
estrutural. Os resultados deste estudo mostram uma relação positiva, mas insignificante, entre as
despesas públicas e o crescimento económico na Nigéria.

Ozurumba (2012) analisou a relação de causalidade entre as despesas públicas e os défices


fiscais na Nigéria, usando dados de séries temporais para o período 1970-2009. Para tal, ele
realizou o teste de causalidade de Granger. Os resultados desse teste mostram que o défice fiscal
causou a inflação na economia Nigeriana no período em análise.

Enquanto que, Nikolaos e Constantinos (2013) analisaram a relação entre desequilíbrios fiscais e
despesas para um grupo de 52 países que compreendem 19 desenvolvidos e 33 em
desenvolvimento, usando dados de painel para o período de 1970 a 2009. Na sua análise, eles
usaram o método de momentos generalizados (GMM).

Estes estudos não encontraram fortes evidências de uma relação entre o défice fiscal e as
despesas públicas nos países desenvolvidos. No entanto, os resultados indicaram uma relação
negativa e estatisticamente significativa entre o défice fiscal e as despesas públicos nos países em
desenvolvimento.

Diferentemente aos estudos acima expostos, Nhabimde (2013), analisou o impacto do VIH/SIDA
sobre as despesas orçamentais, neste caso para o sector de saúde, tendo concluído que a despesa
do governo neste sector tem efeito positivo e impacto significativo. Este autor frisou ainda que
uma variação dessa despesa em 1% provocou uma subida do PIB real em 0.09%.

Este resultado de acordo com o mesmo autor, é consistente com a teoria económica
particularmente a referente ao capital humano que defende que o aumento da despesa pública na
saúde significa também a criação e manutenção do stock da capital saúde que é um dos
principais pilares do capital humano fator determinante no processo produtivo.
CAPITULO III: METODOLOGIA
Este capítulo tem como principal objetivos apresentar os procedimentos metodológicos que serão
usados durante a pesquisa como forma de materializar os objetivos transcritos. Aqui serão
apresentados os tipos de pesquisa, método de procedimentos, técnicas e instrumentos de recolha
de dados, a população e amostra, e por fim os aspetos étnicos da pesquisa.

3.1. Tipos de pesquisa


3.1.1. Quanto ao objetivo
Neste trabalho sob ponto de vista dos objetivos optarei pela pesquisa Exploratória. Onde segundo
Gil (2008), a pesquisa exploratória visa proporcionar maior familiaridade com o problema com
vistas a torná-lo explícito ou a construir hipóteses. Envolvem levantamento bibliográfico;
entrevistas com pessoas que tiveram experiências práticas com o problema pesquisado; análise
de exemplos que estimulem a compreensão. Assume, em geral, as formas de Pesquisas
Bibliográficas e Estudos de caso.

O nosso objetivo é típico da pesquisa exploratória, isto é, vamos procurar explorar no máximo
possível no terreno para analisarmos como tem sido feita a gestão orçamental pelo C.M.C.T.
3.1.2. Quanto a abordagem
Neste trabalho aplicarei quanto a abordagem como uma pesquisa qualitativa. Para Gil (2008), a
pesquisa qualitativa considera que há uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito. A
interpretação dos fenómenos e a atribuição de significados são básicos no processo de pesquisa
qualitativa. Não requer o uso de métodos e técnicas estatísticas.

O ambiente natural é a fonte direta para coleta de dados e o pesquisador é o instrumento chave. É
descritiva. Os pesquisadores tendem a analisar seus dados indutivamente. O processo e seu
significado são os focos principais de abordagem.

3.1.3. Quanto ao Procedimento metodológico


3.1.3.1. Pesquisa de campo
Quanto aos procedimentos, a pesquisa será do campo. Segundo Gil (2008), as pesquisas do
campo são aquelas em que o pesquisador entra em contacto direto com a realidade de pesquisa,
com vista a familiarizar-se em manifesto, com o fenómeno a pesquisar.

A pesquisa será de campo porque o autor vai se deslocar para o terreno em que se constatou o
problema relacionado com a gestão orçamental dentro do C.M.C.T. O pesquisador fará o estudo
dentro do ambiente natural com objetivo de analisar o impacto do tipo de gestão implementada
pelo C.M.C.T.

3.1.3.2. Pesquisa Bibliográfica


A Pesquisa será também bibliográfica. Segundo Gil (2008), consiste na etapa inicial de todo o
trabalho científico ou acadêmico, com o objetivo de reunir as informações e dados que servirão
de base para a construção da investigação proposta a partir de determinado tema. 

O levantamento bibliográfico é normalmente feito a partir da análise de fontes secundárias que


abordam, de diferentes maneiras, o tema escolhido para estudo. As fontes podem ser livros,
artigos, documentos monográficos, periódicos (jornais, revistas, etc), textos disponíveis em sites
confiáveis, entre outros locais que apresentam um conteúdo documentado.

Para este aspeto, o autor procurou diferentes obras que falam assuntos relacionados com o tema
de pesquisa para servir de sustento em alguns fundamentos, porque as pesquisas científicas só
serão válidas se apresentar conhecimentos de autores que anteriormente debruçaram o mesmo
assunto que estamos a pesquisar.
3.2. Métodos de Abordagem
Na conceção de Gil (2008, p.25), o método científico é o conjunto de processos ou operações
mentais que devem-se empregar na investigação.

A pesquisa será conduzida com base no método indutivo. A indução considera que o
conhecimento é fundamentado na experiência, não levando em conta princípios preestabelecidos.
No raciocínio indutivo a generalização deriva de observações de casos da realidade concreta. As
constatações particulares levam à elaboração de generalizações, (Marconi e Lakatos, 1991).

3.3. Técnicas e instrumento de recolha de dados


3.3.1. Entrevista
O autor Gil (2008), define a entrevista como

“uma forma de interação social. Mais especificamente, é uma forma de


diálogo assimétrico, em que uma das partes busca coletar dados e a outra
se apresenta como fonte de informação”.

A entrevista do presente trabalho será a do tipo semiestruturada, onde a pesquisadora vai


elaborar guião de entrevista, mas vai abrir espaço para outras questões que possam surgir em
detrimento das respostas dadas pelos entrevistados. Neste tipo de entrevista, o guião apenas serve
para orientar o pesquisador mais não para ser cumprido na sua totalidade ou servir de
instrumento único de recolha de informação.

De acordo com Mathers et al. (1998), por um lado, as entrevistas semiestruturadas oferecem,
tanto ao entrevistador como ao entrevistado, oportunidades para discutirem alguns tópicos com
mais detalhe e, por outro lado, o entrevistador tem mais possibilidades de conduzir o entrevistado
para uma reflexão mais aprofundada sobre a resposta original ou a seguir uma determinada linha
de investigação.

A inclusão de questões abertas oferece a oportunidade para a identificação de novas formas de


ver e compreender o assunto em questão. Daí que muitos investigadores prefiram usar entrevistas
semiestruturadas porque, por um lado, as perguntas podem ser preparadas com alguma
antecedência, permitindo assim que o entrevistador esteja devidamente preparado e, por outro,
dão a liberdade aos informantes a liberdade de expressar os seus pontos de vista nos seus
próprios termos (Cohen e Crabtree, 2006).
De acordo com estes autores, as entrevistas semiestruturadas têm como características:

 O entrevistador e o(s) entrevistado(s) envolvem-se na entrevista;


 O entrevistador desenvolve e usa um guião de entrevista. Esta é uma lista de perguntas e
temas ou tópicos que precisam ser abordados durante a conversa, geralmente seguindo
uma ordem particular;
 O entrevistador segue o guião, mas pode desviar-se do guião quando entender ser
apropriado.

3.3.2. Questionário
Segundo Gil (2008), um questionário é um conjunto de perguntas que se faz para obter
informação com algum objetivo em concreto. Um questionário é tão-somente um conjunto de
questões, feito para gerar os dados necessários para se atingir os objetivos do projeto.

Nesta pesquisa o questionário será utilizado como a técnica de recolha de dados dos funcionários
do CMCT na Repartição de Administração e Finanças, suas atividades, cargos desempenhados,
responsabilidades e outros indicadores relevantes para a pesquisa.

3.4. Amostra
A amostra é o subconjunto do universo ou da população, por meio do qual se estabelecem ou se
estimulam as características desse universo ou população (Gil, 2008).

A amostra para esta pesquisa será do tipo intencional porque a autora vai ao encontro apenas dos
elementos acima indicados neste os funcionários da Repartição de Administração e Finanças do
CMCT, não haverá substituição destes elementos exceto aos que não ocupam nenhuma pasta de
direção.
CAPITULO IV: APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS
O presente capitulo pauta em trazer os resultados da pesquisa, de modo a expor as conceções
colhidas através dos procedimentos usados de colheita, desde a observação direta, analise
bibliográfica e o questionário que foi um dos instrumentos de extrema relevância. A RAF do
CMCT, que constituiu nosso objeto de estudo na presente pesquisa esta composto por 15
funcionários. Dentre eles, temos o chefe da repartição, 2 responsáveis da planificação e 12
técnicos que respondem pelos sectores existentes dentro do CMCT.

O CMCT, dispõe do SISTAFE, como instrumento de resposta a execução financeira em prol dos
recursos e patrimónios da entidade municipal. Desta feita, ilustraremos os resultados da pesquisa:

 Fazendo jus ao questionário, no que tange a questão relevante aos princípios regentes no
CMCT, o chefe da repartição que foi um dos entrevistados pautou por frizar que: A
anualidade, unidade, universalidade, especificação, não compensação, não consignação e
o equilíbrio; fazem parte dos princípios que regem a execução orçamental no CMCT.
Ainda o Chefe da RAF, afirmou que a luz destes princípios permite-se ao Legislativo e à
sociedade uma visão geral e um controle direto das operações financeiras de
responsabilidade da administração pública.

Ainda salientou que, o orçamento deve ser elaborado e autorizado para um determinado período
de tempo, chamado exercício financeiro, e que corresponde ao civil. Afirmando que a exceção se
dá nos créditos especiais e extraordinário autorizados nos últimos quatro meses do exercício, que
podem ser reabertos nos limites de seus saldos, no ano seguinte, incorporando-se ao orçamento
do exercício subsequente.
Na questão 3, referente as responsabilidades do CMCT no âmbito da execução orçamental, o
responsável da RAF, alegou que assentam em:

 Apresentar a proposta do Orçamento até 31 Julho ao MEF e MAEFP tem sido a


responsabilidade primordial;
 Submeter a proposta do orçamento a Assembleia municipal para efeitos de aprovação até
15 de Novembro;
 Enviar o orçamento aprovado ao ministério de tutela para efeitos de ratificação; e,
 Executar o orçamento tendo em conta os procedimentos descritos no manual de
administração financeiro.

Por fim, apontou a discussão e preparação de uma estratégia de objetivos, prioridades políticas e
previsões da distribuição de recursos em conjunto com todos os sectores, onde também alegou
que outras responsabilidades visam estabelecer os limites orçamentais para as políticas a
implementar no médio prazo. Este quadro é apresentado, discutido e aprovado a nível interno por
terem um orçamento próprio, em conjunto com outros dois documentos: o Programa de
Estabilidade e as Grandes Opções do Plano.

Na questão 4, no que concerne a importância do uso da base legal (Lei nº 09/2002 de 12 de


Fevereiro), os técnicos da RAF citaram as seguintes:

 Evita entrar em contradição com os princípios e regras patentes na lei a respeito da gestão
orçamental;
 Planear e coordenar as atividades a luz da lei;
 Melhorar planos de comunicação e planos de ação;
 Motivar para alcançar os objetivos do município;
 Monitorar a performance da execução orçamental;
 Analisar e avaliar o desempenho.
Importancia da base
legal(SISTAFE)

0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 4 4.5 5

Nao Conhecem Conhecem

Fonte: Autora, (2022).

A pergunta 5, foi exibida um sim. Tendo usado como argumento a característica dinâmica de um
mercado, onde os fatores externos afetam o processo de execução das despesas orçamentais
mesmo depois se pensar que o plano/orçamento está perfeito. Por cima da resposta responsável
da RAF explanou que, um défice orçamental implica a obtenção de financiamento.

Por fim, alegou que o CMCT financia os seus défices orçamentais por duas vias: emissão de
títulos de dívida pública (obrigações do tesouro) que são adquiridos por particulares e empresas;
e emissão de moeda (obtenção de crédito junto do banco central, ou venda de títulos de dívida
pública ao banco central) nesse caso investimento externo.

Existencia de Um plano de resposta ao defice na RAF

Funcionarios que nao conhecem. Funcionarios que conhecem o plano de resposta.

A questão 6, a RAF afirmou que sim, fazem o uso da base legal para a execução orçamental a
nível do CMCT, sendo a lei do SISTAFE, lei das finanças municipais em vigor. O Orçamento do
Estado (OE) para 2021 foi elaborado no Módulo de Elaboração do Orçamento (MEO), aprovado
pela Lei n.º 19/2021, de 31 de Dezembro. A sua execução obedeceu aos princípios e
procedimentos estabelecidos na Lei n.º 14/2020, de 23 de Dezembro e no Regulamento do
SISTAFE, aprovado através do Decreto n.º 26/2021, de 3 de Maio e foi assegurado pelo Módulo
da Execução Orçamental (MEX).

Referente a pergunta 7, afirmou-se que os sectores mais dispendiosos são o de Pelouro de


infraestrutura e trânsito. Salientou o chefe da RAF, que o orçamento para 2020, aprovado pela
Lei n.º 03/2020, de 22 de Abril, foi elaborado tendo em conta o contexto internacional de
desaceleração económica, redução dos preços dos principais produtos primários e abrandamento
da atividade económica, devido à eclosão da pandemia do COVID 19. Não levado em
consideração as características singulares de cada sector no âmbito orçamental.

Quando questionados, sobre as medidas de emergência, em prol da resposta a um possível deficit


orçamental, respondeu-se que de fato existem (100% dos Funcionários da RAF). E salientaram
que geralmente, o deficit público pode ser financiado através de empréstimos externos ou de
empréstimos internos, onde o empréstimo externo será realizado através do lançamento de títulos
públicos comprados pelo setor privado da economia. Onde o limite ao endividamento do
município (pra suprir o deficit orçamental se for o caso) consiste num limite quantitativo
relativamente ao stock da dívida municipal em termos brutos, isto é, sem dedução/compensação
com ativos financeiros por comparação com um volume de receitas determinado.

Assim, friza a RAF, que a 31 de dezembro de cada ano, a dívida total de operações orçamentais
do município, incluindo a dívida relevante de entidades participadas pelo município, não pode
ultrapassar 1,5 vezes a média da receita corrente líquida cobrada nos três exercícios anteriores.
Para cálculo do limite para 2021, é apurada a média da receita corrente líquida cobrada nos
exercícios de 2018 a 2020.

A questão 9, foi bem direta e curta, referenciando que os procedimentos usados para a
disponibilização do orçamento a nível do CMCT é a publicação no BR e disponibilização de
exemplares em locais de fácil acesso como é o exemplo da secretaria geral e nas secretárias das
sedes dos bairros. Esta representa a apresentação pelo município, juntamente com a proposta de
orçamento municipal apresentada após a tomada de posse do órgão executivo orçamental, de
uma proposta de quadro plurianual de programação orçamental (QPPO), em articulação com as
Grandes Opções do Plano (GOP).
O QPPO consubstancia-se na definição de limites para a despesa municipal que deverá incluir
também as projeções quanto ao seu financiamento (receitas, devendo discriminar entre as
cobradas pela autarquia, ou seja, receitas próprias, e as provenientes do OE) numa base móvel
que inclua os quatro anos seguintes, sendo os limites vinculativos para o ano do exercício
económico do orçamento e indicativos para os seguintes.

Tabela 1: Relação dos Procedimentos da publicação dos Orçamentos

Procedimentos usados na disponibilização do Orçamento a nível do Referência Legal


CMCT

Artigo 50, n.º 1 da Lei n.º


Publicação do Orçamento no BR
9/2002 (Lei do SISTAFE)

Artigo 50, n.º 1 da Lei n.º


Publicação do Orçamento nas Secretarias e Sedes dos Bairros
9/2002 (Lei do SISTAFE)

Publicação dos Relatório de Execução do Orçamento Artigo 50, n.º 1 da Lei n.º
9/2002 (Lei do SISTAFE)

Fonte: Autora, (2022).

No discorrer da decima (10) pergunta, o responsável do RAF afirmou que: acompanhar a


dinâmica do mercado, analisar os relatórios financeiros e estudar outras fontes de receitas tem
sido o melhor jeito que o CMCT achou para desviar os possíveis riscos para a existência de
deficits orçamentais que possam interromper, inviabilizar a execução de despesas orçamentais do
município.

Tabela 2: Relação dos Relatórios que devem ser elaborados

Nome do relatório Período Referência Legal

BdPAAO Trimestral, Semestral e Anual Artigo 35º do Lei nº 9/2002, de 13 de


Fevereiro (Lei do SISTAFE)

Fonte: Autora, (2022).

A questão 11, foi de caracter extensivo, onde os técnicos contribuíram dizendo que: a
persistência é o motivo campeão. O planeamento orçamentário normalmente é descentralizado,
ou seja, cada gestor pensa no orçamento do seu setor ou centro de custo. No final, temos dezenas
(ou centenas) de planilhas para consolidar em uma só DRE e o trabalho acaba demorando
semanas, criando assim uma falta de visão analítica do orçamento.

Enquanto o grande objetivo do planeamento é ter números claros para analisar o que está sendo
realizado e tomar decisões acertadas sobre o futuro. Normalmente as planilhas mostram dados
mais crus e operacionais, sem flexibilidade para análises específicas. Mostrando assim que eles
tornam o orçamento do CMCT UNO, podendo a partir do mesmo dividir para os sectores como
se o RAF fosse o órgão central a nível do município.

Tabela 3: Receitas Próprias e Transferências - Município de Tete

Fundo de Outras
Compensação Fundo de Transferências
Receitas Transferências de Entidades
Anos Autárquica Investimento Doações
Próprias Extraordinárias Públicas
(FCA) (FIIL)

2020 18.583.655,89 17.484.620,89 13.267.143,00 0,00 6.058.947,70 938.361,51


2021 18.085.751,89 21.284.350,89 16.745.470,00 1.160.80,00 8.653.990,92 1.692.348,50

Fonte: CMCT, (2022).

Por fim a questão 12, que era meramente para fazer uma analise da execução da despesa
orçamental atual em relação aos anos anteriores. Foi possível constatar que a maioria aponta pra
melhorias, onde estes salientam que os desafios da atualidade tem sido muitos, mas eles não se
deixam levar pelos entraves. Onde usaram como exemplo:

 A deslocação do município de Tete do nível C para nível B, na Classificação das


Autarquias municipais, prova a melhoria na sua gestão orçamental.
Analise Percentual da Execucao Orcamental
VS Defi cit Orcamental (2020-2021)
6
5
4
3
2
1
0
22% 19% 10% 7%

Execução Orçamental Deficit Orçamental

No que diz respeito a observação direta, percebeu-se que um dos anos de avaliação do presente
trabalho, o CMCT olhou aproximadamente para uma despesa total de 19.221,87 milhões de
meticais, contra 18.472,90 milhões de meticais da previsão de execução de 2020, representando
um decréscimo de 2 por cento de execução. Deste montante, 83 por cento são referentes às
despesas de funcionamento e 17 por cento para despesas de investimento, o que mostra a
manutenção de maior pressão de recursos para despesas de funcionamento e sobretudo, nos
salários e remuneração pior que se tratava de tempos distintos devido a pandemia, em que as
atenções deviam ser redobradas.

Não obstante, olha-se a tabela a seguir como um espelho, que visa ilucidar os dados aqui
exibidos.

CAPITULO V: CONCLUSÃO E REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS


Anexos
Anexo 1.

Anexo 2. Guia de Remessa


Anexo 3: Conta gerência
Anexo 4: Mapa de Execução da Despesa Suportada por Receitas Próprias e Financiamento
Anexo 5: Mapa de Execução Orçamental da Receita Mensal Cobrada

Anexo 6: Modelo de Mapa de Alterações Orçamentais da Despesa


Anexo 7: Modelo de Mapa de Execução Orçamental da Despesa.

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