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Manual de Tronco Comum

Teoria Geral de
Administração Pública

Código: A0017

Universidade Católica de Moçambique (UCM)


Centro de Ensino à Distância (CED)

1
Direitos de autor (copyright)
Este manual é propriedade da Universidade Católica de Moçambique (UCM), Centro de Ensino à
Distância (CED) e contém reservados todos os direitos. É proibida a duplicação e/ou reprodução deste
manual, no seu todo ou em partes, sob quaisquer formas ou por quaisquer meios (electrónicos,
mecânico, gravação, fotocópia ou outros), sem permissão expressa de entidade editora (Universidade
Católica de Moçambique – Centro de Ensino à Distância). O não cumprimento desta advertência é
passível a processos judiciais.

Elaborado Por: Egídio Paulo Manganhela Simango

Bacharel em Ciências Sociais

Licenciado em Administração Pública

Pós-Graduação em Ciência Política: Governação e Relações Internacionais

Universidade Católica de Moçambique (UCM)


Centro de Ensino à Distância (CED)
Rua Correia de Brito No 613 – Ponta-Gêa
Beira – Sofala

Telefone: 23 32 64 05
Cell: 82 50 18 440
Moçambique

1
Fax: 23 32 64 06
E-mail: ced@ucm.ac.mz
Website: www.ucm.ac.mz

Agradecimentos
A Universidade Católica de Moçambique (UCM) – Centro de Ensino à Distância (CED) e o autor do
presente manual, Egídio Simango, agradecem a colaboração de todos que directa ou indirectamente
participaram na elaboração deste manual. À todos sinceros agradecimentos.
Teoria Geral de Código: A0017 i

Índice
Visão geral 1
Benvindo a Sociologia Geral ............................................................................................ 1
Objectivos do curso .......................................................................................................... 1
Quem deveria estudar este módulo ................................................................................... 2
Como está estruturado este módulo .................................................................................. 2
Ícones de actividade .......................................................................................................... 3
Acerca dos ícones .......................................................................................... 3
Habilidades de estudo ....................................................................................................... 3
Precisa de apoio? .............................................................................................................. 4
Tarefas (avaliação e auto-avaliação)................................................................................. 5
Avaliação .......................................................................................................................... 5

Unidade N0 01-A0017 7
Tema: ................................................................................................................................ 7
Conceito de Administração Pública .................................................................................. 7
Introdução ................................................................................................................ 7
Sumário ............................................................................................................................. 8
Exercícios........................................................................................................................ 11

Unidade N0 02-A0017 12
Tema: .............................................................................................................................. 12
Órgãos da Administração Pública ......................................................................... 12
Introdução .............................................................................................................. 12
Sumário ........................................................................................................................... 13
Exercícios........................................................................................................................ 15

Unidade N0 03-A0017 17
Tema: .............................................................................................................................. 17
Administração Pública e Privada .................................................................................... 17
Introdução .............................................................................................................. 17
Sumário ........................................................................................................................... 18
Exercícios........................................................................................................................ 20

Unidade N0 04-A0017 21
Tema: .............................................................................................................................. 21
O Estado ................................................................................................................ 21
Introdução .............................................................................................................. 21
ii Índice

Sumário ........................................................................................................................... 22
Exercícios........................................................................................................................ 25

Unidade N0 05-A0017 26
Tema: .............................................................................................................................. 26
As Funções do Estado ........................................................................................... 26
Introdução .............................................................................................................. 26
Sumário ........................................................................................................................... 27
Exercícios........................................................................................................................ 29

Unidade N0 06-A0017 29
Tema: .............................................................................................................................. 29
A Política e sua Relação com ................................................................................ 29
Administração Pública .......................................................................................... 29
Introdução .............................................................................................................. 30
Sumário ........................................................................................................................... 31
Exercícios........................................................................................................................ 32

Unidade N0 07-A0017 33
Tema: .............................................................................................................................. 33
A Legislação e sua Relação com ........................................................................... 33
Administração Pública .......................................................................................... 33
Introdução .............................................................................................................. 33
Sumário ........................................................................................................................... 34
Exercícios........................................................................................................................ 35

Unidade N0 08-A0017 36
Tema: .............................................................................................................................. 36
A Justiça ................................................................................................................ 36
Introdução .............................................................................................................. 36
Sumário ........................................................................................................................... 37
Exercícios........................................................................................................................ 38

Unidade N0 09-A0017 39
Tema: .............................................................................................................................. 39
Evolução Histórica da Administração Pública em Moçambique ................................... 39
Introdução .............................................................................................................. 39
Sumário ........................................................................................................................... 40
Exercícios........................................................................................................................ 49

Unidade N0 010-A0017 49
Tema: .............................................................................................................................. 49
Poder Local em Moçambique................................................................................ 49
Introdução .............................................................................................................. 50
Teoria Geral de Código: A0017 iii

Sumário ........................................................................................................................... 50
Compete `as autarquias locais planificar, pressupondo-se que concebam planos a
médio e longo prazos; elaborar plano de desenvolvimento e de ordenamento do
território, e estes devem ser ratificados pelo Governo Central; elaborar planos de
estrutura e urbanização, planos de áreas prioritárias de desenvolvimento urbano e
de construção, e planos de zonas de protecção urbana e de áreas críticas de
recuperação e de reconversão urbanística. ............................................................ 54
Exercícios........................................................................................................................ 55

Unidade N0 011-A0017 56
Tema: .............................................................................................................................. 56
Administração Pública como Poder ................................................................................ 56
Introdução .............................................................................................................. 56
Sumário ........................................................................................................................... 57
Exercícios........................................................................................................................ 60

Unidade N0 012-A0017 61
Tema: .............................................................................................................................. 61
Submissão da Administração Pública às Leis................................................................. 61
Introdução ....................................................................................................................... 61
Sumário ........................................................................................................................... 62
Exercícios........................................................................................................................ 64

Unidade N0 013-A0017 65
Tema: .............................................................................................................................. 65
O Papel das Estruturas Tradicionais e suas ........................................................... 65
Influências na Administração Pública ................................................................... 65
Introdução .............................................................................................................. 65
Sumário ........................................................................................................................... 66
Exercícios........................................................................................................................ 72

Unidade N0 14-A0017 73
Tema: .............................................................................................................................. 73
Sistemas Administrativos ...................................................................................... 73
Introdução .............................................................................................................. 73
Sumário ........................................................................................................................... 74
Exercícios........................................................................................................................ 75

Unidade N0 15-A0017 75
Tema: .............................................................................................................................. 75
Sistema Tradicional ............................................................................................... 75
Introdução .............................................................................................................. 75
iv Índice

Sumário ........................................................................................................................... 76
Exercícios........................................................................................................................ 78

Unidade N0 16-A0017 79
Tema: .............................................................................................................................. 79
Sistemas Modernos................................................................................................ 79
Introdução .............................................................................................................. 79
Sumário ........................................................................................................................... 80
Exercícios........................................................................................................................ 81

Unidade N0 17-A0017 82
Tema: .............................................................................................................................. 82
Sistema do Tipo Britânico ou de ........................................................................... 82
Administração Judicial .......................................................................................... 82
Introdução .............................................................................................................. 82
Sumário ........................................................................................................................... 83
Exercícios........................................................................................................................ 85

Unidade N0 18-A0017 85
Tema: .............................................................................................................................. 85
Sistema do Tipo Francês ou de.............................................................................. 85
Administração Executiva ...................................................................................... 85
Introdução .............................................................................................................. 85
Sumário ........................................................................................................................... 86
Exercícios........................................................................................................................ 88

Unidade N0 19-A0017 89
Tema: .............................................................................................................................. 89
Evolução dos Sistemas .......................................................................................... 89
Administrativos Modernos .................................................................................... 89
Introdução .............................................................................................................. 89
Sumário ........................................................................................................................... 90
Exercícios........................................................................................................................ 93

Unidade N0 020-A0017 94
Tema: .............................................................................................................................. 94
Princípio da Prossecução do Interesse Público ..................................................... 94
Introdução .............................................................................................................. 94
Sumário ........................................................................................................................... 95
Exercícios........................................................................................................................ 97

Unidade N0 021-A0017 98
Tema: .............................................................................................................................. 98
Princípio da Legalidade ......................................................................................... 98
Introdução .............................................................................................................. 98
Teoria Geral de Código: A0017 v

Sumário ........................................................................................................................... 99
Exercícios...................................................................................................................... 101

Unidade N0 022-A0017 102


Tema: ............................................................................................................................ 102
Princípio da Igualdade ......................................................................................... 102
Introdução ............................................................................................................ 102
Sumário ......................................................................................................................... 103
Exercícios...................................................................................................................... 105

Unidade N0 023-A0017 105


Tema: ............................................................................................................................ 105
Princípio da Publicidade ...................................................................................... 105
Introdução ............................................................................................................ 106
Sumário ......................................................................................................................... 107
Exercícios...................................................................................................................... 108

Unidade N0 024-A0017 109


Tema: ............................................................................................................................ 109
Princípio do Poder Discricionário ....................................................................... 109
Introdução ............................................................................................................ 109
Sumário ......................................................................................................................... 110
Exercícios...................................................................................................................... 111
Teoria Geral de Código: A0017 1

Visão geral

Benvindo `a Teoria Geral de


Administração Pública
O estudo da Administração Pública, como ciência autónoma, é
recente, tanto no mundo assim como em Moçambique.
Anteriormente a Administração Pública era associada ao Direito
mas hoje ela assumiu-se como uma ciência com seu próprio
objecto.
O manual de Teoria Geral de Administração Pública contém
conhecimentos gerais sobre a administração pública, no que
concerne `a sua natureza, organização, funcionamento e a sua
relação com os particulares, os cidadãos.
A administração pública, historicamente, foi evoluindo desde
períodos em que os cidadãos não gozavam de um sistema de
garantias jurídicas face `a administração até ao momento actual em
que estes podem recorrer dos actos ilegais da administração.
Com a Revolução Francesa surgem os sistemas modernos de
administração pública caracterizados pela separação de poderes e
Estado de Direito.

Objectivos do curso
Quando terminar o estudo da Teoria Geral de Administração Pública, o
estudante será capaz de:
2 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

 Dominar conhecimentos técnicos profissionais da


Administração Pública.
 Reforçar a capacidade institucional da Administração Pública
no seu posto trabalho.
Objectivos
 Ter gosto pela coisa pública.
 Tornar-se capaz e motivado para desempenhar com sucesso as
suas actividades.

Quem deveria estudar este


módulo
Este módulo foi concebido para todos aqueles que frequentam os cursos à
distância, oferecidos pela Universidade Católica de Moçambique (UCM),
através do seu Centro de Ensino à Distância (CED).

Como está estruturado este


módulo
Todos os módulos dos cursos produzidos por UCM - CED encontram-se
estruturados da seguinte maneira:

Páginas introdutórias

 Um índice completo.

 Uma visão geral detalhada do curso / módulo, resumindo os


aspectos-chave que você precisa conhecer para completar o estudo.
Recomendamos vivamente que leia esta secção com atenção antes de
começar o seu estudo.

Conteúdo do curso / módulo

O curso está estruturado em unidades. Cada unidade incluirá uma


introdução, objectivos da unidade, conteúdo da unidade incluindo
actividades de aprendizagem, um resumo da unidade e uma ou mais
actividades para auto-avaliação.
Teoria Geral de Código: A0017 3

Outros recursos

Para quem esteja interessado em aprender mais, apresentamos uma lista


de recursos adicionais para você explorar. Estes recursos podem incluir
livros, artigos ou sites na internet.

Tarefas de avaliação e/ou Auto-avaliação

Tarefas de avaliação para este módulo encontram-se no final de cada


unidade. Sempre que necessário, dão-se folhas individuais para
desenvolver as tarefas, assim como instruções para as completar. Estes
elementos encontram-se no final do modulo.

Comentários e sugestões

Esta é a sua oportunidade para nos dar sugestões e fazer comentários


sobre a estrutura e o conteúdo do curso / módulo. Os seus comentários
serão úteis para nos ajudar a avaliar e melhorar este curso / modulo.

Ícones de actividade
Ao longo deste manual irá encontrar uma série de ícones nas margens das
folhas. Estes icones servem para identificar diferentes partes do processo
de aprendizagem. Podem indicar uma parcela específica de texto, uma
nova actividade ou tarefa, uma mudança de actividade, etc.

Acerca dos ícones


Os icones usados neste manual são símbolos africanos, conhecidos por
adrinka. Estes símbolos têm origem no povo Ashante de África
Ocidental, datam do século XVII e ainda se usam hoje em dia.

Pode ver o conjunto completo de ícones deste manual já a seguir, cada


um com uma descrição do seu significado e da forma como nós
interpretámos esse significado para representar as várias actividades ao
longo deste módulo.

Habilidades de estudo
Caro estudante, procure olhar para você em três dimensões
nomeadamente: o lado social, profissional e estudante, daí ser importante
planificar muito bem o seu tempo.

Procure reservar no mínimo 2(duas) horas de estudo por dia e use ao


máximo o tempo disponível nos finais de semana. Lembre-se que é
necessário elaborar um plano de estudo individual, que inclui, a data, o
4 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

dia, a hora, o que estudar, como estudar e com quem estudar (sozinho,
com colegas, outros).

Evite o estudo baseado em memorização, pois é cansativo e não produz


bons resultados, use métodos mais activos, procure desenvolver suas
competências mediante a resolução de problemas específicos, estudos de
caso, reflexão, etc.

O manual contém muita informação, algumas chaves, outras


complementares, daí ser importante saber filtrar e apresentar a
informação mais relevante. Use estas informações para a resolução das
exercícios, problemas e desenvolvimento de actividades. A tomada de
notas desempenha um papel muito importante.

Um aspecto importante a ter em conta é a elaboração de um plano de


desenvolvimento pessoal (PDP), onde você reflecte sobre os seus pontos
fracos e fortes e perspectivas o seu desenvolvimento.

Lembre-se que o teu sucesso depende da sua entrega, você é o


responsável pela sua própria aprendizagem e cabe a ti planificar,
organizar, gerir, controlar e avaliar o seu próprio progresso.

Precisa de apoio?
Caro estudante, temos a certeza de que por uma ou por outra situação, o
material impresso, lhe pode suscitar alguma dúvida (falta de clareza,
alguns erros de natureza frásica, prováveis erros ortográficos, falta de
clareza conteudística, etc). Nestes casos, contacte o tutor, via telefone,
escreva uma carta participando a situação e se estiver próximo do tutor,
contacte-o pessoalmente.

Os tutores têm por obrigação, monitorar a sua aprendizagem, dai o


estudante ter a oportunidade de interagir objectivamente com o tutor,
usando para o efeito os mecanismos apresentados acima.

Todos os tutores têm por obrigação facilitar a interação, em caso de


problemas específicos ele deve ser o primeiro a ser contactado, numa fase
posterior contacte o coordenador do curso e se o problema for da natureza
geral, contacte a direcção do CED, pelo número 825018440.

Os contactos só se podem efectuar, nos dias úteis e nas horas normais de


expediente.

As sessões presenciais são um momento em que você caro estudante, tem


a oportunidade de interagir com todo o staff do CED, neste período pode
apresentar dúvidas, tratar questões administrativas, entre outras.

O estudo em grupo, com os colegas é uma forma a ter em conta, busque


apoio com os colegas, discutam juntos, apoiem-me mutuamente,
reflictam sobre estratégias de superação, mas produza de forma
independente o seu próprio saber e desenvolva suas competências.

Juntos na Educação à Distância, vencendo a distância.


Teoria Geral de Código: A0017 5

Tarefas (avaliação e auto-


avaliação)
O estudante deve realizar todas as tarefas (exercícios, actividades e auto-
avaliação), contudo nem todas deverão ser entregues, mas é importante
que sejam realizadas. As tarefas devem ser entregues antes do período
presencial.

Para cada tarefa serão estabelecidos prazos de entrega, e o não


cumprimento dos prazos de entrega , implica a não classificação do
estudante.

As trabalhos devem ser entregues ao CED e os mesmos devem ser


dirigidos ao tutor/docentes.

Podem ser utilizadas diferentes fontes e materiais de pesquisa, contudo os


mesmos devem ser devidamente referenciados, respeitando os direitos do
autor.

O plagiarismo deve ser evitado, a transcrição fiel de mais de 8 (oito)


palavras de um autor, sem o citar é considerado plágio. A honestidade ,
humildade científica e o respeito pelos direitos autorais devem marcar a
realização dos trabalhos.

Avaliação
Você será avaliado durante o estudo independente (80% do curso) e o
período presencial (20%). A avaliação do estudante é regulamentada com
base no chamado regulamento de avaliação.

Os trabalhos de campo por si desenvolvidos , durante o estudo individual,


concorrem para os 25% do cálculo da média de frequência da cadeira.

Os testes são realizados durante as sessões presenciais e concorrem para


os 75% do cálculo da média de frequência da cadeira.

Os exames são realizados no final da cadeira e durante as sessões


presenciais, eles representam 60% , o que adicionado aos 40% da média
de frequência, determinam a nota final com a qual o estudante conclui a
cadeira.

A nota de 10 (dez) valores é a nota mínima de: (a) admissão ao exame,


(b) nota de exame e, (c) conclusão do módulo.

Nesta cadeira o estudante deverá realizar: 3 (três) trabalhos; 2 (dois)


testes escritos e 1 (um) exame escrito.
6 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

Não estão previstas quaisquer avaliação oral.

Algumas actividades práticas, relatórios e reflexões serão utilizadas


como ferramentas de avaliação formativa.

Durante a realização das avaliações , os estudantes devem ter em


consideração: a apresentação; a coerência textual; o grau de
cientificidade; a forma de conclusão dos assuntos, as recomendações, a
indicação das referências utilizadas, o respeito pelos direitos do autor,
entre outros.

Os objectivos e critérios de avaliação estão indicados no manual.


Consulte-os.

Alguns feedbacks imediatos estão apresentados no manual.


Teoria Geral de Código: A0017 7

Unidade N0 01-A0017
Tema:

Conceito de Administração Pública

Introdução
Ao falarmos de Administração Pública é preciso
ter presente um conjunto de necessidades
colectivas que são assumidas como tarefa
fundamentais a serem executadas por órgãos
específicos. Portanto, há necessidades colectivas
que são criadas pelas próprias sociedades e elas
devem ser satisfeitas. O conceito de
Administração Pública varia em função da
perspectiva em que ela é apresentada. Temos o
sentido orgânico (órgãos) e sentido material
(actividades).

Ao completar esta unidade, você será capaz de:


8 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

 Conceituar a Administração Pública;


Objectivos
 Identificar o objecto de estudo da Administração
Pública; e
 Diferenciar os vários sentidos da expressão
Administração Pública.

Sumário
Já nos referimos anteriormente que o conceito de
Administração Pública varia em função da
perspectiva que se pretende. O ponto comum é a
satisfação de um conjunto de necessidades
colectivas, e que para tal, são criados serviços.
Para poder satisfazer estas necessidades colectivas
são necessários meios materiais e humanos.
Portanto, onde quer que exista e se manifeste com
intensidade suficiente uma necessidade colectiva
aí surgirá um serviço público destinado a
satisfaze-la.

Ao se referir ao conceito de Administração


Pública, há uma contraposição entre organização
(dimensão estática) e actividades/materiais
(dimensão dinâmica) (CAETANO).
Teoria Geral de Código: A0017 9

Ao sistema de órgãos, serviços e agentes de


Estado, bem como das demais pessoas colectivas
públicas, que asseguram em nome da
colectividade a satisfação regular e contínua das
necessidades colectivas de segurança, cultura e
bem-estar referimo-nos à Administração Pública
no sentido orgânico, de organização ou subjectivo.
Aqui refere-se às pessoas colectivas públicas
dotadas de personalidade jurídica e serviços
públicos. A Administração Pública nesta
perspectiva não se resume à organização dos
serviços centrais do Estado, como os Governos
Centrais, os Ministérios, etc., inclui também os
serviços locais que desenvolvem de forma
descontinuada funções de interesse geral. É
necessário também referir que a Administração
Pública não se limita ao Estado, pois, existem
outras entidades e organismos que também
desenvolvem a actividade administrativa.
Às actividades típicas dos serviços públicos e
agentes administrativos desenvolvida no interesse
geral da colectividade, com vista à satisfação
regular e contínua das necessidades colectivas de
segurança, cultura e bem-estar, obtendo para o
efeito os recursos mais adequados e utilizando as
10 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

formas mais convenientes, referimo-nos à


administração pública no sentido material ou
objectivo, como sinónimo de actividades
administrativas. Aqui refere-se às actividades
contínuas, permanentes e regulares desenvolvidas
pelos poderes públicos com vista à satisfação das
necessidades colectivas.

Destas distinções da Administração Pública


poderá ter notado a diferença na grafia.
Pretendendo uma precisão terminológica dos
conceitos, a Administração Pública escrita com
iniciais maiúsculas é no sentido orgânico e escrita
com iniciais minúsculas é no sentido material (DE
AMARAL)
Teoria Geral de Código: A0017 11

Exercícios

1 – Qual é o principal objecto de estudo da


Administração Pública?
Auto-avaliação
Resposta: O principal objecto de estudo da
Administração Pública é a satisfação das
necessidades colectivas.

2 – Quais os principais sentidos da Administração


Pública?

Resposta: Os principais sentidos da Administração


Pública são: Orgânico e material.
12 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

Unidade N0 02-A0017

Tema:

Órgãos da Administração Pública

Introdução
Convém notar que nem todos os órgãos que
concorrem para satisfação das necessidades
colectivas tem a mesma origem ou natureza. Uns
são criados e geridos directamente pelo Estado,
outros são entregues à entidades autónomas e
outros são entidades tradicionais de origem
religiosa e assumida pelo Estado. O comum é que
todos tem como objecto a satisfação de
necessidades colectivas.

Ao completar esta unidade, você será capaz de:

 Aprofundar o conhecimento sobre o objecto da


Objectivos
Administração Pública; e

 Conhecer os diferentes órgãos que satisfazem as


necessidades colectivas.
Teoria Geral de Código: A0017 13

Sumário
A Administração Pública não consiste
fundamentalmente na organização dos serviços
Centrais do Estado, como o Governo, os
Ministérios, as Direcções Gerais, etc, mas tudo
isto pertence à Administração Pública. Esta é uma
parte da Administração Pública no seu conjunto.

Existem órgãos e serviços locais que desenvolvem


de forma desconcentrada funções de interesse
geral. A Administração Pública não se limita ao
Estado, inclui-o e comporta muitas outras
entidades e organismos. Para ele, nem toda
actividade administrativa é actividade estadual, na
medida em que ao lado do Estado existem muitos
outros órgãos que também desenvolvem a
Administração Pública (CAETANO).

Os Municípios, as Freguesias, Regiões


Autónomas, Universidades, Instituições Públicas,
Empresas Públicas, etc., são órgãos com
14 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

personalidade própria que localmente concorrem


para a satisfação de necessidades colectivas.

Os Municípios surgem antes do Estado. As


primeiras manifestações da administração pública
começaram ao nível local. Hoje o Estado
simplesmente regula o estatuto jurídico dos
municípios (DE AMARAL).

A actividade administrativa pública é


desenvolvida, em parte, no âmbito do Estado e em
parte, fora deste. Daí nasce a distinção entre a
administração estadual e a administração
autónoma. A administração estadual é
desenvolvida por órgãos e serviços da própria
pessoa colectiva pública Estado – administração
directa, mas também pode ser prosseguida por
pessoas colectivas distintas do Estado –
administração indirecta. A administração
autónoma é constituída por pessoas colectivas que
não foram criadas pelo Estado mas prosseguem
interesses públicos próprios das colectividades
(CAUPERS).

Portanto, a noção de administração pública é bem


mais ampla do que o conceito de Estado.
Teoria Geral de Código: A0017 15

Exercícios

1 – Quais os órgãos que prosseguem a actividade


administrativa pública?
Auto-avaliação
Resposta: A Administração Pública pode ser
desenvolvida directamente pelo Estado ou através
de outras pessoas colectivas públicas, como os
Municípios.
Teoria Geral de Código: A0017 17

Unidade N0 03-A0017

Tema:

Administração Pública e Privada

Introdução
A Administração Pública e privada tem em
comum o facto de ambas manejarem recursos com
vista a atingir um determinado objectivo mas elas
diferem-se em vários aspectos, a considerarem:
Objecto que cada uma incide, fim que cada uma
visa prosseguir e os meios que cada uma utiliza.

Ao completar esta unidade, você será capaz de:

 Diferenciar a Administração Pública da privada,


Objectivos
quanto ao objecto, fim e meio.
18 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

Sumário
A Administração Pública tem características
próprias e especificas, daí que torna-se impossível
reger-se pelos mesmos princípios que a
administração privada. A Administração Pública
é um instrumento do poder político na medida em
que as suas organizações públicas encontram-se
dependentes das vontades políticas dos
representantes da colectividade e tem uma
sobrevivência dependendo de dotações
orçamentais; ao passo que a administração
privada depende essencialmente do mercado
(CAUPERS).

Há 3 diferenças entre Administração Pública e


privada: objecto, fim e meio (CAETANO).

Considera que quanto ao objecto a Administração


Pública incide sobre as necessidades colectivas e
administração privada sobre necessidades
individuais ou particulares. Para uma necessidade
ser considerada de colectiva ela deve atingir a
generalidade do público. Só a colectividade é que
pode assumir as necessidades colectivas como
tarefas principais por satisfazer, ao passo que as
Teoria Geral de Código: A0017 19

necessidades individuais, porque não atingem a


generalidade da colectividade, são assumidas de
forma particular, pela administração privada.

A Administração Pública, quanto ao fim,


prossegue sempre o interesse público ou colectivo.
Os serviços públicos só podem prosseguir o
interesse publico, ao passo que a administração
privada tem em vista interesses particulares ou
pessoais. São fins sem vinculação necessária ao
interesse geral da colectividade.

A Administração Pública traduz-se na satisfação


de necessidades colectivas, pelo que ela deve
realizar sem encontrar resistências dos
particulares. É nesta perspectiva que a Lei permite
que os serviços públicos utilizem meios coercivos
para impor-se aos particulares, sem depender do
seu consentimento, fazendo mesmo contra a sua
vontade. O que caracteriza a Administração
Pública é o seu comando unilateral, sob forma de
acto normativo (regulamento administrativo) ou
decisão concreta e individual (acto administrativo)
e não na forma de contrato administrativo. Ao
passo que na administração privada, há uma
igualdade entre as partes, na medida em que usam
20 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

os mesmos meios jurídicos. Sendo os particulares


iguais entre si, ninguém pode impor ao outro a sua
própria vontade, salvo se for decorrente de um
acordo previamente estabelecido. Portanto, o
contrato é que caracteriza o funcionamento da
administração privada. A administração privada
não pode, como meio, usar a autoridade, na
medida em que a Lei não a permite.

Exercícios

1 – Diferencie Administração Pública da privada.

Resposta: A Administração Pública diferencia-se


da privada quanto ao objecto, fim e meio.
Auto-avaliação
2 - Qual a diferença quanto ao fim?
Resposta: A diferença quanto ao fim é que a
Administração Pública prossegue o interesse
público e administração privada o interesse
individual ou particular.
Teoria Geral de Código: A0017 21

Unidade N0 04-A0017

Tema:

O Estado

Introdução
Dos vários órgãos que satisfazem necessidades
colectivas temos o Estado como o principal, que
em paralelo com outros contribuem para o bem
estar da sociedade. O Estado é uma pessoa
colectiva diferente das outras. Não se pode falar
de Estado sem falar de um povo, de um território e
do poder político. O poder político é exercido
sobre o povo, dentro do território.

Ao completar esta unidade, você será capaz de:

 Conhecer a diferença entre o Estado e outras


Objectivos
pessoas colectivas que satisfazem necessidades
colectivas.
22 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

 Conhecer os elementos do Estado.

Sumário
Quando se fala de Estado, ela suscita várias
interpretações, quer no plano internacional, quer
no constitucional, assim como no administrativo.
Na acepção administrativa, o Estado aparece
como pessoa colectiva pública que desempenha
actividades administrativas. As questões
constitucionais e internacionais não contam no
plano administrativo. Aqui o que mais conta é a
distribuição das competências pelos diferentes
órgãos (centrais e locais) e a separação entre o
Estado e as demais pessoas colectivas, como é o
caso das autarquias locais (CAETANO).

O Estado e as autarquias locais tem em comum o


facto de ambas prosseguirem o bem comum e este
deve ser satisfeito. As primeiras manifestações da
Administração Pública foi no âmbito local,
portanto, nos Municípios, pois, não havia a noção
de Estado. O Estado compreendia entidades
Teoria Geral de Código: A0017 23

tradicionais, sem personalidade jurídica, reservada


aos monarcas. Com o desenvolvimento da técnica
e as preocupações económicas da vida, o Estado
passou a intervir cada vez mais na vida social e
alargando desse modo a sua administração
(AMARAL).

Portanto, o Estado é uma pessoa colectiva


autónoma, permanente, com património próprio
diferente das outras pessoas colectivas públicas
que integram a administração. O Estado é
separado das autarquias locais na medida em que
são pessoas colectivas públicas diferentes, cada
um gozando da sua personalidade jurídica,
património próprio, direitos, obrigações,
atribuições, competências, finanças e pessoal
próprio (CAETANO).

Assim, o Estado torna-se como pessoa colectiva


pública distinta de outras pessoas colectivas e, por
conseguinte, há um conjunto de consequências
que advêm desta situação como, a definição
constitucional das suas atribuições e competências
e dos seus órgãos; distinção entre órgãos e
representantes do Estado; existência de
funcionários do Estado, com categorias distinta
24 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

dos outros órgãos com personalidades próprias e


delimitação do património do Estado. Ao se referir
às atribuições do Estado é necessário ter em conta
a diferença radical que separa este das outras
pessoas colectivas públicas, pois, para o Estado
não há um diploma legal que as enumera como
acontece com outras pessoas colectivas públicas
em que existem textos legais. O ponto comum
entre o Estado e as outras pessoas colectivas
públicas é que as suas atribuições resultam da Lei,
tratando-se de Estado Moderno. Portanto, é na
Constituição da República que se pode encontrar
as mais importantes atribuições dos Estados idem.

Para puder desenvolver as suas atribuições, o


Estado deve estar dotada de uma organização que
possibilita a prossecução dos interesses comuns da
sociedade. Daí que surgem os órgãos do Estado,
em que Max Weber considera como uma
instituição que detém o monopólio da violência
legítima, uma vez que os cidadãos devem
obedecer as decisões destes órgãos
(FERNANDES, 1995).
Teoria Geral de Código: A0017 25

Dos órgãos do Estado, temos os centrais e os


locais, que são distintos dos órgãos de poder local
como anteriormente referimos.

São 3 os elementos que corporizam o Estado: o


povo, o território e o poder político. O povo é o
elemento básico na constituição do Estado, pois
ele é o elemento humano e imprescindível `a
existência de um Estado. O povo constitui-se
como Estado quando está num determinado
território onde exerce a função política. O povo
fixado num território só ascende a categoria de
Estado quando passa a exercer o poder político.

Exercícios

1 – O que há em comum entre o Estado e outras


pessoas colectivas públicas?
Auto-avaliação
Resposta: O Estado e outras pessoas colectivas
satisfazem necessidades colectivas
26 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

Unidade N0 05-A0017

Tema:

As Funções do Estado

Introdução
Consideramos de Funções do Estado ao conjunto
de actividades desenvolvidas por este com vista a
realização dos seus fins. Referimos anteriormente
que são fins da Administração Pública a satisfação
do interesse público, geral ou colectivo.

Ao completar esta unidade, você será capaz de:


Teoria Geral de Código: A0017 27

 Identificar as funções do Estado.


Objectivos
 Relacioanar as actividades públicas do Estado
com a Administração Pública.

Sumário

Dizer que funções do Estado são o conjunto de


actividades desenvolvidas por este para satisfazer
os seus interesses, remete-nos a ideia de querer
perceber quais as actividades do Estado. Não há
um consenso entre os estudiosos desta matéria em
relação às actividades do Estado.

Não há consenso em relação às actividades


desenvolvidas pelo Estado na medida em que elas
são controversas, dependendo do prisma
ideológico em que ela é analisada (HENRIQUES
& CABRITO).
28 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

É nestes termos que alguns autores marxistas


distinguem as funções do Estado em 3
modalidades, nomeadamente, a técnico-
económica, que actua ao nível do sector
económico; a política, que actua ao nível da luta
política de classes; e a ideológica com a
finalidade de inserir os homens nas actividades
práticas que suportam a estrutura do Estado. As
funções técnico-económica e ideológica
subordinam-se à função politica na medida em que
para os marxistas o Estado desempenha um papel
aglutinador da sociedade.

Autores como Marcello CAETANO tipificam as


Funções do Estado com base no Direito. Deste
modo dividem-nas em jurídicas e não jurídicas. As
jurídicas englobam as funções legislativas e a
justiça e a não jurídica é a politica.
Teoria Geral de Código: A0017 29

Exercícios

1 – Quais as funções do Estado?


Resposta: O Estado tem como função jurídica e
Auto-avaliação não jurídica. Jurídica (legislativa e justiça) e não
jurídica (política).

Unidade N0 06-A0017

Tema:

A Política e sua Relação com

Administração Pública
30 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

Introdução
Existindo o povo dentro do Estado, estas tem
necessidades que devem ser satisfeitas. Os órgãos
existem para satisfazer necessidades das
populações. As populações não apresentam de
forma individual as suas necessidades. Há
mecanismos de recolha de informação até a sua
satisfação. A política, entanto que actividade
pública do Estado, aparece para identificar as
necessidades das populações e por sua vez a
administração implementa.

Ao completar esta unidade, você será capaz de:

1 - Conhecer o papel da função política entanto


que actividade pública do Estado.
Objectivos
2 - Relacionar a função política com a
Administração Pública.
Teoria Geral de Código: A0017 31

Sumário

Sendo a política a actividade pública do Estado,


ela tem como fim único definir o interesse geral da
colectividade. Enquanto que a política identifica
as opções que uma determinada sociedade
enfrenta, a Administração Pública existe para
realizar este interesse definido pela política. A
administração aparece para pôr em prática aquilo
que foi definido ou identificado pela política, daí
que ela sofre influência directa da política. Ela tem
uma natureza executiva. A função política, a que
muitos autores preferem considerar de função
governativa, está mais ligada ao elemento do
Estado povo. Esta função existe para identificar as
aspirações do povo. O Estado ou outros órgãos
que satisfazem as necessidades colectivas
aguardam que a função política traga o que
identificou para esta implementar.
32 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

Exercícios

1 – Qual a relação entre a função política e a


Administração Pública?

Resposta: A relação que existe entre a função


Auto-avaliação política e a Administração Pública é que a política
identifica as necessidades da colectividade e a
Administração Pública põ em prática estas
necessidades identificadas.
Teoria Geral de Código: A0017 33

Unidade N0 07-A0017

Tema:

A Legislação e sua Relação com

Administração Pública

Introdução
A vida em sociedade é regulada por Lei. Existindo
um povo dentro do Estado, as suas relações devem
ser previamente regradas. A Lei é aplicada para o
funcionamento da administração e também para
esta se relacionar com os particulares. A função
legislativa surge para definir as normas jurídicas a
que depois todos devem obedecer, quer seja o
cidadão, quer seja a administração.

Ao completar esta unidade, você será capaz de:


34 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

Conhecer o papel que a função legislativa


desempenha para a sociedade.

Conhecer a relação que esta função


Objectivos
desempenha com a Administração Pública.

Sumário

A função legislativa não difere da politica.


Quando nos referimos ao Estado considerou-se
que há um povo, um território e o poder político.
As relações interpessoais que são estabelecidas
entre as pessoas e estas com as instituições é
dentro de um quadro legal previamente
estabelecido. Portanto, é através da função
legislativa, que o Estado cria as normas jurídicas
de carácter geral e impessoal, define opções,
objectivos e normas abstractas. A Administração
Pública aplica e põe em prática aquilo que a
função legislativa definiu. A Administração
Pública é subordinada à Lei na medida em que
toda actividade administrativa rege-se por normas.
Estas normas vão regular toda a actividade do
Teoria Geral de Código: A0017 35

Estado e a sua relação com os particulares. A


administração não funciona de forma arbitrária.

A faculdade de legislar na história da


administração mostra que nem sempre apareceu
separada do poder executivo. É com a separação
de poderes que o órgão administrativo deixou de
definir as Leis (DE AMARAL).

Exercícios

1 – Qual a relação entre a função legislativa e


Administração Pública?
Resposta: A função legislativa define as normas
jurídicas que vão regular a vida em sociedade e do
Auto-avaliação
funcionamento da Administração Pública.
36 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

Unidade N0 08-A0017

Tema:

A Justiça

Introdução
Com a Revolução Francesa surge a separação de
poderes e a justiça deixa de estar ligada aos órgão
de administração e passa a ser feita por órgãos
independentes. Embora exista normas jurídicas
que regulam a vida em sociedade, existem pessoas
que violam estas normas, podendo levar a situação
de instabilidades sociais. A justiça surge para
fazer com que os cidadãos beneficiem dos
mesmos direitos, independentemente da cor, raça,
filiação partidária, etc.

Ao completar esta unidade, você será capaz de:


Teoria Geral de Código: A0017 37

Compreender o papel da justiça para a


sociedade.
Compreender a independência da justiça em
relação a outros órgãos.
Objectivos

Sumário

A justiça visa aplicar o Direito em casos


concretos, julgando. A justiça aguarda que os
conflitos apareçam e através dos Tribunais, com
Juízes independentes, julgam. A justiça assim
como a administração dependem da função
legislativa para o seu funcionamento.

Embora esteja previsto uma legislação que regula


a vida em sociedade, a justiça sempre deve existir,
pois, ela deve aplicar as sanções aos
prevaricadores.

A faculdade de julgar nem sempre esteve


independente do órgão executivo, pois com a
38 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

concentração de poderes, os detentores deste


administrava e ao mesmo tempo julgava. A
separação de poderes é um fenómeno dos séculos
XVIII, com a Revolução francesa. Só com os
Estados modernos é que ela aparece separada do
executivo (DE AMARAL).

Exercícios

1 – Antes da separação de poderes como era


aplicado a justiça?

Resposta: Antes da separação de poderes a justiça


Auto-avaliação
era feita pelos órgão de administração de forma
concentrada, retirando assim o sistema de
garantias jurídicas dos cidadãos face à
administração.
Teoria Geral de Código: A0017 39

Unidade N0 09-A0017

Tema:

Evolução Histórica da Administração


Pública em Moçambique

Introdução
A Administração Pública em Moçambique
atravessou vários momentos, começando pelo
período da colonização, independência e pós-
independência. Com a Independência em 1975,
depois de 500 anos de colonização, a partir de
1977, o país atravessa um período de guerra de 16
anos que dilacerou todo o território nacional. Só
com o fim da guerra é que Moçambique se abre à
economia de mercado e ao multipartidarismo. A
Administração Pública moçambicana foi
influenciada pelo sistema político vigente desde a
colonização até aos dias de hoje.
40 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

Ao completar esta unidade, você será capaz de:

 Compreender as diferentes fases da


Objectivos
Administração Pública moçambicana.

 Conhecer o tipo de Administração Pública que


Moçambique adoptou depois da Independência
e o actual.

Sumário

No passado colonial, a estrutura administrativa


moçambicana era essencialmente baseada no
princípio da centralização, isto é, no princípio da
reserva do poder de decisão administrativa aos
órgãos superiores da administração. Os comandos
derivavam essencialmente de um centro, que era a
metrópole colonial e mais tarde na capital da
Província Ultramarina. A natureza autoritária do
regime colonial português aliada à necessidade de
forte domínio sobre as Províncias Ultramarinas
Teoria Geral de Código: A0017 41

conduziu a que as estruturas municipais então


existentes fossem simples extensão do poder
central (MINISTÉRIO DA ADMINISTRAÇÃO
ESTATAL, DOCUMENTO DA REFORMA DOS
ÓRGÃOS LOCAIS, 1992).

Com a Independência em 1975, conseguida


através de uma luta violenta, a FRELIMO
pretendia edificar uma sociedade unida, pacífica e
igualitária, mas tal não chegou a acontecer, pois, o
país viu-se mergulhado numa guerra civil brutal
que deixou um rasto de destruição em todo pais. A
partir de 1975, a FRELIMO adoptou políticas
Marxistas-Leninistas, alinhado com a ex-União
Soviética e seus aliados e um Estado socialista
monopartidário.

A ideologia marxista adoptada pela FRELIMO


entrou em conflito com os lideres comunitários,
que eram os chefes tradicionais, considerados de
ilegais e consequentemente destituídos; os
habitantes das zonas rurais, afectados de forma
adversa pelas políticas do Governo culminaram
com a guerra civil em larga escala entre o
Governo monopartidário da FRELIMO e a
Resistência Nacional de Moçambique
(RENAMO), constituída em 1976/7 sob a direcção
42 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

da Rodésia, aproveitando-se do ressentimento


popular (RELATÓRIO DO MECANISMO
AFRICANO DE REVISÃO DE PARES, 2010).

A organização básica e constitucional do Estado


moçambicano no pós independência resultou,
simultaneamente, de ruptura e de continuidade,
em relação aos modelos anteriormente seguidos,
(MANUEL).

Ela resultou de ruptura, pois, contrariamente ao


que ocorria no sistema colonial, no pós
independência a organização do Estado não visava
propiciar a acumulação capitalista da burguesia
portuguesa, mas sim, a construção de uma
sociedade livre da exploração do homem pelo
homem, daí que a Constituição da República de
1975 tivesse como as seguintes linhas de força:

 Uma política económica intervencionista, no


contexto da qual cabia ao Estado agir em
todos os sectores da vida económica com
vista a impedir que a acumulação do poderio
económico pudesse conduzir a dominação de
algumas camadas em detrimento de outras.
A actividade governamental foi no passado
dirigido no sentido de um amplo
intervencionismo em nome do princípio que
Teoria Geral de Código: A0017 43

a intervenção do Estado é feita em nome do


interesse comum e favorecia a igualdade dos
cidadãos. A ideia é que o liberalismo
excessivo deixa desprotegido os mais fracos,
sejam eles pobres ou empresários com
menores capacidades de enfrentar a
concorrência;
 Uma política social assistencialista visando
a realização efectiva dos direitos sociais,
como a saúde e educação que era assegurada
a todos independentemente dos seus
rendimentos;
 Uma orientação nacionalista que pretendia
substituir os actores coloniais por novos
actores, os operários, camponeses e as
camadas mais pobres e desfavorecidas;
 Uma orientação monopartidária em que há
a prevalência de princípios políticos sobre a
Lei; supremacia dos órgãos partidários na
vida institucional do país; exercício de
função de Presidente da República por
inerência das funções de Presidente do
Partido FRELIMO; composição do
Parlamento com base nos órgãos do Partido
FRELIMO, pois, o Comité Central é que era
o verdadeiro Parlamento; iniciativa de Lei
44 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

atribuída cumulativamente ao Comité


Central; subordinação das Forças Armadas
ao Partido FRELIMO; substituição
provisória do Presidente da República pelo
Comité Central em caso de impedimento,
morte ou incapacidade; prevalência de
critérios políticos partidários sobre critérios
meritocráticos, na selecção, recrutamento e
promoção dos funcionários, etc.

Por outro lado, ela resultou de continuidade, pois,


ela não surgiu do nada. Ele era a continuação de
um modelo de Estado que vinha sendo
implementado nas Zonas Libertadas. Desde a sua
fundação, a FRELIMO se constituiu em órgãos
Nacionais e Locais com claras atribuições de
natureza legislativa, executiva e judiciária. Neste
período, o Comité Central da FRELIMO realizava
funções legislativa, o Comité Executivo realizava
funções executivas e o Comité Político Militar
realizava as funções judiciárias. Os
Departamentos dirigidos pelos respectivos chefes
actuavam como órgãos da Administração Pública,
voltados para realização de actividades sectoriais.
As Zonas Libertadas com a organização que as
regia, constituía um Estado dentro de outro
Estado. Elas eram efectivamente um território com
Teoria Geral de Código: A0017 45

população, exército e governo. O território já


independente tornou-se numa grande Zona
Libertada onde se manifestavam não apenas os
aspectos formais da estruturação e modo de
funcionamento de Estado, mas também a
substância de princípios e conceitos que formam a
elevada dignidade de Lei e princípios
fundamentais de organização do Estado.

Logo após a independência constituiu-se um


Conselho de Ministros a partir de membros do
Comité Central e do Comité Executivo da
FRELIMO. Não tinham ainda sido criados os
órgãos legislativos. O Conselho de Ministros
produzia Decretos com força de Lei (Decreto-Lei).

Paradoxalmente, concentra traços comuns e o


mais típico dessa semelhança é a centralização de
poder e a manutenção da divisão administrativa,
nomenclatura e a própria designação dos dirigente
de escalões territoriais correspondentes à
Província, Distrito e do Posto Administrativo.

Ao nível da Administração Pública decidiu-se


pelo escangalhamento do aparelho estatal colonial
e substitui-se pelos princípios marxistas,
nomeadamente a dupla subordinação e
46 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

centralismo democrático contido nas normas de


trabalho e disciplina.

No que se refere aos órgãos do Estado,


encontramos os centrais e os locais. Os centrais
eram os Ministérios, Comissões Nacionais e
Secretarias de Estado. Os locais são a reprodução,
a nível local, dos órgãos centrais. Tal como
ocorria a nível central, a nível local havia órgãos
legislativos, executivos e judiciais. Os órgãos
legislativo ou deliberativos não possuíam
quaisquer competência de legislar. Eles serviam
para aprovar as decisões tomadas a nível central
ou pelos órgãos locais do Partido e do Governo
Provincial. As decisões de natureza exclusiva
local eram muito poucas. Actualmente elas tem
vindo a crescer mercê do crescente movimento de
desconcentração e também da intervenção
crescente das ONGs.

Os órgãos do Estado, estruturados da maneira


como foi descrita, começaram a partir de 1979 a
apresentar sinais de crise que levaram o Partido
único a tomar algumas medidas correctivas.
Algumas medidas introduzidas não tiveram grande
impacto, pois, não foram acompanhadas da
necessária alteração estrutural, sobretudo ao nível
Teoria Geral de Código: A0017 47

das linhas estratégicas que conduziram o país.


Apenas em 1990, no domínio ideológico, quando
a pressão política, económica e militar se abateu
sobre o país, se decidiu consagrar no texto
constitucional as transformações que já se faziam
sentir desde 1979 Idem.

A partir de 1992, o Governo de Moçambique


introduziu várias reformas económicas, sociais e
políticas com o objectivo de criar condições para o
desenvolvimento socioeconómico baseado no
pluralismo democrático, na realização de eleições
periódicas livres e justas, no Estado de Direito, no
respeito pelos direitos humanos e na redução de
potenciais conflitos dentro dos Estados e entre
eles.

Nos finais da década 80, no mundo, ocorreram


mudanças sociopolíticas que permitiram a
introdução de amplas reformas políticas em
direcção `a democracia liberal. É nestes termos
que se realizaram em Moçambique as primeiras
eleições gerais e presidenciais em 1994, seguidas
de outras em 1999, 2004 e 2009, e as eleições
autárquicas em 1998, 2003 e 2008. Em 2009,
também realizaram-se as primeiras eleições para
as Assembleias Provinciais (RELATÓRIO DO
48 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

MECANISMO AFRICANO DE REVISÃO DE


PARES, 2010).

Com estas eleições democráticas, Moçambique


passa de um Estado centralizado para
descentralizado, com a participação dos cidadãos
na escolha dos seus dirigentes de forma livre e
transparente.

As reformas socioeconómicas permitiram a


passagem de uma economia centralizada para
economia de mercado, deixando o Estado de ser
único agente económico e a intervenção do sector
privado nos sectores sociais como a educação e a
saúde.

Portanto, o sistema político introduzido com as


reformas a partir da década 90 influenciou o
funcionamento da Administração Pública
moçambicana, pois ela, sob ponto de vista legal,
passou a ser menos dependente do partido único e
passou a ser uma administração para servir o
cidadão independentemente da sua filiação
política ou partidária.
Teoria Geral de Código: A0017 49

Exercícios

1 – Qual o tipo de Administração Pública que


Moçambique herdou do passado colonial
Auto-avaliação português?

Resposta: Moçambique herdou do passado


colonial português uma administração do tipo
centralizada.
2 - A partir de que momento é que Moçambique
passa à administração descentralizada?
Resposta: Moçambique passa à administração
descentralizada a partir de 1990, com a nova
Constituição da República, em que se pressupõe as
eleições gerais, autárquicas e para as Assembleias
Provinciais.

Unidade N0 010-A0017

Tema:

Poder Local em Moçambique


50 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

Introdução
O poder local entra na organização administrativa
moçambicana recentemente com as primeiras
eleições autárquicas em 1998. O poder local,
através dos Conselhos Municipais, contribuem
para a satisfação de necessidades colectivas em
paralelo com o Estado, pois, os órgãos de poder
local não constituem Estado.

Ao completar esta unidade, você será capaz de:

 Compreender o poder local como pessoa


Objectivos
colectiva pública diferente do Estado.

 Compreender a natureza do gradualismo na


implementação das autarquias em Moçambique.

Sumário

O poder local tem como objectivo organizar a


participação dos cidadãos na solução dos
Teoria Geral de Código: A0017 51

problemas próprios da comunidade, promover o


desenvolvimento local, o aprofundamento e
consolidação da democracia, no quadro da
unidade do Estado moçambicano
(CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA DE
MOÇAMBIQUE, 1990).

Em 1996, a Assembleia da República aprovou


uma série de emendas à Constituição da República
com vista a definir o poder local.

Para a concretização do poder local, a


Constituição da República estipula a criação de
dois tipos de Autarquias Locais: Os Municípios e
Povoações. Os Municípios correspondem à
circunscrição territorial de Cidades e Vilas; as
Povoações correspondem à circunscrição
territorial de Sede do Posto Administrativo.

As Autarquias Locais são as Cidades, Vilas e


Sedes de Postos Administrativos que possuem
uma Assembleia e um Presidente eleitos e que
gozam de autonomia administrativa, financeira e
patrimonial.

As primeiras Assembleias Municipais e os


primeiros Presidente de Conselhos Municipais
foram eleitos em 1988, em 23 Cidades e 10 Vilas,
52 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

num processo gradual até englobar outras Vilas e


Postos Administrativos.

A proposta de municipalização das 10 das actuais


68 Vilas tem como fundamento o princípio do
gradualismo que se explica pela inexistência ou
insuficiência de condições económicas e sociais
necessárias e indispensáveis para implantação e
funcionamento da administração autárquica nas
Vilas em geral. Daí que estas 10 Vilas sejam
vistas como “acção piloto”. O passo a seguir será
a transformação de mais Vilas em Municípios e
realização de eleições, Ministério da
Administração Estatal.

Não foram criadas quaisquer Povoações e tudo


leva a crer que levará muitos anos até que tal seja
possível. Para as eleições de 2009 mais 10 Vilas
ascenderam à categoria de Municípios no âmbito
do gradualismo em curso.

As Vilas, Sedes de Posto Administrativo e zonas


rurais que ainda não ascenderam à categoria de
Municípios continuarão a ser governados como
até agora, ou seja por Administradores Distritais,
nomeados pelo Governo Central.
Teoria Geral de Código: A0017 53

Os primeiros órgãos de poder local eleitos


assumirão os seus poderes de forma gradual na
medida em que o processo de transferência de
competência do Estado para os órgãos de poder
local levará décadas até ficar completo. Considera
a Lei 2/97, de 18 de Fevereiro, que a transferência
de competência do Estado para as autarquias deve
operar de forma gradual para permitir a criação e
consolidação dos necessário requisitos de
capacitação técnica, humana e financeira destes
órgãos.

As autarquias locais tem como atribuições o


desenvolvimento económico e social local; meio
ambiente, saneamento básico e qualidade de vida;
abastecimento público; saúde e educação; cultura,
tempos livres e desporto; polícia autárquica;
urbanização, construção e habitação.

As autarquias locais tem autonomia financeira e


patrimonial. Significa que a Autarquia pode
elaborar, aprovar, alterar e executar planos de
actividade e orçamentos; ordenar e processar as
despesas orçamentais; dispor de receitas; elaborar
e aprovar as contas de gerência; realizar
investimento públicos; e gerir o património
público.
54 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

A autarquia local tem autonomia administrativa.


Significa que as autarquias tem poderes para criar,
organizar e fiscalizar serviços.

Compete `as autarquias locais planificar,


pressupondo-se que concebam planos a médio e
longo prazos; elaborar plano de desenvolvimento
e de ordenamento do território, e estes devem ser
ratificados pelo Governo Central; elaborar planos
de estrutura e urbanização, planos de áreas
prioritárias de desenvolvimento urbano e de
construção, e planos de zonas de protecção urbana
e de áreas críticas de recuperação e de reconversão
urbanística.

As Autarquias Locais gozam de autonomia mas


não constituem Estados independentes. A
Constituição da República sublinha que o poder
local funciona no quadro da unidade do Estado
moçambicano e destaca os interesses superiores
do Estado. As Autarquias Locais agem no
interesse da população local sem prejuízo dos
interesses nacionais e da participação do Estado.
Os planos e as acções locais não podem
contradizer os planos e as políticas nacionais. Daí
a sujeição das as autarquias à tutela
administrativa do Estado.
Teoria Geral de Código: A0017 55

Exercícios

1 – Qual a razão do princípio do gradualismo na


implementação do poder local em Moçambique?

Resposta: O princípio do gradualismo na


Auto-avaliação
transferência de competências do Estado aos
Municípios deriva do facto de algumas cidades e
vilas autarcizadas não term condições sociais e
económicas para se auto-sustentarem.
56 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

Unidade N0 011-A0017

Tema:

Administração Pública como Poder

Introdução
Já nos referimos anteriormente que a
Administracao Pública versa sobre a satisfacão de
necessidades colectivas e ela tem de realizar, pois,
é do interesse público. Para que eficazmente a
Administração Pública satisfaça as necessidades
colectivas ela deve dispor de meios para impedir
que os particulares resistam `as suas vontades.

Ao completar esta unidade, você será capaz de:

 Entender a necessidade da Administração


Objectivos
Pública estar dotada de poder.
Teoria Geral de Código: A0017 57

 Conhecer os diferentes tipos de autoridade.

Sumário

A manifestação do poder pela Administração


Pública torna-se imperiosa na medida em que nem
sempre os cidadãos poderão interpretar da melhor
maneira a sua intenção. Pode-se entender o
interesse público como o interesse geral, de todos,
mas em contrapartida continuar a existir cidadãos
a não acatarem voluntariamente `as suas decisões.
É nesta perspectiva que a Administração Pública
passa a se caracterizar como poder.

O poder é a possibilidade de alguém eficazmente


impor aos outros o respeito da própria conduta ou
a capacidade de um indivíduo ou grupo modificar
o comportamento de outros indivíduos ou grupo
(DE AMARAL).

Para o Estado poder satisfazer as necessidades


colectivas, garantir a sua conservação e
organização os seus órgãos devem estar dotados
58 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

de poder. A própria lei é que faculta este poder aos


órgãos de Administração Pública para estes
imporem `a generalidade dos cidadãos.

Sendo o Estado o garante da ordem legal e


normativa, ele deve regular o comportamento dos
cidadãos. O Estado deve ter uma acção imperativa
sobre os cidadãos e estes devem obedecer.

A necessidade de utilização do poder deriva da


resistência do cidadão em acatar uma decisão da
Administração Pública.

As decisões administrativas serão mais


consentidas quanto mais legítimas se mostrarem,
significando que entre o poder e a legitimidade
existe uma relação de eficácia. O poder do Estado
deve ser consentido pelos cidadãos, e para tal, ele
deve ser legítimo. Não sendo legítimo, menor
também será o seu consentimento. A utilização do
poder por parte do Estado será em situações de
resistência de uma decisão administrativa
(HENRIQUES & CABRITO).

Estudo efectuado por Max Weber sobre a


dominação, concluiu que existem 3 tipos de
autoridades
Teoria Geral de Código: A0017 59

 Autoridade Carismática, legitimada


pela qualidade pessoal do chefe;
 Autoridade Tradicional, legitimada
por uma ideia de continuidade; e
 Autoridade Legal-Racional,
legitimada pela razão e pela Lei.

O cidadão ao consentir a uma decisão


administrativa é porque se trata de uma autoridade
legal, a legitimidade está na lei. O cidadão
obedece a lei, regularmente aprovada. É neste tipo
de autoridade que encontramos o poder da
Administração Pública, pois, o cidadão obedece a
lei.
A Administracão Pública é um verdadeiro poder
porque define, de acordo com a lei, a sua própria
conduta e dispõe de meios necessários para impor
o respeito dessa conduta.
Os particulares devem acatar `as decisões da
Administração Pública sob pena de, sem
necessidade de sentença judicial, estes serviços
imporem coercivamente o que decidiu. A
executoriedade de um acto administrativo não é
suspenso porque a discussão está seguindo nos
Tribunais. A isto se chama de privilégio de
execução prévia na medida em que a
60 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

Administração Pública antecipadamente executa a


sua decisão, independentemente do caso estar a
correr nos Tribunais.

Exercícios

1 – Qual seria a grande preocupação da Sociologia


como ciência?
Resposta: Como ciência, a Sociologia tem de
obedecer aos mesmos princípios gerais válidos
Auto-avaliação para todos os ramos de conhecimento científico,
apesar das peculiaridades dos fenômenos sociais
quando comparados com os fenômenos de
natureza e, consequentemente, da abordagem
científica da sociedade.
Teoria Geral de Código: A0017 61

Unidade N0 012-A0017

Tema:

Submissão da Administração Pública às


Leis

Introdução

A Administração Pública tem como finalidade


única prosseguir o interesse público mas para tal
ela não faz de forma arbitrária mas dentro de um
conjunto de regras previamente estabelecidas em
que os cidadãos devem acatar. As relações em que
a Administração estabelece com os cidadãos, a sua
organização e funcionamento é dentro de um
quadro legal permitindo assim a transparências
das suas decisões.

Ao completar esta unidade, você será capaz de:


62 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

Objectivos  Compreender as necessidades de Administração


Pública estar sujeita às normas jurídicas.

 Compreender que nem sempre a Administração


Pública estava sujeita às normas jurídcas.

Sumário

A única razão da existência da Administração


Pública é o de satisfazer as necessidades
colectivas. A satisfação dessas necessidades não
são feitas de forma arbitrária mas dentro de um
conjunto de normas previamente estabelecidas.

As normas jurídicas que regem o funcionamento e


a relação da administração com os cidadãos
correspondem a uma dupla necessidade: Justiça
para os cidadãos e a eficiência para a própria
administração (DE AMARAL).

As normas jurídicas no funcionamento da


administração e na sua relação com os particulares
não existiu sempre, pois, houve momentos em que
a administração funcionava que até lesava os
interesses dos particulares.
Teoria Geral de Código: A0017 63

Com os regimes liberais, as leis aparecem como


condição para as liberdades dos cidadãos. A
administração deveria mover-se dentro dos limites
traçados pela lei votadas na assembleia, isto é, ela
estava dependente da lei para o seu
funcionamento.

É daí que surge o princípio da legalidade, segundo


a qual:

Nenhum órgão ou agente da Administração


Pública tem a faculdade de praticar actos que
possam contender com interesses alheios se não
em virtude de uma norma geral anterior.

Portanto, ao conjunto de normas, sejam leis,


decretos ou regulamentos, estando em vigor em
dado momento no país, e que são obrigatórias aos
cidadãos, consideramos de legalidade.

O princípio da legalidade tem limites, significando


que nem toda actividade administrativa está
subordinada as leis. Os actos políticos e técnicos
não são regulados por lei. Significa que há um
domínio de liberdade de escolha em que o agente
da administração toma uma decisão que não seja
vinculada a lei e sem ferir a mesma. A isto se
chama de discricionaridade administrativa. A este
64 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

domínio de liberdade de decisão, pode ser sobre a


oportunidade de agir, sobre o objecto, assim como
a forma do acto. Ao passo que para as normas que
pautam a actividade administrativa chama-se
vinculada na medida em o agente toma a decisão
com base num conjunto de normas previamente
estabelecido Idem

Exercícios

1 – Qual a necessidade de Administração Pública


estar sujeita às normas jurídicas?
Auto-avaliação
Resposta: A necessidade de Administração
Pública estar sujeita às normas jurídicas é para
garantir justiça aos cidadãos e para a eficiência da
administração
Teoria Geral de Código: A0017 65

Unidade N0 013-A0017

Tema:

O Papel das Estruturas Tradicionais e suas

Influências na Administração Pública

Introdução
Nas sociedades africanas ao se estudar a
Administração Pública é imperioso que se
relacione esta com a Autoridade tradicional, pois,
não se pode eficazmente desenvolver actividades
administrativas, sobretudo nas zonas rurais, sem
interagir com esta estrutura. São estas estruturas
que, dentro do seu território, mobilizam as
populações para as diversas actividades,
contribuindo de certo modo para a melhoria das
condições das suas vidas. A Autoridade
Tradicional tem uma relação de
complementaridade com a Administração Pública
na medida em que esta é que tem o contacto
directo com as comunidades.

Ao completar esta unidade, você será capaz de:


66 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

 Compreender a influência das estruturas


Objectivos
tradicionais na Administração Pública
moçambicana.

Sumário

A Autoridade tradicional é uma instituição sócio-


política tradicional que faz parte da cultura e
tradição africana. A Autoridade Tradicional inclui
os chefes tradicionais, os curandeiros, os
adivinhos, os ervanários, os oficiantes de rituais e
os transmissores de cultura. A chefia tradicional é
mais notória nas zonas rurais e ele é responsável
pelo território linhageiro (CUEHELA).

A autoridade tradicional possui uma legitimidade


que lhe é dada pela comunidade, e somente pela
comunidade. Só a comunidade pode-lhe retirar
esta legitimidade, segundo a tradição. Aqueles que
assumem o poder tradicional tornam-se chefes
legítimos porque, simbolicamente, estabelecem
Teoria Geral de Código: A0017 67

uma relação entre os vivos e os mortos. São os


Chefes Tradicionais que, por simbolismo,
presidem ou solicitam as cerimónias que reforçam
e tornam mais legítima a sua autoridade.

A estrutura tradicional muitas vezes funcionam


com Leis não escritas, que se chama de Direito
Consuetudinário, que vem da prática ou da
experiência tradicional, e tem muita força ou
validade nas comunidades rurais. Ele está baseado
na tradição. Na maioria das comunidades
moçambicanas, o Direito costumeiro é o mais
funcional e prático. Assume, muitas vezes, um
lugar de igualdade com Direito Moderno. Aliás, o
Direito Consuetudinário ou costumeiro é, em
muitos países, como na Inglaterra, a base para a
elaboração de Leis escritas, porque ele reflecte as
normas e regras específicas de cada comunidade
Idem.

São as autoridades tradicionais a quem se reserva


o direito de solicitar, realizar ou dirigir
cerimónias. As cerimónias são práticas que
contribuem para a manutenção do equilíbrio nas
comunidades. As cerimónias variam no tipo e na
forma da sua realização. Cada linhagem ou família
pode realizar cerimónias, fazendo seus cultos
68 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

específicos mas quando o assunto é do interesse


do território linhageiro, este direito cabe ao chefe
da linhagem real. Para a realização e direcção de
cerimónias a condição principal é a legitimidade,
porque sem ela, nenhuma cerimónia pode ter
validade ou surtir efeito, segundo a tradição.
Portanto, o mais importante não são os resultados
dessas cerimónias, mas sim o seu significado
simbólico para as comunidades.

Entre outros deveres, os Chefes Tradicionais


devem velar pelo bom ambiente e harmonia da
comunidade; velar pelos limites do território
linhageiro; intervir na resolução de certos
conflitos da comunidade, quando não tenham
solução nos níveis familiares e linhageiro;
promover e orientar cerimónias de interesse geral
da comunidade; requerer a colaboração do
concelho de anciãos; assegurar que a terra seja
património da comunidade, um bem de todos para
o uso de todos.

Em qualquer sociedade, encontramos mudanças,


havendo elementos culturais que se perdem e
outros que persistem e continuam. Isso
caracterizou igualmente a autoridade tradicional,
em cada fase de desenvolvimento social, cultural e
Teoria Geral de Código: A0017 69

económico das comunidades e do Estado. Nesta


conformidade, pelas mudanças sociais dentro da
sociedade africana, e principalmente pelo
colonialismo, a autoridade tradicional viu alterado
o seu mecanismo de inserção na comunidade,
quando passou a colaborar com as autoridades
coloniais. Os Chefes Tradicionais, voluntária ou
involuntariamente, passaram a trabalhar para a
Administração colonial e transformaram-se em
subalternos do regime colonial, uma espécie de
auxiliares da Administração, fazendo a ligação
entre a Administração colonial e a comunidade e
passaram a usar a designação de Régulos.

Este processo de colaboração das autoridades


tradicionais com o regime colonial é
deliberadamente designado de instrumentalização,
porque efectivamente muitos Chefes Tradicionais
passaram a perder aquele prestígio que as
comunidades lhes conferiam. ibidem

Aparentemente, não há diferença entre Chefe


Tradicional e Régulo, uma vez que eles são
pessoas locais que assumem um poder tradicional
dentro das comunidades. A diferença maior está
na legitimidade e na legalidade do poder de um e
do outro. Quem confere legitimidade ao Chefe
70 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

Tradicional é a própria comunidade. Quem


confere a legalidade ao Régulo era a
administração colonial.

Um verdadeiro Chefe Tradicional tem a


colaboração de um Concelho de anciãos e de
outros membros da elite da autoridade tradicional
mas os Régulos rodeavam-se por corpo de polícias
locais (os Cipaios e Cabos de Terra), chefes de
grupos e de povoações e isto não fazia parte da
tradição; daí muitas vezes, a sua violência de
conduta, e não aceitação das suas acções pelos
membros da comunidade.

Os Chefes Tradicionais foram relegados a um


plano secundário depois da Independência, ou
seja, perderam o elo de ligação com a
Administração. Alguns ex-Régulos foram mesmo
perseguidos devido a sua ligação com a opressão
às comunidades.

Quando eclode a guerra dos 16 anos, uma das


partes da contenda, usou os Régulos de forma a
melhor poder dominar o seu adversário,
reconhecido que é o papel destes na mobilização
das comunidades.
Teoria Geral de Código: A0017 71

Hoje, depois de estudos efectuados, concluiu-se


por bem fazer uma reflexão mais profunda e
entender que de facto o papel do Chefe
Tradicional é de líder comunitário e papel do
Régulo foi uma criação da Administração
colonial. Já existem dispositivos legais que
valorizam o papel da estrutura tradicional na
dinamização das comunidades e em várias outras
actividades de carácter público com vista a criação
de uma harmonia dentro das comunidades.
Actualmente a autoridade tradicional é
reconhecida pelos vários dispositivos legais em
Moçambique, contribuindo desta forma para a
dinamização das relações entre estes e as
comunidades. As estruturas tradicionais
complementam as actividades da Administração
Pública na medida em que estas procuram dentro
do seus territórios satisfazer as necessidades das
comunidades.
72 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

Exercícios

1 – Como é que a autoridade tradicional influencia


a Administração Pública?

Resposta: A autoridade tradicional influencia a


Auto-avaliação
Administração Pública na medida em estas
estrurturas tem um domínio sobre as comunidades
dentro do seu território. A estrutura tradicional
relaciona-se com a Administração Pública através
da sua inserção nas comunidades.
Teoria Geral de Código: A0017 73

Unidade N0 14-A0017

Tema:

Sistemas Administrativos

Introdução
Aos sistemas administrativos referimos aos modos
jurídicos de organização, funcionamento e
controle da Administração Pública. A forma de
organização da administração não teve a mesma
característica ao longo dos tempos. O Direito
Comparado mostra claramente que elas diferem
no tempo e no espaço na medida em que cada país
seguiu seu sistema e em contextos diferentes.
Partiu-se de uma situação em que os cidadãos não
gozavam de garantias jurídicas para uma situação
em que surgem os Tribunais com independência
de controlar os actos administrativos.

Ao completar esta unidade, você será capaz de:

 Saber diferenciar os sistemas administrativos.


Objectivos
 Compreender as razões históricas que levaram a
74 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

passagem do sistema tradicional para os


modernos.

Sumário

A estruturação da Administração Pública varia em


função do tempo e do espaço, tal como acontece
com os sistemas políticos e com os sistemas
judiciais. Significa que os modos jurídicos de
organização, funcionamento e controle da
Administração Pública não são os mesmos em
todas as épocas e países (CAETANO).

Há duas grandes distinções que se pode fazer em


relação aos sistemas administrativos ou de
Administração Pública. Temos o sistema
tradicional que vigorou na Europa até aos séculos
XVII e XVIII e os sistemas modernos que se
implantaram à posterior. Dentro dos sistemas
modernos, há que fazer novas subdivisões na
medida em que a eforma como o sistema estava
estruturado na Inglaterra é diferente da forma
como estava estruturado na França.
Teoria Geral de Código: A0017 75

Exercícios

1 – Quais os sistemas administrativos que


conhece?
Auto-avaliação
Resposta: Os sistemas administrativos são o
tradicional e o moderno.

Unidade N0 15-A0017

Tema:

Sistema Tradicional

Introdução
A Europa viveu durante muitos séculos regidos
pelo sistema tradicional de administração. Este
sistema limitava as liberdades dos cidadãos na sua
relação com a administração, saíndo sempre
76 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

sacrificada na medida em que estes não


beneficiavam de protecção dos actos ilegais
praticados pela administração. A forma como a
administração estava organizada, como
funcionava e a relação que os cidadãos tinham
com a administração fazia com que estes órgãos
estivessem com poderes exorbitantes sobre eles.
Não havia órgãos independentes a fazer o controle
dos actos administrativos.

Ao completar esta unidade, você será capaz de:

 Conhecer as características do sistema


Objectivos tradicional
 Conhecer os pontos fracos do sistema
tradicional para os cidadãos.

Sumário
O sistema administrativo tradicional vigorou na
Europa até aos séculos XVII e XVIII, tinha
Teoria Geral de Código: A0017 77

duas características essenciais. A primeira era a


indiferenciação das funções administrativas das
jurisdicionais e, consequentemente, inexistência
de uma separação rigorosa entre os órgãos do
poder executivo e do poder judicial. Os órgãos
de administração julgavam e administravam
sem distinção; e não havia subordinação da
Administração Pública ao Princípio da
Legalidade e, como consequência, havia
insuficiência do sistema de garantias jurídicas
dos particulares face às decisões da
administração. Portanto, não havia Estado de
Direito (CAETANO).
Portanto, os poderes estavam concentrados na
mesma figura e a administração não funcionava
regida por normas jurídicas. Desta forma, os
cidadãos estavam desprovidos de um sistema
de garantias jurídicas que podessem lhes
proteger em situação de ilegalidades da
administração.
Só com o fim do absolutismo é que esta forma
do cidadão se relacionar com a administração
terminou.
Surge a Grande Revolução na Inglaterra, em
1688, e a Revolução Francesa em 1789. Foram
estes dois grandes acontecimentos que levaram
78 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

ao fim do absolutismo na Europa e surgir os


sistemas modernos de administração.

Exercícios

1 – Quais as características do sistema tradicional?


Resposta: O sistema tradicional caracteriza-se por
Auto-avaliação não haver separação de poderes e não haver
Estado de Direito.

2 - Quais os grandes acontecimentos que


marcaram a passagem do sistema tradicional para
os modernos?

Resposta: Os grandes acontecimentos que


marcaram a passagem do sistema tradicional para
os modernos é a grande revolução na Inglaterra e a
revolução francesa.
Teoria Geral de Código: A0017 79

Unidade N0 16-A0017

Tema:

Sistemas Modernos

Introdução
Os sistemas administrativos modernos surgem
como forma de dar mais liberdades e justiça aos
cidadãos na sua relação com a administração e
tornar os actos administrativos mais transparentes.
É com estes sistemas que os cidadãos passam a ter
onde recorrer dos actos administrativos ilegais da
administração, pois, surgem os tribunais como
órgãos independentes que fiscalizam a
administração. Passa a se estabelecer uma relação
jurídica entre os cidadãos e a administração. Tanto
no sistema do tipo britânico, assim como no
sistema do tipo francês surgem a separação de
poderes e o estado de direito como forma de dar
garantias jurídicas aos cidadãos.

Ao completar esta unidade, você será capaz de:


80 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

 Compreender as razões que levaram a passagem


Objectivos
do sistema tradicional para o moderno.

 Compreender o que de mais valia o sistema


moderno traz para os cidadãos.

Sumário

Com a Grande Revolução na Inglaterra, em 1688,


e a Revolução Francesa, em 1789, surgem os
sistemas modernos de administração ou sistemas
administrativos modernos.

Marcelo CAETANO considera que os sistemas


modernos seguiram vias distintas, pois, com a
Revolução na Inglaterra surge uma determinada
forma de organização da administração que é
distinta da que surgiu na França com a Revolução
Francesa.

Na Inglaterra surge o sistema administrativo do


tipo britânico ou de administração judicial e na
Teoria Geral de Código: A0017 81

França surge o sistema administrativo do tipo


francês ou de administração executiva.

A estruturação destes dois sistemas apresentam


técnicas administrativas diferentes, no que se
refere a organização administrativa, controle
jurisdicional da administração, direito regulador
da administração, execução das decisões
administrativas e garantias jurídicas dos
administrados.

Estes dois sistemas apresenta as diferenças que


anteriormente enumeramos mas também apresenta
elementos em comum como a separação de
poderes e estado de direito Idem.

Exercícios

1 – O que há em comum entre os sistemas


modernos?
Auto-avaliação Resposta: Entre os sistemas modernos existe em
comum o facto dos dois haver separação de
poderes e Estado de Direito.
82 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

Unidade N0 17-A0017

Tema:

Sistema do Tipo Britânico ou de

Administração Judicial

Introdução
O sistema do tipo britânico, considerado de
administração judicial, pois, em princípio, os
órgão de administração não podem executar uma
decisão em que o cidadão remeteu às análises
judiciais. Neste sistema a administração não tem
prerrogativas de executar decisão que um cidadão
não concorda. A administração não tem autoridade
própria. O cidadão pode suspender a execução de
uma decisão submetendo ao Tribunal.

Ao completar esta unidade, você será capaz de:

 Conhecer as características do sistema do tipo


Objectivos britânico.
Teoria Geral de Código: A0017 83

 Saber porque este sistema é de administração


judicial.

Sumário

O sistema de tipo britânico ou de administração


judicial, continua Marcelo CAETANO,
caracteriza-se pela:

 Separação de poderes;

 Estado de Direito;

 Quanto a organização administrativa é


descentralizado;

 Quanto ao Direito regulador, a


Administração Pública rege-se pelo Direito
Comum, portanto, os órgãos assim como os
funcionários se regem pelo mesmo Direito
que os cidadãos anónimos. Aqui ninguém
dispõe de privilégios ou de prerrogativas de
autoridade pública;
84 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

 Quanto ao controle jurisdicional, a


Administração Pública está sujeita ao
Tribunal Comum;

 Quanto a execução das decisões


administrativas, a administração não pode
executar as suas decisões por autoridade
própria. A administração não pode aplicar
meios coersivos caso o cidadão não acate
voluntariamente a uma sua decisão. Nesta
situação só a decisão do Tribunal é que deve
prevalecer através de uma sentença. As
decisões unilaterais da Administração
Pública não tem força executória;

 Quanto as garantias jurídicas dos


administrados, os particulares dispõem de
um sistema de garantias contra as
ilegalidades e abusos da Administração
Pública.
Teoria Geral de Código: A0017 85

Exercícios

1 – Porque consideramos que o sistema do tipo


britânico é de administração judicial?
Auto-avaliação
Resposta: Consideramos que o sistema do tipo
britânico é de administração judicial porque ela
não executa as suas decisões por autoridade
própria; ela depende da sentença judicial, caso o
cidadão não acate voluntariamente.

Unidade N0 18-A0017

Tema:

Sistema do Tipo Francês ou de

Administração Executiva

Introdução
O sistema do tipo francês, considerado de
administração executiva, pois, em princípio, os
86 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

órgão de administração podem executar as suas


decisões, independentemente dela estar a correr
nos Tribunais. Neste sistema a administração tem
prerrogativas de executar decisões que o cidadão
não concorda. A administração tem autoridade
própria.

Ao completar esta unidade, você será capaz de:

 Conhecer as características do sistema do tipo


Objectivos francês.
 Saber porque este sistema é de administração
executiva.

Sumário

O sistema de tipo francês ou de administração


executiva, continua Marcelo CAETANO,
caracteriza-se pela:

 Separação de poderes;

 Estado de Direito;
Teoria Geral de Código: A0017 87

 Quanto a organização administrativa, era


centralizado;

 Quanto ao Direito regulador, a


Administração Pública rege-se pelo Direito
Administrativo, portanto os órgão e agentes
administrativos não estão na mesma posição
que os cidadãos, daí que a administração
dispõe de poderes de autoridade que lhes
permite impor as suas vontades aos
particulares, nascendo deste modo um
conjunto de normas jurídicas de Direito
Público, que é o Direito Administrativo;

 Quanto ao controle jurisdicional, ela está


sujeita ao Tribunal Comum;
 Ela goza do privilégio de execução prévia.
A administração possui um conjunto de
poderes “exorbitantes” sobre os cidadãos.
Portanto a administração executa as suas
decisões por autoridade própria,
contrariamente ao sistema britânico. Às
decisões da administração francesa, mesmo
que o cidadão não acate voluntariamente,
este órgão pode, por si só, empregar meios
coercivos, inclusive a polícia, para impor o
respeito da sua decisão. Mesmo que o
88 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

cidadão recorra ao Tribunal esta decisão não


é suspença, pois, os exorbitantes poderes
que a administração detem neste sistema
não lhe impede de continuar a executar.
 Quanto as garantias jurídicas dos
administrados, assim como no sistema
britânico, no sistema francês, os
administrados tem um conjunto de garantias
jurídicas contra os abusos e ilegalidades da
Administração Pública. Essas garantias são
efectivadas através dos Tribunais
Administrativos, que são os órgãos que
fazem a fiscalização dos actos
administrativos neste sistema.

Exercícios

1 – Porque consideramos que o sistema do tipo


francês é de administração executiva?
Auto-avaliação Resposta: Consideramos que o sistema do tipo
francês é de administração executiva porque ela
tem autoridade própria de executar as suas
decisões; ela não depende da sentença judicial.
Teoria Geral de Código: A0017 89

Unidade N0 19-A0017

Tema:

Evolução dos Sistemas

Administrativos Modernos

Introdução
O s sistemas administrativos modernos surgem
com a grande revolução na Inglaterra e a
revolução francesa, nos séculos XVII e XVIII,
com características distintas, na Inglaterra e na
França. Com a evolução que vai ocorrendo no
século XX, muito do que era considerado de
diferente foi se aproximando, tornando-se menos
diferentes sob ponto de vista técnico
administrativo.
90 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

Ao completar esta unidade, você será capaz de:

 Compreender que os dois sistemas modernos


Objectivos
administrativos passaram a ser mais próximos.

Sumário

Os sistemas modernos quando surgiram


apresentavam grandes diferenças no que diz
respeito ao funcionamento e organização da
Administração Pública. Estes sistemas, o do tipo
britânico e o do tipo francês, não pararam no
tempo, pois, a evolução ocorrida no século XX
veio a determinar uma certa aproximação entre os
dois sistemas em alguns aspectos.
Teoria Geral de Código: A0017 91

Em relação `a organização administrativa a


administração britânica tornou-se mais
centralizada, devido ao crescimento da burocracia
central, a criação de vários serviços locais do
Estado e a transferência de serviços antes
executados ao nível municipal para os órgãos de
nível regional. A administração francesa foi
perdendo o carácter de centralizado, aceitando a
autonomia dos corpos intermédios, a eleição livre
dos órgãos autárquicos e uma vasta reforma
descentralizadora, transferindo-se importantes
funções do Estado para as regiões (CAETANO).

Quanto ao controle jurisdicional da administração,


na Inglaterra surgiram `as centenas os chamados
tribunais administrativos mas não a semelhança
dos tribunais existentes na França, pois, o controle
na Inglaterra ainda é feito pelo tribunal comum.
Os tribunais administrativos que surgiram na
Inglaterra não eram verdadeiros tribunais mas sim
órgãos administrativos independentes, criados
juntos da administração central para decidir
questões de direito administrativo. Na França,
aumenta significativamente as relações entre os
particulares e o Estado, submetidas `a fiscalização
dos tribunais comuns. Aparentemente existe uma
92 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

aproximação mas os controles jurisdicionais


continuam os mesmos. Na França pelo tribunal
administrativo e na Inglaterra pelos tribunais
comuns ou judiciais;

Quanto ao direito regulador, na Inglaterra


aumenta-se o intervencionismo económico do
Estado devido a transição do Estado liberal para o
Estado social de Direito. Na França, devido a
natureza da sua actividade económica, as
empresas públicas passam a funcionar nos moldes
do direito comercial, portanto, sob a égide do
direito privado e não administrativo;

Quanto à execução das decisões administrativas,


surge na Inglaterra os tribunais administrativos,
que não são verdadeiros tribunais mas sim órgãos
administrativos independentes, criados juntos da
administração central para decidir questões do
direito administrativo. As suas decisões são
imediatamente obrigatórias aos cidadão carecem
de homologacão judicial. Por seu turno, a
administração francesa concede aos particulares a
possibilidade de obter dos tribunais
administrativos a suspensão da eficácia das
decisões unilaterais da administração.
Teoria Geral de Código: A0017 93

Quanto às garantias jurídicas dos administrados,


na França os tribunais administrativos ganham
mais poderes face à administração. Eles já podem
ir mais longe do que a mera anulação de actos
ilegais. Na França, assim como na Inglaterra,
adoptaram da mais recente instituição de
protecção dos particulares, o Provedor de Justiça.

Exercícios

1 – Qual a instituição moderna que surgiu nos dois


sistemas modernos que vem dar mais garantias
Auto-avaliação jurídicas aos cidadãos?

Resposta: A instituição moderna que vem dar mais


garantias jurídicas aos cidadãos é o Provedor de
Justiça.
94 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

Unidade N0 020-A0017

Tema:

Princípio da Prossecução do Interesse Público

Introdução
A Administração Pública surge para prosseguir o
interesse público mas ela não pode ser feita de
qualquer maneira, ela deve-se guiar por certos
valores e regras e não de forma arbitrária. O
princípio da prossecução do interesse público é o
guia da Administração Pública, pois, ela move-se
com vista a implementar o interesse geral.

Ao completar esta unidade, você será capaz de:


Teoria Geral de Código: A0017 95

 Conhecer o princípio motor da Administração


Objectivos Pública.
 Compreender que o interesse público não é
definido pela Administração Pública.

Sumário

A administração Pública actua, move-se e


funciona para prosseguir o interesse público e para
tal ela faz dentro do respeito de certos limites e
valores. O princípio motor da Administração
Pública é o da prossecução do interesse público.

O interesse público como o interesse geral de uma


determinada comunidade, o bem comum. Para ele,
o interesse público representa a esfera das
necessidades a que a iniciativa privada não pode
96 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

responder e que são vitais para as comunidades na


sua totalidade (CAETANO).

Este princípo tem numerosas consequências


práticas, tais como:

 A Lei é que define o interesse público; não


pode ser a Administração Pública a definir,
salvo se Lei a habilitar para o efeito;

 A noção de interesse público é de conteúdo


variável; o que ontem foi considerado
conforme ao interesse público, hoje poderá
ser contrário e o que hoje é tido como
inconveniente, pode amanhã ser considerado
vantajoso. Não é possível definir o interesse
público de uma forma rígida e inflexível;

 Definido o interesse público pela Lei, a sua


prossecução pela Administração é
obrigatória;

 Se um órgão da Administração praticar um


acto que não tenha por motivo determinante
o interesse público, este acto estará viciado
por desvio de poder, e por conseguinte, o
acto é ilegal, anulável contenciosamente;
Teoria Geral de Código: A0017 97

 A prossecução do interesse privado em vez


do interesse público, por parte de qualquer
órgão ou agente de Administração no
exercício das suas funções, constitui
corrupção, e como tal acarreta um conjunto
de sanções, quer administrativas, quer
penais, para quem assim proceder; e

 A obrigação de prosseguir o interesse


público exige da Administração que adopte
em relação a cada caso concreto as melhores
soluções possíveis do ponto de vista
administrativo (técnico financeiro).

Exercícios

1 – Quem define o interesse público?


Resposta: O interesse público é definido pela Lei.
Auto-avaliação
98 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

Unidade N0 021-A0017

Tema:

Princípio da Legalidade

Introdução
A Administração Pública ao prosseguir o interesse
público deve fazer guiando-se por certas regras.
Na história da Administração Pública, ela nem
sempre funcionou regida por normas jurídicas. O
princípio da legalidade teve, ao longo da história,
diversas formas de ser interpretada, passando pela
limitação de acção dos órgãos de administração
em relação aos cidadãos até à protecção do
interesse público

Ao completar esta unidade, você será capaz de:

 Compreender a história do princípio da


Objectivos legalidade.
 Compreender que nem sempre a administração
estava sujeita às normas jurídicas.
Teoria Geral de Código: A0017 99

Sumário

A Administração para prosseguir o interesse


público não pode fazer de qualquer maneira, e
muito menos de maneira arbitrária: Tem de fazê-lo
com observância de um certo número de
princípios e regras.

O Princípio da Legalidade, é sem dúvida, um dos


mais importantes princípios gerais de Direito
aplicáveis à Administração Pública, e que, aliás,
se encontrava consagrado como princípio geral do
Direito Administrativo antes mesmo que a
Constituição o mencionasse explicitamente
(CAETANO).

O Princípio da Legalidade era tradicionalmente


definido da seguinte maneira:

Nenhum órgão ou agente da Administração


Pública tem a faculdade de praticar actos que
possam lesar ou contender com interesses alheios
se não em virtude de uma norma geral anterior.
100 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

Esta definição consiste fundamentalmente numa


proibição: A proibição de a Administração Pública
lesar os Direitos ou interesses dos particulares,
salvo com base na Lei. O Princípio da Legalidade
aparecia encarado como um limite à acção
administrativa, limite este estabelecido no
interesse dos particulares.

A doutrina mais recente entende o Princípio da


Legalidade de outra maneira:

Os órgãos e agentes de Administração Pública só


podem agir com fundamento na Lei e dentro dos
limites por ela impostos.

O Princípio da Legalidade aparece agora definido


de uma forma positiva. Diz-se o que a
Administração Pública deve ou pode fazer, e não
apenas aquilo que ela está proibido de fazer. Em
segundo lugar, cobre e barca todos aspectos da
actividade administrativa e não apenas aqueles
que possam consistir na lesão dos Direitos ou
interesse dos particulares. O Princípio da
Legalidade visa também proteger o interesse
público, e não apenas o interesse dos particulares.
Em terceiro lugar, a Lei não é apenas um limite à
actuação da Administração, é também o
Teoria Geral de Código: A0017 101

fundamento da acção administrativa. Quer isso


dizer que, hoje em dia, não há um poder livre de a
Administração fazer o que bem entender, salvo
quando a Lei lho proibir.

Exercícios

1 – Qual a necessidade da administração estar


sujeita às normas jurídicas?
Auto-avaliação Resposta: A administração está sujeita às normas
jurídicas para garantir uma maior transparência na
sua organização e na sua acção em relação aos
cidadãos.
102 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

Unidade N0 022-A0017

Tema:

Princípio da Igualdade

Introdução
A administração ao prosseguir o interesse público
tem-se relacionado com os cidadãos. É nesta
relação que a administração não deve privilegiar,
prejudicar ou beneficiar um cidadão em razão da
cor, filiação partidária, ideológica, etc. O princípio
da igualdade pressupõe-se que se dê tratamento
igual a pessoas iguais e tratamento diferente a
pessoas diferentes.

Ao completar esta unidade, você será capaz de:


Teoria Geral de Código: A0017 103

 Conhecer as características do princípio da


Objectivos igualdade.
 Saber diferenciar a obrigação da diferenciação
da proibição da discriminação.

Sumário

Nas suas relações com os particulares, a


Administração Pública deve reger-se pelo
Princípio da Igualdade, não podendo privilegiar,
beneficiar, prejudicar, privar de qualquer direito
ou isentar de qualquer dever nenhum administrado
em razão de ascendência, sexo, raça, língua,
território de origem, religião, convicção política
ou ideológica, instrução, situação económica ou
condição social.

A igualdade impõe que se trate de modo igual o


que é juridicamente igual e de modo diferente o
104 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

que é juridicamente diferente, na medida da


diferença (CAETANO).

O Princípio da Igualdade se protege


fundamentalmente em duas direcções:

 Proibição da discriminação

Uma medida é discriminatória, e é, por


conseguinte, proibida por violação do
Princípio da Igualdade.

 Obrigação da diferenciação

A obrigação da diferenciação parte da ideia


de que a igualdade não é absoluta.

O Princípio da Igualdade manda tratar por igual as


situações que forem juridicamente idênticas, mas,
como vimos, aceita tratamento desigual para as
situações que forem diferentes. Daí que haja, na
própria Constituição da República e nas Leis a
previsão e adopção de medidas administrativas
especiais de protecção em relação aos mais
desfavorecidos, em relação às classes mais pobres
da sociedade, ou em relação àqueles grupos de
pessoas que pela sua situação física ou social
careçam de uma protecção mais forte,
designadamente a protecção especial à infância, à
juventude, à terceira idade, aos trabalhadores, etc.
Teoria Geral de Código: A0017 105

É aí que decorre a necessidade de tratar


desigualmente o que deveria ser igual, as
chamadas discriminações positivas.

Exercícios

1 – Quando consideramos que uma medida


administrativa é discriminatória?
Auto-avaliação
Resposta: Consideramos que uma medida
administrativa é discriminatória quando viola o
princípio da igualdade.

Unidade N0 023-A0017

Tema:

Princípio da Publicidade
106 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

Introdução
O princípio da publicidade tem a razão de
existência na medida em que as medidas
administrativas devem chegar ao conhecimento
dos cidadãos. Qualquer que seja a decisão
administrativa ao ser tomada, há mecanismos
legais que facilitam que ela chegue ao
conhecimento dos cidadãos. Significa que a
própria Lei estabele as formas como as medidas
chegam aos cidadãos.

Ao completar esta unidade, você será capaz de:

 Conhecer a importância do princípio da


Objectivos
publicidade para Administração Pública

 Conhecer as formas de publicidade.


Teoria Geral de Código: A0017 107

Sumário

A publicidade é a operação pela qual as decisões


administrativas são levadas ao conhecimento dos
interessados. As formalidades de publicidade
permitem determinar o momento a partir do qual o
acto entra em vigor (CAETANO).

Distingue-se geralmente, como forma de


publicidade, a publicação da notificação.

A publicação é um modo de publicidade


impessoal, que é inserido numa colectânea oficial
(por exemplo, o Boletim da República). Em certos
casos, a Constituição da República, a Lei ou os
Regulamentos administrativos, impõem um
determinado modo de publicação. É o caso dos
Decretos e Despachos Presidenciais e dos
Decretos e Resoluções do Conselho de Ministros
que são publicados no Boletim da República.
Também é o caso das Deliberações e decisões das
Autarquias Locais. O n.º 1 do Artigo 13 da Lei
2/97, de 18 de Fevereiro, considera que as
Deliberações e decisões dos órgãos das Autarquias
são publicadas, mediante afixação, durante 30 dias
consecutivos, na Sede da Autarquia Local.
108 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

A notificação é a operação pela qual uma


autoridade administrativa informa oficial e
pessoalmente aos destinatários de uma decisão
administrativa. É um modo de publicidade
pessoal.

As medidas de publicidade são muito importantes


porque elas determinam normalmente o momento
da entrada em vigor da decisão administrativa e a
sua executoriedade.

Exercícios

1 – Qual a importância do princípio da publicidade


para Administração Pública?
Auto-avaliação
Resposta: O princípio da publicidade tem a
importância de levar ao conhecimento dos
cidadãos as decisões administrativas que são
tomadas.
Teoria Geral de Código: A0017 109

Unidade N0 024-A0017

Tema:

Princípio do Poder Discricionário

Introdução
Do poder discricionário se distingue o poder
vinculado. Enquanto que o vinculado, o agente de
administração age dentro de uma norma
previamente estabelecida, no poder discricionário
ele tem um domínio de liberdade de tomar
decisão. Não significa que seja uma decisão ilegal
mas ele tem a liberdade de optar pela melhor saída
110 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

sob ponto de vista técnico ou administrativo. O


poder vinculado está adstrito à Lei.

 Conhecer a diferença entre o poder vinculado do


Objectivos
poder discricionário

 Compreender que o uso do poder discricionário


não é ilegal.

Sumário

O Poder Discricionário é aquele que o Direito


concede à Administração Pública para a prática de
actos administrativos com liberdade na escolha de
sua conveniência, oportunidade e conteúdo.
Distingue-se do poder vinculado pela maior
liberdade de acção que é conferida ao
Administrador. Se para a prática de um acto
vinculado, a autoridade pública está adstrita à Lei
em todos os seus elementos formadores, para
praticar um acto discricionário é livre, no âmbito
Teoria Geral de Código: A0017 111

em que a Lei lhe concede essa faculdade


(CAETANO).

Como exemplo do exercício do Poder


Discricionário, temos a nomeação para o cargo,
em comissão de serviço, acto em que o
Administrador Público possui uma liberdade de
escolha, ou seja, pode nomear aquele que for da
sua total confiança, não se exigindo nenhuma
selecção prévia.

Exercícios

1 – A utilização do poder discricionário não é


violação à Lei?
Auto-avaliação
Resposta: A utilização do poder discricionário não
é violação à Lei mas uma acção não regida por Lei
que vem dar solução a uma determinada situação.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
112 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

AMARAL, D. Freita, Manual de Direito


Administrativo, Volume I;
CAUPERS, João, Introdução ao Direito
Administrativo, Âncora Editora, 2000;
CAETANO, Marcelo, Manual de Direito
Administrativo, Editora Coímbra, Tomo I;
Constituição da República de 1990;
FERNANDES, António José, Introdução à
Ciência Política, Porto Editora, 1995;
HENRIQUES, Víctor & CABRITO, Belmiro
Gil, Introdução à Política, Texto Editora,
1995;
MANUEL, Carlos, Textos de Apoio -
Seminários sobre Descentralização
Administrativa, 1995;
MINISTÉRIO DA ADMINISTRAÇÃO
ESTATAL, Documentos da Reforma dos
Órgãos Locais do Estado, 1992;
MECANISMO DE APOIO DE REVISÃO DE
PARES, Relatório, 2010;
Lei 2/97, de 18 de Fevereiro
Teoria Geral de Código: A0017 113

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