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DECLARAÇÃO DE HONRA

Declaro que este Trabalho de Diploma nunca foi apresentado na sua essência para a obtenção
de qualquer grau académico, e, ele constitui o resultado da minha pesquisa pessoal.

_________________________________

(Dália Dulce Manuel Bento)

Maputo, Agosto de 2021.

I
DEDICATÓRIA

“Este trabalho é dedicado aos meus pais Maria Sambo e Manuel Bento minha fonte de
inspiração”.

II
AGRADECIMENTOS

Em primeiro agradecer a Deus Pai todo-poderoso pelo dom da vida, pela força e coragem,
pela inspiração concedida. A família pela força e todo apoio dado durante esta longa
caminhada. De igual modo, a minha gratidão e reconhecimento vai para todos aqueles que me
apoiaram de tal maneira que este sonho se tornasse realidade.

III
LISTA DE ABREVIATURAS

BP= Balanço Patrimonial,

CI= Controlo interno,

CCC = Ciclo de Conversão de Caixa ,

DF = Demonstrações Financeiras,

DFC = Demonstração dos Fluxos de Caixa ,

DR= Demonstração dos Resultados,

Fornecedores C/C = Fornecedores conta corrente;

MOAF = Mapa de Origem e Aplicação de Fundos ,

PMP = Prazo Médio de Pagamentos;

PMR = Prazo Médio de Recebimentos;

SC= Sector da Contabilidade.

IV
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 :Balanço da Tongaat Hulett, Lda. (2014-2016)...................................................................40


Tabela 2:Demostração dos Resultados da Tongaat Hulett, Lda. (2014 -2016)....................................42
Tabela 3:Mapa de Variação de Fundos Circulantes............................................................................45
Tabela 4:Mapa de Origens e Aplicação de Fundo...............................................................................46
Tabela 5:Mapa de DFC da Tongaat Hulett. Pelo Método Indirecto No período de 2016...................48

V
RESUMO

A presente pesquisa tem como tema “ A Importância do uso do Fluxo de caixa na gestão de
Pequenas e Médias Empresas, caso da Tongaat Hulett Lda no período de 2014 a 2016” Ao
realizar este trabalho, procurou-se demonstrar a real importância do fluxo de caixa, no dia-a-
dia da empresa. O objectivo deste trabalho é organizar a situação financeira da empresa
Tongatt Hulett Lda, através da implementação de ferramentas de gestão, o fluxo de caixa. O
objectivo central do trabalho é Explicar a importância do uso do fluxo de caixa na gestão
eficiente e eficaz de caixa, definiu – se como objectivos Específicos. (i) Mostrar a evolução
do fluxo de caixa da empresa no horizonte temporal estudado, (ii) Explicar como o fluxo de
caixa pode ajudar na gestão da empresa e Identificar as decisões tomadas em função do fluxo
de caixa da empresa. Desta maneira, a empresa cumprira-as suas obrigações com mais
responsabilidade e obterá o resultado real do negócio, podendo investir com maior segurança
e até mesmo ampliar as suas operações, uma vez que a mesma possuirá rápido acesso as
informações necessárias para tomadas de decisões. Referir que trata-se de um estudo de caso
que se realizou na Tongaat Hulett Lda, localizada em Xinavane Distrito de Manhiça,
província de Maputo. Para a materialização da pesquisa recorreu-se a pesquisa bibliográfica
para o suporte teórico. Trata-se de um estudo de caso em que recorreu-se a pesquisa
exploratória e os instrumentos usados para a colecta de dados foram a revisão bibliográfica e
o questionário respectivamente que foi dirigido aos trabalhadores da empresa em estudo.
Com isso é esperado que o proprietário consiga exercer uma administração mais eficiente,
separando questões pessoais com as profissionais. A necessidade de se fazer a pesquisa na
empresa Tongaat Hulett Lda, deve-se ao facto desta se limitar ao uso dos instrumentos
contabilísticos casos concreto do fluxo de caixa para tomada de decisões. Sabendo que o
comércio é uma das actividades principais que gera empregos, valor, renda na economia e
contribui significativamente no aumento do produto interno bruto do País (PIB), devido ao
elevado nível da concorrência é importante que as pequenas e micro empresas busquem
instrumentos de controlo e gestão para atender a demanda do mercado. Monitorar a empresa.

Palavras-chave: Fluxo de caixa, caixa, controle e organização

VI
ABSTRSCT

This research has the theme "The Importance of the use of cash Flow in the management of
Small and Medium Enterprises, case of Tongaat Hulett Lda in the period 2014 to 2016"
When doing this work, we will try to demonstrate the real importance of cash flow, in the
day-to-day Company. The objective of this work is to organize the financial situation of the
company Tongaat Hulett Lda, through the implementation of management tools, most
notably the cash flow. The main objective of the work is to explain the importance of the use
of cash flow in efficient and effective cash management, defined as Specific objectives. (i)
Show the evolution of the company's cash flow in the time Horizon studied, (ii) Explain how
the cash flow can help in the management of the company and identify the decisions taken
according to the cash flow of the company. . In This way, the company fulfilled its
obligations with more responsibility and will obtain the real result of the business, being able
to invest with increased security and even expanding its operations, since it will have quick
access to the information needed for decision-making. Note that this is a case study carried
out at Tongaat Hulett, Lda. located in Xinavane District of Manhiça, province of Maputo. For
the materialization of the research, the bibliographic research was used for the theoretical
support. Exploratory research and the instruments used to collect data were the bibliographic
review and the questionnaire that was addressed to the workers of the company under study
in this case study. This is expected that the owner can exercise a more efficient
administration, separating personal issues from the professionals. The need to do research in
the company Tongaat Hulett, Lda. is because this is limited to the use of accounting
instruments concrete cases of cash flow for decision-making. Knowing that trade is one of the
main activities that generates jobs, value, income in the economy and contributes
significantly to the increase in the gross domestic product of the Country (GDP), due to the
high level of competition it is important that small and micro Companies seek control and
management tools to meet market demand. Monitor the Company.

Keywords: cash Flow, cash, control and organizatio

VII
Índice
CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO.............................................................................................................1
1.1. Contexto.........................................................................................................................................1
1.2. Descrição do problema...................................................................................................................2
1.3. Objectivos.......................................................................................................................................2
1.3.1. Objectivo Geral............................................................................................................................2
1.3.2. Objectivos Específicos.................................................................................................................2
1.4. Hipóteses........................................................................................................................................3
1.5. Justificativa.....................................................................................................................................3
1.6. Abordagem Espacial.......................................................................................................................3
1.6.1. Abordagem Temporal..................................................................................................................3
1.7. Estrutura do Trabalho.....................................................................................................................4
CAPÍTULO II. REVISÃO DA LITERATURA....................................................................................5
2.1. Gestão Financeira...........................................................................................................................5
2.1.1. Finanças.......................................................................................................................................5
2.1.1.1. Fluxo de Caixa..........................................................................................................................6
2.1.1.2. Empresas..................................................................................................................................6
2.1.2. Evolução das Demonstrações Financeiras...................................................................................7
2.1.3. Pequenas e Médias Empresas......................................................................................................7
2.1.4. Organização Financeira de Pequenas e Médias Empresas...........................................................8
2.1.5. PME’s Moçambicanas.................................................................................................................9
2.2. Ciclo de conversão de caixa............................................................................................................9
2.3. Orçamento de Tesouraria..............................................................................................................10
2.4. Controlo Interno...........................................................................................................................11
2.5. Demonstrações Financeiras (DF’s)...............................................................................................11
2.6. Balanço patrimonial......................................................................................................................12
2.7. Demonstração de Resultados (DR)...............................................................................................13
2.7.1. Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC)................................................................................13
2.8. Mapa de Origem e Aplicação de Fundos (MOAF).......................................................................14
2.9. Relação existente entre Balanço, a DR e a DFC...........................................................................14
3. Fluxo de Caixa como instrumento de Gestão Financeira.................................................................14
3.1. Componentes dos Fluxos de Caixa...............................................................................................15
3.2. Actividades operacionais..............................................................................................................16
3.2.1. Actividades de investimento......................................................................................................16
2.8.3. Actividades de financiamento....................................................................................................17
2.9. Método para Elaboração da Demonstração dos Fluxos de Caixa..................................................17
2.9.1. Características do Método directo..............................................................................................17
2.9.2. Características do Método Indirecto..........................................................................................18
2.10. ASPECTOS GERAIS SOBRE O FLUXO DE CAIXA..............................................................19
2.10.1. Conceito de Fluxo de Caixa.....................................................................................................19
2.10.2. Factores que afectam o fluxo de caixa.....................................................................................22
2.10.3. Factores Internos que afectam o Fluxo de Caixa......................................................................22
2.10.4. Factores Externos que afectam o Fluxo de Caixa....................................................................22
2.11. Os Objectivos do Fluxo de Caixa...............................................................................................23
2.12. Relevância da Demostração dos Fluxos de Caixa.......................................................................24
2.13. Políticas de Administração do Fluxo de Caixa...........................................................................24
2.14. Razão para manter o fluxo de caixa na Empresa.........................................................................26
2.15. Planeamento e Elaboração do Fluxo de Caixa............................................................................26
2.16. Vantagens e desvantagem do uso do Mapa dos Fluxos de Caixa................................................29
2.17. Implicações das Contas a Receber para o Equilíbrio do Caixa...................................................30
2.18. Implicações das Contas a Pagar para o Equilíbrio do Caixa.......................................................30
2.19. O uso de Capital de Terceiros e Capital Próprio no equilíbrio de Caixa.....................................31
2.20. Mapa de Demonstração de Origem e de Aplicação de Fundos versus DFC...............................32
2.21. Actividades que aumentam o saldo de Caixa..............................................................................32
2.22. Actividades que diminuem o saldo de Caixa..............................................................................32
CAPÍTULO III. METODOLOGIA.....................................................................................................34
3.1. Tipo de Pesquisa...........................................................................................................................34
3.2. Método de procedimento..............................................................................................................34
3.3. Método de abordagem..................................................................................................................34
3.4. Técnicas de Recolha de Dados......................................................................................................35
3.5. Limitações da pesquisa.................................................................................................................36
CAPÍTULO IV. APRESENTAÇÃO E DISCUNSSÃO DOS RESULTADOS...................................38
4.1. Breve Historial da Empresa..........................................................................................................38
4.1.1. Visão..........................................................................................................................................38
4.1.2. Missão.......................................................................................................................................38
4.1.3. Valores......................................................................................................................................38
4.2. Processo de Anάlise do uso do fluxo de caixa e a sua incidência no processo de tomada de
decisão da empresa..............................................................................................................................38
4.3. Apresentação do Balanço Patrimonial..........................................................................................40
4.4. Demonstrações Financeiras da Tongaat Hulett.............................................................................42
4.5. Análise das Origens e Aplicações de fundos................................................................................45
4.6. Mapa de Variação de Fundos Circulantes.....................................................................................45
4.7. Mapa de Origens e Aplicação de Fundo.......................................................................................46
4.8. Apresentação do Mapa de Demonstração dos Fluxos de Caixa....................................................48
CAPÍTULO V. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES..................................................................51
5.1. Conclusões....................................................................................................................................51
5.2. Recomendações............................................................................................................................52
Referências Bibliográficas...................................................................................................................53
CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO

1.1. Contexto
A gestão dos fluxos de caixa não se limita apenas em analisar a tabela na qual se encontram
distribuídos valores relativos a recebimentos e pagamentos. Fazer o agrupamento desses
valores por categoria é apenas uma parte do trabalho. Nas empresas, é bastante comum os
administradores terem duas visões diferentes, porém complementares.

Uma visão é aquela que se preocupa em medir o nível da lucratividade da empresa, e essa
informação é dada pela demonstração de resultados (DRE). A outra visão é quanto ao
controle do dinheiro da empresa de referir que esta visão é dada através da análise dos caixas
e bancos portanto, fazer a gestão do dinheiro que entra e sai do caixa é extremamente
importante quanto saber se as suas actividades são lucrativas ou causam prejuízos. São
actividadeslucrativastodas aquelas que aumentam o património líquido da empresa.

As pequenas e médias empresas, pela sua dimensão na maior parte das vezes são geridas
pelos seus respectivos proprietários e alguns desses, não tem muito domínio da matéria de
gestão, facto que pode de um modo contribuir para falência prematura das empresas contudo,
algumas empresas suportam gastos elevados que a sua capacidade de gerar caixa.

Silva (1986) defende que “a gestão adequada dos recursos financeiros é um dos requisitos
básicos para a sobrevivência e sucesso de qualquer empresa, principalmente as pequenas,
devido as suas limitações em conseguir recursos no mercado financeiro, quando tiver
necessidade de caixa para respeitar os vários compromissos assumidos”.

A presente pesquisa realizou-se na Tongaat Hulett, uma empresa focalizada em agro-


processamento com componentes integrados nas áreas de gestão de terra, propriedade,
desenvolvimento e agricultura, com o domicílio na vila de Xinavane no distrito de
Manhiça,província de Maputo,onde se encontra no mercado há mais de 8 anos.

Este estudo foi desenvolvido com o intuito de analisar a importância do uso das
demonstrações de fluxos de caixa na empresa Tongaat Hulett, Lda. num período
compreendido entre 2014 a 2016.

0
1.2. Descriçãodo problema
“As demonstrações de fluxos de caixa evidenciam as alterações históricas de caixa e seus
equivalentes, identificando as entradas e saídas do período provenientes de actividades
operacionais, de investimento e de financiamento” (Lopes, 2013).

Um dos problemas que afecta a Tongaat Hulett ė a falta de uma contabilidade organizada e o
não uso dos instrumentos de controlo financeiros este factor é apontado como um dos grandes
factores comuns que conduzem à falência prematura das pequenas e médias empresas
Moçambicanas.

Igualmente o uso da Demonstração de Fluxos de Caixa pelas PME’s não é prático. Muitas
delas apenas produzem os Balanços e Demonstrações de Resultados. Neste sentido, o uso da
Demonstração do Fluxo de Caixa para tomada de decisões relativamente ao investimento ou
financiamento não é verificada. O gestor da empresa toma decisões financeiras de forma
empírica sem se basear na informação produzida pela Contabilidade. A Contabilidade é vista
apenas para efeitos tributários.

Para o efeito surge a seguinte questão de partida:

“Até que ponto a Demonstração dos fluxos de caixa assegura uma boa gestão de Caixa nas
Pequenas e Médias Empresas, caso da Tongaat Hulett, Lda. no período de 2014 a 2016?”

1.3. Objectivos
Para dar resposta à pergunta de pesquisa foram definidos os seguintes objectivos:

1.3.1. Objectivo Geral


Explicar a importância do uso do fluxo de caixa na gestão eficiente e eficaz de caixa na
empresa Tongaat Hulett, Lda. de 2014 a 2016.

1.3.2. Objectivos Específicos


 Mostrar a evolução do fluxo de caixa da empresa no horizonte temporal estudado
(2014-2016).
 Explicar como o fluxo de caixa pode ajudar na gestão da empresa Tongatt Hulett
(2014-2016).
 Identificar as decisões tomadas em função do fluxo de caixa da empresa (2014-2016).

1
1.4. Hipóteses
H0: A demonstração do fluxo de caixa não é um instrumento utilizado pela a Tongatt Hulett,
Lda. para assegurar uma gestão eficaz e eficiente de caixa.

H1: A demonstração do fluxo de caixa é um instrumento utilizado pela Tongatt Hulett, Lda.
para assegurar uma gestão eficaz e eficiente de caixa.

1.5. Justificativa
O tema para pesquisa foi escolhido devido a relevância do uso da demonstração do fluxo de
caixa para gestão das pequenas e médias empresas, a curto, médio e longo prazo, pelo facto
de este ser um dos métodos de controlo interno que permite dar a conhecer a postura
financeira da empresa, se esta se encontra numa situação de risco ao realizar certas
actividades que não aumentam o valor de caixa, se a empresa está em condições de cumprir
com as suas obrigações e financiar seus projectos, a demonstração do fluxo de caixa
determina as principais fontes e aplicações de recurso na empresa e dá a conhecer se ela está
a gerar resultados operacionais ou não.

A necessidade de se fazer a pesquisa na empresa Tongaat Hulett,Lda. deve-se ao facto de esta


se limitar ao uso dos instrumentos contabilísticos caso concreto a demonstração do fluxo de
caixa para tomada de decisões. Não obstante, se o comércio seja ele formal ou informal
contribui positivamente na alavancagem da economia é importante que os seus fazedores no
mínimo tenham domínio da gestão de tesouraria, para que sejam obtidos os resultados
pretendidos.

1.6. Abordagem Espacial


Para o presente estudo, fez-se a recolha de dados na empresa Tongaat Hulett,onde o
estudo em questão foi dirigida aos colaboradores do sector da contabilidade e a entrevista
foi feita ao contabilista e ao proprietário da empresa.

1.6.1. Abordagem Temporal


O presente estudo tem o seu horizonte temporal que compreende o período de 2014 a
2016.

2
1.7.Estrutura do Trabalho
A presente pesquisa contempla 5 (cinco) capítulos, respeitando a seguinte ordem:

 Introdução. Onde se descreve os aspectos introdutórios pertinentes sobre o tema.


 Revisão da literatura. Neste capítulo apresentam-se várias abordagens e conceitos
relativos ao tema em análise.
 Metodologia. Neste capítulo são descritos os métodos aplicados na pesquisa,
apresentação e discussão dos resultados.
 No quarto apresenta-se os aspectos teóricos e práticos encontrados durante a pesquisa
na empresa Tongaat Hullet.
 O quinto e último apresenta as conclusões e recomendações.

3
CAPÍTULO II. REVISÃO DA LITERATURA
Neste capítulo, procura-se apresentar a literatura central para a elaboração do trabalho.Esta
parte do estudo tem como objectivo apresentar alguns estudos que foram desenvolvidos em
torno do tema que versa sobre a importância do uso do fluxo de caixa na gestão de pesquisas
de pequenas e medias empresas e teremos como objecto de análise a empresa Tongatt Huett
Lda. De salientar que a pesquisa científica necessita de um apoio para o seu desenvolvimento,
para o efeito a fundamentação teórica serve de base para sua realização. De modo a permitir
maior compreensão sobre o tema abordado são trazidas neste capítulo várias ideias de
diversos autores bem como a definição dos principais conceitos.

2.1. Gestão Financeira


A Gestão financeira pode ser definida como a gestão dos fluxos monetários da actividade
operacional da empresa, em termos das suas respectivas ocorrências no tempo. A gestão
financeira preocupa-se com a administração de entradas e saídas de recursos monetários da
actividade operacional da empresa (Cadernos de Estudos No.1989)

2.1.1. Finanças
De acordo com Gitman (2010), finanças pode ser entendida como a arte e a ciência de
administrar o dinheiro ou seja diz respeito ao processo, às instituições aos mercados e aos
instrumentos envolvidos na transferência de dinheiro entre pessoas ou empresa e outras
entidades.

Para Groppelli (2002), “finanças são a aplicação de uma série de princípios económicos e
financeiros para maximizar a riqueza ou o valor de um negócio”.

As finanças fornecem meios de tomar decisões de investimentos flexíveis e correctas no


momento apropriado e mais vantajoso. A enfâse das finanças recai sobre as formas de orçar
com eficácia os recursos escassos e investir os capitais nos activos ou projectos que
apresentam o maior balanceamento de risco/retorno (Groppelli, 2002).

Gitman (2010), diz que as finanças podem ser divididas em várias áreas e uma das principais
é a administração financeira.

Segundo Groppelli (2002), a administração financeira é ocorrência de factos econômicos e


financeiros abrangentes que influenciam as vendas e também os lucros da empresa.

4
Brigham e Ehrhardt (2006), defendem que a administração financeira é importante para todos
os tipos de negócios, inclusive bancos e outras instituições financeiras, assim como empresas
industriais e comerciais, tem grande importância nas operações governamentais, como
escolas, hospitais. Uma boa administração financeira é de vital importância para a saúde
econômica das empresas e tem como objectivo ajudar a maximizar o valor de uma empresa,
que é determinado por resultados revelados nas demonstrações financeiras.

2.1.1.1. Fluxo de Caixa


O fluxo de caixa segundo Silva (2008), “é um instrumento de planeamento e controle
financeiro, que tem a capacidade de apresentar em valores e datas os inúmeros para dados
gerados pelo sistema de informação da empresa”. O fluxo de caixa além de ser um
instrumento de planeamento é também um instrumento de tomada de decisões para o
gerenciamento financeiro de curto, médio e longo prazo.

Para Zdanowicz (2000), fluxo de caixa é o instrumento que permite demostrar as operações
financeiras que foram realizadas pela empresa, facilitando a análise e a decisão de
comprometer os recursos financeiros, de relacionar as linhas de crédito menos onerosas, de
determinar o quanto a organização dispõe de capitais próprios, bem como utilizar
disponibilidades da melhor forma possível.

Demonstração de fluxo de caixa é descrita por Bruni e Fama (2006), como sendo “uma
representação dos movimentos de caixa da empresa. Ela se preocupa em analisar a variação
da conta com maior liquidez no grupo dos activos circulantes: a conta caixa”. O fluxo de
caixa para além de ser um instrumento de planeamento é também um instrumento de controlo
devido a sua capacidade de oferecer dados relativamente às entradas e saídas do dinheiro em
caixa.

2.1.1.2. Empresas
Segundo Gullo (2016), “A empresa é uma organização capaz de produzir e ofertar produtos
(bens e serviços), que possam satisfazer as necessidades das pessoas, e com isto, alcançar
seus objectivos, sua sobrevivência e sustentabilidade”.

Chiavenato (2004), refere que as Empresas “são organizações sociais que exploram um
negócio específico visando alcançar um determinado objectivo. O objectivo final pode ser o

5
lucro assim como pode ser o atendimento de determinadas necessidades e demanda da
sociedade sem a preocupação prévia com o lucro”.

As empresas na óptica dos autores são agentes que produzem e oferecem bens e serviços
para satisfação das necessidades de quem os demandam. Elas podem ter como objectivo
principal o lucro ou não, dependendo da sua natureza. As necessidades dos clientes variam a
cada dia que passa para tal, as empresas devem estar a altura de corresponder com
asmudanças do mercado assim como fazer o uso dos meios de administração para alavancar
a sua economia.

2.1.2. Evolução das Demonstrações Financeiras


De acordo com Brigham (2006) apud Barbosa (2012), o primeiro momento em que surgiu a
administração financeira foi por volta do ano de 1.900. O início destes estudos começou com
o foco de orientar as empresas que já iniciaram as suas actividades no mercado, porém não
conseguiram legalizar as mesmas.

Diante da necessidade extrema de controlar os recursos do património, o Homem primitivo


buscava mecanismos de contar (inventariar) o seu rebanho conforme relata Marion (2006)
citado por Lennon e Sousa (2007), afirmando que o Homem, por ter uma natureza
ambiciosa, preocupava-se com a contagem, o crescimento, a evolução, o controlo do rebanho
e da sua riqueza. Este ainda vem referir que a partir desta preocupação o Homem começou a
buscar alguns métodos, os quais, através de vários aperfeiçoamentos se tornaram os
controlos contabilísticos utilizados na actualidade.

“No século XIV, o resumo de contabilidade passou a ser parte integrante do livro
contabilístico sob a forma do balanço patrimonial, e com o crescimento dos
empreendimentos no século XVI passaram a ter muitos investidores exigindo que fossem
promovidas cópias para o conhecimento dos aplicadores” (Lennon e Sousa, 2007).

Portanto, podemos verificar que dos tempos passados até hoje a contabilidade não perdeu
seus princípios, ou seja, ela foi criada com o intuito de garantir o controlo das organizações e
esta prática pode ser verificada na actualidade.

6
2.1.3. Pequenas e Médias Empresas
Na perspectiva de Longenecker e Moore (2010), para definir as pequenas e médias empresas
são usados critérios como o número de trabalhadores, o volume de vendas e o valor dos seus
activos.

Para aferir o tamanho de uma empresa as normas são basicamente arbitrárias e se adoptam
para servir a um propósito particular. Por exemplo: os legisladores em algumas ocasiões
excluem as empresas com menos de 10 ou 15 trabalhadores de certos regulamentos, para
evitar impor um fardo financeiro ao proprietário de uma empresa muito pequena”
(Longenecker & Moore, 2010).

Em Moçambique segundo o decreto N.º 44/2011, de 21 de Setembro como categoria de


micro empresa foram consideradas todas as empresas que tenham 1 a 4 trabalhadores. Para
pequenas empresas foram consideradas todas aquelas que tenham entre 5 a 49 trabalhadores
ou de 1 milhão e duzentos mil meticais a 14 milhões e setecentos mil meticais e para médias
empresas são as que tenham 50 a 99 trabalhadores ou de 14 milhões e setecentos mil
meticais a 29 milhões e novecentos mil meticais, Relatório da SEBRAE (2011).

Partindo da ideia descrito no relatório acima citado, a questão da dimensão das empresas
sobretudo as pequenas e médias, é julgada pelos legisladores para o cumprimento de um
propósito particular. Oque significa que não há critérios comuns universalmente aceites que
definam as pequenas e médias empresas.

2.1.4. Organização Financeira de Pequenas e Médias Empresas


Azevedo (2010), sublinha que o sector financeiro de uma empresa é amplo e dinâmico, de
maneira que deve ser administrada por meio de critérios profissionais. Afirma ainda que o
grau de sucesso de uma empresa está directamente relacionado ao nível de qualificação de
seus gestores financeiros, sendo este factor fundamental para o crescimento das micro e
pequenas empresas.

Tracy (1994), afirma que qualquer empresa, seja de que porte for, deve nortear suas acções
financeiras baseadas em três vertentes: gerar lucro, gerar caixa e controlar a situação
financeira. Muitas empresas nascem através de empreendedores que trabalharam por muitos
anos em determinado segmento, tem conhecimento do processo operacional e dominam o
negócio, entretanto, quando o assunto é finanças para PME’s, por muitas vezes falta o

7
conhecimento necessário, ou ainda, o negócio expande rapidamente e a administração das
finanças não acompanha esse crescimento por não possuir a estrutura necessária ou pelo
demasiado envolvimento com a produção.

Loddi (2008), refere que todas as ferramentas utilizadas para atender a essas acções de
demonstração do resultado, demonstração do fluxo de caixa e balanço patrimonial,
geralmente adoptadas em grandes empresas, deveriam também ser utilizadas pelas pequenas
empresas, visto que contribuem na tomada de decisões, no controle e no planeamento.

2.1.5.PME’s Moçambicanas
De acordo como o relatório da SEBRAE (2011) “As PME’s Moçambicanas representam
cerca de 98,7% do número total 26.624 de empresas registadas em Moçambique,
empregando 24,1% (121.036) da força de trabalho formal total do país. Apesar de seu
reconhecido potencial como motor de crescimento, a contribuição das PME’s para o produto
interno bruto (PIB) é baixa, por conseguinte tem níveis de produtividade ainda baixos. As
microempresas correspondem a 79,%, as pequenas a 9, 6% e as médias empresas 9,1% e
volume de negócios 33,4 % (131.572 milhões).

2.2. Ciclo de conversão de caixa


Para Vieira (2005), “O ciclo de conversão de caixa é a dimensão do tempo decorrido entre as
saídas de caixa operacionais e o recebimento de vendas de produtos, e representa uma
avaliação do prazo durante o qual os recursos financeiros ficam comprometidos nos
investimentos realizados em activos circulantes”, e pode ser descriminado pela seguinte
equação:

Ciclo de Conversão de Caixa = Prazo de conversão de estoques + prazo de recebimentos – Prazo de pagamento
Fonte: Vieira (2005).

Importa referir que quanto maior for o prazo de estocagem e o prazo concedido aos clientes,
maior será o ciclo e, consequentemente, o volume de investimentos no activo circulante o que
acaba criando uma situação de desequilíbrio do caixa da empresa. O inverso acontece quando
a empresa dilata o prazo de pagamento negociado com os seus fornecedores.

Segundo Gittman (2009), algumas empresas estabelecem uma meta para o ciclo de conversão
de caixa, e então monitoram e gerenciam o ciclo efectivo para aproximar-se da meta
8
estabelecida. Um ciclo de caixa positivo significa que a empresa usa passivos negociados
(como empréstimos bancários) para sustentar seus activos operacionais. Os passivos
negociados apresentam um custo explícito, de modo que a empresa beneficia-se ao
maximizar o seu uso para manter activos operacionais. Para uma gestão de CCC (ciclo de
conversão de caixa) na óptica deste autor devem ser consideradas as seguintes estratégias:

1. Gerar o estoque dos produtos mercantis o mais rápido possível, sem faltas que resultem em
vendas perdidas;

2. Cobrar as contas a receber o mais rápido possível sem perder vendas por conta de
cobranças muito agressivas;

3. Liquidar as contas a pagar a fornecedores o mais lentamente possível, mas sem prejudicar
o rating de créditos da empresa.

2.3. Orçamento de Tesouraria


“O orçamento representa a expressão quantitativa, em unidades físicas, medidas de tempo,
valores monetários etc., dos planos elaborados para o período subsequente, em geral de doze
meses” Sanvicente (2009).

Caiado (2015), define o orçamento de uma empresa como sendo “um documento
formalmente escrito para os planos da gestão a desenvolver no futuro”. Indica o curso da
acção futura, servindo as principais funções da gestão, do mesmo jeito que os desenhos do
arquitecto ajudam o construtor e o plano de voo auxilia um piloto.

De um modo geral, o orçamento traz uma demonstração em valores monetários das


necessidades da empresa em termos de recursos para o cumprimento das metas traçadas.Isto
é, a empresa antes do início das suas actividades, geralmente no início do ano deve ter um
orçamento devidamente elaborado que demostra quanto necessitará em capital assim como
em recursos, para poder iniciar com as suas actividades e alocar o capital adequado no
departamento certo.

Numa organização o orçamento pode ser global, no sentido deste poder cobrir todas as
actividades num período. É provável que a empresa faça uso de orçamentos parciais que
correspondem a um determinando departamento ou actividade. Ė de salientar que o controlo
do orçamento de uma empresa é um dos caminhos para o sucesso empresarial. De referir que

9
o mesmo evita a possibilidade de ocorrência de desvios de aplicação, desvios do capital de
giro operacional (fundo de maneio) que podem comprometer o alcance dos objectivos da
empresa (Caiado, 2015).

2.4. Controlo Interno


“O dinheiro como é sabido, exerce grande influência no instinto de perversão, cobiça,
ambição das pessoas e a grande maioria das irregularidades a ele se relacionam. Além disso o
dinheiro entra em quase todas as transacções” (Hoji, 2009).

Segundo Almeida (2014), “o controlo interno é um processo conduzido por todos os


intervenientes de uma organização com a finalidade de fornecer uma certeza razoável sobre o
cumprimento dos seus objectivos: eficiência e eficácia das operações, fiabilidade das
demonstrações financeiras e cumprimento de leis e regulamentos”.

Para Avon (2012), “controlo interno é um conjunto de actividades, planos, métodos e


procedimentos interligados, utilizados com vista a assegurar que os objectivos dos órgãos e
entidades da administração sejam alcançados de forma confiável e correcta”. Autores como
Morais e Martins (2013) enfatizam que:

“O controlo interno é qualquer acção empreendida pela gestão, pelo conselho e outras entidades para
aperfeiçoar a gestão de risco e melhorar a possibilidade do alcance dos objectivos e metas da entidade”
(Morais e Martins, 2013).

“A dimensão das organizações influencia o modo como os instrumentos de controlo interno


são implementados. As grandes organizações têm a capacidade de implementar as
componentes do controlo interno, as organizações de pequena dimensão utilizam abordagens
alternativas para produzir os mesmos efeitos. Nas pequenas e médias empresas, o gestor está
mais envolvido nas actividades diárias, podendo assim efectuar um maior controlo dessas
actividades, identificando os riscos que podem afectar a organização. Nesta categoria de
empresas, a comunicação pode revelar-se mais eficiente uma vez que os canais de
comunicação não são tão longos” (Almeida, 2014).

2.5. Demonstrações Financeiras (DF’s)


Em cada fim do exercício económico as empresas geralmente apresentam um das
actividades executadas pela instituição ao longo do exercício com vista tirar conclusões a
respeito do seu desempenho.
10
Para Marion (2009), “as demonstrações financeiras visam fornecer informações sobre a
posição patrimonial e financeira, o desempenho e as mudanças na posição financeira da
entidade, que sejam úteis a um grande número de usuários nas suas avaliações e tomadas de
decisões económicas”.

Na óptica do Weil (2009), “As empresas preparam as demonstrações financeiras para vários
usuários externos: proprietários, credores, órgãos reguladores e para seus empregados. As
demonstrações financeiras tentam apresentar informação relevante sobre as actividades por
elas desenvolvidas”. Segundo este autor, os principais instrumentos das demonstrações
financeiras são:

 Balanço patrimonial;
 Demonstração do Resultado;
 Demonstração do Fluxo de caixa.

2.6. Balanço patrimonial


Segundo Franco (2009), “O balanço patrimonial é a representação sintética dos elementos
que formam o património, evidenciando a equação existente entre os capitais obtidos
(passivos) e os aplicados no complexo patrimonial (activo) ”.

Este autor refere que para se conhecer periodicamente a situação do património


administrativo e suas relações jurídicas de débito e de crédito com terceiros (direitos e
obrigações) assim como os bens que o integram, a administração elabora o balanço
patrimonial. Os balanços são classificados em grupos de contas para facilitar a análise
económico-financeira da empresa. Assim, se forem agrupados os recursos disponíveis (Caixa,
Bancos, etc.) e os realizáveis (duplicatas a pagar, contas a pagar, etc.), pode se saber qual a
situação de liquidez ou solvência da empresa.

Para Vieito e Maquieira (2010), “no balanço os activos e passivos encontram-se divididos em
correntes e não correntes”. São activos correntes quando:

 Se espera que sejam realizados ou, detidos para venda ou consumo no decurso
normal do ciclo operacional da empresa.
 Se detenha primordialmente para finalidades de negociação e se espera que essa
operação ocorra dentro de doze meses a partir da data do balanço;

11
 For um activo de caixa, ou seu equivalente, que não esteja restringindo a sua
utilização.

Um passivo deve ser classificado como corrente segundo o autor supracitado quando:

 Seja liquidado no decurso normal do ciclo operacional da empresa;


 Seja detido com finalidade principal de negociação.

2.7. Demonstração de Resultados (DR)


A Demonstração de resultados, segundo Bruni e Famá (2006), “é resultante dos saldos das
contas de receitas, custos e despesas enceradas ao final do exercício. Este instrumento de
gestão tem como finalidade apresentar o lucro em regime de competência. A construção da
DRE estabelece que as receitas de venda devam ser confrontadas com o custo de mercadorias
efectivamente vendidas e as despesas incorridas para se apurar o lucro bruto do período”.

Na óptica de Marion (2009), “o resultado do exercício pode ser lucro ou prejuízo. O prejuízo
é uma situação efémera, e passageira (ninguém sobrevive muito tempo com constantes
prejuízos), enquanto o lucro assume característica permanente”.

Basicamente a DRE de uma empresa comercial é composta por três partes:

 A parte das Receitas;


 A parte dos custos das Mercadorias Vendidas;
 A Parte das Despesas Operacionais.

2.7.1. Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC)


Segundo alguns autores como Costa e Alves (2008), “A demonstração dos fluxos de caixa é a
administração financeira adoptada para apresentar as alterações na posição financeira e na
qual os influxos e de fluxos de caixa são devidamente explicados e justificados”.

Na visão de Silva (2008), “Demonstração dos fluxos de caixa é um instrumento de


planeamento e controle financeiro, que tem a capacidade de apresentar em valores e datas os
inúmeros dados gerados pelo sistema de informação da empresa”. Este reafirma que o fluxo
de caixa além de ser um instrumento de planeamento é também um instrumento de tomada de
decisão para o gerenciamento financeiro de curto, médio e longo prazo.

12
Bruni e Famá (2006), salientam que:“A demonstração dos fluxos de caixa é uma representação dos movimentos
de caixa da empresa, que se preocupa em analisar a variação da conta com maior liquidez no grupo dos
activos circulantes: a conta caixa”. Na ideia dos autores supracitados, o fluxo de caixa para além de ser um
instrumento de planeamento é também um instrumento de controlo devido a sua capacidade de oferecer dados
relativamente as entradas e saídas do dinheiro em caixa.

Na ideia dos autores supracitados, o fluxo de caixa para além de ser um instrumento de
planeamento é também um instrumento de controlo devido a sua capacidade de oferecer
dados relativamente as entradas e saídas do dinheiro em caixa.

2.8. Mapa de Origem e Aplicação de Fundos (MOAF)


Na visão do Martins e Neto (1987), este mapa de demonstração financeira tem como
principal objectivo evidenciar de onde se originam os valores que aumentaram o capital
circulante líquido da empresa e para onde foram os valores que o diminuíram. Trata-se de
fluxo financeiro que procura ampliar a utilidade das demonstrações financeiras, já que a
demonstração da mutação patrimonial fala apenas da evolução do património líquido e a
demonstração dos resultados trata dos fluxos de receitas, despesas, ganhos, perdas do período
e considera para que não afecte o capital circulante líquido da empresa.

2.9. Relação existente entre Balanço, a DR e a DFC.


Segundo Borges (2007), o balanço presta uma informação estática. Essa informação tem
significado na data em que se reporta, dando a conhecer os recursos económicos da empresa
e a sua estrutura de financiamento. Por sua vez, a demonstração dos resultados, que cobre a
área económica da empresa, permite conhecer o seu desempenho durante um dado período
de tempo (se no período o resultado foi positivo ou negativo) e o que contribuiu para tal
situação. Por sua vez, a demonstração dos fluxos de caixa vem preencher uma lacuna
informativa mostrando qual foi a variação dos meios líquidos monetários num período
determinado e o que a originou essa variação.

3. Fluxo de Caixa como instrumento de Gestão Financeira


Marion (2009), salienta que “todo mundo tem seu fluxo de caixa, por mais simples que uma
pessoa seja, ela tem de memória, quanto dinheiro entrou no mês e quanto saiu, e quanto foi
gasto. Até uma criança que ganha mesada conhece seu fluxo financeiro”.

13
Entretanto “algumas pessoas organizadas têm o seu fluxo de caixa obtido através de um
extracto recebido do banco, ou de cartão de crédito e outras fazem anotações em sua agenda
ou planilhas no laptop” (Marion, 2009). Este autor ainda afirma que as principais razões de
insucesso ou falência das empresas, uma delas é a falta de planeamento financeiro ou a
ausência total do fluxo de caixa e previsão de fluxos de caixa. Sem um fluxo de caixa
projectado a empresa não sabe antecipadamente quando precisará de um financiamento.

Com vista a ilustrar os benefícios de demonstração de fluxos financeiros, na visão de Lopes


(2013) apresentam-se:

 Os fluxos financeiros proporcionam informações sobre o contributo das actividades


operacionais, de investimento para obtenção de caixa e equivalentes a caixa.
 Ajudar os utentes a melhorar o conhecimento das alterações ocorridas na estrutura
financeira da empresa ou entidade (incluindo a liquidez e a solvabilidade) e da sua
capacidade de gerar meios de pagamento e em que tempo, tendo em conta a
necessidade de adaptação a situações de mudanças e oportunidades no Mercado;
 Avaliar a capacidade da empresa em satisfazer as suas obrigações e proporcionar
retornos aos seus investidores;
 Desenvolver modelos para determinar e comparar o valor presente dos fluxos de
caixa futuros de diferentes empresas;
 Relacionar a lucratividade da empresa com a capacidade de fazer dinheiro, etc.

3.1. Componentes dos Fluxos de Caixa


A concorrência das empresas exige que elas tenham eficiência na gestão de seus recursos
financeiros. A empresa precisa ter uma visão detalhada e objectiva das finanças, e este é um
dos factores mais importantes para sua permanência no mercado. Para isso o fluxo de caixa
planeado que auxilia nas tomadas de decisão e é capaz de antecipar as acções a serem
executados para não serem surpreendidas por estarem desprevenidas, assim alcançando metas
satisfatórias. “O objectivo básico do fluxo de caixa planeado é projectar as entradas e saídas
de recursos financeiros, num determinado período, avaliando as necessidades de capturar
recursos ou aplicar os excedentes de caixa.’’ (Tofili, 2008).

Para Costa & Alves (2008), “Os fluxos de caixa devem ser classificados de acordo com o tipo
de actividades que os originou. Na elaboração da respectiva demonstração são identificadas
três classes de actividades:

14
 Actividades operacionais,
 Actividades Investimento,
 Actividades Financiamento,Cujo conteúdo e importância se apresentam
seguidamente.

3.2. Actividades operacionais


São as que decorrem do objecto social e, como tal, incluem as principais actividades
produtoras de réditos e outras que não sejam de investimento e de financiamento. Os fluxos
líquidos gerados ou utilizados pelas actividades operacionais constituem um indicador da
empresa em gerar meios de pagamento suficientes para manter a capacidade operacional,
reembolsar empréstimos, pagar dividendos e fazer investimentos de substituição sem ter de
recorrer a capitais alheios (Costa & Alves, 2008) ”.

Exemplos de fluxos de caixa provenientes de actividades operacionais segundo Lopes(2013);

 Recebimentos de caixa provenientes da venda de bens e da prestação de serviços,


comissões e outros réditos;
 Pagamentos de caixa a fornecedores de bens e serviços e por conta de empregados
 Pagamentos ou recebimentos por caixa por restituições de impostos sobre o
rendimento, a menos que estes se relacionem as outras actividades e de contractos ou
detidos com a finalidade de negócio.

3.2.1. Actividades de investimento


“As actividades de investimento compreendem a aquisição e alienação de imobilizações
corpóreas e incorpóreas e as aplicações financeiras não consideradas como equivalentes de
caixa. A informação relativa aos fluxos de caixa das actividades de investimento é
relativamente, na medida em que representa a extensão dos dispêndios feitos para obtenção
de recursos que tenham em vista gerar resultados e fluxos de caixa futuros” (Alves, 2008).

Seguem-se alguns exemplos de fluxos de caixa provenientes de actividades de investimento


segundo Lopes (2013):

 Pagamento de caixa para aquisição de activos fixos tangíveis, intangíveis e outros


activos de longo prazo;

15
 Recebimentos de caixa por venda de alguns activos fixos tangíveis, intangíveis e
outros activos de longo prazo;
 Pagamento de caixa para aquisição de instrumentos de capital próprio ou de divida de
outas entidades e de interesses em empreendimentos conjuntos.

2.8.3. Actividades de financiamento


“São todas aquelas que têm como consequência alterações na extensão e composição dos
empréstimos obtidos e do capital próprio da empresa”. A informação dos fluxos de caixa
gerados ou utilizados por actividades de financiamento permitem estimar as necessidades dos
meios de pagamento e as de novas entradas de capital, bem como proporcionar aos
financiadores informação sobre a capacidade de serem reembolsados (Lopes, 2013).

Seguem-se alguns exemplos de fluxo de caixa provenientes de actividade de financiamento


segundo Lopes (2013):

 Recebimentos de caixa provenientes de emissão de acções ou de outros instrumentos


de capital próprio;
 Pagamento de caixa por aquisição de acções (quotas) próprias, redução de capital ou
amortização de acções (quotas);
 Recebimentos provenientes de emissão de certificados de dívida, empréstimos,
livranças, obrigações, hipotecas e outros empréstimos obtidos a curto ou longo prazo;
 Reembolso de caixa de quantias de empréstimos obtidos e
 Pagamento por caixa por uns locatários para a redução de uma dívida em aberto
relacionada com uma locação financeira.

2.9. Método para Elaboração da Demonstração dos Fluxos de Caixa


Na visão do Borges et al, (2007), a apresentação da demonstração dos fluxos de caixa pode
ser feita pelo método directo ou indirecto. Esta diferenciação é relevante apenas para as
actividades operacionais. No método directo as actividades operacionais são discriminadas
por recebimentos e pagamentos, ao passo que no método indirecto apenas se conhece o efeito
líquido dos recebimentos e dos pagamentos; o primeiro é mais analítico e permite
compreender o modo como a empresa gera e utiliza o meio de pagamento.

16
2.9.1. Características do Método directo
O método directo segundo Costa e Alves (2008),“é aquele divulga as principais componentes
dos recebimentos de caixa e dos pagamentos de caixa, em termos brutos, permitindo aos
utentes compreender o modo como a empresa gera e utiliza os meios de pagamento. Neste
método, os recebimentos e os pagamentos podem ser obtidos directamente dos registos
contabilísticos mediante a existência de um subsistema de informação apropriado, como é o
caso da utilização das demonstrações financeiras tradicionais. Sendo adoptada esta
modalidade, a determinação dos recebimentos e pagamentos é efectuada através do
ajustamento das rubricas da demonstração dos resultados”.

A demonstração pelo método directo facilita ao usuário avaliar a solvência da empresa, pois
evidencia toda a movimentação dos recursos financeiros, a origem dos recursos de caixa e
onde foram aplicados.

As vantagens deste método são de:

 Criar condições favoráveis para que a classificação dos recebimentos e


pagamentos siga critérios técnicos e não fiscais;
 Permitir que a cultura de administrador pelo caixa seja introduzida mais
rapidamente nas empresas;
 Permitir que as informações de caixa estejam disponíveis diariamente.

As desvantagens do método directo são:

 O custo adicional para classificar os recebimentos e pagamentos;


 A falta de experiência dos profissionais das áreas contábil e financeira em usar as
partidas para classificar os recebimentos e pagamentos.

2.9.2. Características do Método Indirecto


O método indirecto “é aquele no qual os recursos provenientes das actividades operacionais
são demonstrados a partir do lucro líquido, ajustado pelos itens considerados nas contas de
resultado que não afectem o caixa da empresa. Demonstra indirectamente o fluxo financeiro
através da comparação do saldo das contas do Activo, Passivo e Resultados. O método
indirecto, embora seja de fácil elaboração, não é geralmente recomendado, na medida em que
o método directo proporciona informações mais detalhadas e completas sobre o fluxo dos
recebimentos e pagamentos durante o exercício, além de facilitar a preparação das

17
estimativas sobre os futuros fluxos de caixa. Oque não é possível pela mera utilização do
método indirecto” (Costa &Alves, 2008).

Vantagens do método indirecto:

 Apresentar baixo custo, pois basta utilizar dois balanços patrimoniais (o do início
e do final do período),
 Permite a demonstração de resultados e algumas informações adicionais são
obtidas na contabilidade;
 Permite a conciliação do lucro contabilístico com o fluxo de caixa operacional
líquido mostrando como se compõe a diferença.

Desvantagens do método indirecto:

 O tempo necessário para gerar as informações pelo regime de competência, para só


depois convertê-las para o regime de caixa (se isso for feito uma vez por ano, por
exemplo, podemos ter surpresas desagradáveis e tardiamente) (Costa & Alves, 2008).

2.10. ASPECTOS GERAIS SOBRE O FLUXO DE CAIXA


Neste tópico apresentam-se os aspectos gerais sobre o fluxo de caixa.

2.10.1. Conceito de Fluxo de Caixa


Para Santos (2001), o Fluxo de Caixa é um instrumento de controle que auxilia na previsão,
visualização e controle das movimentações financeiras de cada período, para se elaborar um
fluxo de caixa, são necessários alguns cuidados, tais como, saber o ciclo financeiro da
empresa, prazo de pagamentos e recebimentos, ter controles auxiliares como recebimento e
pagamentos de fornecedores, controle de despesas e controle de movimento de caixa, sendo
seus valores realistas.

De acordo com Assaf (1995), a actividade financeira de uma empresa requer


acompanhamento permanente de seus resultados, de maneira a avaliar seu desempenho, bem
como proceder aos ajustes e correcções necessários. O objectivo básico da função financeira
é prover a empresa de recursos de caixa suficiente de modo a respeitar os vários
compromissos assumidos e promover a maximização da riqueza.

Na administração financeira, o fluxo de caixa é um dos principais instrumentos de controle


gerencial, sendo considerado por Matarazzo (2003), como imprescindível na actividade
18
empresarial e mesmo para pessoas físicas que se dedicam a algum negócio. Por meio desse
instrumento de controlo gerencial é possível avaliar se a empresa é auto-suficiente no
financiamento do seu giro, bem como prever a sua capacidade de expansão com recursos
próprios.

O fluxo de caixa apresenta-se como um dos instrumentos mais eficazes na gestão financeira
das empresas, permitindo ao administrador planear, organizar, coordenar, dirigir e controlar
os recursos financeiros para um determinado período, influenciando o processo de tomada de
decisão. Possibilita também ao gestor, programar e acompanhar as entradas e as saídas de
recursos financeiros, de forma que a empresa possa operar de acordo com os objetivos e as
metas determinadas, a curto e a longos prazos (Matarazzo, 2003).

Para Braga e Marques (2001), o fluxo de caixa possui como uma das suas finalidades, servir
de instrumento para avaliação da liquidez da organização, ou seja, sua capacidade e garantia
de pagamento das dívidas nas datas de vencimento, através das medidas de desempenho.
Estas medidas podem ser classificadas como avaliadoras do grau de suficiência ou eficiência
do negócio, ou ainda medidoras da capacidade de pagamento e do nível de retorno associado
a um determinado elemento patrimonial.

Matarazzo (2003), destaca como principais objectivos do fluxo de caixa, avaliar alternativas
de investimento, avaliar e controlar ao longo do tempo as decisões importantes que são
tomadas na empresa, com reflexos monetários, avaliar as situações presente e futura do caixa
na empresa, posicionando-a para que não chegue a situações de liquidez, e certificar que os
excessos momentâneos de caixa estão sendo devidamente aplicados.

Analisando o fluxo de caixa como instrumento estratégico e táctico na gestão, é muito


comum numa situação crítica de falta de liquidez de uma empresa a priorização do caixa. As
empresas em dificuldades no negócio que esteja tentando evitar a falência, colocam-se
desesperadamente nas mãos do fluxo de caixa para perseguir a saída das suas dificuldades.
Pensar no fluxo de caixa da empresa é sempre muito saudável, quer a empresa esteja
atravessando bons ou maus momentos. Na verdade, pensar é pouco, pois o correcto seria
utilizar gerencialmente o instrumento (Frezatti, 1997).

Esta utilização estratégica do fluxo de caixa, acaba ficando quase que restrita às empresas de
médio e grande porte, pois o processo de implantação e manutenção do fluxo de caixa
projectado é uma das principais dificuldades dos administradores financeiros de pequenas

19
empresas, que geralmente, são leigos em contabilidade, o que dificulta até mesmo a
compreensão e diferenciação de resultado contábil e financeiro, ou fluxo de caixa projectado
com planeamento financeiro.

Conforme Sá (2006), o fluxo de caixa projectado é o produto final da integração das contas a
receber com as contas a pagar. Seu objectivo é identificar as faltas e os excessos de caixa, as
datas em que ocorrerão, por quantos dias e em que montantes. É a partir do fluxo de caixa
projectado que se faz o planeamento financeiro, que é um conjunto de operações de resgate
de aplicações financeiras, de captação e de aplicação de recursos, seleccionado entre várias
opções possíveis para conduzir aos melhores resultados.

Para Ross et all. (2002), o fluxo de caixa é uma das informações financeiras mais importantes
que podem ser extraídas de demonstrações financeiras. Indica a diferença entre o número de
dólares recebidos e os que saíram da empresa”. O fluxo de caixa da empresa é um dos
eventos mais fundamentais nos quais são baseadas as mensurações contabilísticos. Os
gestores e os investidores em particular estão bastante interessados no fluxo de caixa gerado
pelos activos da empresa. Este fluxo de caixa não é somente o problema central de
sobrevivência da empresa, mas é essencial para que os objectivos da empresa sejam
alcançados (Figueiredo; Caggiano, 1997).

Silva (1996), afirma que o fluxo de caixa é considerado um dos principais instrumentos de
análise, propiciando identificar o processo de circulação do dinheiro, pois, ele tem a
capacidade de examinar as entradas e saídas de dinheiro que transitaram pela empresa, assim
como o que ainda não aconteceu, mas que está projectado para o futuro. Assim, entre os
vários relatórios contabilísticos, a Demonstração de Fluxo de Caixa tornou-se uma ferramenta
indispensável para uma boa gestão de qualquer negócio.

Os principais objectivos da demonstração do fluxo de caixa são avaliar alternativas de


investimento; avaliar e controlar ao longo do tempo as decisões importantes que são tomadas
na empresa, com reflexos monetários; avaliar a situação presente e futura do caixa na
empresa, posicionando-a para que não chegue a situações de liquidez; e certificar que os
excessos momentâneos de caixa estão sendo devidamente aplicados (Matarazzo, 1998).

20
2.10.2. Factores que afectam o fluxo de caixa
Segundo Silva (2008), “existem factores internos e externos que afectam o fluxo de caixa, o
que ocasiona diferenças acentuadas entre o previsto e o realizado. Comprometendo a eficácia
do sistema, bem como a sua liquidez”:

2.10.3. Factores Internos que afectam o Fluxo de Caixa


 Aumento no prazo de vendas concedido como uma forma de aumentar a
competitividade ou a participação no mercado.
 Compras que não estão em linha com as projecções de vendas;
 Diferenças representativas nos prazos médios de recebimento e pagamento;
 Ciclos de produção muito longos que não estão em consonância com o prazo
médio dado pelos fornecedores;
 Política salarial incompatível com as receitas e demais despesas operacionais;
 Distribuição de lucros incompatíveis com a capacidade de geração de caixa;
 Custos financeiros altos originários do nível de endividamento,
 Aumento do nível de inadiplência,
 Baixa ocupação do activo fixo e
 Expansão descontrolada das vendas, implicando um volume maior de compras e
custos operacionais (Silva, 2008)

2.10.4. FactoresExternos que afectam o Fluxo de Caixa


 Inflação, elevação do nível de preços e taxas de juros;
 Diminuição das vendas em decorrência da retracção do mercado;
 Novos concorrentes;
 Mudança na alíquota dos impostos (Silva, 2008).

Para que estes problemas não aconteçam para o comprometimento do fluxo de caixa, é
necessário que haja uma ligação muito forte entre os sectores, para que antes da tomada de
decisões, haja um debate para que as propostas dadas sejam analisadas pelo administrador
financeiro.

21
2.11. Os Objectivos do Fluxo de Caixa
Conforme Neto & Silva (2002), o fluxo de caixa descreve diversas movimentações
financeiras da empresa em determinado período de tempo, e sua administração tem por
objectivo preservar uma liquidez imediata, essencial à manutenção das actividades da
empresa. Por não incorporar explicitamente um retorno operacional, o seu saldo deve ser o
mais baixo possível, o suficiente para cobrir as várias necessidades associadas aos fluxos de
recebimentos pagamentos.

Deve-se ter em conta que saldos mais reduzidos de caixa podem provocar, entre outras
consequências, perda de descontos financeiros vantajosos pela incapacidade de efectuar
compras à vista junto aos fornecedores, por outro lado, posições de mais elevada liquidez
imediata, ao mesmo tempo em que promovem segurança financeira para empresa, apura-se
um maior custo de oportunidade.

O objectivo fundamental para o gerenciamento dos fluxos de caixa é atribuir maior rapidez as
entradas de caixa em relação aos desembolsos ou, da mesma forma, optimizar a
compatibilidade entre a posição financeira de uma empresa e suas obrigações correntes.

Os demais objectivos do fluxo de caixa são também relevantes que são: (Neto & Silva, 2002)

 Planear as necessidades de captação de recursos de maneira a preservar a liquidez,


 Fornecer recursos para a realização das transacções definidas no planeamento
financeiro,
 Pagar as obrigações dentro do vencimento;
 Aplicar de forma eficaz os recursos disponíveis sem comprometer a liquidez;
 Planear e controlar os recursos financeiros, utilizando:
Análise e controle das actividades de planeamento de vendas e despesas,
 Análise para as necessidades de capital de giro e prazos médios de contas a receber,
 Pagar,
 Estoques, etc.,
 Verificar as fontes de créditos onerosas de modo a minimizar o custo do seu uso;
 Visar ao equilíbrio financeiro dos fluxos de entradas e saídas de recursos;
 Coordenar os recursos a serem usados pelas diversas actividades da empresa em
termos de investimento;

22
2.12. Relevância da Demostração dos Fluxos de Caixa
Segundo Gil (2004), o fluxo de caixa é uma ferramenta imprescindível para a tomada de
decisões, pois é através dos resultados que obtém do caixa que a empresa iráactuar,
destacando a importância do planeamento no controlo financeiro. Sendo um instrumento de
gerência que permite apoiar o processo decisório, as informações devem estar orientadas pelo
fluxo de caixa.

Para Borges (2007), pode-se considerar que o fluxo de caixa reflecte e prevê o que irá
acontecer com as finanças da organização num determinado período de tempo. Da forma
mais usada pelas empresas, devido ao seu fácil entendimento e também por conter
informações exactas da situação financeira da empresa, o fluxo de caixa é um facilitador para
tomada de decisões.

Segundo Neves (2002), o fluxo de caixa serve para orientar o administrador financeiro sobre
a situação real da empresa, indicando sobra ou carência de recursos num determinado
período, de forma que as decisões tomadas com o fluxo de caixa contribuam para a
organização.

Segundo Gitman (1997), o planeamento de caixa é espinha dorsal da empresa. Sem ele não se
saberá se haverá caixa suficiente para sustentar as operações quando se necessita de
financiamento bancários. As empresas que continuamente tenham falta de caixa e que
necessitam de empréstimo de última hora, poderão perceber como é difícil encontrar bancos
que poderão providenciar o financiamento.

Segundo Matarazzo (2003), a gestão de fluxo de caixa é algo fundamental na organização,


desde o seu estágio inicial, passando pelo desenvolvimento até mesmo ao momento da sua
extinção. Considerar o fluxo de caixa de uma organização como um instrumento gerencial,
não significa que ela vai prescindir da contabilidade e dos relatórios gerenciais gerados pela
contabilidade, pretende-se aliar a potencialidade do fluxo de caixa para melhor gerenciar a
tomada de decisões.

2.13. Políticas de Administração do Fluxo de Caixa


Segundo Lemes et all. (2002), a gestão do caixa é a actividade da administração financeira
que objectiva a optimização dos recursos financeiros, integrada às demais actividades da
empresa. Uma boa administração do caixa depende da harmonia entre as saídas e entradas,

23
sendo que pode haver sobras e faltas de dinheiro, que obrigará o administrador financeiro a
encontrar soluções para resolver situações dessa natureza.

O ciclo de caixa é o período em que os recursos da empresa foram utilizados para o


pagamento dos bens e/ou matérias-primas até o recebimento pela venda do produto acabado
resultante (Lemes et all., 2002). Assim, o ciclo de caixa depende das políticas que são
adoptadas pela empresa e estas devem ser estabelecidas, conforme a necessidade e de acordo
com as demais políticas internas.

Ainda, de acordo com Lemes et all. (2002), existem formas para melhorar o ciclo de caixa da
empresa, tais como:

 Redução do tempo de compensação da cobrança:


Nesse caso é necessário que o administrador procure minimizar o tempo que ocorre
entre o pagamento feito pelo cliente e a efectiva disponibilização do mesmo ao caixa
da empresa;
 Ampliação do tempo de pagamento:
Essa técnica tem como objectivo o aumento do prazo para pagamento o máximo
possível, para que se ajuste com as entradas de caixa de forma a não deixar obrigar o
administrador a buscar recursos fora da empresa a custos mais altos,
 Redução dos prazos de processamento administrativo:
Visa acelerar o processo da entrada de cheques na tesouraria e a posterior utilização
dos mesmos, através de depósitos bancários;
 A aceleração da cobrança de valores a receber:
Possui como objectivo principal acelerar o recebimento dos clientes, mediante
descontos pelo pagamento no prazo ou antecipadamente;
 Uso de meios electrónicos:
Com a modernização do sistema bancário, hoje as agências são mais eficientes
facilitando o trabalho dentro das empresas através da comunicação e agilização do
processo de recebimento;
 A melhoraras formas de cobrança:
Existem várias formas de cobrança que podem ser estudadas e adaptadas para
melhorar a eficácia do processo de recebimento e de cobrança dos valores a receber;
 Ajustamento conveniente dos vencimentos:

24
As despesas que são provisionadas devem ser ajustadas de acordo com o período em
que o fluxo de caixa é favorável, através de negociações para definição das datas de
pagamento.

2.14. Razão para manter o fluxo de caixa na Empresa


Brigham &Ehrhardt apontam duas razões principais para se manter o fluxo de caixanas
empresas:

 Transacções - os saldos de caixa são necessárias nas operações da empresa. Os


pagamentos devem ser feitos em caixa e os recebimentos são depositados na conta
bancaria. Os saldos de caixa associados aos pagamentos e recebimentos rotineiros
são conhecidos como saldos das transacções.

 Compensação para o banco por fornecer empréstimos e serviços - um banco faz


dinheiro emprestando os fundos dos depósitos recebidos; deste modo, quanto maior
os seus depósitos, melhor a posição do lucro do banco. Se um banco estiver
fornecendo serviços a um cliente, pode exigir que ele mantenha um saldo mínimo
depositado para ajudar a compensar os custos desse fornecimento. Além disso, os
bancos podem exigir que os tomadores de empréstimos mantenham depósitos no
banco.

Na perspectiva de Brigham & Ehrhardt, podem ser consideradas outras razões para manter
caixas as seguintes:

Por precaução e para especulação os fluxos de entrada e saída de caixa são imprevisíveis,
com o grau de previsibilidade variando entre as empresas e sectores. Deste modo, as
empresas precisam de manter alguns valores de reserva para flutuações imprevistas e
aleatórias nos fluxos de entrada e saída de caixa. Esses saldos de segurança são denominados
de precaução. E quanto menos previsíveis os fluxos de caixa de uma empresa, maiores devem
ser esses saldos.

2.15. Planeamento e Elaboração do Fluxo de Caixa


Segundo Silva (2008), “O planeamento de caixa faz parte do Orçamento geral de uma
empresa, que planeia as operações por períodos curtos de seis meses a um ano, podendo ser

25
de períodos menores. Neste caso, ele é conhecido como previsão de caixa ou projecção de
fluxo de caixa”.

“Geralmente o fluxo de caixa não é uniforme durante o mês, pois apresenta períodos
sazonais. Então, a projecção deve ser demonstrada diariamente para períodos próximos.
Quanto maior for o período de projecção maior serão as incertezas a ele ligadas, não fazendo
sentido apresentar o fluxo de caixa de períodos mais distantes” (Silva, 2008).

O autor supracitado sugere a projecção do fluxo de caixa dia a dia para os primeiros 30 dias,
para o segundo ou terceiro mês pode ser apresentado por semana ou quinzena, e do quarto ao
sexto mês pode ser apresentado por mês. No acto da elaboração, deve se analisar primeiro a
qualidade da informação antes do lançamento no fluxo de caixa. Para elaboração do fluxo de
caixa, torna-se necessário considerar possíveis oscilações que irão ampliar ajustes dos valores
projectados mantendo-se a flexibilidade desse instrumento de trabalho.

O planeamento do fluxo de caixa é importante, porque irá indicar antecipadamente as


necessidades de recursos para atendimento dos compromissos que a empresa costuma
assumir, considerando os prazos para serem saldados. Com isso, os administradores
financeiros estarão aptos a planear com a devida antecedência, os problemas de caixa que
poderão surgir, consequências de reduções cíclicas das receitas ou de aumento no volume dos
pagamentos, (Caggiano,1997).

A análise e o planeamento do fluxo de caixa são ferramentas básicas para a administração de


empresa, sendo que o fluxo de caixa assume importante papel no planeamento financeiro,
constituindo num exercício dinâmico, que deve ser constantemente revisto actualizado na
tomada de decisões, observa-se que o planeamento financeiro proporciona meios da empresa
alcançar os seus objectivos, tanto a curto como a longo prazo e, além disso, indica
mecanismos de controle que envolvem todas as suas actividades operacionais e não-
operacionais. Planeamento é estabelecer e manter um plano integrado para as operações
consistentes com os objectivos e as metas da companhia, no curto e no longo prazo, que deve
ser analisado e revisto constantemente, comunicado aos vários níveis de gerência por meio de
um apropriado sistema de comunicação” (Figueiredo,1997).

É importante ressaltar, que o planeamento mostra como o administrador pode aproveitar uma
grande oportunidade, pois, quando se planea, pode-se visualizar cada parte da empresa. Ao
mesmo tempo, o planeamento permite ver a empresa como um todo, o que vai ajudar a

26
desenvolver métodos e estratégias eficientes para o crescimento do negócio. Deste modo
pode-se concluir que o planeamento é o processo de decisão dos objectivos da empresa.
Através do planeamento os administradores poderão tomar decisões correctas e no momento
certo para que se possam realizar os objectivos de uma gestão eficaz da empresa.

Para uma perfeita análise das informações o Fluxo de Caixa de uma organização deve
apresentar uma estrutura com determinado grau de detalhamento, para que o administrador
possa analisar, entender e decidir adequadamente sobre a sua liquidez.

Para Silva (1996), os Fluxos Operacionais representam todos os gastos relacionados com a
produção e comercialização dos bens e serviços da empresa, deve conter como entradas a
cobrança das vendas dos produtos/serviços gerados e comercializados; como saídas os
elementos que estão ligados à geração, administração e comercialização de tais produtos
como: pagamentos a fornecedores, gastos com serviços públicos, etc.

Para Sá (2006), os Fluxos de Investimentos envolvem a aquisição e venda de activos que


serão utilizados na produção de bens ou serviços, a concessão e o recebimento de
empréstimos, as movimentações relativas às aplicações financeiras e as participações em
outras empresas. São consideradas entradas de Actividadesde Investimentos: recebimento de
empréstimos concedidos, recebimentos por resgate de aplicações financeiras, recebimento
por vendas de participações accionarias noutras empresas, etc.

Os Fluxos de Financiamento e o somatório dos demais fluxos: No caso de sobras dos


recursos, existe saída para aplicação; no caso de falta de caixa, existe resgate de investimento
ou mesmo captação de recursos.

Ao se projectar recebimentos e pagamentos com base em conhecimentos anteriores e


expectativas futuras quanto ao que se espera do mercado, é possível se preparar para
enfrentar dificuldades antes que elas ocorram. Assim, trabalhar com valores previstos e
compará-los com o realizado (acontecido na data), além de mostrar futuras faltas ou sobras de
caixa, permite tomar decisões antecipadas sobre aumento de compras, liquidações,
racionalizações de custos e hora certa para fazer investimentos.

Para Frezatti (1997), o processo de planeamento do Fluxo de Caixa da empresa consiste em


implantar uma estrutura de informações útil, prática e econômica. E uma proposta de dispor-
se de um mecanismo seguro para estimar os futuros ingressos e desembolsos de caixa da
empresa. Outro papel importante que desempenha o fluxo de caixa é a possibilidade de evitar
27
a programação de desembolsos avultados para período em que os ingressos orçados sejam
baixos por questões de mercado, por exemplo. O planeamento do fluxo de caixa permite ao
administrador financeiro verificar se poderá realizar aplicações de curto prazo com base na
liquidez, na rentabilidade e nos prazos de resgate.

Evitar falta de recursos e consequente crise de liquidez nas empresas ou, através do seu
conhecimento, de forma antecipada, minimizarseus efeitos, representa uma das principais
funções do fluxo de caixa.

Através de uma adequada gestão de caixa pode-se reduzir substancialmente a necessidade de


capital de giro, proporcionando maiores lucros em função, principalmente, da redução das
despesas financeiras. Daí a importância da revisão e análise criteriosa do fluxo de caixa, pois
só assim a empresa poderá aferir os resultados.

Pode-se identificar o planeamento como sendo uma ferramenta e estratégia primordial e


necessária para uma melhor gestão no mundo dos negócios.

De acordo com Maximiano (2000), o processo de planeamento é a ferramenta que as pessoas


e organizações usam para administrar suas relações com o futuro. É uma aplicação específica
do processo decisório. As decisões que procuram, de alguma forma, influenciar o futuro, ou
que serão colocadas em prática no futuro, são decisões de planeamento. É possível dizer que
com a implantação do planeamento, os administradores terão as informações necessárias para
o processo de tomada de decisões oportunas de seus negócios, sejam elas a curto ou a longo
prazo. Pode-se dizer também que utilizando essa estratégia, as pessoas envolvidas no
contexto, terão toda a organização em suas mãos, assim comoos rumos que pode vir a tomar.

2.16. Vantagens e desvantagem do uso do Mapa dos Fluxos de Caixa


Segundo Zdanowinz (2004), o fluxo de caixa, assim como todos os demais instrumentos
financeiros e administrativos à disposição do gestor financeiro apresentam suas vantagens e
desvantagens, sendo de suma importância o conhecimento de ambas e menciona que são de
vantagens da implantação de um fluxo de caixa:

 Facilitar a análise e o cálculo na selecção das linhas de crédito a serem obtidas junto
às instituições financeiras;

28
 Programar os ingressos e os desembolsos de caixa, de forma criteriosa, permitindo
determinar o período em que deverá ocorrer carência de recursos e o montante,
havendo tempo suficiente para as medidas necessárias;
 Permitir o planeamento dos desembolsos de acordo com as disponibilidades de caixa,
evitando-se o aumento de compromissos avultados em épocas de pouco encaixe;
 Determinar quanto de recursos próprios a empresa dispõe em dado período, e aplicá-
los de forma mais rentável possível, bem como analisar os recursos de terceiros que
satisfaçam as necessidades da empresa;
 Proporcionar o intercâmbio dos diversos departamentos da empresa com a área
financeira; desenvolver o uso eficiente e racional do disponível; financiar as
necessidades sazonais ou cíclicas da empresa.

2.17. Implicações das Contas a Receber para o Equilíbrio do Caixa


Segundo Gitman (2010), o Prazo médio de recebimentos é útil para avaliar as políticas de
crédito. Indica quanto tempo em média a empresa leva para receber estas vendas. É
necessário neste caso controlar a quantidade de vendas a prazo e os prazos concedidos, pois
quanto maiores forem os prazos concedidos mais tempo a empresa levará para receber o
dinheiro comprometendo desta forma o fluxo de caixa.

Para Hoji (2009), as contas a receber são geradas pelas vendas a prazo, que são feitas após a
concessão de crédito. As vendas a prazo geram despesas com análise de crédito, cobrança e
recebimento, mas alavancam as vendas, isto é, aumentam o volume de vendas e
consequentemente, o lucro.

A fórmula utilizada para o cálculo do PMR segundo Gitman é a seguinte:

contas a receber
PMR=
vendas a prazo anuais /360 dias

29
2.18. Implicações das Contas a Pagar para o Equilíbrio do Caixa
Para Menezes (2008), A gestão de pagamentos de fornecedores tem forte impacto sobre os
fluxos de caixa da empresa. A empresa deve ter um mapa de gestão corrente de tesouraria
onde estejam evidentes os pagamentos a efectuar durante o exercício. “Os fornecedores
correntes (matérias-primas e materiais diversos) geralmente proporcionam à empresa um
determinado volume de crédito normal (titulado ou não titulado), que não origina quaisquer
custos explícitos e revela um elevado grau de permanência (renovabilidade).

A negociação periódica das condições de pagamento junto dos fornecedores correntes exige
uma constante colaboração entre os responsáveis pelas áreas do aprovisionamento e
financeira da empresa, sendo aconselhável a celebração de contractos, sobre tudo com os
principais fornecedores; desta forma, facilitar-se-á o planeamento e o controlo dos
pagamentos de exploração e evitar-se-á a degradação da imagem de crédito da empresa”.
(Menezes, 2008). Este autor, acrescenta que a gestão e fornecedores c/c deve envolver
constante actuação sobre os seguintes aspectos:

 Retardar no máximo possível os pagamentos, mas sem prejudicar a imagem de crédito


da empresa e sem suportar custos financeiros explícitos.
 Minimizar os custos explícitos através das elevações dos descontos financeiros
obtidos e da constante negociação e obtenção de recursos financeiros alternativos de
baixo custo.
 Controlo dos prazos médios globais dos principais fornecedores (PMP).

A fórmula para o cálculo do PMP segundo Gitman é a seguinte:

contas a pagar
PMP=
compras a prazo /360 dias

2.19. O uso de Capital de Terceiros e Capital Próprio no equilíbrio de Caixa


Segundo Marion (2009), a comparação do capital de terceiros com o capital próprio revela o
grau de endividamento da empresa. Este advoga que a quanto maior for o capital de terceiros
(dividas exigíveis) em relação ao capital próprio (obrigações não exigíveis), maior será o
endividamento da empresa. Não restando dúvidas de que um bom equilíbrio entre esses dois
grupos seja o desejável, embora as empresas tenham de endividar-se mais para aquisição de
activos mais eficientes para fazer face a concorrência. Perante estes conceitos é possível
30
explicar porque é que um activo é sempre igual a um passivo + património líquido. Se houve
uma origem de 200 mts é porque a mesma aplicou 200mts e não 220mts ou mais‟‟.

2.20. Mapa de Demonstração de Origem e de Aplicação de Fundos versus DFC


Segundo Lopes et al (2013), “o mapa de demonstração de origem e aplicação de fundos como
o próprio nome diz evidência onde foram originados e aplicados os fundos. Estes autores
referem que a elaboração deste mapa é de carácter facultativo. No entanto, as suas conclusões
são importantes para efeitos de análise e validação das conclusões da demonstração de fluxos
de caixa”. Na óptica dos autores supracitados, poderá se dizer que os dois mapas se
complementam. A título de exemplo, suponha-se uma empresa que tenha realizado avultados
investimentos em activos fixos tangíveis financiados por capitais de curto prazo,
nomeadamente crédito de fornecedores pelo alargamento de prazo de pagamentos.

Esta situação tem efeitos a nível da tesouraria provocando aumento de fluxos das actividades
operacionais para financiar os investimentos, no entanto, em termos de estrutura financeira é
incorrecta, pois o curto prazo vai exercer pressões sobre a tesouraria que poderão colocar
problemas sobre ela, como o aumento do risco de insolvência se esta não tiver capacidade de
obtenção de crédito.

A demonstração dos fluxos de caixa não releva esta situação a qual é evidenciada pelo mapa
de origem e aplicação de fundos (MOAF). Este mapa obtém-se a partir da demonstração de
resultados dos balanços consecutivos do exercício (Lopes et all., 2013).

2.21. Actividades que aumentam o saldo de Caixa


Segundo Ross et al (2002) as actividades que aumentam o saldo de caixa são os seguintes:

 Aumento do exigível a longo prazo (obtenção de um empréstimo a longo prazo);


 Aumento do património líquido (lançamento de novas acções);
 Aumento do passivo circulante (obtenção de um empréstimo por 90 dias);
 Redução dos activos circulantes, excepto caixa (venda de mercadoria a vista)
 Redução de activos permanentes (venda de algum bem)

2.22. Actividades que diminuem o saldo de Caixa


 Redução do exigível a longo prazo (liquidação de um empréstimo a longo prazo)
 Redução do património líquido (recompra de algumas acções)
31
 Redução do passivo circulante (liquidação de um empréstimo por 90 dias)
 Aumento dos activos circulantes, excepto caixa (compra de matéria-prima a vista)
 Aumento dos activos permanentes (compra de alguns bens)

32
CAPÍTULO III. METODOLOGIA

3.1. Tipo de Pesquisa


Com vista a levar a cabo todo o trabalho recorreu-se a pesquisa aplicada. Entretanto, segundo
Prodanov e Freitas (2008), “este tipo de pesquisa visa gerar conhecimentos para aplicação
prática prevista. Envolve verdades e interesses locais”. Neste caso está-se a falar da
TongaatHulett, Lda. uma empresa do ramo de agricultura que regista as suas transações
contabilísticas nos termos do Decreto 70/2009, de 22 de Dezembro. Os resultados da
pesquisa podem ajudar a empresa no processo de tomada de decisão.

Do ponto de vista da abordagem do problema foi uma pesquisa quantitativa porque ela
baseia-se em documentos contabilísticos elaborados pela empresa e recorre a linguagem
matemática para descrever as causas de um fenómeno e as relações entre variáveis.

Quanto aos procedimentos teóricos foi uma pesquisa bibliográfica e pesquisa documental. A
presente pesquisa foi feita com base ao material já publicado em relação ao tema abordado. E
ainda se considera pesquisa documental porque se baseou nos dados produzidos pela
empresa.

Quanto aos seus objectivos é uma pesquisa exploratória, pois, segundo Gil (2002) estas
pesquisas tem como objectivo proporcionar maior familiaridade com o problema tornando o
explícito ou construindo hipóteses sobre ele.

3.2. Método de procedimento


Quanto aos procedimentos foi um estudo de caso. Tratou-se de um estudo de caso, pois a
Tongaat Hulett,Lda. foi a entidade escolhida para a realização da pesquisa.

3.3. Método de abordagem


A presente pesquisa foi abordada pelo método hipotético dedutivo, pois foram construídas
hipóteses em resposta aos problemas levantados.

33
3.4. Técnicas de Recolha de Dados
As técnicas de recolha de dados devem estar em conformidade com problema pesquisado a
fim de se dar resposta aos objectivos da pesquisa. Para o efeito foi usada como a principal
fonte de aquisição de informação a observação dos dados referentes as entradas e saídas do
dinheiro em caixa juntamente com os registros das contas a pagar (fornecedores). Também
foi usado o método de entrevista para poder se saber com o gestor da empresa quais as
movimentações dos recursos financeiros que acontecem no seu quotidiano.

 Entrevista aberta

Segundo Marconi e Lakatos (2008), “entrevista é um encontro entre duas pessoas, a fim de
que uma delas obtenha informações a respeito de determinado assunto, mediante uma
conversação de natureza profissional”. Deste modo a entrevista foi feita ao contabilista e ao
proprietário da Empresa. As questões colocadas a cada uma das partes foram aleatórias para
permitir a abertura dos mesmos.

 Questionário

Para obtenção de algumas respostas foi feita um questionário ao grupo alvo “intervenientes
na pesquisa” que de acordo com Gil (2008) “questionário constitui uma técnica de
investigação composta por uma série de questões que são submetidas a pessoas com o
objectivo de obter informações sobre conhecimentos, crenças, sentimentos, valores e
interesses.” O questionário foi dirigido ao proprietário da Empresa.

População e amostra

Para materializar o questionário foi seleccionado uma amostra representativa de um universo


de 13 elementos considerando os seguintes parâmetros:

2
σ :nível de confiança expresso emunidade de desvio padrão ,

E2 : erro estimado permitido em valor percentual,

P: proporção do universo que possui propriedade pesquisada,

q: proporção do universo sem a propriedade pesquisada (q=100-p),

N: tamanho da população,

n: tamanho da população.
34
Equação

2
σ xPxQxN
n= 2 2
E ( N −1 )+ σ xPxQ

2
196 ∗0.5∗0.5∗13
n=
0.05 ∗( 13−1 )+196 2∗0.5∗0.5
2

124.852
n=
96.07

n=12,99

De acordo com os cálculos feitos, o tamanho de amostra para o estudo foi de 13 elementos.

Análise e interpretação

Após a colecta de dados, a fase seguinte da pesquisa é da análise e interpretação. “A análise


tem como objectivo organizar e sumariar os dados de forma tal que possibilitem o
fornecimento de respostas ao problema proposto para investigação. Já a interpretação tem
como objectivo a procura do sentido mais amplo das respostas, oque é feito mediante sua
ligação a outros conhecimentos anteriormente obtidos” (Gil 2008).

Credibilidade
O processo de análise e interpretação de dados desta pesquisa foi efectuado com fiabilidade.
Para obtenção das demonstrações financeiras da empresa Tongaat Hulett foi imitida uma
credencial juntamente com uma carta de pedido de recolha da informação contabilística para
efeitos da realização da pesquisa.

3.5. Limitações da pesquisa


Todo o tipo de pesquisa possui limitações ligadas ao contexto em que foi realizada, sejam
elas teóricas metodológicas ou práticas.Entretanto, esta pesquisa foi limitada devido a vários
factores abaixo apontados:

35
 A indisponibilidade de balanços consecutivos para além de dois exercícios que não
permitiu uma análise exaustiva ou seja utilização de balanços apenas de três períodos
não tendo permitido fazer uma análise exaustiva da dinâmica dos Fluxos de Caixa da
empresa.
 O período de 2014-2016 o mundo de negócios ficou muito comprometido em
particular em Moçambique devido a desvalorização acentuada da moeda e asempresas
passaram a necessitar de uma gestão eficaz que impedisse conduzir as mesmas a
falência.
 A falta das notas explicativas das Demonstrações Financeiras;
 O uso inadequado das contas do PGC-NIRF pela parte da empresa.

36
CAPÍTULO IV. APRESENTAÇÃO E DISCUNSSÃO DOS RESULTADOS

4.1. Breve Historial da Empresa


A presente pesquisa centra-se no estudo da empresa Tongaat Hulett trata-se de uma empresa
privada, com domicílio em Xinavane uma pequena vila moçambicana, que ė sede de um
posto administrativo do distrito de Manhiça, na província de Maputo. Situa-se a 80 km a
norte da capital moçambicana, a sua principal actividade é prestação de serviços e comércio.
É uma empresa focalizada em agro-processamento com componentes integrados nas áreas de
gestão de terra, propriedade, desenvolvimento e agricultura.

4.1.1. Visão
 Fornecer produtos derivados da agricultura com uma qualidade ao nivel dos padrões
internacionais,
 Expandir a empresa a diferentes pontos do país.

4.1.2. Missão
Proporcionar produtos de qualidade ao mercado no sector de comercialização, criando
sinergia positiva com nossos clientes, através de produtos de qualidade e uma colaboração
eficiente com instituições do ramo das actividades agrícolas e de processamento de cana-de-
açúcar.

4.1.3. Valores
 Simpatia com os nossos colaboradores,
 Pontualidade e flexibilidade na disposição dos produtos prestados,
 Atendimento ao cliente com elevados padrões de valores éticos.

4.2. Processo de Anάlise do uso do fluxo de caixa e a sua incidência no processo de


tomada de decisão da empresa.

A. Oque é e para que serve o fluxo de caixa na empresa?

R: Para o Director da empresa o Fluxo de caixa é uma ferramenta que controla todas as
transacções de um negócio desde que seja mantida a empresa e clareza dos dados. E serve
37
para uma empresa funcionar como deve ser, funcionar com clareza ou serve para orientar o
administrador financeiro sobre a situação real na qual a empresa se encontra.

B. Controla fluxo de caixa diariamente?

R: De acordo com o director da empresa não controla o fluxo de caixa diário, pois é feito uma
programação para pagamentos com cheque de terceiros aos fornecedores, o que sobra, são
realizados depósitos na conta corrente da empresa.

C. É difícil preparar o fluxo de caixa nessa instituição?

R:Segundo o director da empresa afirma o seguinte, para as empresas quem tem os controlos
financeiros bem organizados, a preparação do fluxo de caixa é fácil. Entretanto se a empresa
ainda não tiver controlos de forma organizada que é ocaso desta, é sim difícil preparar o fluxo
de caixa porque existe uma dificuldade enorme de prepala-lo.

D. Trabalhadores dessa empresa têm participado nos processos decisórios?

R: Processo decisório é o poder de escolher, em determinada circunstância, o caminho mais


adequado para empresa, entretanto, segundo o Director da empresa as decisões na empresa
cabem apenas aos seus proprietários e mais ninguém. Sendo assim os trabalhadores dessa
empresa não participam nos processos decisórios.

E. Para que serve a contabilidade na empresa?

R: A contabilidade na empresa é vista apenas para efeitos tributários, assim sendo a decisão
sobre os pagamentos depende dos proprietários e não da informação da contabilidade, facto
que confirma a H0- o fluxo de caixa pode ser um instrumento gerencial utilizado pela
Tongaat Hulett para uma gestão eficaz e eficiente de caixa porque traz muita morosidade no
processo de tomada de decisão. E refuta a H1- o fluxo de caixa pode ser um instrumento
gerencial que fornece informações fiáveis para uma gestão eficiente e eficaz do caixa para a
Tongaat Hulett.
38
4.3. Apresentação do Balanço Patrimonial
Tabela 1 :Balanço da Tongaat Hulett, Lda. (2014-2016),
Balanço Patrimonial da Tongaat Hulett, Lda. Em 31 de Dezembro de 2014-2016

Descrição 2016 2015 2014 Analise


Horizontal
(%2014\2016)
ACTIVOS
NÃO
CORRENTES
Activos 13,915,776.27 13,659,490.79 13,308,993.89 5%
Tangíveis
Activos
intangíveis
Outros Activos

Sub 13,915,776.27 13,659,490.79 13,308,993.89 5%


Total………

ACTIVOS
CORRENTES
Inventários 6,918,812.56 7,009,593.73 8,475,912.93 -18%

Clientes 1,840,464.16 842,349.51 321,438.00 473%


Outros Activos
correntes
Caixa e Bancos 1,456,286.28 2,986,490.95 4,288,407.15 -66%

Imposto a
recuperar
Sub- 10,215,563.00 10,838,434.19 13,085,758.08 -22%
total………….
TOTAL DO 24,131,339.27 24,497,924.98 26,394,751.97 -9%
ACTIVO
Capital Social 20,000.00 20,000.00 20,000.00 0%

Resultado de (875,296.18) (942,891.73) (1,006,634.46) -13%


39
exercício
corrente
Resultados (2,979,632.58) (1,994,348.97) (1,972,955.35) 51%
Transitados

Total do (3,854,928.76) (2,937,240.70) (2,979,589.81) 29%


Capital Próprio
PASSIVO
NÃO
CORRENTE
Provisões
Outros
credores
Sub-
total………….
PASSIVO
CORRENTE
Empréstimos 3,867,715.93 3,004,539.75 2,570,334.96 50%
obtidos
Outras contas a 24,023,493.54 25,973,825.48 26,720,204.05 -10%
pagar
Imposto a 75,058.56 70,704.48 63,845.54 18%
Pagar
Fornecedores

TOTAL DO 27,966,268.03 29,049,069.71 29,354,384.55 -5%


PASSIVO
TOTAL DO 24,111,339.27 26,111,829.01 26,374,794.74 -9%
PASSIVO E
FUNDOS
PRÓPRIOS

Fonte: Relatório da Empresa Tongaat Hulett (2014-2016)

40
O Balanço evidencia que no período de 2014 á 2016 os activos tangíveis aumentaram em
606,782.32Mt, o que significa que a empresa aplicou o seu capital na compra de activos. Os
inventários tiveram uma redução significativa entre 2014 á 2016 e a conta caixa e banco
reduziu o seu valor, o que significa que houve um aumento da conta clientes (dividas a
receber). Uma vez se deparado com esta situação de vendas a prazo a empresa precisa
negociar prazos curtos e recebimentos com vista manter um saldo suficiente para suprir as
suas necessidades.

A empresa usa os fundos próprios e por vezes recorre ao capital de terceiros para poder
equilibrar o seu caixa. No ano de 2016 empresa contraiu empréstimos com vista financiar
suas actividades num valor de 3,867, 715.93Mts contra os 2,570, 334.96.Mts do ano de 2014.
A empresa tem-se empenhado na redução das dívidas segundo mostram os dados na tabela
em anexo1

A Tongaat Hullet,Lda. elabora o balançopatrimonial de cada ano de exercício, pois as


informações por ele fornecidas asseguram o conhecimento e controle das actividades
administrativas, através da revelação dos bons ou maus resultados.

Depois da análise do balanço da empresa segue a apresentação das Demonstrações de


Resultados.

4.4. Demonstrações Financeiras da Tongaat Hulett


Tabela 2:Demostração dos Resultados da Tongaat Hulett, Lda. (2014 -2016)

Analise
Código Descrição 2016 2015 2014 Horizontal
(%2014\2016)
7.1 Vendas 11,342,898.43 13,657,913.63 21,571,448.78

Vendas de
7.2 7,148,996.56 3,956,849.72
serviços

7.2.2 Vendas Isentas 5,414,458.00 4,971,575.29

Subtotal 23,906,352.99 22,586,338.64 21,571,448.78 11%

Custo das
6.1 venda do 19,471,495.75 18,383,360.00 17,432,225.98 12%
serviços

41
Resultado
4,434,857.24 4,202,978.64 4,139,222.80 7%
Bruto

Outros
7.6
rendimentos

Gastos com
6.2 1,120,969.34 47%
Pessoal

Fornecimento de
6.3 serviços de 3,217,868.95 -3%
terceiro

Outros gastos
6.8 3,325.47 99%
operacionais

Gastos
6.9 20,516.59 -83%
Financeiros

Resultados antes
das 72,176.89 -222%
amortizações

Amortizações 947,473.07 947,473.07 947,473.07 0%

Resultado do
períododas -875,296.18  -942.891.73 1,006,634.46 -13%
operação

Lucro a
8.8 disposição dos
Sócios

Lucro/prejuízos
8.1 finais do -875,296.18 -942.891.73 -1,006,634.46 -13%
período

Fonte: Relatórios da Tongaat Hulett (2014-2016)

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Para uma análise prévia de fluxos de caixa da empresa Tongaat Hulett, irei fazer uma breve
análise das suas demonstrações financeiras. Na tabela 01consta o balanço anual da empresa
entre 2014 a 2016. Nos activos cerca de 42% em 2016 correspondia ao activo corrente e os
restantes 58% os activos não correntes. Os activos não correntes constituídos pelos activos
tangíveis aumentaram em cerca de 5%. No entanto os não correntes tiveram uma redução de
22% resultantes da diminuição do caixa e bancos em cerca de 66%. Este facto pode ter sido
resultado do pagamento de passivos correntes na rubrica de outras contas a pagar que não tem
relação com fornecedores. Também podemos constatar que no balanço reportado pela
empresa não estão evidenciadas dívidas ligadas a fornecedores. Isso pode afectar o caixa da
empresa porque elaesta a funcionar apenas com recurso ao Caixa com fortes implicações no
objecto do presente estudo.

Entre 2014 a 2016 houve uma redução dos inventários em cerca de 18% e um aumento da
rúbrica de clientes em cerca de 473%. Isso significa que em termos de caixa o aumento de
clientes diminui as entradas de valores na empresa e pode constituir um problema o para o
cumprimento das suas obrigações de curto prazo. Em relação aos inventários a redução pode
significar uma fraca rotação de stocks.

Em relação aos capitais próprios da empresa nota-se uma redução dos prejuízos resultantes
do resultado do exercício corrente em cerca de 13%. Houve um agravamento dos prejuízos
em cerca de 51%. Neste caso, a empresa deveria optar em aumentar o seu capital social para
reduzir os seus prejuízos. Esta situação pode comprometer a autonomia financeira da empresa
apesar de não afectar directamente o caixa.

Analisando os fundos próprios e os empréstimos concedidos pode se verificar que a empresa


usou financiamento de curto prazo para obter fundos aproximadamente iguais aos fundos
próprios e os passivos circulantes são duas vezes superiores que os activos circulantes, uma
relação incomum.

Segundo Stickney (2010) As empresas, normalmente, financiam os activos circulantes por


meio dos passivos circulantes, e os activos não circulantes por meio de empréstimos de longo
prazo e fontes próprias. De modo geral, passivos circulantes devem ser pagos no prazo de até
um ano; activos circulantes, comummente, convertem-se em caixa no período de até um ano.
As empresas podem usar esse fluxo de caixa de curto prazo para pagar passivos circulantes.
Os passivos de longo prazo exigem pagamento ao longo de alguns anos.

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4.5. Análise das Origens e Aplicações de Fundos
Esta demonstração segundo a ideia de Alves descrita na literatura é elaborada com base em
elementos obtidos no balanço, da demonstração dos resultados, do correspondente anexo, e
eventualmente de registros contabilísticos. Assim sendo, depois da análise feita do balanço e
da demonstração de resultados segue-se a uma análise do mapa de origem e aplicações de
fundos. Este mapa evidencia as principais origens e as principais aplicações de fundos na
empresa.

Em termos práticos podemos verificar onde sai dinheiro (Fontes) e onde é aplicado o
dinheiro (usos). Inicialmente vou apresentar na tabela 3 o mapa das variações dos fundos
circulantes. Entre 2014 a 2016 houve um aumento dos fundos circulantes resultantes dos
activos circulantes no valor de 1.519.026,16Mts como resultado de aumento de clientes e
uma redução do passivo circulante no valor de 2,696,710.51Mts. Estas duas rubricas segundo
Alves (2008) constituem aplicações de fundos os aumentos do activo e a diminuição do
passivo.

4.6. Mapa de Variação de Fundos Circulantes


Tabela 3: Mapa de Variação de Fundos Circulantes

Variação de Fundos Circulantes Valores Valores


Aumento de Activos Circulantes
Clientes 1,519,026.16
Total 1,519,026.16
Redução de Passivo Circulante
Outras contas a pagar 2,696,710.51
Total 2,696,710.51
Redução do Activos Circulantes
Inventários 1,557,100.37
Total 1,557,100.37
Aumento de Passivo Circulante
Empréstimos obtidos 1,297,380.97
Imposto a Pagar 11,213.02
Total 1,308,593.99
Fonte: Relatórios da Tongaat Hulett, Lda. (2014-2016)

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Em relação às origens podemos destacar a redução dos activos circulantes ocasionados pelos
inventários no valor de 1.557.100,37Mts e um aumento do passivo circulante no valor de
1.308.593,99 Mts resultante dos empréstimos obtidos e impostos a pagar. Geralmente, a
literatura defende que quando há um aumento dos activos circulantes existe provavelmente
uma aplicação dos recursos e quando há uma diminuição talvez isso provoque uma origem de
recursos. Ao passo que um aumento do passivo circulante significa que a empresa aumentou
seus activos circulantes e a redução da mesma conta implica a diminuição do caixa, pois se
trata de pagamento de dívidas aos seus fornecedores. Outra análise a respeito do aumento e
diminuição do activo circulante pode nos conduzir a uma ideia de que a empresa consegue
girar o estoque em menos tempo e assim sendo, podemos concluir que isso significa que a
mesma consegue manter um bom ritmo do ciclo de conversão de caixa. A construção do
mapa de origem e aplicação de fundos de acordo com a literatura exige o cálculo dos fundos
gerados pelas operações, a compra dos activos fixos (investimentos), vendas de activos fixos
(desinvestimento) e o cálculo dos dividendos. Os valores das origens e aplicações constam da
tabela 04.

4.7. Mapa de Origens e Aplicação de Fundo


Tabela 4: Mapa de Origens e Aplicação de Fundo

Origens de Fundos % Aplicações de %


Fundos
1. Fundos gerados pelas 1. Variação do
operações da empresa Activo Circulante
1.1 Lucro de Exercício (1,006,634.46 1.1. Clientes 1,519,026.16 27%
) Diversos
1.2 Amortizações 947,473.07 1.2. Mercadoria
1.2.1. Construções 2.Variação do
Passivo de M/L
Prazos
1.2.2. Equipamentos 2.1.Empréstimos
obrigacionistas
1.3. Provisões 2.Variação do
Passivo
Circulante

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1.4. Perda da venda do 3.1.Credores
Imobilizado Diversos
1.4.1 Equipamentos 3.2. Letras a
Pagar
1.5. Imobilizações 3.3.Antecipações
Passivas
Financeiras 3.4.Outros 2,696,710.51 48%
Passivos de Curto
Prazo
Total de fundos (59,204.16) -1% 4.Compra do 1,554,255.45 28%
gerados pelas Imobilizado
operações da empresa
1. Variação do activo
Circulante
1.1. Clients Diversos
2.2. Mercadorias 1,557,100.37 -1%
3. Variação do passivo
circulante
3.1. Empréstimos 1,297,380.97 23% 5. Pagamento de
Obtidos Dividendos
3.2. Impostos a Pagar 11,213.02 0% 5.1. Resultados
acumulados 2016
3.3. Antecipações 5.2.Resultados do (191,381.05) -2%
passivas exercício
3.4. Outros passivos de 5.3. Resultados
curto prazo Acumulados
2015
4. Disponibilidades
4.1. Caixa e Bancos 2,832,120.87 50%
Total das Origens de 5,578,611.07 100% Total das 5,578,611.07 100%
Fundos Aplicações de
Fundos
Fonte: Relatórios da Tongaat Hulett, Lda. (2014-2016)

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O Mapa de Origens e Aplicação de Fundo teve no seu ano de exercícioum prejuízo de
1,006,634.46Mt. os dados indicam que as actividades da empresa não geram fundos
satisfatórios e isto pode de certa forma comprometer o caixa não podendo esta estar em
condições de honrar com seus compromissos.

Também a partir deste mapa podemos constatar que a principal origem é o caixa. Seguido de
mercadorias e empréstimo obtidos. Esta situação evidencia que a empresa não esta a gerar
fundos a partir das suas operações. As suas aplicações resultam fundamentalmente do caixa
gerado em exercícios anteriores.

As principais aplicações de fundos da empresa estão concentradas noutros passivos de longo


prazo, na compra do imobilizado e nos clientes, com 48%, 28% e 27%, respectivamente. As
aplicações concentradas em clientes podem evidenciar uma abdicação de caixa no presente
pela empresa para situações futuras. Isto significa que ao invés de a empresa ter o caixa em
2016 poderá tê-lo nos exercícios seguintes mediante pagamentos dos clientes.

Neste mapa pode-se também verificar o equilíbrio entre as origens e aplicações de fundos,
sendo o total das origens de fundos igual ao total das aplicações. Em condições normais as
origens devem ser sempre superiores relativamente as aplicações para se considerar que a
empresa gera proveitos.

4.8. Apresentação do Mapa de Demonstração dos Fluxos de Caixa


Tabela 5: Mapa de DFC da Tongaat Hulett. Pelo Método Indirecto No período de 2016.

Notas Período 2016


Fluxos de caixa das actividades operacionais
Resultado Liquido do período (875,296.89)
Ajustamentos ao resultado relativos a:
Amortizações 947,473.07
Imparidades
Justo Valor
Provisões
Ajustamentos ao resultado relativos a:
Juros e Similares (liquido)

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Mais ou menos valias na venda de activos tangíveis e
intangíveis
Aumento/ redução de activos biológicos
Redução de inventários 1,557,100.37
Aumento de clientes e outras contas a receber (1,519,026.16)
Aumento/ redução de outros activos correntes 0
Aumento/ redução de fornecedores 0
Aumento de outros credores e contas a pagar 1,308,593.99
Aumento/ redução de outros passivos correntes (2,696,710.51)
Caixa liquida gerada pelas actividades operacionais (1,277,866.13)
Fluxos de caixa das actividades de investimento
Pagamentos respeitantes a: (1,554,255.45)
Aquisição de activos tangíveis e intangíveis
Recebimentos respeitantes a:
Venda de activos tangíveis e intangíveis 0
Venda de outros investimentos
Dividendos
Outros recebimentos
Caixa liquida usada nas actividades de (1,554,255.45)
investimento
Fluxos de caixa das actividades de Financiamento
Recebimentos respeitantes a:
Empréstimos e outros financiamentos obtidos (1,297,380.97)
Realização de aumentos de capital social e de outras
contribuições dos sócios
cobertura de prejuízos pelos detentores de capital
Pagamentos respeitantes a:
Reembolso de empréstimos e outros financiamentos
obtidos
Juros e gastos similares (290,285.65)
Dividendos 191,381.05
Reembolso de capital social e de outras contribuições
dos sócios

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Outras operações de financiamento
Caixa liquida usada nas actividades de financiamento 1,456,285.57
Variação de caixa e equivalentes de caixa (4,288,407.15)
Caixa e equivalentes de caixa no início do período 4,288,407.15
Caixa e equivalentes de caixa no fim do período 1,456,286.28
Fonte: Relatórios da Tongaat Hulett 2014-2016.

Este mapa demonstra a movimentação de caixa da empresa. Ela se preocupa em analisar a


variação da conta com maior liquidez no grupo dos activos circulantes.

No ano de 2016 a empresa teve um resultado líquido de exploração negativo num valor de
875, 296.89Mt e uma amortização num valor correspondente á 947,473.07Mt. Estas
amortizações aplicam-se nos activos tangíveis como equipamento fabril e instalações.

A Tongaat Hulett não elabora a Demonstração de Fluxos de Caixa pelo que apresentamos a
respectiva demonstração pelo Método Indirecto para visualizar a geração do caixa da
empresa. A melhor DFC é aquela que é apresentada pelo Método Directo. Não havendo
informações para tal elaborou-se a DFC pelo método indirecto segundo a tabela a cima.

Pode-se também a partir deste método verificar que os resultados das actividades
operacionais apresentam valores negativos de cerca de 1.277.866,13 Mts. Em relação as
actividades de investimento, empresa teve um prejuízo de 1,554, 225.45 Mts.

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CAPÍTULO V. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

5.1. Conclusões
Feita a pesquisa chegou-se a conclusão de que o fluxo de caixa permite uma gestão eficiente
e eficaz nas empresas, embora muitas delas não se apoiem neste instrumento para efeitos da
tomada de decisões tornando este instrumento válido apenas para efeitos tributários. De
referir que a Tongaat Hulett,Lda.sendo uma empresa de dimensão média não elabora os
mapas dos fluxos de caixa, o que significa que o gestor desta instituição toma decisões sem
precisar se auxiliar na informação produzida pela contabilidade.

Analisados os balanços constatou-se que a empresa Tongaat Hullet,Lda. encontra-se numa


situação financeira de risco uma vez apresentando resultados de exploração negativos no
período de 2014 á 2016.

Foi evidente que a empresa Tongaat Hullet,Lda. usa caixa e banco para fazer face aos seus
pagamentos o que pode manter pressão no caixa causando um desequilíbrio e
consequentemente limitar o cumprimento das suas obrigações.

Durante o período em análise, a empresa não gerou caixa apesar de apresentar um saldo em
bancos elevado. O que garante os pagamentos da empresa são os fluxos gerados em
exercícios anteriores ao nosso horizonte temporal estudado.

O gestor da empresamuita das vezes toma decisões sem recorrer a informação produzida pelo
sector de contabilidade e esta prática contribui bastante para o desequilíbrio do fluxo de caixa
da empresa.

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5.2. Recomendações
De acordo com as conclusões tiradas recomenda-se o seguinte:

 A Tongaat Hulett, Lda.Deve fazer o uso permanente das demonstrações financeiras


concretamente a Demonstração de fluxo de caixa que permitirá dar a conhecer sobre
a real situação do caixa;
 A Tongaat Hulett, Lda. deverá adoptar o modelo de fluxos de caixa patente no
decreto 70/2009 como um dos instrumentos de divulgação da sua informação
financeira. A DFC ajudará amostrar como os seus caixas são gerados durante o
exercício.
 A Tongaat Hulett, Lda. deve fazer a gestão e controle de custos na empresa de modo
que a mesma consiga atingir seus objectivos com maior eficiência, evitando custos
acima do planeado pela empresa.
 Ao gestor da empresa Tongaat Hullet,Lda. para que tome decisões recorrendo a
informação produzida pelo sector de contabilidade.
 A tributação da empresa não deve depender dos proprietários mas sim, dos resultados
apurados na contabilidade sendopresunção a aplicação correcta dos procedimentos
coerentes ao cumprimento da legislação contabilístico e fiscal.

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Referências Bibliográficas

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Edição. São Paulo. Escolar editora

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Lisboa: Edições ASA.

Sites consultados

http://www.ipeme.gov.mz/index.php/en/

Http://www. ois.sebrae.com.br/wp-content/uploads/2012/12/Moçambique.

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APÊNDICE
Apêndice I

Excelentíssimos Senhores

Sou estudante do curso de Gestão Financeira na Universidade Técnica de Moçambique


(UDM), venho por este meio solicitar a vossa colaboração na resposta as questões em causa,
qual pretendo analisar a importância do uso do fluxo de caixa na Tongaat Hulett, Lda.

Agradeço a disponibilidade

A. O que ė e para que serve o fluxo de caixa na organização?

B. Tem controlado o fluxo de caixa diariamente?

C. É difícil preparar o fluxo de caixa nessa organização?

D. Trabalhadores dessa empresa, tem participado nos processos decisórios?


E. Para que serve a contabilidade na empresa?

F. Quais são as principais limitações?

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