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Manual de Tronco Comum

1
Teoria Geral de

Administração Pública
Código: A0017

3
Universidade Católica de Moçambique (UCM)
Centro de Ensino à Distância (CED)
Direitos de autor (copyright)
Este manual é propriedade da Universidade Católica de Moçambique (UCM), Centro de Ensino à
Distância (CED) e contém reservados todos os direitos. É proibida a duplicação e/ou reprodução deste

manual, no seu todo ou em partes, sob quaisquer formas ou por quaisquer meios (electrónicos,
mecânico, gravação, fotocópia ou outros), sem permissão expressa de entidade editora (Universidade
Católica de Moçambique – Centro de Ensino à Distância). O não cumprimento desta advertência é
passível a processos judiciais.

1
Elaborado Por: Egídio Paulo Manganhela Simango
Bacharel em Ciências Sociais

Licenciado em Administração Pública

Pós-Graduação em Ciência Política: Governação e Relações Internacionais

Mestrando CiênciaPolítica: Governação e Relações Internacionais.


3
Universidade Católica de Moçambique (UCM)
Centro de Ensino à Distância (CED)
Rua Correia de Brito No 613 – Ponta-Gêa
Beira – Sofala

Telefone: 23 32 64 05
Cell: 82 50 18 440

Moçambique

Fax: 23 32 64 06
E-mail: ced@ucm.ac.mz
Website: www.ucm.ac.mz

5
Revisado por: João Geral Patricio

Agradecimentos
A Universidade Católica de Moçambique (UCM) – Centro de Ensino à Distância (CED) e o autor do
presente manual, Egídio Simango, agradecem a colaboração de todos que directa ou indirectamente
participaram na elaboração deste manual. À todos sinceros agradecimentos.

7
Teoria Geral de Código: A0017 i

Índice
Visão geral 1
Benvindo `a Teoria Geral de Administração Pública........................................................1
Objectivos do curso...........................................................................................................1
Quem deveria estudar este módulo....................................................................................2
Como está estruturado este módulo...................................................................................2
Ícones de actividade...........................................................................................................3
Acerca dos ícones...........................................................................................3
Habilidades de estudo........................................................................................................3
Precisa de apoio?...............................................................................................................4
Tarefas (avaliação e auto-avaliação).................................................................................5
Avaliação...........................................................................................................................5

Unidade N0 01-A0017 7
Tema:.................................................................................................................................7
Conceito de Administração Pública................................................................7
Introdução................................................................................................................7
Sumário..............................................................................................................................9
Exercícios........................................................................................................................10

Unidade N0 02-A0017 10
Tema:...............................................................................................................................10
Órgãos da Administração Pública..........................................................................10
Introdução..............................................................................................................10
Sumário............................................................................................................................12
Exercícios........................................................................................................................13

Unidade N0 03-A0017 15
Tema:...............................................................................................................................15
Administração Pública e Privada...................................................................15
Introdução..............................................................................................................15
Sumário............................................................................................................................17
Exercícios........................................................................................................................18

Unidade N0 04-A0017 18
Tema:...............................................................................................................................18
O Estado.................................................................................................................18
Introdução..............................................................................................................18
ii Índice

Sumário............................................................................................................................21
Exercícios........................................................................................................................22

Unidade N0 05-A0017 23
Tema:...............................................................................................................................23
As Funções do Estado............................................................................................23
Introdução..............................................................................................................23
Sumário............................................................................................................................24
Exercícios........................................................................................................................25

Unidade N0 06-A0017 26
Tema:...............................................................................................................................26
A Política e sua Relação com.................................................................................26
Administração Pública...........................................................................................26
Introdução..............................................................................................................26
Sumário............................................................................................................................27
Exercícios........................................................................................................................28

Unidade N0 07-A0017 29
Tema:...............................................................................................................................29
A Legislação e sua Relação com............................................................................29
Administração Pública...........................................................................................29
Introdução..............................................................................................................29
Sumário............................................................................................................................30
Exercícios........................................................................................................................31

Unidade N0 08-A0017 32
Tema:...............................................................................................................................32
A Justiça.................................................................................................................32
Introdução..............................................................................................................32
Sumário............................................................................................................................33
Exercícios........................................................................................................................34

Unidade N0 09-A0017 35
Tema:...............................................................................................................................35
Evolução Histórica da Administração Pública em Moçambique. .35
Introdução..............................................................................................................35
Sumário............................................................................................................................41
Exercícios........................................................................................................................42

Unidade N0 010-A0017 42
Tema:...............................................................................................................................42
Poder Local em Moçambique................................................................................42
Introdução..............................................................................................................42
Teoria Geral de Código: A0017 iii

Compete `as autarquias locais planificar, pressupondo-se que concebam planos a


médio e longo prazos; elaborar plano de desenvolvimento e de ordenamento do
território, e estes devem ser ratificados pelo Governo Central; elaborar planos de
estrutura e urbanização, planos de áreas prioritárias de desenvolvimento urbano e
de construção, e planos de zonas de protecção urbana e de áreas críticas de
recuperação e de reconversão urbanística..............................................................45
Sumário............................................................................................................................45
Exercícios........................................................................................................................46

Unidade N0 011-A0017 47
Tema:...............................................................................................................................47
Administração Pública como Poder..............................................................47
Introdução..............................................................................................................47
Sumário............................................................................................................................49
Exercícios........................................................................................................................50

Unidade N0 012-A0017 51
Tema:...............................................................................................................................51
Submissão da Administração Pública às Leis.........................................51
Introdução........................................................................................................................51
Sumário............................................................................................................................53
Exercícios........................................................................................................................53

Unidade N0 013-A0017 54
Tema:...............................................................................................................................54
O Papel das Estruturas Tradicionais e suas............................................................54
Influências na Administração Pública....................................................................54
Introdução..............................................................................................................54
Sumário............................................................................................................................58
Exercícios........................................................................................................................59

Unidade N0 14-A0017 59
Tema:...............................................................................................................................59
Sistemas Administrativos.......................................................................................59
Introdução..............................................................................................................59
Sumário............................................................................................................................61
Exercícios........................................................................................................................61

Unidade N0 15-A0017 62
Tema:...............................................................................................................................62
Sistema Tradicional................................................................................................62
Introdução..............................................................................................................62
iv Índice

Sumário............................................................................................................................63
Exercícios........................................................................................................................64

Unidade N0 16-A0017 64
Tema:...............................................................................................................................64
Sistemas Modernos................................................................................................64
Introdução..............................................................................................................64
Sumário............................................................................................................................66
Exercícios........................................................................................................................66

Unidade N0 17-A0017 67
Tema:...............................................................................................................................67
Sistema do Tipo Britânico ou de............................................................................67
Administração Judicial...........................................................................................67
Introdução..............................................................................................................67
Sumário............................................................................................................................69
Exercícios........................................................................................................................69

Unidade N0 18-A0017 70
Tema:...............................................................................................................................70
Sistema do Tipo Francês ou de..............................................................................70
Administração Executiva.......................................................................................70
Introdução..............................................................................................................70
Sumário............................................................................................................................72
Exercícios........................................................................................................................72

Unidade N0 19-A0017 73
Tema:...............................................................................................................................73
Evolução dos Sistemas...........................................................................................73
Administrativos Modernos.....................................................................................73
Introdução..............................................................................................................73
Sumário............................................................................................................................75
Exercícios........................................................................................................................76

Unidade N0 020-A0017 77
Tema:...............................................................................................................................77
Princípio da Prossecução do Interesse Público......................................................77
Introdução..............................................................................................................77
Sumário............................................................................................................................79
Exercícios........................................................................................................................80

Unidade N0 021-A0017 80
Tema:...............................................................................................................................80
Princípio da Legalidade..........................................................................................80
Teoria Geral de Código: A0017 v

Introdução..............................................................................................................80
Sumário............................................................................................................................82
Exercícios........................................................................................................................83

Unidade N0 022-A0017 83
Tema:...............................................................................................................................83
Princípio da Igualdade............................................................................................83
Introdução..............................................................................................................84
Sumário............................................................................................................................85
Exercícios........................................................................................................................86

Unidade N0 023-A0017 86
Tema:...............................................................................................................................86
Princípio da Publicidade........................................................................................86
Introdução..............................................................................................................86
Sumário............................................................................................................................87
Sumário............................................................................................................................88
Exercícios........................................................................................................................89

Unidade N0 024-A0017 90
Tema:...............................................................................................................................90
Princípio do Poder Discricionário..........................................................................90
Introdução..............................................................................................................90
Sumário............................................................................................................................91
Exercícios........................................................................................................................92
Teoria Geral de Código: A0017 1

Visão geral

Benvindo `a Teoria Geral de


Administração Pública
O estudo da Administração Pública, como ciência autónoma, é
recente, tanto no mundo assim como em Moçambique.
Anteriormente a Administração Pública era associada ao Direito
mas hoje ela assumiu-se como uma ciência com seu próprio
objecto.
O manual de Teoria Geral de Administração Pública contém
conhecimentos gerais sobre a administração pública, no que
concerne `a sua natureza, organização, funcionamento e a sua
relação com os particulares, os cidadãos.
A administração pública, historicamente, foi evoluindo desde
períodos em que os cidadãos não gozavam de um sistema de
garantias jurídicas face `a administração até ao momento actual em
que estes podem recorrer dos actos ilegais da administração.
Com a Revolução Francesa surgem os sistemas modernos de
administração pública caracterizados pela separação de poderes e
Estado de Direito.

Objectivos do curso
Quando terminar o estudo da Teoria Geral de Administração Pública, o
estudante será capaz de:
2 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

 Dominar conhecimentos técnicos profissionais da


Administração Pública.
 Reforçar a capacidade institucional da Administração Pública
Objectivos
no seu posto trabalho.
 Ter gosto pela coisa pública.
 Tornar-se capaz e motivado para desempenhar com sucesso as
suas actividades.

Quem deveria estudar este módulo


Este módulo foi concebido para todos aqueles que frequentam os cursos à
distância, oferecidos pela Universidade Católica de Moçambique (UCM),
através do seu Centro de Ensino à Distância (CED).

Como está estruturado este módulo


Todos os módulos dos cursos produzidos por UCM - CED encontram-se
estruturados da seguinte maneira:

Páginas introdutórias

 Um índice completo.

 Uma visão geral detalhada do curso / módulo, resumindo os


aspectos-chave que você precisa conhecer para completar o estudo.
Recomendamos vivamente que leia esta secção com atenção antes de
começar o seu estudo.

Conteúdo do curso / módulo

O curso está estruturado em unidades. Cada unidade incluirá uma


introdução, objectivos da unidade, conteúdo da unidade incluindo
actividades de aprendizagem, um resumo da unidade e uma ou mais
actividades para auto-avaliação.
Teoria Geral de Código: A0017 3

Outros recursos

Para quem esteja interessado em aprender mais, apresentamos uma lista


de recursos adicionais para você explorar. Estes recursos podem incluir
livros, artigos ou sites na internet.

Tarefas de avaliação e/ou Auto-avaliação

Tarefas de avaliação para este módulo encontram-se no final de cada


unidade. Sempre que necessário, dão-se folhas individuais para
desenvolver as tarefas, assim como instruções para as completar. Estes
elementos encontram-se no final do modulo.

Comentários e sugestões

Esta é a sua oportunidade para nos dar sugestões e fazer comentários


sobre a estrutura e o conteúdo do curso / módulo. Os seus comentários
serão úteis para nos ajudar a avaliar e melhorar este curso / modulo.

Ícones de actividade
Ao longo deste manual irá encontrar uma série de ícones nas margens das
folhas. Estes icones servem para identificar diferentes partes do processo
de aprendizagem. Podem indicar uma parcela específica de texto, uma
nova actividade ou tarefa, uma mudança de actividade, etc.

Acerca dos ícones


Os icones usados neste manual são símbolos africanos, conhecidos por
adrinka. Estes símbolos têm origem no povo Ashante de África
Ocidental, datam do século XVII e ainda se usam hoje em dia.

Pode ver o conjunto completo de ícones deste manual já a seguir, cada


um com uma descrição do seu significado e da forma como nós
interpretámos esse significado para representar as várias actividades ao
longo deste módulo.

Habilidades de estudo
Caro estudante, procure olhar para você em três dimensões
nomeadamente: o lado social, profissional e estudante, daí ser importante
planificar muito bem o seu tempo.

Procure reservar no mínimo 2(duas) horas de estudo por dia e use ao


máximo o tempo disponível nos finais de semana. Lembre-se que é
4 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

necessário elaborar um plano de estudo individual, que inclui, a data, o


dia, a hora, o que estudar, como estudar e com quem estudar (sozinho,
com colegas, outros).

Evite o estudo baseado em memorização, pois é cansativo e não produz


bons resultados, use métodos mais activos, procure desenvolver suas
competências mediante a resolução de problemas específicos, estudos de
caso, reflexão, etc.

O manual contém muita informação, algumas chaves, outras


complementares, daí ser importante saber filtrar e apresentar a
informação mais relevante. Use estas informações para a resolução das
exercícios, problemas e desenvolvimento de actividades. A tomada de
notas desempenha um papel muito importante.

Um aspecto importante a ter em conta é a elaboração de um plano de


desenvolvimento pessoal (PDP), onde você reflecte sobre os seus pontos
fracos e fortes e perspectivas o seu desenvolvimento.

Lembre-se que o teu sucesso depende da sua entrega, você é o


responsável pela sua própria aprendizagem e cabe a ti planificar,
organizar, gerir, controlar e avaliar o seu próprio progresso.

Precisa de apoio?
Caro estudante, temos a certeza de que por uma ou por outra situação, o
material impresso, lhe pode suscitar alguma dúvida (falta de clareza,
alguns erros de natureza frásica, prováveis erros ortográficos, falta de
clareza conteudística, etc). Nestes casos, contacte o tutor, via telefone,
escreva uma carta participando a situação e se estiver próximo do tutor,
contacte-o pessoalmente.

Os tutores têm por obrigação, monitorar a sua aprendizagem, dai o


estudante ter a oportunidade de interagir objectivamente com o tutor,
usando para o efeito os mecanismos apresentados acima.

Todos os tutores têm por obrigação facilitar a interação, em caso de


problemas específicos ele deve ser o primeiro a ser contactado, numa fase
posterior contacte o coordenador do curso e se o problema for da natureza
geral, contacte a direcção do CED, pelo número 825018440.

Os contactos só se podem efectuar, nos dias úteis e nas horas normais de


expediente.

As sessões presenciais são um momento em que você caro estudante, tem


a oportunidade de interagir com todo o staff do CED, neste período pode
apresentar dúvidas, tratar questões administrativas, entre outras.

O estudo em grupo, com os colegas é uma forma a ter em conta, busque


apoio com os colegas, discutam juntos, apoiem-me mutuamente,
reflictam sobre estratégias de superação, mas produza de forma
independente o seu próprio saber e desenvolva suas competências.
Teoria Geral de Código: A0017 5

Juntos na Educação à Distância, vencendo a distância.

Tarefas (avaliação e auto-avaliação)


O estudante deve realizar todas as tarefas (exercícios, actividades e auto-
avaliação), contudo nem todas deverão ser entregues, mas é importante
que sejam realizadas. As tarefas devem ser entregues antes do período
presencial.

Para cada tarefa serão estabelecidos prazos de entrega, e o não


cumprimento dos prazos de entrega, implica a não classificação do
estudante.

As trabalhos devem ser entregues ao CED e os mesmos devem ser


dirigidos ao tutor/docentes.

Podem ser utilizadas diferentes fontes e materiais de pesquisa, contudo os


mesmos devem ser devidamente referenciados, respeitando os direitos do
autor.

O plagiarismo deve ser evitado, a transcrição fiel de mais de 8 (oito)


palavras de um autor, sem o citar é considerado plágio. A honestidade ,
humildade científica e o respeito pelos direitos autorais devem marcar a
realização dos trabalhos.

Avaliação
Você será avaliado durante o estudo independente (80% do curso) e o
período presencial (20%). A avaliação do estudante é regulamentada com
base no chamado regulamento de avaliação.

Os trabalhos de campo por si desenvolvidos, durante o estudo individual,


concorrem para os 25% do cálculo da média de frequência da cadeira.

Os testes são realizados durante as sessões presenciais e concorrem para


os 75% do cálculo da média de frequência da cadeira.

Os exames são realizados no final da cadeira e durante as sessões


presenciais, eles representam 60% , o que adicionado aos 40% da média
de frequência, determinam a nota final com a qual o estudante conclui a
cadeira.

A nota de 10 (dez) valores é a nota mínima de: (a) admissão ao exame,


(b) nota de exame e, (c) conclusão do módulo.
6 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

Nesta cadeira o estudante deverá realizar: 3 (três) trabalhos; 2 (dois)


testes escritos e 1 (um) exame escrito.

Não estão previstas quaisquer avaliação oral.

Algumas actividades práticas, relatórios e reflexões serão utilizadas


como ferramentas de avaliação formativa.

Durante a realização das avaliações , os estudantes devem ter em


consideração: a apresentação; a coerência textual; o grau de
cientificidade; a forma de conclusão dos assuntos, as recomendações, a
indicação das referências utilizadas, o respeito pelos direitos do autor,
entre outros.

Os objectivos e critérios de avaliação estão indicados no manual.


Consulte-os.

Alguns feedbacks imediatos estão apresentados no manual.


Teoria Geral de Código: A0017 7

Unidade N0 01-A0017

Tema:

Conceito de Administração Pública

Introdução
Ao falarmos de Administração Pública é preciso ter presente um
conjunto de necessidades colectivas que são assumidas como tarefa
fundamentais a serem executadas por órgãos específicos. Portanto,
há necessidades colectivas que são criadas pelas próprias
sociedades e elas devem ser satisfeitas. O conceito de
Administração Pública varia em função da perspectiva em que ela é
apresentada. Temos o sentido orgânico (órgãos) e sentido material
(actividades).

Ao completar esta unidade, você será capaz de:

 Conceituar a Administração Pública;

 Identificar o objecto de estudo da Administração Pública; e

 Diferenciar os vários sentidos da expressão Administração


Objectivos Pública.

Conceito de Administração Pública


Já nos referimos anteriormente que o conceito de Administração
Pública varia em função da perspectiva que se pretende. O ponto
comum é a satisfação de um conjunto de necessidades colectivas, e
8 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

que para tal, são criados serviços. Para poder satisfazer estas
necessidades colectivas são necessários meios materiais e humanos.
Portanto, onde quer que exista e se manifeste com intensidade
suficiente uma necessidade colectiva aí surgirá um serviço público
destinado a satisfaze-la.

Ao se referir ao conceito de Administração Pública, há uma


contraposição entre organização (dimensão estática) e
actividades/materiais (dimensão dinâmica) (CAETANO).

Ao sistema de órgãos, serviços e agentes de Estado, bem como das


demais pessoas colectivas públicas, que asseguram em nome da
colectividade a satisfação regular e contínua das necessidades
colectivas de segurança, cultura e bem-estar referimo-nos à
Administração Pública no sentido orgânico, de organização ou
subjectivo. Aqui refere-se às pessoas colectivas públicas dotadas de
personalidade jurídica e serviços públicos. A Administração
Pública nesta perspectiva não se resume à organização dos serviços
centrais do Estado, como os Governos Centrais, os Ministérios,
etc., inclui também os serviços locais que desenvolvem de forma
descontinuada funções de interesse geral. É necessário também
referir que a Administração Pública não se limita ao Estado, pois,
existem outras entidades e organismos que também desenvolvem a
actividade administrativa.
Às actividades típicas dos serviços públicos e agentes
administrativos desenvolvida no interesse geral da colectividade,
com vista à satisfação regular e contínua das necessidades
colectivas de segurança, cultura e bem-estar, obtendo para o efeito
os recursos mais adequados e utilizando as formas mais
convenientes, referimo-nos à administração pública no sentido
material ou objectivo, como sinónimo de actividades
administrativas. Aqui refere-se às actividades contínuas,
permanentes e regulares desenvolvidas pelos poderes públicos com
vista à satisfação das necessidades colectivas.
Teoria Geral de Código: A0017 9

Destas distinções da Administração Pública poderá ter notado a


diferença na grafia. Pretendendo uma precisão terminológica dos
conceitos, a Administração Pública escrita com iniciais maiúsculas
é no sentido orgânico e escrita com iniciais minúsculas é no sentido
material (DE AMARAL).

Sumário
A Administração Pública pode ser vista na perspectiva orgânica ou
material. Na perspectiva orgânica refere-se aos diferentes órgãos ou
serviços, agentes de Estado, bem como das demais pessoas
colectivas que concorrem para a satisfação de necessidades
colectivas. Diz-se agentes de Estado e demais pessoas colectivas,
pois, não são só os agentes de Estado que satisfazem as
necessidades colectivas. Existem outras entidades, diferentes do
Estado que satisfazem necessidades colectivas. No sentido orgânico
ou de organização, a Administração Pública escreve-se com iniciais
maiúsculas.
Na perspectiva material, são as actividades desenvolvidas pelos
serviços públicos com vista à satisfação de necessidades colectivas.
Nesta perspectiva, as iniciais de administração pública escreve-se
com iniciais minúsculas.
O objecto de estudo da Administração Pública é de satisfazer as
necessidades colectivas.
10 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

Exercícios

1 – Qual é o principal objecto de estudo da Administração Pública?

Resposta: O principal objecto de estudo da Administração Pública é


Auto-avaliação a satisfação das necessidades colectivas.

2 – Quais os principais sentidos da Administração Pública?

Resposta: Os principais sentidos da Administração Pública são:


Orgânico e material.

Unidade N0 02-A0017

Tema:

Órgãos da Administração Pública

Introdução
Convém notar que nem todos os órgãos que concorrem para
satisfação das necessidades colectivas tem a mesma origem ou
natureza. Uns são criados e geridos directamente pelo Estado,
outros são entregues à entidades autónomas e outros são entidades
tradicionais de origem religiosa e assumida pelo Estado. O comum
é que todos tem como objecto a satisfação de necessidades
colectivas.
Teoria Geral de Código: A0017 11

Ao completar esta unidade, você será capaz de:

 Aprofundar o conhecimento sobre o objecto da Administração


Pública; e

Objectivos  Conhecer os diferentes órgãos que satisfazem as necessidades


colectivas.

Órgãos da Administração Pública


A Administração Pública não consiste fundamentalmente na
organização dos serviços Centrais do Estado, como o Governo, os
Ministérios, as Direcções Gerais, etc, mas tudo isto pertence à
Administração Pública. Esta é uma parte da Administração Pública
no seu conjunto.

Existem órgãos e serviços locais que desenvolvem de forma


desconcentrada funções de interesse geral. A Administração
Pública não se limita ao Estado, inclui-o e comporta muitas outras
entidades e organismos. Para ele, nem toda actividade
administrativa é actividade estadual, na medida em que ao lado do
Estado existem muitos outros órgãos que também desenvolvem a
Administração Pública (CAETANO).

Os Municípios, as Freguesias, Regiões Autónomas, Universidades,


Instituições Públicas, Empresas Públicas, etc., são órgãos com
personalidade própria que localmente concorrem para a satisfação
de necessidades colectivas.
12 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

Os Municípios surgem antes do Estado. As primeiras


manifestações da administração pública começaram ao nível local.
Hoje o Estado simplesmente regula o estatuto jurídico dos
municípios (DE AMARAL).

A actividade administrativa pública é desenvolvida, em parte, no


âmbito do Estado e em parte, fora deste. Daí nasce a distinção entre
a administração estadual e a administração autónoma. A
administração estadual é desenvolvida por órgãos e serviços da
própria pessoa colectiva pública Estado – administração directa,
mas também pode ser prosseguida por pessoas colectivas distintas
do Estado – administração indirecta. A administração autónoma é
constituída por pessoas colectivas que não foram criadas pelo
Estado mas prosseguem interesses públicos próprios das
colectividades (CAUPERS).

Portanto, a noção de administração pública é bem mais ampla do


que o conceito de Estado.

Sumário
O conceito de Administração Pública não se pode limitar ao
Estado, pois, ao lado deste existem vários outros órgãos e serviços
que concorrem para a satisfação de necessidades colectivas. É o
caso dos Municípios, Freguesias, Regiões Autónomas,
Universidades, Instituutos Públicos, etc que não podemos
considerar de Estado mas existem para satisfazer as necessidades
colectivas. São órgãos com personalidade jurídica própria, distinta
do Estado.

Na história da Administração Pública, viu-se que os Municípios,


com personalidade jurídica própria, surgiram muito antes dos
Estados. É nesta perspectiva que quando hoje se fala de criação de
Teoria Geral de Código: A0017 13

Municípios pelo Estado, através da descentralização, refere-se à


devolução de poderes, pois os poderes já estavam com os
Municípios antes.

Exercícios

1 – Quais os órgãos que prosseguem a actividade administrativa


pública?

Auto-avaliação Resposta: A Administração Pública pode ser desenvolvida


directamente pelo Estado ou através de outras pessoas colectivas
públicas, como os Municípios.
Teoria Geral de Código: A0017 15

Unidade N0 03-A0017

Tema:

Administração Pública e Privada

Introdução
A Administração Pública e privada tem em comum o facto de
ambas manejarem recursos com vista a atingir um determinado
objectivo mas elas diferem-se em vários aspectos, a considerarem:
Objecto que cada uma incide, fim que cada uma visa prosseguir e
os meios que cada uma utiliza.

Ao completar esta unidade, você será capaz de:

 Diferenciar a Administração Pública da privada, quanto ao objecto,


fim e meio.

Objectivos

Administração Pública e Privada


A Administração Pública tem características próprias e especificas,
daí que torna-se impossível reger-se pelos mesmos princípios que a
administração privada. A Administração Pública é um instrumento
do poder político na medida em que as suas organizações públicas
encontram-se dependentes das vontades políticas dos
representantes da colectividade e tem uma sobrevivência
dependendo de dotações orçamentais; ao passo que a
16 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

administração privada depende essencialmente do mercado


(CAUPERS).

Há 3 diferenças entre Administração Pública e privada: objecto,


fim e meio (CAETANO).

Considera que quanto ao objecto a Administração Pública incide


sobre as necessidades colectivas e administração privada sobre
necessidades individuais ou particulares. Para uma necessidade ser
considerada de colectiva ela deve atingir a generalidade do público.
Só a colectividade é que pode assumir as necessidades colectivas
como tarefas principais por satisfazer, ao passo que as necessidades
individuais, porque não atingem a generalidade da colectividade,
são assumidas de forma particular, pela administração privada.

A Administração Pública, quanto ao fim, prossegue sempre o


interesse público ou colectivo. Os serviços públicos só podem
prosseguir o interesse publico, ao passo que a administração
privada tem em vista interesses particulares ou pessoais. São fins
sem vinculação necessária ao interesse geral da colectividade.

A Administração Pública traduz-se na satisfação de necessidades


colectivas, pelo que ela deve realizar sem encontrar resistências dos
particulares. É nesta perspectiva que a Lei permite que os serviços
públicos utilizem meios coercivos para impor-se aos particulares,
sem depender do seu consentimento, fazendo mesmo contra a sua
vontade. O que caracteriza a Administração Pública é o seu
comando unilateral, sob forma de acto normativo (regulamento
administrativo) ou decisão concreta e individual (acto
administrativo) e não na forma de contrato administrativo. Ao
passo que na administração privada, há uma igualdade entre as
partes, na medida em que usam os mesmos meios jurídicos. Sendo
os particulares iguais entre si, ninguém pode impor ao outro a sua
própria vontade, salvo se for decorrente de um acordo previamente
Teoria Geral de Código: A0017 17

estabelecido. Portanto, o contrato é que caracteriza o


funcionamento da administração privada. A administração privada
não pode, como meio, usar a autoridade, na medida em que a Lei
não a permite.

Sumário
A Administração Pública tem em comum com a administração privada o
facto de ambas manejarem recursos com vista a atingir um determinado
objectivo. Enquanto que Administração Pública satisfaz necessidades
colectivas, a administração privada satisfaz necessidades individuais. Ou
melhor, a distinção que existe entre Administração Pública da privada
está no objecto que cada uma incide, no fim que cada uma visa prosseguir
e no meio que cada uma usa.

Quanto ao objecto, a Administração Pública satisfaz necessidades


colectivas enquanto que administração privada satisfaz necessidades
individuais ou particulares.

Quanto ao fim, a Administração Pública prossegue o interesse colectivo


ou público e administração privada prossegue o interesse individual ou
particuar.

Quanto ao meio, a Administração Pública goza de autoridade própria de


impor aos particulares, pois, a Lei permite que ela use os meios coercivos
para impor suas vontades aos particulares e administração privada não
pode impor suas vontades aos particulares. Entre administração privada e
os particulares há uma igualdade que faz com que nenhuma delas detenha
poderes sobre a outra.
18 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

Exercícios

1 – Diferencie Administração Pública da privada.

Resposta: A Administração Pública diferencia-se da privada quanto ao


objecto, fim e meio.

Auto-avaliação
2 - Qual a diferença quanto ao fim?

Resposta: A diferença quanto ao fim é que a Administração Pública


prossegue o interesse público e administração privada o interesse
individual ou particular.

Unidade N0 04-A0017

Tema:

O Estado

Introdução
Dos vários órgãos que satisfazem necessidades colectivas temos o
Estado como o principal, que em paralelo com outros contribuem
para o bem estar da sociedade. O Estado é uma pessoa colectiva
diferente das outras. Não se pode falar de Estado sem falar de um
Teoria Geral de Código: A0017 19

povo, de um território e do poder político. O poder político é


exercido sobre o povo, dentro do território.

Ao completar esta unidade, você será capaz de:

 Conhecer a diferença entre o Estado e outras pessoas colectivas que


satisfazem necessidades colectivas.

 Conhecer os elementos do Estado.


Objectivos

Estado
Quando se fala de Estado, ela suscita várias interpretações, quer no
plano internacional, quer no constitucional, assim como no
administrativo. Na acepção administrativa, o Estado aparece como
pessoa colectiva pública que desempenha actividades
administrativas. As questões constitucionais e internacionais não
contam no plano administrativo. Aqui o que mais conta é a
distribuição das competências pelos diferentes órgãos (centrais e
locais) e a separação entre o Estado e as demais pessoas colectivas,
como é o caso das autarquias locais (CAETANO).

O Estado e as autarquias locais tem em comum o facto de ambas


prosseguirem o bem comum e este deve ser satisfeito. As primeiras
manifestações da Administração Pública foi no âmbito local,
portanto, nos Municípios, pois, não havia a noção de Estado. O
Estado compreendia entidades tradicionais, sem personalidade
jurídica, reservada aos monarcas. Com o desenvolvimento da
técnica e as preocupações económicas da vida, o Estado passou a
intervir cada vez mais na vida social e alargando desse modo a sua
administração (AMARAL).
20 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

Portanto, o Estado é uma pessoa colectiva autónoma, permanente,


com património próprio diferente das outras pessoas colectivas
públicas que integram a administração. O Estado é separado das
autarquias locais na medida em que são pessoas colectivas públicas
diferentes, cada um gozando da sua personalidade jurídica,
património próprio, direitos, obrigações, atribuições, competências,
finanças e pessoal próprio (CAETANO).

Assim, o Estado torna-se como pessoa colectiva pública distinta de


outras pessoas colectivas e, por conseguinte, há um conjunto de
consequências que advêm desta situação como, a definição
constitucional das suas atribuições e competências e dos seus
órgãos; distinção entre órgãos e representantes do Estado;
existência de funcionários do Estado, com categorias distinta dos
outros órgãos com personalidades próprias e delimitação do
património do Estado. Ao se referir às atribuições do Estado é
necessário ter em conta a diferença radical que separa este das
outras pessoas colectivas públicas, pois, para o Estado não há um
diploma legal que as enumera como acontece com outras pessoas
colectivas públicas em que existem textos legais. O ponto comum
entre o Estado e as outras pessoas colectivas públicas é que as suas
atribuições resultam da Lei, tratando-se de Estado Moderno.
Portanto, é na Constituição da República que se pode encontrar as
mais importantes atribuições dos Estados idem.

Para puder desenvolver as suas atribuições, o Estado deve estar


dotada de uma organização que possibilita a prossecução dos
interesses comuns da sociedade. Daí que surgem os órgãos do
Estado, em que Max Weber considera como uma instituição que
detém o monopólio da violência legítima, uma vez que os cidadãos
devem obedecer as decisões destes órgãos (FERNANDES, 1995).
Teoria Geral de Código: A0017 21

Dos órgãos do Estado, temos os centrais e os locais, que são


distintos dos órgãos de poder local como anteriormente referimos.

São 3 os elementos que corporizam o Estado: o povo, o território e


o poder político. O povo é o elemento básico na constituição do
Estado, pois ele é o elemento humano e imprescindível `a
existência de um Estado. O povo constitui-se como Estado quando
está num determinado território onde exerce a função política. O
povo fixado num território só ascende a categoria de Estado quando
passa a exercer o poder político.

Sumário
O Estado está dotado de uma personalidade jurídica distinta de
outros órgãos que também concorrem para a satisfação de
necessidades colectivas. Muitas vezes quando distinguimos o
Estado de outras pessoas colectivas referi-mo-nos aos Municípios,
pois, são esses os mais visíveis no nosso dia-dia.

É comum ouvir-se que os Estados é que criaram os Municípios mas


na verdade estes existem há muito tempo, muito antes do
surgimento dos Estados. A criação dos Municípios, actualmente, é
a devolução de poderes aos verdadeiros donos. Os Municípios tem
a sua personalidade jurídica própria, distinta do Estado, e detém de
autonomia financeira, patrimonial e administrativa. Tem um
Presidente e uma Assembleia eleita.

O Estado concorre para a satisfação de necessidades colectivas, da


mesma forma que os Municípios, com sua personalidade jurídica
própria o fazem.
22 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

Quando se fala da descentralização, refere-se a transferência de


competências na perspectiva horizontal, portanto, ao lado do
Estado. Enquanto que a transferência de competências na
perspectiva vertical trata-se de desconcentração, pois, não se refere
à criação de órgãos com personalidade jurídica própria.

Exercícios

1 – O que há em comum entre o Estado e outras pessoas colectivas


públicas?

Auto-avaliação Resposta: O Estado e outras pessoas colectivas satisfazem


necessidades colectivas
Teoria Geral de Código: A0017 23

Unidade N0 05-A0017

Tema:

As Funções do Estado

Introdução
Consideramos de Funções do Estado ao conjunto de actividades
desenvolvidas por este com vista a realização dos seus fins.
Referimos anteriormente que são fins da Administração Pública a
satisfação do interesse público, geral ou colectivo.

Ao completar esta unidade, você será capaz de:

 Identificar as funções do Estado.

 Relacioanar as actividades públicas do Estado com a Administração


Pública.
Objectivos
24 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

Funções do Estado

Dizer que funções do Estado são o conjunto de actividades


desenvolvidas por este para satisfazer os seus interesses, remete-
nos a ideia de querer perceber quais as actividades do Estado. Não
há um consenso entre os estudiosos desta matéria em relação às
actividades do Estado.

Não há consenso em relação às actividades desenvolvidas pelo


Estado na medida em que elas são controversas, dependendo do
prisma ideológico em que ela é analisada (HENRIQUES &
CABRITO).

É nestes termos que alguns autores marxistas distinguem as


funções do Estado em 3 modalidades, nomeadamente, a técnico-
económica, que actua ao nível do sector económico; a política, que
actua ao nível da luta política de classes; e a ideológica com a
finalidade de inserir os homens nas actividades práticas que
suportam a estrutura do Estado. As funções técnico-económica e
ideológica subordinam-se à função politica na medida em que para
os marxistas o Estado desempenha um papel aglutinador da
sociedade.

Autores como Marcello CAETANO tipificam as Funções do


Estado com base no Direito. Deste modo dividem-nas em jurídicas
e não jurídicas. As jurídicas englobam as funções legislativas e a
justiça e a não jurídica é a politica.

Sumário
Falar das funções do Estado é compreender a finalidade dela. São
todas as actividades desenvolvidas pelo Estado com vista a
prosseguir o seu fim. O Estado para prosseguir o seu fim deve fazer
dentro de um quadro legal previamente estabelecido. É assim que
temos a função jurídica que compreende as actividades legislativas
Teoria Geral de Código: A0017 25

e de justiça e a função política que é a identificação das


necessidades colectivas.

Compreende o Estado o território, a população e o poder político.


Significa que as populações para poderem viver e estabelecer
relações com os outros deve haver um quadro legal que é elaborado
pela função legislativa, e a justiça resolve os problemas que vão
surgindo derivado do imcumprimento das Leis e temos o poder
político que identifica e executas as necessidades das populações.

Exercícios

1 – Quais as funções do Estado?

Resposta: O Estado tem como função jurídica e não jurídica. Jurídica


(legislativa e justiça) e não jurídica (política).
Auto-avaliação
26 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

Unidade N0 06-A0017

Tema:

A Política e sua Relação com

Administração Pública

Introdução
Existindo o povo dentro do Estado, estas tem necessidades que
devem ser satisfeitas. Os órgãos existem para satisfazer
necessidades das populações. As populações não apresentam de
forma individual as suas necessidades. Há mecanismos de recolha
de informação até a sua satisfação. A política, entanto que
actividade pública do Estado, aparece para identificar as
necessidades das populações e por sua vez a administração
implementa.

Ao completar esta unidade, você será capaz de:


Teoria Geral de Código: A0017 27

1 - Conhecer o papel da função política entanto que actividade


pública do Estado.

2 - Relacionar a função política com a Administração Pública.

Objectivos

Política e Administração pública

Sendo a política a actividade pública do Estado, ela tem como fim


único definir o interesse geral da colectividade. Enquanto que a
política identifica as opções que uma determinada sociedade
enfrenta, a Administração Pública existe para realizar este interesse
definido pela política. A administração aparece para pôr em prática
aquilo que foi definido ou identificado pela política, daí que ela
sofre influência directa da política. Ela tem uma natureza
executiva. A função política, a que muitos autores preferem
considerar de função governativa, está mais ligada ao elemento do
Estado povo. Esta função existe para identificar as aspirações do
povo. O Estado ou outros órgãos que satisfazem as necessidades
colectivas aguardam que a função política traga o que identificou
para esta implementar.

Sumário
A função política estabelece uma relação com a Administração
Pública na medida em que uma identifica as necessidades das
populações e outra executa. Ou melhor, a função política existe
para recolher a informação relativa às necessidades das populações
e por sua vez a Administração Pública existe para realizar estas
necessidades. Portanto, não é a Administração Pública que
28 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

identifica as necessidades colectivas mas sim a função política. A


Administração Pública aguarda que a função política traga as
necessidades das populações para a administração poder realizar.

Exercícios

1 – Qual a relação entre a função política e a Administração Pública?

Resposta: A relação que existe entre a função política e a Administração


Pública é que a política identifica as necessidades da colectividade e a
Administração Pública põ em prática estas necessidades identificadas.
Auto-avaliação
Teoria Geral de Código: A0017 29

Unidade N0 07-A0017

Tema:

A Legislação e sua Relação com

Administração Pública

Introdução
A vida em sociedade é regulada por Lei. Existindo um povo dentro
do Estado, as suas relações devem ser previamente regradas. A Lei
é aplicada para o funcionamento da administração e também para
esta se relacionar com os particulares. A função legislativa surge
para definir as normas jurídicas a que depois todos devem
obedecer, quer seja o cidadão, quer seja a administração.

Ao completar esta unidade, você será capaz de:

Conhecer o papel que a função legislativa desempenha para a


30 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

sociedade.

Conhecer a relação que esta função desempenha com a


Administração Pública.

Objectivos

Legislação e Administração Pública

A função legislativa não difere da política. Quando nos referimos


ao Estado considerou-se que há um povo, um território e o poder
político. As relações interpessoais que são estabelecidas entre as
pessoas e estas com as instituições são dentro de um quadro legal
previamente estabelecido. Portanto, é através da função legislativa,
que o Estado cria as normas jurídicas de carácter geral e impessoal,
define opções, objectivos e normas abstractas. A Administração
Pública aplica e põe em prática aquilo que a função legislativa
definiu. A Administração Pública é subordinada à Lei na medida
em que toda actividade administrativa rege-se por normas. Estas
normas vão regular toda a actividade do Estado e a sua relação com
os particulares. A administração não funciona de forma arbitrária.

A faculdade de legislar na história da administração mostra que


nem sempre apareceu separada do poder executivo. É com a
separação de poderes que o órgão administrativo deixou de definir
as Leis (DE AMARAL).

Sumário
A função legislativa não difere da função política. Da mesma forma
que a Administração Pública aguarda que a função política traga as
necessidades colectivas para esta poder realizar, a função
legislativa produz as normas que devem regular a vida em
sociedade e do próprio funcionamento da Administração Pública. A
função legislativa ao produzir as leis tem como destinatários a
Teoria Geral de Código: A0017 31

organização, funcionamento da Administração Pública e a relação


que esta estabelece com os particulares.

Só com a Administração Pública moderna, com a separação de


poderes, é que ela passa a ser elaborada por um órgão independente
do poder executivo, contrariamente ao período tradicional.

Exercícios

1 – Qual a relação entre a função legislativa e Administração Pública?


Resposta: A função legislativa define as normas jurídicas que vão regular
a vida em sociedade e do funcionamento da Administração Pública.

Auto-avaliação
32 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

Unidade N0 08-A0017

Tema:

A Justiça

Introdução
Com a Revolução Francesa surge a separação de poderes e a justiça
deixa de estar ligada aos órgão de administração e passa a ser feita
por órgãos independentes. Embora exista normas jurídicas que
regulam a vida em sociedade, existem pessoas que violam estas
normas, podendo levar a situação de instabilidades sociais. A
justiça surge para fazer com que os cidadãos beneficiem dos
mesmos direitos, independentemente da cor, raça, filiação
partidária, etc.

Ao completar esta unidade, você será capaz de:

Compreender o papel da justiça para a sociedade.

Compreender a independência da justiça em relação a outros órgãos.

Objectivos

Justiça
Teoria Geral de Código: A0017 33

A justiça visa aplicar o Direito em casos concretos, julgando. A


justiça aguarda que os conflitos apareçam e através dos Tribunais,
com Juízes independentes, julgam. A justiça assim como a
administração dependem da função legislativa para o seu
funcionamento.

Embora esteja previsto uma legislação que regula a vida em


sociedade, a justiça sempre deve existir, pois, ela deve aplicar as
sanções aos prevaricadores.

A faculdade de julgar nem sempre esteve independente do órgão


executivo, pois com a concentração de poderes, os detentores deste
administrava e ao mesmo tempo julgava. A separação de poderes é
um fenómeno do século XVIII, com a Revolução francesa. Só com
os Estados modernos é que ela aparece separada do executivo (DE
AMARAL).

Sumário
Anteriormente haviamos afirmado que a função legislativa existe
para produzir normas que regulam as relações dentro da sociedade
e do funcionamento da Administração Pública. A existência de
normas nas sociedades não é um fenómeno que sempre e
prevaleceu. O período que antecedeu as sociedades modernas, as
relações interpessoais e interinstitucionais não eram feitas com base
nas normas previamente estabelecidas mas sim na vontade dos
detentores do poder. A Revolução Francesa introduz um marco na
vida em sociedade. É a partir deste período que se estabelece a
separação de poderes e o princípio da legalidade.

A existência de normas em si não resolve o problema. O novo


desafio é o seu cumprimento. Significa que, existindo normas,
todos os cidadãos passam a obedecer de forma igualitária.
34 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

A justiça surge para julgar casos de violação das normas. Significa


que a justiça aguarda que os casos a ela ocorrem para ela poder
aplicar o Direito respeitando o princípio da igualdade e demais
princípios. O Juíz é independente na aplicação do Direito.

Exercícios

1 – Antes da separação de poderes como era aplicado a justiça?

Resposta: Antes da separação de poderes a justiça era feita pelos órgão de


administração de forma concentrada, retirando assim o sistema de
Auto-avaliação garantias jurídicas dos cidadãos face à administração.

Unidade N0 09-A0017

Tema:

Evolução Histórica da Administração Pública


em Moçambique

Introdução
A Administração Pública em Moçambique atravessou vários
momentos, começando pelo período da colonização, independência
Teoria Geral de Código: A0017 35

e pós-independência. Com a Independência em 1975, depois de


500 anos de colonização, a partir de 1977, o país atravessa um
período de guerra de 16 anos que dilacerou todo o território
nacional. Só com o fim da guerra é que Moçambique se abre à
economia de mercado e ao multipartidarismo. A Administração
Pública moçambicana foi influenciada pelo sistema político vigente
desde a colonização até aos dias de hoje.

Ao completar esta unidade, você será capaz de:

 Compreender as diferentes fases da Administração Pública


moçambicana.

Objectivos  Conhecer o tipo de Administração Pública que Moçambique


adoptou depois da Independência e o actual.

História da Administração Pública em Moçambique


No passado colonial, a estrutura administrativa moçambicana era
essencialmente baseada no princípio da centralização, isto é, no
princípio da reserva do poder de decisão administrativa aos órgãos
superiores da administração. Os comandos derivavam
essencialmente de um centro, que era a metrópole colonial e mais
tarde na capital da Província Ultramarina. A natureza autoritária do
regime colonial português aliada à necessidade de forte domínio
sobre as Províncias Ultramarinas conduziu a que as estruturas
municipais então existentes fossem simples extensão do poder
central (MINISTÉRIO DA ADMINISTRAÇÃO ESTATAL,
DOCUMENTO DA REFORMA DOS ÓRGÃOS LOCAIS, 1992).
36 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

Com a Independência em 1975, conseguida através de uma luta


violenta, a FRELIMO pretendia edificar uma sociedade unida,
pacífica e igualitária, mas tal não chegou a acontecer, pois, o país
viu-se mergulhado numa guerra civil brutal que deixou um rasto de
destruição em todo pais. A partir de 1975, a FRELIMO adoptou
políticas Marxistas-Leninistas, alinhado com a ex-União Soviética
e seus aliados e um Estado socialista monopartidário.

A ideologia marxista adoptada pela FRELIMO entrou em conflito


com os lideres comunitários, que eram os chefes tradicionais,
considerados de ilegais e consequentemente destituídos; os
habitantes das zonas rurais, afectados de forma adversa pelas
políticas do Governo culminaram com a guerra civil em larga
escala entre o Governo monopartidário da FRELIMO e a
Resistência Nacional de Moçambique (RENAMO), constituída em
1976/7 sob a direcção da Rodésia, aproveitando-se do
ressentimento popular (RELATÓRIO DO MECANISMO
AFRICANO DE REVISÃO DE PARES, 2010).

A organização básica e constitucional do Estado moçambicano no


pós independência resultou, simultaneamente, de ruptura e de
continuidade, em relação aos modelos anteriormente seguidos,
(MANUEL).

Ela resultou de ruptura, pois, contrariamente ao que ocorria no


sistema colonial, no pós independência a organização do Estado
não visava propiciar a acumulação capitalista da burguesia
portuguesa, mas sim, a construção de uma sociedade livre da
exploração do homem pelo homem, daí que a Constituição da
República de 1975 tivesse como as seguintes linhas de força:

 Uma política económica intervencionista, no contexto da


qual cabia ao Estado agir em todos os sectores da vida
económica com vista a impedir que a acumulação do
poderio económico pudesse conduzir a dominação de
Teoria Geral de Código: A0017 37

algumas camadas em detrimento de outras. A actividade


governamental foi no passado dirigido no sentido de um
amplo intervencionismo em nome do princípio que a
intervenção do Estado é feita em nome do interesse comum
e favorecia a igualdade dos cidadãos. A ideia é que o
liberalismo excessivo deixa desprotegido os mais fracos,
sejam eles pobres ou empresários com menores capacidades
de enfrentar a concorrência;
 Uma política social assistencialista visando a realização
efectiva dos direitos sociais, como a saúde e educação que
era assegurada a todos independentemente dos seus
rendimentos;
 Uma orientação nacionalista que pretendia substituir os
actores coloniais por novos actores, os operários,
camponeses e as camadas mais pobres e desfavorecidas;
 Uma orientação monopartidária em que há a prevalência
de princípios políticos sobre a Lei; supremacia dos órgãos
partidários na vida institucional do país; exercício de função
de Presidente da República por inerência das funções de
Presidente do Partido FRELIMO; composição do
Parlamento com base nos órgãos do Partido FRELIMO,
pois, o Comité Central é que era o verdadeiro Parlamento;
iniciativa de Lei atribuída cumulativamente ao Comité
Central; subordinação das Forças Armadas ao Partido
FRELIMO; substituição provisória do Presidente da
República pelo Comité Central em caso de impedimento,
morte ou incapacidade; prevalência de critérios políticos
partidários sobre critérios meritocráticos, na selecção,
recrutamento e promoção dos funcionários, etc.

Por outro lado, ela resultou de continuidade, pois, ela não surgiu do
nada. Ele era a continuação de um modelo de Estado que vinha
sendo implementado nas Zonas Libertadas. Desde a sua fundação,
a FRELIMO se constituiu em órgãos Nacionais e Locais com claras
38 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

atribuições de natureza legislativa, executiva e judiciária. Neste


período, o Comité Central da FRELIMO realizava funções
legislativa, o Comité Executivo realizava funções executivas e o
Comité Político Militar realizava as funções judiciárias. Os
Departamentos dirigidos pelos respectivos chefes actuavam como
órgãos da Administração Pública, voltados para realização de
actividades sectoriais. As Zonas Libertadas com a organização que
as regia, constituía um Estado dentro de outro Estado. Elas eram
efectivamente um território com população, exército e governo. O
território já independente tornou-se numa grande Zona Libertada
onde se manifestavam não apenas os aspectos formais da
estruturação e modo de funcionamento de Estado, mas também a
substância de princípios e conceitos que formam a elevada
dignidade de Lei e princípios fundamentais de organização do
Estado.

Logo após a independência constituiu-se um Conselho de Ministros


a partir de membros do Comité Central e do Comité Executivo da
FRELIMO. Não tinham ainda sido criados os órgãos legislativos. O
Conselho de Ministros produzia Decretos com força de Lei
(Decreto-Lei).

Paradoxalmente, concentra traços comuns e o mais típico dessa


semelhança é a centralização de poder e a manutenção da divisão
administrativa, nomenclatura e a própria designação dos dirigente
de escalões territoriais correspondentes à Província, Distrito e do
Posto Administrativo.

Ao nível da Administração Pública decidiu-se pelo


escangalhamento do aparelho estatal colonial e substitui-se pelos
princípios marxistas, nomeadamente a dupla subordinação e
centralismo democrático contido nas normas de trabalho e
disciplina.
Teoria Geral de Código: A0017 39

No que se refere aos órgãos do Estado, encontramos os centrais e


os locais. Os centrais eram os Ministérios, Comissões Nacionais e
Secretarias de Estado. Os locais são a reprodução, a nível local, dos
órgãos centrais. Tal como ocorria a nível central, a nível local havia
órgãos legislativos, executivos e judiciais. Os órgãos legislativo ou
deliberativos não possuíam quaisquer competência de legislar. Eles
serviam para aprovar as decisões tomadas a nível central ou pelos
órgãos locais do Partido e do Governo Provincial. As decisões de
natureza exclusiva local eram muito poucas. Actualmente elas tem
vindo a crescer mercê do crescente movimento de desconcentração
e também da intervenção crescente das ONGs.

Os órgãos do Estado, estruturados da maneira como foi descrita,


começaram a partir de 1979 a apresentar sinais de crise que
levaram o Partido único a tomar algumas medidas correctivas.
Algumas medidas introduzidas não tiveram grande impacto, pois,
não foram acompanhadas da necessária alteração estrutural,
sobretudo ao nível das linhas estratégicas que conduziram o país.
Apenas em 1990, no domínio ideológico, quando a pressão política,
económica e militar se abateu sobre o país, se decidiu consagrar no
texto constitucional as transformações que já se faziam sentir desde
1979 Idem.

A partir de 1992, o Governo de Moçambique introduziu várias


reformas económicas, sociais e políticas com o objectivo de criar
condições para o desenvolvimento socioeconómico baseado no
pluralismo democrático, na realização de eleições periódicas livres
e justas, no Estado de Direito, no respeito pelos direitos humanos e
na redução de potenciais conflitos dentro dos Estados e entre eles.

Nos finais da década 80, no mundo, ocorreram mudanças


sociopolíticas que permitiram a introdução de amplas reformas
políticas em direcção `a democracia liberal. É nestes termos que se
realizaram em Moçambique as primeiras eleições gerais e
presidenciais em 1994, seguidas de outras em 1999, 2004 e 2009, e
40 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

as eleições autárquicas em 1998, 2003 e 2008. Em 2009, também


realizaram-se as primeiras eleições para as Assembleias Provinciais
(RELATÓRIO DO MECANISMO AFRICANO DE REVISÃO
DE PARES, 2010).

Com estas eleições democráticas, Moçambique passa de um Estado


centralizado para descentralizado, com a participação dos cidadãos
na escolha dos seus dirigentes de forma livre e transparente.

As reformas socioeconómicas permitiram a passagem de uma


economia centralizada para economia de mercado, deixando o
Estado de ser único agente económico e a intervenção do sector
privado nos sectores sociais como a educação e a saúde.

Portanto, o sistema político introduzido com as reformas a partir da


década 90 influenciou o funcionamento da Administração Pública
moçambicana, pois ela, sob ponto de vista legal, passou a ser
menos dependente do partido único e passou a ser uma
administração para servir o cidadão independentemente da sua
filiação política ou partidária.

Sumário
A Administração Pública moçambicana é implementada a partir do
Estado Novo saído da independência em 1975. Moçambique
herdou do passado colonial português uma estrutura administrativa
centralizada e com a independência esta foi dado continuidade
adicionado ao Estado Socialista monopartidário.

Houve o escangalhamento do Aparelho Estatal colonial mas


mantendo algumas linhas como a centralização, a divisão
administrativa e as designações administrativas.
Teoria Geral de Código: A0017 41

O modelo socialista adoptado associado a centralização de poder


contribuiu para a criação de um ambiente de insatisfação que
culminou com a guerra civil durante 16 anos.

Com a introdução do Programa de Reabilitação Económica (PRE)


em 1986 começa-se a vislumbrar a abertura da economia e do
Estado Liberal. O Estado deixa de ser único a intervir nos vários
sectores sócio-económico e passa a permitir que os privados
também podessem agir.

O início da conversações que culminaram com o fim da guerra


favoreceu a introdução no quadro constitucional moçambicano das
eleições gerais multipartidárias, eleições autárquicas e das
Assembleias Provinciais.

É assim que o quadro administrativo moçambicano começa a se


alterar em relação ao passado, alterado que foi o sistema
económico e político. Na economia, o Estado moçambicano passou
para economia de mercado e na política para o multipartidarismo e
a participação dos cidadãos na escolha dos seus dirigentes.
42 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

Exercícios

1 – Qual o tipo de Administração Pública que Moçambique herdou do


passado colonial português?

Auto-avaliação Resposta: Moçambique herdou do passado colonial português uma


administração do tipo centralizada.

2 - A partir de que momento é que Moçambique passa à administração


descentralizada?

Resposta: Moçambique passa à administração descentralizada a partir de


1990, com a nova Constituição da República, em que se pressupõe as
eleições gerais, autárquicas e para as Assembleias Provinciais.

Unidade N0 010-A0017

Tema:

Poder Local em Moçambique

Introdução
O poder local entra na organização administrativa moçambicana
recentemente com as primeiras eleições autárquicas em 1998. O
poder local, através dos Conselhos Municipais, contribuem para a
satisfação de necessidades colectivas em paralelo com o Estado,
pois, os órgãos de poder local não constituem Estado.
Teoria Geral de Código: A0017 43

Ao completar esta unidade, você será capaz de:

 Compreender o poder local como pessoa colectiva pública diferente


do Estado.

 Compreender a natureza do gradualismo na implementação das


Objectivos autarquias em Moçambique.

Poder Local em Moçambique

O poder local tem como objectivo organizar a participação dos


cidadãos na solução dos problemas próprios da comunidade,
promover o desenvolvimento local, o aprofundamento e
consolidação da democracia, no quadro da unidade do Estado
moçambicano (CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA DE
MOÇAMBIQUE, 1990).

Em 1996, a Assembleia da República aprovou uma série de


emendas à Constituição da República com vista a definir o poder
local.

Para a concretização do poder local, a Constituição da República


estipula a criação de dois tipos de Autarquias Locais: Os
Municípios e Povoações. Os Municípios correspondem à
circunscrição territorial de Cidades e Vilas; as Povoações
correspondem à circunscrição territorial de Sede do Posto
Administrativo.

As Autarquias Locais são as Cidades, Vilas e Sedes de Postos


Administrativos que possuem uma Assembleia e um Presidente
eleitos e que gozam de autonomia administrativa, financeira e
patrimonial.
44 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

As primeiras Assembleias Municipais e os primeiros Presidente de


Conselhos Municipais foram eleitos em 1998, em 23 Cidades e 10
Vilas, num processo gradual até englobar outras Vilas e Postos
Administrativos.

A proposta de municipalização das 10 das actuais 68 Vilas tem


como fundamento o princípio do gradualismo que se explica pela
inexistência ou insuficiência de condições económicas e sociais
necessárias e indispensáveis para implantação e funcionamento da
administração autárquica nas Vilas em geral. Daí que estas 10 Vilas
sejam vistas como “acção piloto”. O passo a seguir será a
transformação de mais Vilas em Municípios e realização de
eleições (MINISTÉRIO DA ADMINISTRAÇÃO ESTATAL, ).

Não foram criadas quaisquer Povoações e tudo leva a crer que


levará muitos anos até que tal seja possível. Para as eleições de
2009 mais 10 Vilas ascenderam à categoria de Municípios no
âmbito do gradualismo em curso.

As Vilas, Sedes de Posto Administrativo e zonas rurais que ainda


não ascenderam à categoria de Municípios continuarão a ser
governados como até agora, ou seja por Administradores Distritais,
nomeados pelo Governo Central.

Os primeiros órgãos de poder local eleitos assumirão os seus


poderes de forma gradual na medida em que o processo de
transferência de competência do Estado para os órgãos de poder
local levará décadas até ficar completo. Considera a Lei 2/97, de 18
de Fevereiro, que a transferência de competência do Estado para as
autarquias deve operar de forma gradual para permitir a criação e
consolidação dos necessário requisitos de capacitação técnica,
humana e financeira destes órgãos.

As autarquias locais tem como atribuições o desenvolvimento


económico e social local; meio ambiente, saneamento básico e
qualidade de vida; abastecimento público; saúde e educação;
Teoria Geral de Código: A0017 45

cultura, tempos livres e desporto; polícia autárquica; urbanização,


construção e habitação.

As autarquias locais tem autonomia financeira e patrimonial.


Significa que a Autarquia pode elaborar, aprovar, alterar e executar
planos de actividade e orçamentos; ordenar e processar as despesas
orçamentais; dispor de receitas; elaborar e aprovar as contas de
gerência; realizar investimento públicos; e gerir o património
público.

A autarquia local tem autonomia administrativa. Significa que as


autarquias tem poderes para criar, organizar e fiscalizar serviços.

Compete `as autarquias locais planificar, pressupondo-se que


concebam planos a médio e longo prazo; elaborar plano de
desenvolvimento e de ordenamento do território, e estes devem ser
ratificados pelo Governo Central; elaborar planos de estrutura e
urbanização, planos de áreas prioritárias de desenvolvimento
urbano e de construção, e planos de zonas de protecção urbana e de
áreas críticas de recuperação e de reconversão urbanística.

As Autarquias Locais gozam de autonomia mas não constituem


Estados independentes. A Constituição da República sublinha que
o poder local funciona no quadro da unidade do Estado
moçambicano e destaca os interesses superiores do Estado. As
Autarquias Locais agem no interesse da população local sem
prejuízo dos interesses nacionais e da participação do Estado. Os
planos e as acções locais não podem contradizer os planos e as
políticas nacionais. Daí a sujeição das autarquias à tutela
administrativa do Estado.
46 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

Sumário
As autarquias locais em Moçambique surgiram em 1998 através de
um processo gradual até atingir todas Vilas e Sedes de Postos
Administrativos que actualmente não estão municipalizadas. A
municipalização é gradual em duas perspectivas. Em primeiro,
justifica-se pelo facto de algumas Vilas e Sedes de Posto
Administrativo não apresentam condições de elas por si só
autosustentar-se de forma autónoma. Em segundo lugar pelo facto
do Estado transferir as competências para as autarquias à medida
que elas apresentarem condições de gerirem.

Exercícios

1 – Qual a razão do princípio do gradualismo na implementação do poder


local em Moçambique?

Resposta: O princípio do gradualismo na transferência de competências


do Estado aos Municípios deriva do facto de algumas cidades e vilas
Auto-avaliação
autarcizadas não term condições sociais e económicas para se auto-
sustentarem.
Teoria Geral de Código: A0017 47

Unidade N0 011-A0017

Tema:

Administração Pública como Poder

Introdução
Já nos referimos anteriormente que a Administracao Pública versa
sobre a satisfacão de necessidades colectivas e ela tem de realizar,
pois, é do interesse público. Para que eficazmente a Administração
Pública satisfaça as necessidades colectivas ela deve dispor de
meios para impedir que os particulares resistam `as suas vontades.

Ao completar esta unidade, você será capaz de:

 Entender a necessidade da Administração Pública estar dotada de


poder.

 Conhecer os diferentes tipos de autoridade.


Objectives
48 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

O Poder da Administração Pública

A manifestação do poder pela Administração Pública torna-se


imperiosa na medida em que nem sempre os cidadãos poderão
interpretar da melhor maneira a sua intenção. Pode-se entender o
interesse público como o interesse geral, de todos, mas em
contrapartida continuar a existir cidadãos a não acatarem
voluntariamente `as suas decisões. É nesta perspectiva que a
Administração Pública passa a se caracterizar como poder.

O poder é a possibilidade de alguém eficazmente impor aos outros


o respeito da própria conduta ou a capacidade de um indivíduo ou
grupo modificar o comportamento de outros indivíduos ou grupo
(DE AMARAL).

Para o Estado poder satisfazer as necessidades colectivas, garantir


a sua conservação e organização os seus órgãos devem estar
dotados de poder. A própria lei é que faculta este poder aos órgãos
de Administração Pública para estes imporem `a generalidade dos
cidadãos.

Sendo o Estado o garante da ordem legal e normativa, ele deve


regular o comportamento dos cidadãos. O Estado deve ter uma
acção imperativa sobre os cidadãos e estes devem obedecer.

A necessidade de utilização do poder deriva da resistência do


cidadão em acatar uma decisão da Administração Pública.

As decisões administrativas serão mais consentidas quanto mais


legítimas se mostrarem, significando que entre o poder e a
legitimidade existe uma relação de eficácia. O poder do Estado
deve ser consentido pelos cidadãos, e para tal, ele deve ser
legítimo. Não sendo legítimo, menor também será o seu
consentimento. A utilização do poder por parte do Estado será em
Teoria Geral de Código: A0017 49

situações de resistência de uma decisão administrativa


(HENRIQUES & CABRITO).

Estudo efectuado por Max Weber sobre a dominação, concluiu que


existem 3 tipos de autoridades

 Autoridade Carismática, legitimada pela qualidade


pessoal do chefe;
 Autoridade Tradicional, legitimada por uma ideia
de continuidade; e
 Autoridade Legal-Racional, legitimada pela razão e
pela Lei.

O cidadão ao consentir a uma decisão administrativa é porque se


trata de uma autoridade legal, a legitimidade está na lei. O cidadão
obedece a lei, regularmente aprovada. É neste tipo de autoridade
que encontramos o poder da Administração Pública, pois, o
cidadão obedece a lei.
A Administracão Pública é um verdadeiro poder porque define, de
acordo com a lei, a sua própria conduta e dispõe de meios
necessários para impor o respeito dessa conduta.
Os particulares devem acatar `as decisões da Administração
Pública sob pena de, sem necessidade de sentença judicial, estes
serviços imporem coercivamente o que decidiu. A executoriedade
de um acto administrativo não é suspenso porque a discussão está
seguindo nos Tribunais. A isto se chama de privilégio de execução
prévia na medida em que a Administração Pública antecipadamente
executa a sua decisão, independentemente do caso estar a correr
nos Tribunais.

Sumário
A Administração Pública para eficazmente satisfazer as
necessidades colectivas deve estar dotada de meios como forma de
impedir que os particulares resistam às suas decisões. A Lei
50 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

permite que os órgão de administração usem meios coercivos sobre


os particulares de forma a estes prosseguirem o interesse público,
pois, este é o seu único fim. A administração não pode encontrar
resistência dos particulares.
Uma das formas de a administração prosseguir o interesse público
com menos resistência dos particulares é a legitimidade. Significa
que quanto maior for a legitimidade dos órgãos de administração
maior também será o seu consentimento pelos cidadãos.

Exercícios

1 – Quais as razões que levam a Administração Pública estar dotada de


poder?

Resposta: A Administração Pública deve estar dotada de poder para


eficazmente impor as suas decisões aos particulares.

Auto-avaliação
Teoria Geral de Código: A0017 51

Unidade N0 012-A0017

Tema:

Submissão da Administração Pública às Leis

Introdução

A Administração Pública tem como finalidade única prosseguir o


interesse público mas para tal ela não faz de forma arbitrária mas
dentro de um conjunto de regras previamente estabelecidas em que
os cidadãos devem acatar. As relações em que a Administração
estabelece com os cidadãos, a sua organização e funcionamento são
dentro de um quadro legal permitindo assim a transparências das
suas decisões.

Ao completar esta unidade, você será capaz de:

 Compreender as necessidades de Administração Pública estar sujeita


às normas jurídicas.

 Compreender que nem sempre a Administração Pública estava sujeita


Objectivos
às normas jurídcas.

Sujeição da Administração Pública às Leis


52 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

A única razão da existência da Administração Pública é o de


satisfazer as necessidades colectivas. A satisfação dessas
necessidades não são feitas de forma arbitrária mas dentro de um
conjunto de normas previamente estabelecidas.

As normas jurídicas que regem o funcionamento e a relação da


administração com os cidadãos correspondem a uma dupla
necessidade: Justiça para os cidadãos e a eficiência para a própria
administração (DE AMARAL).

As normas jurídicas no funcionamento da administração e na sua


relação com os particulares não existiu sempre, pois, houve
momentos em que a administração funcionava que até lesava os
interesses dos particulares.

Com os regimes liberais, as leis aparecem como condição para as


liberdades dos cidadãos. A administração deveria mover-se dentro
dos limites traçados pela lei votadas na assembleia, isto é, ela
estava dependente da lei para o seu funcionamento.

É daí que surge o princípio da legalidade, segundo a qual:

Nenhum órgão ou agente da Administração Pública tem a


faculdade de praticar actos que possam contender com interesses
alheios se não em virtude de uma norma geral anterior.

Portanto, ao conjunto de normas, sejam leis, decretos ou


regulamentos, estando em vigor em dado momento no país, e que
são obrigatórias aos cidadãos, consideramos de legalidade.

O princípio da legalidade tem limites, significando que nem toda


actividade administrativa está subordinada as leis. Os actos
políticos e técnicos não são regulados por lei. Significa que há um
domínio de liberdade de escolha em que o agente da administração
toma uma decisão que não seja vinculada a lei e sem ferir a mesma.
A isto se chama de discricionaridade administrativa. A este
Teoria Geral de Código: A0017 53

domínio de liberdade de decisão, pode ser sobre a oportunidade de


agir, sobre o objecto, assim como a forma do acto. Ao passo que
para as normas que pautam a actividade administrativa chama-se
vinculada na medida em o agente toma a decisão com base num
conjunto de normas previamente estabelecido Idem

Sumário
A Administração Pública ao prosseguir o interesse público fá-lo
respeitando um conjunto de normas previamente estabelecida. Ela
não pode prosseguir o interesse público de forma arbitrária como
ocorria no período anterior em que alguns momentos os direitos
dos cidadãos eram violados. Significa que na história da
Administração Pública nem sempre se respeitou as Leis. Foi com a
Revolução francesa em que os cidadãos passaram a exigir os seus
direitos e a se relacionar com a Administração Pública dentro de
um quadro legal.

Exercícios

1 – Qual a necessidade de Administração Pública estar sujeita às normas


jurídicas?

Auto-avaliação Resposta: A necessidade de Administração Pública estar sujeita às


normas jurídicas é para garantir justiça aos cidadãos e para a eficiência da
administração
54 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

Unidade N0 013-A0017

Tema:

O Papel das Estruturas Tradicionais e suas

Influências na Administração Pública

Introdução
Nas sociedades africanas ao se estudar a Administração Pública é
imperioso que se relacione esta com a Autoridade tradicional, pois,
não se pode eficazmente desenvolver actividades administrativas,
sobretudo nas zonas rurais, sem interagir com esta entidade. São
estas estruturas que, dentro do seu território, mobilizam as
populações para as diversas actividades, contribuindo de certo
modo para a melhoria das condições das suas vidas. A Autoridade
Tradicional tem uma relação de complementaridade com a
Administração Pública na medida em que esta é que tem o contacto
directo com as comunidades.

Ao completar esta unidade, você será capaz de:

 Compreender a influência das estruturas tradicionais na Administração


Pública moçambicana.

Objectivos
Teoria Geral de Código: A0017 55

A Autoridade Tradicional e Administração Pública

A Autoridade tradicional é uma instituição sócio-política


tradicional que faz parte da cultura e tradição africana. A
Autoridade Tradicional inclui os chefes tradicionais, os
curandeiros, os adivinhos, os ervanários, os oficiantes de rituais e
os transmissores de cultura. A chefia tradicional é mais notória nas
zonas rurais e ele é responsável pelo território linhageiro
(CUEHELA).

A autoridade tradicional possui uma legitimidade que lhe é dada


pela comunidade, e somente pela comunidade. Só a comunidade
pode-lhe retirar esta legitimidade, segundo a tradição. Aqueles que
assumem o poder tradicional tornam-se chefes legítimos porque,
simbolicamente, estabelecem uma relação entre os vivos e os
mortos. São os Chefes Tradicionais que, por simbolismo, presidem
ou solicitam as cerimónias que reforçam e tornam mais legítima a
sua autoridade.

A estrutura tradicional muitas vezes funcionam com Leis não


escritas, que se chama de Direito Consuetudinário, que vem da
prática ou da experiência tradicional, e tem muita força ou validade
nas comunidades rurais. Ele está baseado na tradição. Na maioria
das comunidades moçambicanas, o Direito costumeiro é o mais
funcional e prático. Assume, muitas vezes, um lugar de igualdade
com Direito Moderno. Aliás, o Direito Consuetudinário ou
costumeiro é, em muitos países, como na Inglaterra, a base para a
elaboração de Leis escritas, porque ele reflecte as normas e regras
específicas de cada comunidade Idem.

São as autoridades tradicionais a quem se reserva o direito de


solicitar, realizar ou dirigir cerimónias. As cerimónias são práticas
56 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

que contribuem para a manutenção do equilíbrio nas comunidades.


As cerimónias variam no tipo e na forma da sua realização. Cada
linhagem ou família pode realizar cerimónias, fazendo seus cultos
específicos mas quando o assunto é do interesse do território
linhageiro, este direito cabe ao chefe da linhagem real. Para a
realização e direcção de cerimónias a condição principal é a
legitimidade, porque sem ela, nenhuma cerimónia pode ter validade
ou surtir efeito, segundo a tradição. Portanto, o mais importante
não são os resultados dessas cerimónias, mas sim o seu significado
simbólico para as comunidades.

Entre outros deveres, os Chefes Tradicionais devem velar pelo bom


ambiente e harmonia da comunidade; velar pelos limites do
território linhageiro; intervir na resolução de certos conflitos da
comunidade, quando não tenham solução nos níveis familiares e
linhageiro; promover e orientar cerimónias de interesse geral da
comunidade; requerer a colaboração do concelho de anciãos;
assegurar que a terra seja património da comunidade, um bem de
todos para o uso de todos.

Em qualquer sociedade, encontramos mudanças, havendo


elementos culturais que se perdem e outros que persistem e
continuam. Isso caracterizou igualmente a autoridade tradicional,
em cada fase de desenvolvimento social, cultural e económico das
comunidades e do Estado. Nesta conformidade, pelas mudanças
sociais dentro da sociedade africana, e principalmente pelo
colonialismo, a autoridade tradicional viu alterado o seu
mecanismo de inserção na comunidade, quando passou a colaborar
com as autoridades coloniais. Os Chefes Tradicionais, voluntária
ou involuntariamente, passaram a trabalhar para a Administração
colonial e transformaram-se em subalternos do regime colonial,
uma espécie de auxiliares da Administração, fazendo a ligação
entre a Administração colonial e a comunidade e passaram a usar a
designação de Régulos.
Teoria Geral de Código: A0017 57

Este processo de colaboração das autoridades tradicionais com o


regime colonial é deliberadamente designado de
instrumentalização, porque efectivamente muitos Chefes
Tradicionais passaram a perder aquele prestígio que as
comunidades lhes conferiam. ibidem

Aparentemente, não há diferença entre Chefe Tradicional e Régulo,


uma vez que eles são pessoas locais que assumem um poder
tradicional dentro das comunidades. A diferença maior está na
legitimidade e na legalidade do poder de um e do outro. Quem
confere legitimidade ao Chefe Tradicional é a própria comunidade.
Quem confere a legalidade ao Régulo era a administração colonial.

Um verdadeiro Chefe Tradicional tem a colaboração de um


Concelho de anciãos e de outros membros da elite da autoridade
tradicional mas os Régulos rodeavam-se por corpo de polícias
locais (os Cipaios e Cabos de Terra), chefes de grupos e de
povoações e isto não fazia parte da tradição; daí muitas vezes, a sua
violência de conduta, e não aceitação das suas acções pelos
membros da comunidade.

Os Chefes Tradicionais foram relegados a um plano secundário


depois da Independência, ou seja, perderam o elo de ligação com a
Administração. Alguns ex-Régulos foram mesmo perseguidos
devido a sua ligação com a opressão às comunidades.

Quando eclode a guerra dos 16 anos, uma das partes da contenda,


usou os Régulos de forma a melhor poder dominar o seu
adversário, reconhecido que é o papel destes na mobilização das
comunidades.

Hoje, depois de estudos efectuados, concluiu-se por bem fazer uma


reflexão mais profunda e entender que de facto o papel do Chefe
Tradicional é de líder comunitário e papel do Régulo foi uma
criação da Administração colonial. Já existem dispositivos legais
que valorizam o papel da estrutura tradicional na dinamização das
58 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

comunidades e em várias outras actividades de carácter público


com vista a criação de uma harmonia dentro das comunidades.
Actualmente a autoridade tradicional é reconhecida pelos vários
dispositivos legais em Moçambique, contribuindo desta forma para
a dinamização das relações entre estes e as comunidades. As
estruturas tradicionais complementam as actividades da
Administração Pública na medida em que estas procuram dentro do
seus territórios satisfazer as necessidades das comunidades.

Sumário
A estrutura tradicional, entanto que entidade sócio-político
tradicional, tem uma maior presença nas zonas rurais. A estrtura
tradicional, responsável pelo território linhageiro, controla a vida
dos cidadãos no seu dia-dia. Em várias partes do continente
africano ou de Moçambique a presença da Administração Pública
não se faz sentir em certas zonas rurais. As actividades que a
Administração Pública pretender fazer nestas zonas deve ser em
respeito e reconhecimento destas entidades. O processo de
reconhecimento destas entidades em Moçambique foi influenciado
pelo conflito armado tendo-se criado um vazio na relação com a
Administração Pública. Hoje em dia estas entidades são
reconhecidas pelo Estado a partir de um processo de legitimidade
conferida pela comunidade.
Teoria Geral de Código: A0017 59

Exercícios

1 – Como é que a autoridade tradicional influencia a Administração


Pública?

Resposta: A autoridade tradicional influencia a Administração Pública na


medida em estas estrurturas tem um domínio sobre as comunidades
Auto-avaliação
dentro do seu território. A estrutura tradicional relaciona-se com a
Administração Pública através da sua inserção nas comunidades.

Unidade N0 14-A0017

Tema:

Sistemas Administrativos

Introdução
Aos sistemas administrativos referimos aos modos jurídicos de
organização, funcionamento e controle da Administração Pública.
A forma de organização da administração não teve a mesma
característica ao longo dos tempos. O Direito Comparado mostra
60 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

claramente que elas diferem no tempo e no espaço na medida em


que cada país seguiu seu sistema e em contextos diferentes. Partiu-
se de uma situação em que os cidadãos não gozavam de garantias
jurídicas para uma situação em que surgem os Tribunais com
independência de controlar os actos administrativos.

Ao completar esta unidade, você será capaz de:

 Saber diferenciar os sistemas administrativos.

 Compreender as razões históricas que levaram a passagem do sistema


tradicional para os modernos.
Objectivos

Sistemas de Administração Pública

A estruturação da Administração Pública varia em função do tempo


e do espaço, tal como acontece com os sistemas políticos e com os
sistemas judiciais. Significa que os modos jurídicos de organização,
funcionamento e controle da Administração Pública não são os
mesmos em todas as épocas e países (CAETANO).

Há duas grandes distinções que se pode fazer em relação aos


sistemas administrativos ou de Administração Pública. Temos o
sistema tradicional que vigorou na Europa até aos séculos XVII e
XVIII e os sistemas modernos que se implantaram à posterior.
Dentro dos sistemas modernos, há que fazer novas subdivisões na
medida em que a forma como o sistema estava estruturado na
Inglaterra é diferente da forma como estava estruturado na França.
Teoria Geral de Código: A0017 61

Sumário
Os sistemas administrativos regulam o funcionamento da
Administração Pública. Na história da Administração Pública, viu-
se que a forma como a Administração Pública estava organizada
não foi o mesmo em todos os tempos. Há o sistema tradicional que
vigorou na Europa até aos séculos XVII e XVIII e depois surgem
os sistemas modernos que se subdividem em britânico e francês.
No período em que vigorou o sistema tradicional não havia
separação de poderes e Estado de Direito. Significa que neste
período a Administração Pública agia e violava os direitos dos
cidadãos, portanto, estes não tinham garantias jurídicas perante
actos ilegais cometidos pela administração. Com revoltas que
surgem na Inglaterra e na França, surgem os sistemas modernos,
que tinham em comum a separação de poderes e Estado de Direito.
Estes diferiam quanto a organização administrativa, direito
regulador, controle jurisdicional, execução das decisões
administrativas e garantias jurídicas.

Exercícios

1 – Quais os sistemas administrativos que conhece?

Resposta: Os sistemas administrativos são o tradicional e o moderno.


Auto-avaliação
62 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

Unidade N0 15-A0017

Tema:

Sistema Tradicional

Introdução
A Europa viveu durante muitos séculos regida pelo sistema
tradicional de administração. Este sistema limitava as liberdades
dos cidadãos na sua relação com a administração, saíndo sempre
sacrificada na medida em que estes não beneficiavam de protecção
dos actos ilegais praticados pela administração. A forma como a
administração estava organizada, como funcionava e a relação que
os cidadãos tinham com a administração fazia com que estes órgãos
estivessem com poderes exorbitantes sobre eles. Não havia órgãos
independentes a fazer o controle dos actos administrativos.

Ao completar esta unidade, você será capaz de:

 Conhecer as características do sistema tradicional

 Conhecer os pontos fracos do sistema tradicional para os cidadãos.

Objectivos

Sistema Tradicional
O sistema administrativo tradicional vigorou na Europa até aos
séculos XVII e XVIII, tinha duas características essenciais. A
Teoria Geral de Código: A0017 63

primeira era a indiferenciação das funções administrativas das


jurisdicionais e, consequentemente, inexistência de uma
separação rigorosa entre os órgãos do poder executivo e do
poder judicial. Os órgãos de administração julgavam e
administravam sem distinção; e não havia subordinação da
Administração Pública ao Princípio da Legalidade e, como
consequência, havia insuficiência do sistema de garantias
jurídicas dos particulares face às decisões da administração.
Portanto, não havia Estado de Direito (CAETANO).
Portanto, os poderes estavam concentrados na mesma figura e a
administração não funcionava regida por normas jurídicas.
Desta forma, os cidadãos estavam desprovidos de um sistema
de garantias jurídicas que podessem lhes proteger em situação
de ilegalidades da administração.
Só com o fim do absolutismo é que esta forma do cidadão se
relacionar com a administração terminou.
Surge a Grande Revolução na Inglaterra, em 1688, e a
Revolução Francesa em 1789. Foram estes dois grandes
acontecimentos que levaram ao fim do absolutismo na Europa e
surgir os sistemas modernos de administração.

Sumário
A Europa viveu durante muito tempo sobre um sistema em que os
cidadãos não tinham onde recorrer dos actos ilegais da
administração. Sem a separação de poderes os órgãos
administrativos acumulavam as suas deciões fazendo com que os
cidadãos fossem lesados pela administração. Sem o Estado de
Direito ou princípio da legalidade, a administração actuava sem se
basear num conjunto de normas jurídicas. Os seus actos não tinham
fundamento na Lei. Assim se viveu até aos séculos XVII e XVIII
quandos os cidadãos se revoltaram contra as arbitrariedades da
administração surgindo assim o sistema moderno de administração.
64 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

Exercícios

1 – Quais as características do sistema tradicional?

Resposta: O sistema tradicional caracteriza-se por não haver separação de


poderes e não haver Estado de Direito.
Auto-avaliação

2 - Quais os grandes acontecimentos que marcaram a passagem do


sistema tradicional para os modernos?

Resposta: Os grandes acontecimentos que marcaram a passagem do


sistema tradicional para os modernos são a grande revolução na Inglaterra
e a revolução francesa.

Unidade N0 16-A0017

Tema:

Sistemas Modernos

Introdução
Os sistemas administrativos modernos surgem como forma de dar
mais liberdades e justiça aos cidadãos na sua relação com a
administração e tornar os actos administrativos mais transparentes.
Teoria Geral de Código: A0017 65

É com estes sistemas que os cidadãos passam a ter onde recorrer


dos actos administrativos ilegais da administração, pois, surgem os
tribunais como órgãos independentes que fiscalizam a
administração. Passa a se estabelecer uma relação jurídica entre os
cidadãos e a administração. Tanto no sistema do tipo britânico,
assim como no sistema do tipo francês surgem a separação de
poderes e o estado de direito como forma de dar garantias jurídicas
aos cidadãos.

Ao completar esta unidade, você será capaz de:

 Compreender as razões que levaram a passagem do sistema tradicional


para o moderno.

 Compreender o que de mais valia o sistema moderno traz para os


Objectivos
cidadãos.

Sistemas Modernos de Administração Pública

Com a Grande Revolução na Inglaterra, em 1688, e a Revolução


Francesa, em 1789, surgem os sistemas modernos de administração
ou sistemas administrativos modernos.

Marcelo CAETANO considera que os sistemas modernos seguiram


vias distintas, pois, com a Revolução na Inglaterra surge uma
determinada forma de organização da administração que é distinta
da que surgiu na França com a Revolução Francesa.

Na Inglaterra surge o sistema administrativo do tipo britânico ou de


administração judicial e na França surge o sistema administrativo
do tipo francês ou de administração executiva.
66 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

A estruturação destes dois sistemas apresenta técnicas


administrativas diferentes, no que se refere a organização
administrativa, controle jurisdicional da administração, direito
regulador da administração, execução das decisões administrativas
e garantias jurídicas dos administrados.

Estes dois sistemas apresenta as diferenças que anteriormente


enumeramos mas também apresenta elementos em comum como a
separação de poderes e estado de direito Idem.

Sumário
Os sistemas modernos surgem a partir das revoltas ocorridas na
Inglaterra em 1688 e na França em 1789. Esses são considerados de
modernos, pois, introduzem no seu funcionamento a justiça,
igualdade e as liberdades que os cidadãos aspiravam. Estes
sistemas diferem na medida em que as técnicas administrativas
implementadas pelo sistema britânico não são os mesmos aplicados
pelo sistema francês. Estes sistemas tem em comum a separação de
poderes e Estado de Direito. A grande distinção entre eles é que o
britânico não tem autoridade própria de executar suas decisões e o
francês executa sem depender da sentença judicial embora com o
evoluir do tempo o cidadão passou a beneficiar da possibilidade de
suspender uma decisão administrativa.
Teoria Geral de Código: A0017 67

Exercícios

1 – O que há em comum entre os sistemas modernos?

Resposta: Entre os sistemas modernos existe em comum o facto dos dois


haver separação de poderes e Estado de Direito.
Auto-avaliação

Unidade N0 17-A0017

Tema:

Sistema do Tipo Britânico ou de

Administração Judicial

Introdução
O sistema do tipo britânico, considerado de administração judicial,
pois, em princípio, os órgão de administração não podem executar
uma decisão em que o cidadão remeteu às análises judiciais. Neste
sistema a administração não tem prerrogativas de executar decisão
que um cidadão não concorda. A administração não tem autoridade
própria. O cidadão pode suspender a execução de uma decisão
submetendo ao Tribunal.
68 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

Ao completar esta unidade, você será capaz de:

 Conhecer as características do sistema do tipo britânico.

 Saber porque este sistema é de administração judicial.

Objectivos

Sistema do tipo Britânico

O sistema de tipo britânico ou de administração judicial, continua


Marcelo CAETANO, caracteriza-se pela:

 Separação de poderes;

 Estado de Direito;

 Quanto a organização administrativa é descentralizado;

 Quanto ao Direito regulador, a Administração Pública


rege-se pelo Direito Comum, portanto, os órgãos assim
como os funcionários se regem pelo mesmo Direito que os
cidadãos anónimos. Aqui ninguém dispõe de privilégios ou
de prerrogativas de autoridade pública;

 Quanto ao controle jurisdicional, a Administração Pública


está sujeita ao Tribunal Comum;

 Quanto a execução das decisões administrativas, a


administração não pode executar as suas decisões por
autoridade própria. A administração não pode aplicar
meios coersivos caso o cidadão não acate voluntariamente
a uma sua decisão. Nesta situação só a decisão do Tribunal
Teoria Geral de Código: A0017 69

é que deve prevalecer através de uma sentença. As


decisões unilaterais da Administração Pública não tem
força executória;

 Quanto as garantias jurídicas dos administrados, os


particulares dispõem de um sistema de garantias contra as
ilegalidades e abusos da Administração Pública.

Sumário
Após a Revolução britânica em 1688 surge na Inglaterra o sistema
moderno de administração do tipo britânico ou de administração
judicial. Este sistema era descentralizado; usava o direito comum,
portanto, os órgão da administração e os cidaddãos usavam o
mesmo direito não permitindo a administração impor aos cidadãos;
e as decisões administrativas não podiam ser executadas sem
sentença judicial caso o cidadão não acatasse voluntariamente.

Exercícios

1 – Porque consideramos que o sistema do tipo britânico é de


administração judicial?

Auto-avaliação Resposta: Consideramos que o sistema do tipo britânico é de


administração judicial porque ela não executa as suas decisões por
autoridade própria; ela depende da sentença judicial, caso o cidadão não
acate voluntariamente.
70 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

Unidade N0 18-A0017

Tema:

Sistema do Tipo Francês ou de

Administração Executiva

Introdução
O sistema do tipo francês, considerado de administração executiva,
pois, em princípio, os órgão de administração podem executar as
suas decisões, independentemente dela estar a correr nos Tribunais.
Neste sistema a administração tem prerrogativas de executar
decisões que o cidadão não concorda. A administração tem
autoridade própria.

Ao completar esta unidade, você será capaz de:

 Conhecer as características do sistema do tipo francês.

 Saber porque este sistema é de administração executiva.

Objectivos

Sistema do tipo Francês


O sistema de tipo francês ou de administração executiva, continua
Marcelo CAETANO, caracteriza-se pela:

 Separação de poderes;

 Estado de Direito;
Teoria Geral de Código: A0017 71

 Quanto a organização administrativa, era centralizado;

 Quanto ao Direito regulador, a Administração Pública


rege-se pelo Direito Administrativo, portanto os órgão e
agentes administrativos não estão na mesma posição que os
cidadãos, daí que a administração dispõe de poderes de
autoridade que lhes permite impor as suas vontades aos
particulares, nascendo deste modo um conjunto de normas
jurídicas de Direito Público, que é o Direito
Administrativo;

 Quanto ao controle jurisdicional, ela está sujeita ao


Tribunal Comum;
 Ela goza do privilégio de execução prévia. A administração
possui um conjunto de poderes “exorbitantes” sobre os
cidadãos. Portanto a administração executa as suas
decisões por autoridade própria, contrariamente ao sistema
britânico. Às decisões da administração francesa, mesmo
que o cidadão não acate voluntariamente, este órgão pode,
por si só, empregar meios coercivos, inclusive a polícia,
para impor o respeito da sua decisão. Mesmo que o cidadão
recorra ao Tribunal esta decisão não é suspença, pois, os
exorbitantes poderes que a administração detem neste
sistema não lhe impede de continuar a executar.
 Quanto as garantias jurídicas dos administrados, assim
como no sistema britânico, no sistema francês, os
administrados tem um conjunto de garantias jurídicas
contra os abusos e ilegalidades da Administração Pública.
Essas garantias são efectivadas através dos Tribunais
Administrativos, que são os órgãos que fazem a
fiscalização dos actos administrativos neste sistema.
72 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

Sumário
Após a Revolução francesa em 1789 surge na França o sistema
moderno de administração do tipo francês ou de administração
executiva. Este sistema era centralizado; usava o direito
administrativo, portanto, os órgãos da administração beneficiavam
de exorbitantes poderes sobre os cidaddãos; e as decisões
administrativas podiam ser executadas sem sentença judicial caso o
cidadão não acatasse voluntariamente.

Exercícios

1 – Porque consideramos que o sistema do tipo francês é de


administração executiva?

Resposta: Consideramos que o sistema do tipo francês é de administração


Auto-avaliação executiva porque ela tem autoridade própria de executar as suas decisões;
ela não depende da sentença judicial.
Teoria Geral de Código: A0017 73

Unidade N0 19-A0017

Tema:

Evolução dos Sistemas

Administrativos Modernos

Introdução
Os sistemas administrativos modernos surgem com a grande
revolução na Inglaterra e a revolução francesa, nos séculos XVII e
XVIII, com características distintas, na Inglaterra e na França. Com
a evolução que vai ocorrendo no século XX, muito do que era
considerado de diferente foi se aproximando, tornando-se menos
diferentes sob ponto de vista técnico administrativo.

Ao completar esta unidade, você será capaz de:


74 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

 Compreender que os dois sistemas modernos administrativos


passaram a ser mais próximos.
Objectivos

Evolução dos Sistemas Modernos de Administração


Os sistemas modernos quando surgiram apresentavam grandes
diferenças no que diz respeito ao funcionamento e organização da
Administração Pública. Estes sistemas, o do tipo britânico e o do
tipo francês, não pararam no tempo, pois, a evolução ocorrida no
século XX veio a determinar uma certa aproximação entre os dois
sistemas em alguns aspectos.

Em relação `a organização administrativa a administração britânica


tornou-se mais centralizada, devido ao crescimento da burocracia
central, a criação de vários serviços locais do Estado e a
transferência de serviços antes executados ao nível municipal para
os órgãos de nível regional. A administração francesa foi perdendo
o carácter de centralizado, aceitando a autonomia dos corpos
intermédios, a eleição livre dos órgãos autárquicos e uma vasta
reforma descentralizadora, transferindo-se importantes funções do
Estado para as regiões (CAETANO).

Quanto ao controle jurisdicional da administração, na Inglaterra


surgiram `as centenas os chamados tribunais administrativos mas
não a semelhança dos tribunais existentes na França, pois, o
controle na Inglaterra ainda é feito pelo tribunal comum. Os
tribunais administrativos que surgiram na Inglaterra não eram
verdadeiros tribunais mas sim órgãos administrativos
independentes, criados juntos da administração central para decidir
questões de direito administrativo. Na França, aumenta
significativamente as relações entre os particulares e o Estado,
Teoria Geral de Código: A0017 75

submetidas `a fiscalização dos tribunais comuns. Aparentemente


existe uma aproximação mas os controles jurisdicionais continuam
os mesmos. Na França pelo tribunal administrativo e na Inglaterra
pelos tribunais comuns ou judiciais;

Quanto ao direito regulador, na Inglaterra aumenta-se o


intervencionismo económico do Estado devido a transição do
Estado liberal para o Estado social de Direito. Na França, devido a
natureza da sua actividade económica, as empresas públicas
passam a funcionar nos moldes do direito comercial, portanto, sob
a égide do direito privado e não administrativo;

Quanto à execução das decisões administrativas, surge na


Inglaterra os tribunais administrativos, que não são verdadeiros
tribunais mas sim órgãos administrativos independentes, criados
juntos da administração central para decidir questões do direito
administrativo. As suas decisões são imediatamente obrigatórias
aos cidadão carecem de homologacão judicial. Por seu turno, a
administração francesa concede aos particulares a possibilidade de
obter dos tribunais administrativos a suspensão da eficácia das
decisões unilaterais da administração.

Quanto às garantias jurídicas dos administrados, na França os


tribunais administrativos ganham mais poderes face à
administração. Eles já podem ir mais longe do que a mera anulação
de actos ilegais. Na França, assim como na Inglaterra, adoptaram
da mais recente instituição de protecção dos particulares, o
Provedor de Justiça.

Sumário
A evolução ocorrida no século XX ditou uma certa aproximação
entre os sistemas administrativos do tipo britânico e o do tipo
francês. O que continua de diferente entre estes sistemas é o
76 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

controle jurisdicional que continua na Inglaterra a ser feito pelo


Tribunal Comum e na França pelo Tribunal Administrativo. A
evolução económica que ocorreu levou a que não fosse o Tribunal
Administrativo, no sistema francês, a dirimir os conflitos que
ocorressem. Para além de existir só o Direito Administrativo na
França também surgiu o Direito Comum para albergar outros
aspectos da sociedade que não dissesse respeito à Administração
Pública. As garantias jurídicas dos cidadãos foram reforçadas pelo
surgimento do Provedor de Justiça.

Exercícios

1 – Qual a instituição moderna que surgiu nos dois sistemas modernos


que vem dar mais garantias jurídicas aos cidadãos?

Auto-avaliação Resposta: A instituição moderna que vem dar mais garantias jurídicas aos
cidadãos é o Provedor de Justiça.
Teoria Geral de Código: A0017 77

Unidade N0 020-A0017

Tema:

Princípio da Prossecução do Interesse Público

Introdução
A Administração Pública surge para prosseguir o interesse público mas
ela não pode ser feita de qualquer maneira, ela deve-se guiar por certos
valores e regras e não de forma arbitrária. O princípio da prossecução do
interesse público é o guia da Administração Pública, pois, ela move-se
com vista a implementar o interesse geral.

Ao completar esta unidade, você será capaz de:

 Conhecer o princípio motor da Administração Pública.

 Compreender que o interesse público não é definido pela


Administração Pública.
Objectivos

Interesse Público
78 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

A administração Pública actua, move-se e funciona para prosseguir


o interesse público e para tal ela faz dentro do respeito de certos
limites e valores. O princípio motor da Administração Pública é o
da prossecução do interesse público.

O interesse público como o interesse geral de uma determinada


comunidade, o bem comum. Para ele, o interesse público representa
a esfera das necessidades a que a iniciativa privada não pode
responder e que são vitais para as comunidades na sua totalidade
(CAETANO).

Este princípo tem numerosas consequências práticas, tais como:

 A Lei é que define o interesse público; não pode ser a


Administração Pública a definir, salvo se Lei a habilitar
para o efeito;

 A noção de interesse público é de conteúdo variável; o que


ontem foi considerado conforme ao interesse público, hoje
poderá ser contrário e o que hoje é tido como
inconveniente, pode amanhã ser considerado vantajoso. Não
é possível definir o interesse público de uma forma rígida e
inflexível;

 Definido o interesse público pela Lei, a sua prossecução


pela Administração é obrigatória;

 Se um órgão da Administração praticar um acto que não


tenha por motivo determinante o interesse público, este acto
estará viciado por desvio de poder, e por conseguinte, o acto
é ilegal, anulável contenciosamente;

 A prossecução do interesse privado em vez do interesse


público, por parte de qualquer órgão ou agente de
Administração no exercício das suas funções, constitui
corrupção, e como tal acarreta um conjunto de sanções,
Teoria Geral de Código: A0017 79

quer administrativas, quer penais, para quem assim


proceder; e

 A obrigação de prosseguir o interesse público exige da


Administração que adopte em relação a cada caso concreto
as melhores soluções possíveis do ponto de vista
administrativo (técnico financeiro).

Sumário
A Administração Pública existe para prosseguir o interesse
público. Ao prosseguir o interesse público a Administração
Pública deve fazer guiando-se pelo respeito de certos valores de
forma a torná-la mais mais transparente. O interesse público é o
interesse geral ou colectivo de uma determinda comunidade; ela
varia de momento para momento e de região para região. O
interesse público não é estático. Não é o órgão de administração
que define o interesse público mas sim a Lei. A administração
executa o interesse definido pela Lei. A administração só pode
executar o interesse público definido pela Lei e sempre
encontrando as melhores soluções para a sua implementeação
sob ponto de vista de custos e oportunidades.

Exercícios

1 – Quem define o interesse público?

Resposta: O interesse público é definido pela Lei.

Auto-avaliação
80 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

Unidade N0 021-A0017

Tema:

Princípio da Legalidade

Introdução
A Administração Pública ao prosseguir o interesse público deve
fazer guiando-se por certas regras. Na história da Administração
Pública, ela nem sempre funcionou regida por normas jurídicas. O
princípio da legalidade teve, ao longo da história, diversas formas
de ser interpretada, passando pela limitação de acção dos órgãos de
administração em relação aos cidadãos até à protecção do interesse
público

Ao completar esta unidade, você será capaz de:

 Compreender a história do princípio da legalidade.

 Compreender que nem sempre a administração estava sujeita às


normas jurídicas.
Objectivos

Princípio da Legalidade
Teoria Geral de Código: A0017 81

A Administração para prosseguir o interesse público não pode fazer


de qualquer maneira, e muito menos de maneira arbitrária: Tem de
fazê-lo com observância de um certo número de princípios e regras.

O Princípio da Legalidade, é sem dúvida, um dos mais importantes


princípios gerais de Direito aplicáveis à Administração Pública, e
que, aliás, se encontrava consagrado como princípio geral do
Direito Administrativo antes mesmo que a Constituição o
mencionasse explicitamente (CAETANO).

O Princípio da Legalidade era tradicionalmente definido da


seguinte maneira:

Nenhum órgão ou agente da Administração Pública tem a


faculdade de praticar actos que possam lesar ou contender com
interesses alheios se não em virtude de uma norma geral anterior.

Esta definição consiste fundamentalmente numa proibição: A


proibição de a Administração Pública lesar os Direitos ou
interesses dos particulares, salvo com base na Lei. O Princípio da
Legalidade aparecia encarado como um limite à acção
administrativa, limite este estabelecido no interesse dos
particulares.

A doutrina mais recente entende o Princípio da Legalidade de outra


maneira:

Os órgãos e agentes de Administração Pública só podem agir com


fundamento na Lei e dentro dos limites por ela impostos.

O Princípio da Legalidade aparece agora definido de uma forma positiva.


Diz-se o que a Administração Pública deve ou pode fazer, e não apenas
aquilo que ela está proibido de fazer. Em segundo lugar, cobre e barca
todos aspectos da actividade administrativa e não apenas aqueles que
possam consistir na lesão dos Direitos ou interesse dos particulares. O
Princípio da Legalidade visa também proteger o interesse público, e não
apenas o interesse dos particulares. Em terceiro lugar, a Lei não é apenas
82 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

um limite à actuação da Administração, é também o fundamento da acção


administrativa. Quer isso dizer que, hoje em dia, não há um poder livre de
a Administração fazer o que bem entender, salvo quando a Lei lho
proibir.

Sumário
Ao prosseguir o interesse público a administração de fazer
respeitando certas regras. Significa que não se pode fazer de forma
arbitrária, mas sim guando-se pelo princípio da legalidade. A acção
da administração é coberta de Leis de forma a evitar que estes
violem os direitos dos cidadãos como acontecia nos períodos
anteriores. A acção da administração deve encontrar fundamento na
Lei. Nem sempre a administração funcionou assim, pois, em certo
período a administração violava os direitos dos cidadãos. Com a
Revolução francesa surge o princípio da legalidade e a separação
de poderes como forma de proteger e dar garantias jurídicas aos
cidadãos. Numa primeira fase o princípio da legalidade era vista de
forma a proteger os interesses dos cidadãos mas com a evolução
este conceito sofreu algumas transformações passando a se
considerar que a administração só pode agir com fundamento na
Lei. Este é o conceito actual do princípio da legalidade em que
defende não só o interesse dos particulares mas também o interesse
público.
Teoria Geral de Código: A0017 83

Exercícios

1 – Qual a necessidade da administração estar sujeita às normas jurídicas?

Resposta: A administração está sujeita às normas jurídicas para garantir


uma maior transparência na sua organização e na sua acção em relação
Auto-avaliação
aos cidadãos.

Unidade N0 022-A0017

Tema:

Princípio da Igualdade
84 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

Introdução
A administração ao prosseguir o interesse público tem-se
relacionado com os cidadãos. É nesta relação que a administração
não deve privilegiar, prejudicar ou beneficiar um cidadão em razão
da cor, filiação partidária, ideológica, etc. O princípio da igualdade
pressupõe-se que se dê tratamento igual a pessoas iguais e
tratamento diferente a pessoas diferentes.

Ao completar esta unidade, você será capaz de:

 Conhecer as características do princípio da igualdade.

 Saber diferenciar a obrigação da diferenciação da proibição da


discriminação.
Objectivos

Princípio da Igualdade
Nas suas relações com os particulares, a Administração Pública
deve reger-se pelo Princípio da Igualdade, não podendo privilegiar,
beneficiar, prejudicar, privar de qualquer direito ou isentar de
qualquer dever nenhum administrado em razão de ascendência,
sexo, raça, língua, território de origem, religião, convicção política
ou ideológica, instrução, situação económica ou condição social.

A igualdade impõe que se trate de modo igual o que é


juridicamente igual e de modo diferente o que é juridicamente
diferente, na medida da diferença (CAETANO).
Teoria Geral de Código: A0017 85

O Princípio da Igualdade se protege fundamentalmente em duas


direcções:

 Proibição da discriminação

Uma medida é discriminatória, e é, por conseguinte,


proibida por violação do Princípio da Igualdade.

 Obrigação da diferenciação

A obrigação da diferenciação parte da ideia de que a


igualdade não é absoluta.

O Princípio da Igualdade manda tratar por igual as situações que


forem juridicamente idênticas, mas, como vimos, aceita tratamento
desigual para as situações que forem diferentes. Daí que haja, na
própria Constituição da República e nas Leis a previsão e adopção
de medidas administrativas especiais de protecção em relação aos
mais desfavorecidos, em relação às classes mais pobres da
sociedade, ou em relação àqueles grupos de pessoas que pela sua
situação física ou social careçam de uma protecção mais forte,
designadamente a protecção especial à infância, à juventude, à
terceira idade, aos trabalhadores, etc. É aí que decorre a
necessidade de tratar desigualmente o que deveria ser igual, as
chamadas discriminações positivas.

Sumário
A Administração Pública ao se relacionar com os particulares deve
fazer repeitando a iguladade entre os cidadãos. Ela não pode
prejudicar ou beneficiar um cidadão em função da cor, raça,
filiação partidária, etc, ao se relacionar com os particulares. O
princípio da igualdade deve guiar-se pela obrigatoriedade da
diferenciação e proibição da discriminação. O princípio da
igualdade pressupõe que se trate de modo igual o que é
86 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

juridicamente igual e de modo diferente o que é juridicamente


diferente.

Exercícios

1 – Quando consideramos que uma medida administrativa é


discriminatória?

Auto-avaliação Resposta: Consideramos que uma medida administrativa é


discriminatória quando viola o princípio da igualdade.

Unidade N0 023-A0017

Tema:

Princípio da Publicidade
Teoria Geral de Código: A0017 87

Introdução
O princípio da publicidade tem a razão de existência na medida em
que as medidas administrativas devem chegar ao conhecimento dos
cidadãos. Qualquer que seja a decisão administrativa ao ser
tomada, há mecanismos legais que facilitam que ela chegue ao
conhecimento dos cidadãos. Significa que a própria Lei estabele as
formas como as medidas chegam aos cidadãos.

Ao completar esta unidade, você será capaz de:

 Conhecer a importância do princípio da publicidade para


Administração Pública

 Conhecer as formas de publicidade.


Objectivos

Sumário
Princípio da da Publicidade

A publicidade é a operação pela qual as decisões administrativas


são levadas ao conhecimento dos interessados. As formalidades de
publicidade permitem determinar o momento a partir do qual o acto
entra em vigor (CAETANO).

Distingue-se geralmente, como forma de publicidade, a publicação


da notificação.

A publicação é um modo de publicidade impessoal, que é inserido


numa colectânea oficial (por exemplo, o Boletim da República).
Em certos casos, a Constituição da República, a Lei ou os
88 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

Regulamentos administrativos, impõem um determinado modo de


publicação. É o caso dos Decretos e Despachos Presidenciais e dos
Decretos e Resoluções do Conselho de Ministros que são
publicados no Boletim da República. Também é o caso das
Deliberações e decisões das Autarquias Locais. O n.º 1 do Artigo
13 da Lei 2/97, de 18 de Fevereiro, considera que as Deliberações e
decisões dos órgãos das Autarquias são publicadas, mediante
afixação, durante 30 dias consecutivos, na Sede da Autarquia
Local.

A notificação é a operação pela qual uma autoridade administrativa


informa oficial e pessoalmente aos destinatários de uma decisão
administrativa. É um modo de publicidade pessoal.

As medidas de publicidade são muito importantes porque elas


determinam normalmente o momento da entrada em vigor da
decisão administrativa e a sua executoriedade.

Sumário
Todo o acto administrativo deve ser publicitado. Significa que
depois de uma decisão administrativa ela deve encontrar
mecanismos de fazer chegar ao conhecimento dos cidadãos. A
publicitação significa que o conteudo e a data de entrada em vigor
do acto administrativo devem ser do domínio público. Todo o acto
administrativo tem efeito a partir da entrada em vigor através da
publicitação.
Teoria Geral de Código: A0017 89

Exercícios

1 – Qual a importância do princípio da publicidade para Administração


Pública?

Auto-avaliação Resposta: O princípio da publicidade tem a importância de levar ao


conhecimento dos cidadãos as decisões administrativas que são tomadas.
90 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

Unidade N0 024-A0017

Tema:

Princípio do Poder Discricionário

Introdução
Do poder discricionário se distingue o poder vinculado. Enquanto
que o vinculado, o agente de administração age dentro de uma
norma previamente estabelecida, no poder discricionário ele tem
um domínio de liberdade de tomar decisão. Não significa que seja
uma decisão ilegal mas ele tem a liberdade de optar pela melhor
saída sob ponto de vista técnico ou administrativo. O poder
vinculado está adstrito à Lei.
Teoria Geral de Código: A0017 91

 Conhecer a diferença entre o poder vinculado do poder discricionário

 Compreender que o uso do poder discricionário não é ilegal.

Objectivos

Poder Discricionário
O Poder Discricionário é aquele que o Direito concede à
Administração Pública para a prática de actos administrativos com
liberdade na escolha de sua conveniência, oportunidade e conteúdo.
Distingue-se do poder vinculado pela maior liberdade de acção que
é conferida ao Administrador. Se para a prática de um acto
vinculado, a autoridade pública está adstrita à Lei em todos os seus
elementos formadores, para praticar um acto discricionário é livre,
no âmbito em que a Lei lhe concede essa faculdade (CAETANO).

Como exemplo do exercício do Poder Discricionário, temos a


nomeação para o cargo, em comissão de serviço, acto em que o
Administrador Público possui uma liberdade de escolha, ou seja,
pode nomear aquele que for da sua total confiança, não se exigindo
nenhuma selecção prévia.

Sumário
Quando se fala de poder há que se distinguir entre o poder
vinculado e poder discricionário. O poder vinculado é aquele que
os órgãos de administração tomam seguindo a Lei, enquanto que o
poder discricionário não está vinculado a Lei. Os órgãos de
administração têm um domínio de decisão com liberdade de
escolha sem ferir a Lei. A acção do poder discricionário não se
baseia na Lei mas também não lhe fere. O agente de administração
92 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

encontra a melhor escolha para uma determinada situação. O poder


vinculado difere deste, pois, este é tomado tendo em conta a
legislação. O poder discricionário surge para dar mais liberdades
aos agentes de administração.

Exercícios

1 – A utilização do poder discricionário não é violação à Lei?

Resposta: A utilização do poder discricionário não é violação à Lei


Auto-avaliação mas uma acção não regida por Lei que vem dar solução a uma
determinada situação.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

AMARAL, D. Freita, Manual de Direito Administrativo,


Volume I;
CAUPERS, João, Introdução ao Direito Administrativo,
Âncora Editora, 2000;
CAETANO, Marcelo, Manual de Direito Administrativo,
Editora Coímbra, Tomo I;
Constituição da República de 1990;
FERNANDES, António José, Introdução à Ciência Política,
Porto Editora, 1995;
Teoria Geral de Código: A0017 93

HENRIQUES, Víctor & CABRITO, Belmiro Gil, Introdução


à Política, Texto Editora, 1995;
MANUEL, Carlos, Textos de Apoio - Seminários sobre
Descentralização Administrativa, 1995;
MINISTÉRIO DA ADMINISTRAÇÃO ESTATAL,
Documentos da Reforma dos Órgãos Locais do Estado,
1992;
MECANISMO DE APOIO DE REVISÃO DE PARES,
Relatório, 2010;
Lei 2/97, de 18 de Fevereiro

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