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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

FACULDADE DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO,


ATUARIAIS E CONTABILIDADE.

RECEITA PÚBLICA

FORTALEZA, 1995
AGRADECIMENTOS

k v y 'j \

A Deus. em primeiro lugar e aos meus pais. que

mesmo sendo muito pobres e morando longe da cidade, aonde não

existia, se quer uma escola, bem souberam nos criar, a mim e as

minhas irmãs.

Até aqui já foram tantas as manifestações de

carinho, estímulo e solidariedade recebidas que fica muito

difícil enumerá-las. Entretanto, quero ser especialmente grato ao

Dr. João Carlos Albano Ferreira, que me permitiu, em 1985, as

condições indispensáveis para que eu cursasse o primeiro semestre

da faculdade, o básico (que àquela época era todo ministrado pela

manhã), sem perder o meu emprego.

A minha esposa, que além dos estímulos e da

alegria relevada quando soube de minha aprovação no vestibular,

tão abnegadamente tem sabido compreender os momentos de minha

dedicaçao à lida estudantil por todos esses anos.

A tantos professores que me suportaram por esses

anos todos, principalmente ao professor José William Praciano,

pelas inestimáveis colaborações dadas na elaboração deste

trabalho e à Profa. Maria das Graças Arrais Araújo, nossa

coordenadora, pela maneira sempre muito amável com que me tem

tratado.
X NDICE

Introdução......................................................................................................................................... 01

Capítulo 1-0 QUE É ORÇAMENTO PÜBLICO................................................... 02

1.1. Orçamento Público no Brasil.............................................. 02

1.2. As Fases ou Ciclos do Orçamento Público.............. 03

1.2.1. Elaboração ouFormação............................................ 03

1.2.2. Apresentação................................................................... 03

1.2.3. Autorização..................................................................... 03

1.2.4. Execução e Controle................................................ 04

_ 1.2.5. Auditoria...........................................................................05

1.3. Forma e Controle da Proposta Orçamentária....05

1.3.1. Orçamento-Programa.................................................. 06

1.3.2. Plano-Pl ur ianual....................................................... 06

1.3.3. Lei de Execução Orçamentária......................... 06

Capítulo 2 - PRINCÍPIOS ORÇAMENTÁRIOS......................................................08

2.1. Princípio da Anualidade ou Periodicidade........... 08

2.2. Princí pio da Exclusividade ................................................ 08

2.3. Princípio da Unidade................................................................ 09

2.4. Pri ncí pio da Universalidade.............................................. 10

2.5. Princípio da Especificação................................................. 11

2.6. Pri ncí pio da não Afetação da Receita.......................12


2.7. Princípio da Quantificação dos Créditos

Orçamentários 13

Capítulo 3 - RECEITA PÚBLICA: CONCEITO, ORIGEM, DESTINAÇAO

E CLASSIFICAÇÃO 14

3.1. Conceito................................................................................................ 14

3.2. Origem..................................................................................................... 14

3.3. Destinaçao...........................................................................................14

3.4. Classificação.................................................................................. 15

3.4.1. Quanto aos Tipos.........................................................15

Ar recadadas................................................................... 15

Produzidas......................................................................15

Emprestadas................................................................... 15

3.4.2. Quanto aos Fatos Contábeis.............................. 15

Efetivas............. ................................................................16

Receita por MutaçãoPatrimonial.....................16

3.4.3. Quanto ao Modo de Arrecadação.......................16

Originária........................................................................ 16

Derivada............................................................................. 16

T ransf er ida......................................................................17

3.4.4. Quanto ao Orçamento................................................. 17

Orçamentária................................................................... 17

Ext ra-Orçamentária................................................... 17

3.4.5. Quanto à Categoria Econômica......................... 18

Receita Corrente........................................................ 18

Receita de Capital................................................... 18
Capítulo 4 - ESTAGIO DA RECEITAPÚBLICA.................................................... 19

4.1. Fixação.................................................................................................. 19

4.2. Lançamento........................................................................................... 19

4.3. Arrecadação........................................................................................ 20

4.4. Quitação................................................................................................20

4.5. Recolhimento..................................................................................... 21

Capítulo 5 - Uma Palavra sobre osTribunais de contas.............. 22

Conclusão............................................................................................................................... 24

O
INTRODUÇAO

Este trabalho tem a finalidade única de atender à

Coordenação do Curso de Contabilidade da Faculdade de Economia,

Administração, Atuariais e Contabilidade da Universidade Federal

do Ceará, que o exige na forma de Monografia, valendo para

complementação de créditos do curso de Ciências Contábeis.

Tentamos modestamente e de forma muito superficial

dar uma rápida visão sobre o que é e como funciona o Orçamento

Público no Brasil, sua evolução e a importância que ele encerra

no contexto das finanças públicas.

Citamos os princípios orçamentários por

compreendermos ser de muita serventia para o entendimento do

texto como um todo, visto tratai—se do embasamento científico do

orçamento público.

Por fim, nos capítulos destinados a tratar

especificamente da receita pública, procuramos mostrar sua

origem, conceito, classificação, estágios e destinação, tudo de

conformidade com o que conseguimos aprender no âmbito do Curso de

Ciências Contábeis, durante esses anos e ainda, pelo que

depreendemos das pesquisas bibliográficas que realizamos.

1
1. 0 QUE É ORÇAMENTO PÚBLICO

É a peça central e de maior importância na

regulamentação das finanças públicas. É no orçamento público que

o poder executivo mostra ao poder legislativo e ao público em

geral interessado, o que espera arrecadar, de quais fontes e como

pretende aplicar o produto da arrecadação.

Ele é um balanço das intenções do poder executivo, de

arrecadar e de gastar.

João Angélico "1“ diz: "orçamento público é um

planejamento de aplicações dos recursos esperados, em programas

de custeio, investimentos, inversões e transferências durante um

período financeiro."

1.1. Orçamento Público no Brasil

Não obstante seja antigo no Brasil, o orçamento público

somente veio a se modernizar mais recentemente, com a Lei 4.320,

de 17 de março de 1964, a chamada "Lei do Orçamento"; e o

Decreto-Lei 200, de 1967, que disciplinaram a organização, a

forma e o controle da execução orçamentaria, dando uma nova

orientação às atividades de administração pública. A Constituição

Federal de 05 de outubro de 1988, trata também da matéria em seus

artigos de 165 a 169.

1) Angélico, João - Contabilidade Pública, São Paulo Atlas, 1992.

p. 25.

2
1.2. As Fases ou Clicos Orçamentários

1.2.1. Elaboração ou Formação

Compreende o das metas

desejadas nas diversas áreas g :> /ernamentais . Este trabalho é

executado a niví' federal pelo presidente da república, seus

ministros e uxiliares mais próximos; nos Estados e no Distrito

Federal, pelos governadores e seus secretários e nos Municípios,

pelos prefeitos e seus secretários municipais.

Neste momento há uma competitividade muito grande

entre órgãos do mesmo governo, cada um na tentativa de fazer

valer o seu projeto, seus interesses. Cabe, finalmente ao chefe

do poder executivo determinar as prioridades, de conformidade com

suas diretrizes.

1.2.2. Apresentação

É o ato de encaminhamento, pelo poder executivo ao

poder legislativo, da proposta orçamentária ou Projeto de Lei

Orçamentária, para apreciação e aprovação.

1.2.3. Autorização

A autorização é dada pelo legislativo: Congresso

Nacional (Câmara e Senado), a nível federal; pelas Assembléias

legislativas, mos Estados e no Distrito Federal e pelas Câmaras


de vereadores, nos municípios.

NessB: casfis são formadas comissões de

legisladores as "comissões orçamentárias" com a função precípua

de analisar as propostas e emitir parecer sobre elas, podendo

!» aprová-las ou regeitá-las.

Em caso de alteração na proposta orçamentária, não

pode, o legislador, alterar o volume de gastos. Restando-lhe, por

tanto, o direito de apenas mudar a destinação.

E é por causa dessa pequena fatia de poder que as

comissões de orçamento da câmara e do senado federais são as mais

concorridas e que já nos deram muitas notícias escandalosas na

imprensa nacional e estrangeira nos últimos tempos.

1.2.4. Execução e Controle

Esta é uma fase de suma importância e que

comumente, fica entregue aos cuidados de políticos, nem sempre

habilidosos ou muitas vezes maus intencionados, investidos na

função de Ministro ou Secretário, dependendo do caso. Este tem a

obrigação de aplicar somente os recursos conseguidos, pela

arrecadação ou por empréstimos, na conformidade da Lei

Orçamentária aprovada pelo legislativo, cabendo-lhe tão somente o

poder de manobra quanto a eventuais excessos ocorridos em uma

destinação, que poderá ser usada por outra na forma de

suplementação de verba. Claro, que se todos obedecessem às normas

não haveria dificuldades nem seria preciso fiscalisar.

4
1.2.5. Auditoria

A Auditoria é a fase de verificação da justeza da

aplicação dos recursos. É quando se coteja se a aplicação está de

acordo com o orçado, se os documentos sao fidedignos e se foram

cumpridas todas as normas de orçamentação, empenho e autorização

da despesa.

Este trabalho fica a cargo dos Tribunais de Contas

da União, dos Estados e dos Municípios.

1.3. Forma e Controle da Proposta Orçamentária

Pública

A proposta de lei encaminhada pelo poder executivo

ao poder legislativo apresentando o orçamento, chama-se "Projeto

de Lei do Orçamento".

A forma e o conteúdo da lei orçamentária estão

definidos no Título II da Lei 4.320/64, que estatui em seu artigo

22, item I: "mensagem que conterá: exposição circunstanciada da

situação econômico-financeira, documentada com demonstração da

dívida fundada e flutuante, saldo de créditos especiais, restos a

pagar e outros compromissos financeiros exigíveis.

da política econômico-financei ra do Governo,

da receita e despesa, particularmente no tocante ao

orçamento de capi tal."

A Lei orçamentária tratará exclusivamente da

proposta de orçamento, não podendo, entretanto, conter nenhuma


matéria estranha ao assunto.

1.3.1. Orçamento-Programa

Tem esse nome em função de não mais ser apenas uma

relação de intenções de arrecadação e de gastos governamentais

como era antes.

0 orçamento-programa faz demonstrações minunciosas

da previsão de arrecadar, apresentando por fontes e um plano

completo de como o executivo pretende aplicar os recursos

conseguidos.

1.3.2. Plano Plurianual

A Lei 4.320/64, determina no Artigo 23 "As

receitas e despesas de capital serão objeto de um Quadro de

Recursos e de Aplicação de Capital, aprovado por decreto do Poder

Executivo, abrangendo, no mínimo, um triênio."

Nossos orçamentistas têm adotaram um período de

cinco anos (um quinquênio') para a vigência do Plano Plurianual.

Nele são traçadas as metas gerais pretendidas pelo

governo que servirão de balisa para a elaboração da Lei de

Execução Orçamentária Anual.

1.3.3. Lei de Execução Orçamentária

Anualmente o executivo encaminha ao legislativo a

proposta de lei orçamentária, que guardará obediência ao plano

plurianual, mas com poderes para corrigir alguns rumos e definir

6
mais claramente algumas aplicações . Visto que poderão ocorrer

alterações na receita prevista, assim como algo que implique em

emergência da qual não possa fugir o governo.

Depois de examinada pelo legislativo, a proposta

orçamentária se transforma na Lei de Execução Orçamentária ou Lei

de Orçamento, que poderá conter além do orçamento, somente a

autorização ao executivo para a abertura de créditos

suplementares e a realização de operações de crédito por

antecipação da receita.
2-PRINCÍPIOS ORÇAMENTÁRIOS

São um conjunto de regras a serem aplicadas pelos

financistas com a finalidade de melhorar a exequibilidade do

orçamento público, dando-lhe maior eficácia.

0 Direito Financeiro, no Brasil, destaca os

seguintes:

2.1. Princípio da Anualidade ou Periodicidade

De acordo com esse princípio o executivo fica

obrigado a elaborar periodicamente (a prática tem limitado esse

período em um ano) o plano de execução do orçamento.

0 grande mérito desse princípio é o de permitir um

maior acompanhamento pelo legislativo das ações desempenhadas

pelo executivo.

João Angélico "2" cita ainda que com esse

princípio o poder executivo "tem a possibilidade de, anualmente,

reajustar o custo dos serviços públicos, com base em valores

novos consequentes da oscilação de preços."

2.2. Princípio da Exclusividade

A finalidade única desse princípio é a de não

permitir ao legislativo, que introduza na lei de orçamento,

matéria alheia ao assunto, acabando com a possibilidade de abusos

2) Angélico, João, oc. p. 46.


como os verificados no passado, ensejando, assim, uma tramitação

mais rápida, sem maiores percalços.

A Constituição Federal de 1988, no artigo 165 $ 8o

diz: "A lei orçamentária anual não conterá dispositivo estranho à

previsão da receita e a fixação da despesa, não se inc uindo na

proibição a autorização para a abertura de crédito suplementares

e contratação de operações de credite, ainda que por antecipação

da receita, nos termos da lei."

2 3. Princípio da Unidade

Esse princípio é entendido por alguns como o de

Caixa Ünico, ou seja, que todo o produto da arrecadação seja

depositado em uma única conta corrente.

0 Prof. James P. Wesberry, Jr "3" , afi rma que

"para assegurar a flexibilidade de gestão, as empresas públicas e

outras entidades autônomas substancialmente autofinanciadas não

deveriam participar do sistema de caixa única. Porém, também

essas empresas deveriam planejar seus fluxos de fundos de maneira

tal que se evitasse fundos ociosos nas contas bancárias."

Pela interpretação do texto constitucional de

1988, artigo 165 $5o, conclui-se que ao referir-se a orçamentos

fiscal, de investimentos e da seguridade, quiz o legislador

3) Wesberry, James P. Jr. Contador Público. Presidente do

Instituto de Administração Pública. in RBC. No 91. p. 34.

Brasília-DF - jan-fev/95.
estatuir a elaboração de uma única peça orçamentária aglutinando

os vários orçamentos e não a obrigatoriedade da existência de um

único caixa, como querem alguns outros.

2.4. Princípio da Universalidade

Por esse princípio todas as receitas e todas as

despesas devem constar do orçamento.

0 seu objetivo é permitir ao poder legislativo um

maior controle das operações financeiras realizadas pelo poder

executivo.

A Lei 4.320/64, trata desse princípio nos artigos

2o, 3o e 4o.

"Art. 2o. A Lei de Orçamento conterá a

discriminação da receita e despesa , de forma a evidenciar a

política econômico~financeira e o programa de t rabalho do

governo, obedecidos os princípios de unidade, universalidade e

anual idade

$lo. Integrarão a Lei de Orçamen to :

I - sumário geral da receita por fontes e da

despesa por funções de governo;

II - quadro demonstrativo da receita e despesa

segundo as categorias econômicas, na forma do anexo 1;

III - quadro discriminativo da receita por fontes e

respectiva legislação;

IV - quadro das dotações por órgãos do Governo e da

administração.

10
$20. Acompanharão a Lei de Orçamento:

I ~ quadros demonstrativos da receita e planos de

aplicação dos fundos especiais;

II - quadros demonstrativos da despesa, na forma

dos Anexos números 6 a 9;

III - quadro demonstrativo do programa anual de

trabalho do Governo, em termos de realização de obras e prestação

de serviços.

Art. 3o. A Lei de Orçamento compreenderá todas as

receitas, inclusive as de operações de crédito autorizadas em

lei .

Parágrafo-Ünico. Não se consideram para fins deste

artigo as operações de crédito por antecipação da receita, as

emissões de papel-moeda e outras entradas compensatórias no ativo

e no passivo financeiros.

Art. 4o. A Lei de Orçamento compreenderá todas as

despesas próprias dos órgãos do Governo e da administração

centralizada, ou que por intermédio deles se devam realizar,

observado o disposto no artigo 2o."

2.5. Princípio da Especificação

Objetiva a discriminação permenorizada das

receitas e das despesas, sem, contudo, permitir a globalização

das autorizaçÕes, a fim de coibir a expansão das atividades

estatais.

A Lei 4.320/64, no seu artigo 5o diz: "A Lei de

11
Orçamento não consignará dotações globais destinadas a atender

indiferenmente as despesas de pessoal, material, serviços de

terceiros, transferências ou quaisquer outras, ressalvado o

disposto no artigo 2o e seu parágrafo único.

Artigo 2o. Os investimentos serão discriminados na

Lei de Orçamento segundo os projetos de obras e de outras

aplicaçoes.

Parágrafo-Ünico. Os programas especiais de

trabalho que, por sua natureza, não possam cumprir-se

subordinadamente às normas gerais de execução da despesa, poderão

ser custeados por dotações globais, classificados entre as

Despesas de Capital."

2.6. Princípio da não Afetação da Receita

Esse princípio visa a desvinculação de parte da

receita geral de determinadas despesas.

Obedecendo a esse princípio a Constituição Federal

de 1988, em seu artigo 167, incisos IV e IX diz:

"Artigo 167. São vedados:

IV - a vinculação de receita de impostos a órgãos,

fundo ou despesa, ressalvados a repartição do produto da

arrecadação dos impostos a que se referem os arts. 158 e 159, a

destinação de recursos para manutenção e desenvolvimento do

ensino, como determinado pelo art. 212, e a prestação de

garantias às operações de crédito por antecipação de receita,

previstas no art. 165, $8o;

IX - a instituição de fundos de qualquer natureza,

12
sem prévia autorização legislativa»"

Os arts. 158 e 159 da Constituição Federal,

disciplinam a repartição feita pela União, do produto da

arrecadação dos impostos, entre os Estados, o Distrito Federal e

os Municípios.

2.7. Princípio da Quantificação dos Créditos

Orçamentários

Esse princípio está confirmado na nossa

Constituição Federal, em seu artigo 167, inciso VII, que diz:

"ért. 167. São vedados:

VII - a concessão ou utilização de créditos

ilimitados."

Com isto pretendeu o legislador oferecer ao poder

legislativo maior controle sobre a execução das ações de governo

no que conserne a aplicação da receita.


3. RECEITA PÚBLICA: CONCEITO, ORÍGEM, DESTINAÇAO E

CLASSIFICAÇAO.

3.1. Conceito

É o conjunto de ingresos nos cofres públicos, de

moedas ou outros bens, decorrentes da ação governamental no

dedesenpemnho do exercício de arrecadar, em virtude de leis

gerais ou especiais.

No Brasil, adota-se o regime de caixa para o

registro de contabilização da receita, ou seja, a receita somente

é reconhecida contabilmente no ato do efetivo recebimento ou do

lançamento.

3.2. Origem

Origina-se a receita pública da arrecadação de

impostos, taxas e contribuições, da alienação de bens públicos,

da exploração econômica das atividades industriais, comerciais,

apropecuárias, de prestação de serviços e da contratação de

empréstimos, etc.

3.3. Destinaçao '

0 resultado de toda arrecadação será aplicado no

financiamento dos programas de trabalho elaborados para um

determinado período, através da Lei de Execução Orçamentaria, no

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pagamento do pessoal ativo e inativo e na manutenção e

funcionamento dos órgãos públicos.

3.4. Classificação

As receitas públicas podem ser classificadas

quanto aos tipos, aos fatos contábeis, ao modo de arrecadação, ao

orçamento e à categoria econômica.

3.4.1. Quanto aos Tipos

As receitas públicas podem ser classificadas

quanto aos tipos em:

A) Arrecadas - São as receitas provenientes dos

recebimentos dos tributos e multas.

B) Produzidas - Sao as que decorrem das atividades

desenvolvidas pelo setor público nas áreas industrial, comercial,

agropecuária, de prestação de serviços, da participação acionária

em outras empresas e da venda de bens públicos.

C) Emprestadas - São aquelas oriundas da

contratação de empréstimos.

3.4.2. Quanto aos Fatos Contábeis

Contabilmente as receitas classificam-se em:

15
g S F F fi ç

A) Efetivas - Sao as receitas decorrentes da ação

arrecadadora e que provocam modificação no patrimônio.

B) Receitas por Mutação Patrimonial - São as que

nao dão origem a um fato modificativo do patrimônio. Ou seja,

aumentam o ativo na mesma proporção que diminuem o passivo e

vice-versa. Ex. : as operações de crédito, venda de bens,

recebimento da díivida ativa, etc.

3.4.3. Quanto ao Modo de Arrecadfação

Quanto ao modo de arrecadação as receitas podem

ser classificadas como:

A) Originárias

São as provenientes das atividades exercidas pelo

Estado como pessoa jurídica, nos ramos da indústria, do comércio,

da agropecuária, das inversões no mercado de capitais; bem como o

produto da vendas de bens próprios e da prestação dos serviços

tais como transportes, correios, telefonia, forneceimento de

água, energia, etc.

B) Derivadas

Sao as receitas resultantes do poder do Estado de

arrecadar os tributos das pessoas físicas e jurídicas sobre suas

16
rendas e seus acréscimos patrimoniais.

C) Transferidas

Estas nao são receitas propriamente ditas,

acepção pura da palavra, são, isto sim, apenas ingressos de

recursos recebidos de outras entidades públicas ou privadas, como

por exemplo os fundos de participação dos Estado e municípios

estatuídos na Constituição Federal.

3.4.4. Quanto ao Orçamento

A) Orçamentárias

As que integram o orçamento público na forma

apresentada na Lei Orçamentária Anual e se destinam ao

financiamento dos objetivos do governo.

A Lei 4.320/64, disciplina e cria normas para

codificação das receitas a serem seguidas pela União, pelos

Estados e Distrito Fedral e pelos Municípios.

B) Extra-Orçamentárias

São assim chamadas por que não são na verdade

receita do governo. São ingressos em que o governo somente serve

de intermediário. Ex.: os descontos em folha, para o INSS, IRF,

seguros: os depósitos em consignação, cauções, etc.

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3.4.5. Quanto à Categoria Econômica

A) Receitas Correntes

Sao aquelas decorrentes da arrecadação; das

atividades empresariais do Estado e as transferidas, com

destinação para as despesas e as transferências correntes.

8) Receitas de Capital

São as receitas originadas na contratação de

empréstimos; na realização de bens e direito; transferências

recebidas de outras pessoas públicas ou privadas, destinadas a

atender as despesas de capital e o superávit orçamentario.

18
4. ESTÁGIOS DA RECEITA PÚBLICA

As receitas públicas passam por quatro fases

distintas denominadas de estágios.

Sao fatos que ocorrem em períodos distintos

classificados como:

4.1. Fixação

De acordo com João Angélico "4", o Decreto Federal

No 15.783, de 08 de novembro de 1922, se refere ao estágio

fixação como o primeiro estágio da receita, fato que ele mesmo

questiona, alegando, com muita propriedade, que o Regulamento de

Contabilidade Pública fala de “organização das estimativas". Vale

aqui lembrar que no Brasil é utilizado o regime de caixa para a

contabilização das receitas. Somente as despesas são

contabilizadas pelo regime de competência. Por tanto, se as

receitas somente são reconhecidas pelo recebimento não há como

elas serem fixadas e sim estimadas. Este deve ser o estágio da

estimação e não da fixação.

4.2. Lançamento

Este é o estágio em que o poder executivo

reconhece os seus devedores, individualizando-os, discriminando a

4) Angélico, João, oc. p. 54.

19
espécie da receita, o valor e vencimento de cada um.

Não sao todas as receitas que passam pelo estágio

do lançamento. Muitas ingressam diretamente no estágio da

arrecadação.

4.3. Arrecadação

É O estágio que terá de ser percorrido pela

recei ta lançada e pelas outras, que mesmo não tendo sido

lançadas, têm aqui o seu segundo estágio.

Esta é a fase que representa a verdadeira entrada

dos recursos no caixa do governo. Ela é exercida pelos agentes

públicos, que são as encarregadas de

arrecadar, tais como tesourarias, postos fiscais, caixas

recebedores e bancos públicos e pelos agentes privados, bancos

pa rticula res autorizados, com atribuições conferidas pelo poder

público através de convênios.

4.4. Quitação

Esta é uma fase complementar do estágio de

arrecadação. Pois. consiste na entrega, pelos agentes

arrecadadores públicos e privados, aos contribuintes, do recibo

que lhes comprove a liquidação de sua obrigação para com o

fisco.

0 $lo. do Artigo 55 da Lei 4.320/64, faz

20
ISF F 4 r

referência à assinatura do agente arrecadador no recibo de

quitação do imposto- Nos tempos atuais, com a modernidade

eletrônica uma simples autenticação mecânica, comprova a

quitação.

4.5. Recolhimento

Este ato se conclui pela transferência periódica

dos agentes arrecadadores, quer públicos, quer privados, ao

Tesouro Público, do produto da arrecadação.

21
5. UMA PALAVRA SOBRE OS TRIBUNAIS DE CONTAS

As receitas públicas no Brasil ainda sao muito mau

aplicadas. Mesmo porque somos um povo de uma cultura bastante

deturpada em relação à coisa pública. Entendemos que o quê é

público é de ninguém. Não nos encomodamos em destrui-la.

Face a isso temos os mais exacerbantes casos de

malversação pública, sem que haja a devida punição aos culpados.

Para fiscalizar os atos praticados pelos gestores

públicos, existem os tribunais de contas que deveríam ser

competentes, se compostos por profissionais com formação em

direito, economia, administração e contabilidade, admitidos por

concurso público, sem apadrinhamento político, com um pouco mais

de poder, que lhes permitessem, por exemplo, não somente indicar

ao poder judiciário e ao poder legislativo as denúncias de desvio

de verbas, mas, pelo menos, determinar o afastamento temporário

do implicado até que se concluísse o processo investigatório.

Esses profissionais hoje lá existem, entretanto

apenas como brurocratas sem o menor poder de decisão. As

determinações são tomadas pelos conselheiros que são por demais

ineficientes, principalmente por se tratar de políticos em final

de carreira, que já não conseguem mais ser reeleitos, que recebem

como prêmio, dos seus padrinhos políticos, uma indicação para um

cargo de vencimentos gordos para o resto da vida.

22
BSFEAC
CONCLUSÃO

Como é fácil notar, este não é um trabalho que

traga novidades em relação ao assunto, mesmo por que ele não

comportaria tamanha façanha. É apenas a tentativa de alguém que

procurou mostrar o que conseguiu captar de tudo que lhe foi

ensinado durante esses anos.

Ao concluirmos este trabalho, o Brasil respira um

clima de mudanças em virtude da implantação do novo governo, que

embora já esteja completando seus primeiros seis meses, ainda se

considera em fase de iniciação, em função de grandes alterações

que julga serem necessárias na atual Constituição, principalmente

nos capítulos que regem as normas das políticas fiscal e

tributárias, bem como os que tratam dos monopólios estatais; do

conceito de empresa nacional e da seguridade social.

0 Real está completando um ano de vida e a nação

tem esperimentado nestes doze meses o maior período de inflação

baixa das últimas décadas. Isto, sem dúvida, tem provocado

modificações significativas em todos os setores da economia

nacional e as receitas públicas não ficarão ao largo dessa

real idade.

24
BSF£ AC

Idubi tavelmente , são bem poucas as pessoas

políticas, no cenário atual, tão sérias e tão côncias de suas

obrigações, que sejam capazes de pedir condenação para alguém a

quem devam tanto.

23
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B I B L_ I OG I

■ r"
1. Angélico, João - Contabilidade Pública/ 7a Edição - São Paulo,
Q*
Editora Atlas - 1992.
V.

2. Felelini, Alfredo - Economia do Setor Público, 2a Edição - São


r\
Paulo, Editora Atlas ~ 1994.
z—>.

3. Revista Brasileira de Contabilidade - RBC ~ No 91, jan-fev-95,

CFC - Brasí1ia-DF.

*
4. Revista Trevisan - No 85 ~ março/95 ~ Trevisan Auditores - São

.« Paulo.

v
5. Lei 4.320, de 17 de março de 1964. 16a Edição - São Paulo -

Editora Atlas - 1992/

6. Constituição Federal de 05 de outubro de 1989/

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