Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Vitória
2022
NILTON VALÉRIO ROSA VALADÃO
Vitória
2022
NILTON VALÉRIO ROSA VALADÃO
AVALIADOR
O conceito BIM – Building Informativo Modeling tem aparecido com maior frequência
no dia a dia dos profissionais das áreas engenharia e arquitetura, e que apesar de
vir sendo desenvolvido desde finais da década de 70, tem ganhado força
recentemente com o avanço tecnológico e a adesão de leis e decretos
regulamentadores de sua utilização. Com a crescente necessidade de agilidade na
tomada de decisões, análise de custos e soluções, as ferramentas BIM aparecem
como grande aliada dos profissionais com objetivo de integrar e otimizar todo o ciclo
de um projeto, compreendendo desde a etapa de viabilidade do empreendimento até
a execução das obras. Direcionado para a etapa de estudos preliminares, o software
Autodesk InfraWorks vem sendo utilizado com o objetivo de propor traçados e
alternativas de maneira dinâmica, sem a necessidade de grandes estudos, gerando
relatórios de quantidades aos quais permitem também uma análise financeira do
empreendimento e uma visualização tridimensional com riqueza de detalhes.
Entretanto devem ser verificadas as normas rodoviárias e de elaboração de
estimativas de custos para certificar que os quantitativos e soluções geradas são
pertinentes e compatíveis com a realidade e as necessidades. Para tal, foram
criados cenários a fim de permitir uma análise comparativa entre eles e verificar
eventuais distorções entre os modelos. Embora haja a inquestionável redução de
tempo e otimização de todo o fluxo de atividades, observou-se a necessidade de
atenção em algumas disciplinas de projeto para minimizar disparidades que possam
comprometer o resultado da análise.
1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 6
2 REFERENCIAL TEÓRICO....................................................................................... 8
3 METODOLOGIA .................................................................................................... 17
REFERÊNCIAS......................................................................................................... 51
6
1 INTRODUÇÃO
A metodologia BIM – Building Informativo Modeling tem aparecido como uma aliada
promissora e de grande auxílio na elaboração de projetos de engenharia. Trata-se
de uma abordagem integrada entre as fases que compõem uma obra ou um
empreendimento, que compreende desde o estudo de concepção até o as built, e
que apesar de desenvolvida desde os finais da década de 70 (MONTEIRO;
MARTINS, 2011), tem ganhado um maior destaque somente nos últimos anos. A
ideia principal dessa tecnologia é o compartilhamento de dados, informações e
modelos com a finalidade de dinamizar as etapas computacionais, sendo gráficas ou
analíticas, envolvidas num ciclo de processos que constituem uma obra de
engenharia.
2 REFERENCIAL TEÓRICO
De acordo com as Diretrizes Básicas para Elaboração de Estudos e Projetos
Rodoviários / Instruções para acompanhamento e Análise, Publicação IPR - 739
(DNIT, 2010), a elaboração do Projeto de Engenharia consiste no desenvolvimento
de 03 (três) etapas, de iguais importâncias no que tange a qualidade, sendo uma
complementar a outra:
- Fase Preliminar, na qual são obtidos dados por meio dos estudos realizados
para estabelecer as diretrizes para a elaboração dos itens de projeto;
O ponto em comum, abordado tanto pelo DNIT quanto pelo DAER, entre a
elaboração de um EVTEA é justamente a necessidade da coleta de dados, o
diagnóstico e análise do problema a fim de subsidiar as tomadas de decisões, tanto
na parte técnica quanto na parte econômica e ambiental.
[...]
[...]
Segundo Monteiro e Martins (2011), “as ferramentas BIM foram desenvolvidas para
abordar todo o ciclo de vida da construção”. Esse ciclo compreende toda a fase de
13
Obras que utilizam o conceito BIM possuem uma redução de: 22% no custo
de construção, 33% no tempo de projeto e execução, 33% nos erros em
documentos, 38% de reclamações após a entrega da obra ao cliente e 44%
nas atividades de retrabalho.
Corrêa et al. (2019) salienta a interoperabilidade dos softwares que fazem uso da
metodologia BIM, otimizando os fluxos de trabalho, tendo em vista o envolvimento
de diversas partes interessadas, responsáveis por cada disciplina e fases que
compõe um projeto de infraestrutura.
Então Soethe (2019) cita que embora importante para infraestrutura e rodovias, o
LOD não fica muito bem definido. Isso se deve porque tanto estudos preliminares
quanto os projetos partem de uma base topográfica, que origina um MDT – Modelo
Digital do Terreno e fornece informações ricas e maduras quanto ao detalhamento
necessário para extração de quantitativos e dados. Tem-se respeitado os níveis
necessários de informações de acordo com a ISO 19650-1, que trata de do ciclo de
vida de construção utilizando o BIM.
3 METODOLOGIA
3.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS
O trabalho foi realizado com uma ênfase na etapa de estudos preliminares de um
projeto rodoviário. Dessa forma, em relação a um projeto completo, foram
analisados as seguintes etapas e itens:
Etapa de Estudos:
Estudos de Traçado;
Estudos Topográficos.
Etapa de Projetos:
Geometria;
Terraplanagem;
Pavimentação.
A primeira definição para este estudo foi o sítio de análise, em que neste caso
optou-se por uma demanda real a qual a Prefeitura Municipal de Colatina,
juntamente com o DER-ES, tem interesse de viabilizar e executar futuramente.
Trata-se de obras de urbanização, revitalização e duplicação de uma Avenida Beira
Rio pela parte sul do município de Colatina para usuários que chegam por meio da
rodovia federal BR-259. A rodovia federal em questão possui um perfil de tráfego
com veículos pesados e de longa distância, atravessando diversos municípios do
Espírito Santo e de Minas Gerais. Na Figura 4 é apresentado o segmento da BR-259
que passa pela localidade de Barbados até a altura da Segunda Ponte em Colatina.
18
Este trecho de Projeto da Av. Beira Rio, pode ser compreendido como uma
continuação da Avenida já existente, que percorre o Centro da Cidade pela margem
do Rio Doce e termina atualmente no Bairro Epichim. Nesta local há uma Rotatória
em que chegam as vias principais, da margem do Rio, a via da antiga BR-259 e a
via do antigo leito da ferrovia as quais passam pelo Centro da Cidade. A partir da
Rotatória seguem, na margem do Rio uma via precária sobre o antigo leito da
ferrovia e uma via simples do antigo leito da BR-259.
Para a realização dos estudos e análises que serão propostas adiante, foi estudado
uma amostra de aproximadamente 28% da extensão total do trecho, ou seja,
aproximadamente 1,62 km no segmento de implantação da via, conforme a Figura 7.
Figura 7 - Amostra de aprox. 28% da Via Urbana Proposta. Traçado em cor verde.
A decisão do estudo ser realizado sobre essa amostra se deu em função das
características desse segmento final da via. Por se tratar de uma região de
implantação, o segmento possui características virgens, com a topografia bem
21
Com a área definida para realização dos estudos, procedeu-se para as definições
dos parâmetros que serão levados em consideração para construção das
modelagens no software InfraWorks.
Para um trabalho mais bem definido, a qual deseja-se a criação de modelos a fim de
estudar alternativas de traçado, tráfego, geometria em um local já consagrado, o
InfraWorks permite a importação de MDTs provenientes de levantamentos
topográficos ou voos aerofotogramétricos, contanto que compatíveis com o sistema
de coordenadas, e permite trabalhar com uma maior precisão, impactando
diretamente na fidelidade dos resultados que serão obtidos.
22
Também fez parte do estudo comparativo e serviu como base para a definição de
toda geometria horizontal, vertical e transversal, o alinhamento horizontal, perfil
longitudinal e seção geométrica já definidos no anteprojeto.
- Espessura de pavimento considerada com 45,0 cm, sendo uma seção usual
e para fins representativos divididas assim:
26
Portanto são parâmetros que são inseridos no programa para personalizar o modelo
de acordo com as necessidades. Na Figura 12 a seguir observa-se um exemplo da
configuração das larguras adotadas, de acordo com a Tabela 2.
Essa etapa é de grande relevância, tendo em vista que a geração dos relatórios e
quantidades utiliza como base justamente essas configurações que são feitas no
modelo. Além disso, dependendo do tipo de importação feita, o alinhamento e
alguns elementos podem vir desconfigurados, como é o caso do ocorrido no Cenário
2, apresentado mais à frente.
3.3.3 Cenário 1
No cenário 1 foi definido a utilização da base topográfica oferecida pelo InfraWorks,
ou seja, o MDT e foto aérea fornecido pela plataforma Bing!. Nesse modelo foram
estudados duas variações em relação ao alinhamento do projeto:
Procedeu-se então alguns ajustes manuais nos pontos notáveis a fim de aproximar
ao alinhamento do anteprojeto, em relação a superfície do Bing!. Utilizou-se a
metodologia citada no subcapítulo anterior, referente a manter as diferenças de
cotas entre os pontos notáveis para replicar as condições de inclinações do
anteprojeto.
30
3.3.4 Cenário 2
No cenário 2 foi definido a utilização da base topográfica direto do anteprojeto
fornecido pela Prefeitura, ou seja, com a utilização do MDT e ortofoto obtido por
meio dos voos aerofotogramétricos que embasaram a elaboração dos estudos e
anteprojetos desenvolvidos até então. Também foi importado todo o alinhamento
horizontal e geometria vertical do anteprojeto.
Neste caso, utilizou-se o software AutoCAD Civil 3D 2022 para toda a configuração
prévia necessária no anteprojeto para permitir a importação para o InfraWorks.
Embora a excelente compatibilidade entre os programas, também foram
encontradas dificuldades durante todo o procedimento.
A Figura 19 apresenta a tela imediata após o corredor ser importado. Nota-se que
faltaram algumas configurações do elemento no Civil 3D, como a definição do
material do talude, do canteiro central e dispositivo de drenagem superficial,
justificando as texturas em cores sólidas. Porém, os materiais definidos como pista e
calçada, ficaram bem definidos pelo tipo de material configurado. Na Figura 20
observa-se uma visualização interna ao pavimento, evidenciando que os materiais
especificados na configuração do corredor foram devidamente importados.
Embora a questão da configuração dos materiais seja de fácil solução, o estudo com
Cenário 2 utilizando o corredor importado do Civil 3D foi descartado, devido à
ausência da geração dos relatórios de quantidades, volumes, dentre outros.
33
Dessa forma, conforme esperado, o Cenário 2 retrata de uma forma mais precisa e
próxima a de um projeto cujo estudos foram mais detalhados e encontra-se em fase
posterior de desenvolvimento. Vale ressaltar que, com os devidos ajustes, um
estudo preliminar sendo desenvolvido com as características do Cenário 1 pode ser
reproduzido de forma a ficar similar ao Cenário 2, tendo apenas as diferenças
relativas à precisão do modelo digital do terreno utilizado. A seguir é apresentado o
perfil longitudinal do traçado do cenário 2:
Em uma análise rápida entre a Figura 18 e Figura 24, é possível observar que as
características geométricas verticais da via, tanto para o Cenário 1 quanto para o
Cenário 2, são similares e corroboram com a questão de que é possível ajustar bem
a geometria em ambos os cenários. Entretanto, para o perfil do terreno existente que
é representado pela linha verde, observa-se alterações entre os cenários,
justamente pela diferença dos modelos digitais de terreno utilizados e isso impacta
diretamente na geração de quantidades e volumetria as quais são possíveis extrair
do InfraWorks.
37
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
4.1 GERAÇÃO DE QUANTIDADES E RELATÓRIOS
Além da inserção dos elementos rodoviários, dispositivos de drenagem, pavimento e
piso, o InfraWorks permite a utilização de objetos urbanos, como postes de
iluminação, defensas metálicas, sinalização horizontal, dentre outros. Com todo esse
detalhamento aplicado, a ferramenta “Quantidades de material” gera uma janela
contendo dados como comprimento, área, volume e contagem dos elementos
inseridos no projeto, conforme a figura a seguir:
Para viabilizar uma análise pontual entre os traçados propostos para cada cenário,
foi definido o marco de 1.000,00 m de cada um para comparação dos dados
fornecidos pelo relatório:
Vale ressaltar que apesar da análise ser relativa aos relatórios e quantidades
fornecidos para cada cenário, uma boa base topográfica baliza as soluções de
projeto, principalmente para o projeto de terraplanagem e drenagem. Dito isso, as
alternativas de engenharia e análise de custos serão mais próximas da realidade.
48
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A metodologia BIM é uma realidade no âmbito da engenharia e arquitetura em todo
mundo. Com a criação de leis e decretos regulamentando e exigindo a contratação
de serviços de engenharia realizados com a utilização das ferramentas BIM,
evidencia a necessidade de atualização e modernização dos profissionais e
empresas do ramo. Como boa parte das inovações tecnológicas, a introdução da
metodologia BIM se trata de um processo que deve ser conduzido de maneira
cadenciada e harmônica, com o incentivo e treinamento para capacitação dos
usuários.
Uma alternativa para uma melhor análise da movimentação de terra do estudo a ser
proposto é considerar a execução de levantamentos aerofotogramétricos para
utilização como base topográfica, semelhante ao realizado no Cenário 2 deste
relatório técnico. Com a evolução dos levantamentos com a utilização de drones, o
tempo de execução do serviço é consideravelmente menor que o levantamento
topográfico convencional e os custos não são expressivos frente ao resultado
otimizado.
Outro produto oferecido por meio do InfraWorks e compatível com o contexto atual
da engenharia e arquitetura são as maquetes eletrônicas para visualização
tridimensional do estudo ou do projeto futuro. Existe uma preocupação por parte dos
gestores com a apresentação das propostas estudadas à população que será
beneficiada. O InfraWorks, conforme demonstrado, dispõe de ferramentas de fácil
criação e modelagem, permitindo uma visualização dinâmica de todo o objeto ao
qual foi alvo de estudos. Além disso, ele possui diversas ferramentas de análises
das bacias hidrográficas, simulações de tráfego, otimização de traçados
geométricos, dentre outros.
50
REFERÊNCIAS
BRASIL. Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8666cons.htm>. Acesso em: 15 nov. 2021.
BRASIL. Decreto nº 9.983, de 22 de agosto de 2019. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2019/decreto/D9983.htm.>
Acesso em: 15 nov. 2021.
BRASIL. Decreto nº 10.306, de 02 de abril de 2020. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2020/decreto/D10306.htm.
Acesso em: 15 nov. 2021.
DNER. Manual de Projeto Geométrico de Rodovias Rurais. Publicação IPR –
706. Ministério dos transportes. Departamento Nacional de Estradas de Rodagem,
Instituto de pesquisas rodoviárias, 1999.
DNIT. Diretrizes básicas para elaboração de estudos e projetos rodoviários -
Escopos básicos/instruções de serviço. Publicação IPR – 726. Ministério dos
transportes. Departamento nacional de infraestrutura de transportes, Instituto de
pesquisas rodoviárias, 2006.
DNIT. Diretrizes básicas para elaboração de estudos e projetos rodoviários -
Instruções para Apresentação de Relatórios. Publicação IPR – 727. Ministério
dos transportes. Departamento nacional de infraestrutura de transportes, Instituto de
pesquisas rodoviárias, 2006.
DNIT. Diretrizes básicas para elaboração de estudos e projetos rodoviários -
Instruções para Acompanhamento e Análise. Publicação IPR – 739. Ministério
dos transportes. Departamento nacional de infraestrutura de transportes, Instituto de
pesquisas rodoviárias, 2010.
DAER. Instrução de Serviço para EVTEA – Estudo de Viabilidade Técnico –
Econômico - Ambiental. Secretaria de Infraestrutura e Logística. Departamento
Autônomo de Estradas de Rodagem. Diretoria de Estudos e Projetos. Porto Alegre,
2013.
International Organization for Standardization - ISO 19650-1:2018
IBRAOP, Orientação Técnica OT – IBR 004/2012, Precisão do orçamento de obras
públicas. Instituto Brasileiro de Auditoria de Obras Públicas, 2012.
LANES, Tiago Kirsch. Critérios de Avaliação e Seleção para Estudos de
Viabilidade em Projetos Rodoviários. Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Escola de Engenharia. Porto Alegre, 2019.
MONTEIRO, André; MARTINS, João Poças. Building Information Modeling (BIM)
– teoria e aplicação. INTERNATIONAL CONFERENCE ON ENGINEERING
UBI2011. Covilhã, Portugal, 2011.
52