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REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE
MINISTÉRIO DA FUNÇÃO PÚBLICA
Direcção Nacional de Gestão Estratégica de Recursos Humanos do Estado

SIFAP
Sistema de Formação em Administração Pública

CURSO MODULAR
ÁREA DE ESPECIALIZAÇÃO- GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS

MÓDULO- MHR8

RESPONSABILIDADE DISCIPLINAR

JUNHO DE 2009
Gestão de Recursos Humanos (MRH) ● Sistema Nacional de Recursos Humanos ●
Responsabilidade Disciplinar (MRH 8)

ÍNDICE

INTRODUÇÃO.......................................................................................................... 3
Contexto ....................................................................................................................................... 3
Porquê este Manual? ................................................................................................................... 4
Destinatários deste Manual ......................................................................................................... 5
Objectivos do Módulo Sistema Nacional de Recursos Humanos: Responsabilidade Disciplinar 5
Capítulos que compõem este Manual ......................................................................................... 6
INFRACÇÕES E PENAS ............................................................................................. 7
1.1 Objectivos ........................................................................................................................ 7
1.2 Breve Contextualização ................................................................................................... 7
1.3 Princípios Gerais............................................................................................................... 8
1.4 Exclusão de Responsabilidade Disciplinar ....................................................................... 9
1.5 Prescrição do Procedimento Disciplinar .......................................................................... 9
1.6 Tipos de Sanções Disciplinares ........................................................................................ 9
1.7 Conteúdo das Sanções Disciplinares.............................................................................. 10
1.8 Infracções Puníveis e as respectivas Sanções ................................................................ 11
1.8.1. Advertência ................................................................................................................ 11
1.8.2. Repreensão Pública.................................................................................................... 11
1.8.3. Multa .......................................................................................................................... 12
1.8.4. Despromoção ............................................................................................................. 12
1.8.5. Demissão .................................................................................................................... 13
1.8.6. Expulsão ..................................................................................................................... 14
1.9 Graduação das Medidas Disciplinares ........................................................................... 15
1.10 Circunstâncias Atenuantes ............................................................................................ 15
1.11 Agravantes ..................................................................................................................... 16
1.12 Agravante Especial ......................................................................................................... 16
1.13 Danos ............................................................................................................................. 16
1.14 Definição de Acumulação, Reincidência e Premeditação ............................................. 17
1.15 Efeitos Acessórios das Penas ......................................................................................... 17
1.16 Execução das Sanções .................................................................................................... 18
1.17 Registo das Sanções, Competência e Fundamentos para Cancelamento de Registo ... 18
1.18 Sanção Única .................................................................................................................. 19
1.19. Conclusão ................................................................................................................... 19
1.20. Exercícios Práticos...................................................................................................... 21
PROCESSO DISCIPLINAR ........................................................................................ 23
2.1 Objectivos ...................................................................................................................... 23
2.2 Breve Contextualização ................................................................................................. 23
2.3 Procedimentos ............................................................................................................... 24
2.4 Processo Disciplinar ....................................................................................................... 24
2.4.1. Obrigatoriedade de Processo Escrito......................................................................... 24
2.4.2. Início do Processo Disciplinar .................................................................................... 25
2.4.3. Registo do Processo ................................................................................................... 25

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2.4.4. Forma do Processo..................................................................................................... 26


2.4.5. Suspensão do Arguido ............................................................................................... 26
2.4.6. Competências para Suspender .................................................................................. 27
2.4.7. Instrução do Processo ................................................................................................ 27
2.4.8. Defesa do Arguido...................................................................................................... 28
2.4.9. Independência do Processo Disciplinar ..................................................................... 28
2.4.10. Nulidade Insuprível ................................................................................................ 28
2.4.11. Fases do Processo Disciplinar ................................................................................ 29
2.4.12. Infracção Directamente Constatada ...................................................................... 30
2.4.13. Conclusão do Processo .......................................................................................... 30
2.4.14. Notificação da Decisão e sua Execução ................................................................. 31
2.4.15. Competência para Aplicação da Sanção ................................................................ 31
2.5 Conclusão ...................................................................................................................... 32
2.6 Exercícios Praticos ......................................................................................................... 33
RECURSO E REVISÃO ............................................................................................. 46
INQUÉRITO E SINDICÂNCIA ................................................................................... 46
3.1 Objectivos ...................................................................................................................... 46
3.2 Breve Contextualização ................................................................................................. 47
3.3 Recurso .......................................................................................................................... 48
3.3.1. Punição Injusta ........................................................................................................... 49
3.3.2. Suspensão da Execução da Sanção ............................................................................ 49
3.3.3. Consulta do Processo ................................................................................................. 49
3.3.4. Fundamentos da admissibilidade de Revisão e Prazo ............................................... 50
3.3.5. Reintegração .............................................................................................................. 50
3.4 Processos de Inquérito e Sindicância............................................................................. 50
3.4.1. Processo de Inquérito ................................................................................................ 51
3.4.2. O Processo de Sindicância ......................................................................................... 51
3.5 Garantias da Legalidade, Inspecção e Impugnação dos actos dos Funcionários .......... 52
3.5.1. Garantias Jurídicas da Legalidade .............................................................................. 52
3.5.2. Direito de Impugnar ................................................................................................... 52
3.5.3. Normas de Impugnação ............................................................................................. 52
3.5.4. Alteração dos Actos ................................................................................................... 53
3.5.5. Prazo da Reclamação ................................................................................................. 53
3.5.6. Impugnação Hierárquica ............................................................................................ 53
3.5.7. Formalidades do requerimento de Impugnação ....................................................... 54
3.5.8. Efeitos da impugnação ............................................................................................... 54
3.5.9. Indeferimento Tácito da Reclamação e da Impugnação ........................................... 54
3.5.10. Impugnação Judicial ............................................................................................... 55
3.5.11. Interposição de recurso ......................................................................................... 55
3.5.12. Inadmissibilidade de Recurso ................................................................................ 55
3.6 Conclusão ....................................................................................................................... 56
3.7 Exercícios Práticos.......................................................................................................... 57
3.8 Bibliografia ..................................................................................................................... 58

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INTRODUÇÃO

Contexto

O Sistema de Formação em Administração Pública (SIFAP) foi criado a 20 de Maio de


1987 através do Decreto 14/87, tendo sido reajustado através do Decreto nº 55/94, de 9
de Novembro.

É um pilar fundamental na formação em Administração Pública em Moçambique, e tem


vindo a ser uma constante desde a independência nacional através da realização de
diferentes acções de formação, nomeadamente na forma de seminários, palestras, cursos
de curta duração e cursos de nível médio em direcção e administração estatal.

A análise feita sobre a formação em administração pública levou a que se considere


indispensável conceber e implementar princípios, objectivos, programas, mecanismos e
instrumentos que assegurem a formação contínua, relevante e diversificada, capaz de
responder às necessidades comuns dos vários sectores e níveis da Administração Pública
e vinculada à progressão nas carreiras profissionais.

Assim, tornando-se necessário introduzir neste momento novos programas de formação,


desenvolver a formação de curta duração para os funcionários públicos em exercício,
adequar e potenciar a formação de nível médio e iniciar a formação superior, é ajustado o
presente Sistema de Formação em Administração Pública SIFAP, cuja finalidade é de
elevar as competências e o desempenho dos funcionários em serviço, representando,
portanto, um constante desafio para todos os servidores do Estado em particular, e da
sociedade, em geral.

O objectivo principal do SIFAP visa a promoção do desenvolvimento profissional dos


funcionários do Estado nas áreas de conhecimento que são comuns a todos os órgãos
públicos, nomeadamente, a Gestão de Recursos Humanos e a Gestão Financeira e
Orçamental.

De referir também que a experiência de gestão de recursos humanos do Estado à luz do


Decreto n.º 40/92, de 25 de Novembro, que cria o Sistema Nacional de Gestão de
Recursos Humanos do Estado, é resultante da desconcentração de competências neste

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âmbito aos Governadores Provinciais e aos Administradores Distritais, operada com a


aprovação do Decreto n º 5/2006, de 12 de Abril, e sugerem a necessidade de se
proceder à sua revisão, adequando e ajustando o sistema de gestão de recursos
humanos do Estado aos novos desafios da Função Pública.

Porquê este Manual?

O presente manual foi elaborado especificamente para o desenvolvimento do Módulo de


Sistema Nacional de Gestão de Recursos Humanos (SNGRH) – Responsabilidade
Disciplinar, que integra o Curso Modular de Formação em Administração Pública,
inserido no programa de actividades de formação e aperfeiçoamento profissional para a
área de especialização em Gestão de Recursos Humanos.

O manual está direccionado para responder às necessidades específicas dos órgãos do


Aparelho do Estado, de forma a assegurar que os servidores públicos desempenhem as
suas funções com zelo, profissionalismo, transparência, imparcialidade, responsabilidade
e sempre preocupados com o melhor servir o cidadão; contribuindo de forma efectiva no
esforço patriótico de construção do bem-estar, e da promoção do desenvolvimento
económico e social de Moçambique.

O material é escrito num contexto actual e em diferentes perspectivas e visando diferentes


grupos, daí que a principal ideia desta iniciativa foi a de combinar metodologias e explorar
abordagens emergentes para responder às necessidades específicas da função pública.

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Destinatários deste Manual

Este manual foi preparado para os funcionários e aos demais agentes do Estado que
exercem ou venham a exercer actividades na Administração Pública dentro do País e no
exterior. No entanto, outros actores envolvidos em actividades equiparadas ou
interessados em compreender como estes processos devem ser realizados, podem
igualmente consultar o presente manual.

Objectivos do Módulo Sistema Nacional de Recursos Humanos:


Responsabilidade Disciplinar

Ao terminar este módulo o formando deve ser capaz de:

Objectivos Gerais do Módulo

1. Dominar todos os procedimentos sobre Infracções e Penas;

2. Dominar todos os procedimentos sobre o Processo Disciplinar;

3. Identificar todos os passos para a constituição do processo Disciplinar;

4. Estar capacitado a elaborar um Processo Disciplinar de acordo com as suas


fases ;

5. Identificar os órgãos com competência para suspender;

6. Avaliar e interpretar os elementos que constituem matéria para a revisão do


Processo Disciplinar;

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7. Dominar os passos para Inquérito e Sindicância

Capítulos que compõem este Manual

Os capítulos que fazem parte integrante deste manual são três , nomeadamente:

Capítulo 1: Infrações e Penas ;

Capítulo 2: Processo Disciplinar;

Capítulo 3: Recurso e Revisão e Inquérito e Sindicância ;

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Infracções e Penas
1

1.1 Objectivos

No fim deste capítulo o formando deve ser capaz de:

 Distinguir uma infracção da pena disciplinar;

 Conhecer o tipo das penas e a essência de cada tipo de pena a aplicar;

 Conhecer as circunstâncias para a prescrição do procedimento das penas


disciplinares;

 Saber os factos puníveis e respectivas penas;

 Conhecer os factos acessórios das penas;

1.2 Breve Contextualização

Como funcionário, de certeza, já ouviu falar de Infracções e Penas Disciplinares e


neste capítulo terá a oportunidade de te familiarizar com estas matérias e consolidar

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através de exercícios com o seu grupo de estudo, a fim de influenciar aos colegas de
forma positiva para desencorajar a sua prática no meio profissional.
Uma infracção disciplinar é uma acção contrária àquela que habitualmente as
instituições e/ou a Administração espera poder vir a ser manifesta pelos funcionários,
tendo como base os regulamentos ou normas constantes internamente e geralmente
disseminados junto dos funcionários.
Toda e qualquer atitude e comportamentos que se espera que os funcionários venham a
manifestar por ser o que a instituição almeja, costuma ser escrito através de
regulamentos, acordos colectivos de trabalho, e ou outros documentos formais e então
quando algum funcionário vier a violar, a esse acto designa-se por infracção disciplinar,
enquanto que a pena disciplinar é a medida tomada pela Administração que recai ao
funcionário que cometeu a infracção, como forma de desencorajar a sua prática e
assegurar que os outros funcionários não irão cometer os erros idênticos.

1.3 Princípios Gerais

1. O artigo nº 78 do Estatuto Geral dos Funcionários e Agentes do Estado (EGFAE),


refere que ao funcionário ou agente do Estado que não cumpre ou que falte aos seus
deveres, abuse das suas funções ou de qualquer forma prejudique a Administração
Pública está sujeito a procedimento disciplinar, ou aplicação das sanções disciplinares,
sem prejuízo de procedimento criminal ou cível.
2. A principal finalidade da sanção é, além da repressão e contenção da infracção
disciplinar, a educação do funcionário ou agente do Estado para uma adesão
voluntária à disciplina e para o aumento da responsabilidade no desempenho das suas
funções.
3. A falta de cumprimento dos deveres por acção ou omissão dolosa ou culposa, é
punível ainda que não tenha resultado prejuízo ao serviço.

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1.4 Exclusão de Responsabilidade Disciplinar

1. De acordo com o artigo nº 79 do Estatuto Geral dos Funcionários e Agentes do Estado


(EGFAE), é excluída a responsabilidade disciplinar ao funcionário ou agente do Estado
que actue em cumprimento de ordens ou instruções ilegais emanadas de legítimo
superior hierárquico e em matéria de serviço, se previamente delas tiver reclamado ou
tiver exigido a sua transmissão ou confirmação por escrito.
2. Em caso nenhum há dever de obediência quando o cumprimento de ordem ou
instrução constitua a prática de crime.

1.5 Prescrição do Procedimento Disciplinar

O direito de instaurar o processo disciplinar prescreve passados 3 anos sobre a data em


que a infracção tiver sido cometida, conforme reza o artigo nº 80 do Estatuto Geral dos
Funcionários e Agentes do Estado (EGFAE).
Suspende o prazo de prescrição a instauração do processo de inquérito, de sindicância ou
de averiguação, mesmo que não tenha sido instaurado o procedimento disciplinar contra o
funcionário ou agente do Estado a quem a prescrição aproveita, caso se venha a apurar
infracção de que seja autor.

1.6 Tipos de Sanções Disciplinares

1. As sanções disciplinares aplicáveis aos funcionários e agentes do Estado são as


seguintes de acordo com o artigo nº 81 do Estatuto Geral dos Funcionários e Agentes
do Estado (EGFAE):
a) Advertência;
b) Repreensão Pública;
c) Multa;
d) Despromoção;
e) Demissão;

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f) Expulsão;
2. Não é lícito aplicar quaisquer outras sanções disciplinares que não sejam as previstas
no número anterior.

1.7 Conteúdo das Sanções Disciplinares

1. As sanções disciplinares consistem no seguinte, conforme reza o artigo nº 82 do


Estatuto Geral dos Funcionários e Agentes do Estado (EGFAE):
a) Advertência -crítica formalmente feita ao infractor pelo respectivo superior
hierárquico;
b) Repreensão Pública – crítica feita ao infractor pelo respectivo superior hierárquico,
na presença dos funcionários do serviço onde o infractor esteja afectado;
c) Multa – desconto de uma importância correspondente ao vencimento do
funcionário pelo mínimo de cinco e máximo de noventa dias, graduada conforme a
gravidade da infracção, que reverte para os cofres do Estado. O desconto em cada
mês é efectuado nos vencimentos do funcionário infractor, não podendo em cada
mês exceder um terço do seu vencimento;
d) Despromoção- Descida para a classe inferior no primeiro escalão da faixa salarial
pelo período de seis meses a dois anos;
e) Demissão- afastamento do infractor do aparelho do Estado, podendo ser
readmitido decorridos quatro anos sobre a data do despacho punitivo, desde que,
cumulativamente, se prove que através do seu comportamento se encontra
reabilitado, a reintegração seja do interesse do Estado, haja vaga no quadro de
pessoal e cabimento orçamental;
f) Expulsão- afastamento definitivo do infractor do aparelho do Estado, com perda de
todos os direitos adquiridos no exercício das suas funções.
2. Se a punição na alínea d) recair em funcionário de categoria insusceptível de
despromoção, a pena é graduada para a sanção imediatamente superior ou inferior,
consoante as circunstâncias agravantes ou atenuantes fixadas no respectivo processo
disciplinar.

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3. O funcionário demitido pode requerer a aposentação desde que tenha, pelo menos, 15
anos de serviço no Estado;

1.8 Infracções Puníveis e as respectivas Sanções

1.8.1. Advertência

O artigo nº 83 do Estatuto Geral dos Funcionários e Agentes do Estado (EGFAE), diz que
a sanção de advertência recairá em faltas que não tragam prejuízo ou descrédito para os
serviços ou para terceiros.

1.8.2. Repreensão Pública

1. De acordo com o artigo nº 84 do Estatuto Geral dos Funcionários e Agentes do Estado


(EGFAE), a sanção de repreensão pública é em geral aplicada às infracções que
revelam falta de interesse pelo serviço.
2. É designadamente aplicável ao funcionário que :
a) não cumpra exacta, pronta e lealmente as ordens e instruções legais dos seus
superiores hierárquicos, relativas aos serviços, desde que não resulte em
descrédito ou prejuízo para os serviços ou terceiros;
b) durante o mês, se ausente ou falte ao serviço até vinte e quatro horas de trabalho
sem justa causa;
c) não acate as regras das instituições vigentes, ou não manifeste a deferência
devida aos seus símbolos e autoridades representativas;
d) sem motivo justificado não participe nos actos e solenidades oficiais para que
tenha sido convocado;
e) assuma um comportamento indisciplinado nas relações de trabalho, se sanção
mais grave não couber ;
f) deixe de prestar contas do seu trabalho ou não o analise criticamente
desenvolvendo crítica e autocrítica;
g) assuma um comportamento incorrecto na sua qualidade de cidadão;
h) falte ao dever de manter relações harmoniosas de trabalho e não crie um
ambiente de estima e respeito mútuo.

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1.8.3. Multa

1. A sanção de multa é aplicável ao funcionário no caso de negligência ou falta de zelo


no cumprimento dos deveres, de acordo com o artigo nº 85 do Estatuto Geral dos
Funcionários e Agentes do Estado (EGFAE).
2. É designadamente aplicável ao funcionário que :
a) não zele pela conservação e manutenção dos bens do Estado que lhe estão
confiados;
b) exerça outra função ou actividade remunerada sem prévia autorização;
c) esbanje ou permita esbanjamento, não usando racionalmente e com austeridade os
meios humanos, materiais e financeiros disponíveis;
d) retarde ou omita injustificadamente a resolução de um assunto ou a prática de um
acto em razão da sua função, ou ainda se recuse a fazê-lo;
e) guarde ou conserve de forma inconveniente livros, documentos e outro material a
seu cargo, violando instruções ou ordens superiores ou que não lhes deêm o
devido destino;
f) falte ao serviço sem justificação até cinco dias seguidos ou oito interpolados num
ano civil;
g) não use com correcção o uniforme prescrito na lei ;
h) não se apresente ao serviço limpo, asseado e aprumado.

1.8.4. Despromoção

1. O artigo nº 86 do Estatuto Geral dos Funcionários e Agentes do Estado (EGFAE),


refere que a sanção de despromoção é aplicável ao funcionário que revele
incompetência profissional culposa de que resultem prejuízos para o Estado ou para
terceiros e nos casos de violação dos deveres profissionais fundamentais e
negligência grave.
2. Considera-se incompetência profissional culposa, o exercício de forma não eficiente
das funções, com prejuízo ou criação de obstáculos ao processo e rítmo de trabalho, à
eficiência e relações de trabalho.
3. É designadamente aplicável ao funcionário que :

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a) não respeite os superiores hierárquicos tanto no serviço como fora dele;


b) tolere manifestações de tribalismo, regionalismo ou racismo;
c) não se apresente com pontualidade, correcção, aprumo nos locais onde deva
comparecer por motivo de serviço;
d) se apresente em estado de embriaguês e/ou sob efeitos de substâncias
psicotrópicas no local de trabalho, se pena mais grave não couber;
e) assedie material ou sexualmente os seus colegas no local de trabalho;
f) deixe de informar os dirigentes da prática ou tentativa de prática de qualquer acto
contrário à Constituição da República ou princípios definidos pelo Estado de que
tenha conhecimento;
g) falte sem justificação ao serviço até quinze dias seguidos ou trinta dias interpolados
durante o ano civil;
h) se sirva das suas funções ou invoque o nome do órgão, estrutura, dirigente ou
superior hierárquico, para obter vantagens, exercer pressão ou vingança;
i) não aceite exercer funções em qualquer lugar para onde seja designado;
j) pratique nepotismo favoritismo, patrimonialismo e clientelismo na admissão,
promoção ou movimentação de pessoal;
k) pratique actos administrativos que privilegiem interesses estranhos ao Estado em
detrimento da eficácia dos serviços;
l) não atende o cidadão com civismo e respeito.

1.8.5. Demissão

1. A sanção de demissão é aplicável nos seguintes casos, de acordo com o artigo nº 87


do Estatuto Geral dos Funcionários e Agentes do Estado (EGFAE) :

a) Procedimentos atentatórios ao prestígio e dignidade da função;


b) Quando mostre Incompetência profissional grave, designadamente ignorância
indesculpável, inaptidão, erro indesculpável, bem como reiterado incumprimento de
leis, regulamentos, despachos e instruções superiores.

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2. É designadamente aplicável ao funcionário que :


a) Que reiteradamente não cumpra exacta, pronta e lealmente as ordens e instruções
dos seus superiores hierárquicos relativas aos serviços;
b) divulgue ou permita a divulgação de informação classificada que conheça em razão
do serviço;
c) abandone injustificadamente o local ou sector de trabalho recusando enfrentar
riscos ou dificuldades resultantes do próprio trabalho ou local;
d) negligencie a missão que lhe tiver sido confiada em país estrangeiro ou não
regresse logo após o cumprimento da missão;
e) falte ao serviço sem justificação até trinta dias seguidos ou quarenta e cinco
interpolados, durante o mesmo ano civil.

1.8.6. Expulsão

O artigo nº 88 do Estatuto Geral dos Funcionários e Agentes do Estado (EGFAE), refere


que a sanção de expulsão é aplicável ao funcionário que :
a) atente contra a unidade nacional;
b) atente contra o prestígio ou dignidade do Estado;
c) agrida, injurie ou desrespeite gravemente qualquer cidadão ou funcionário no local
de serviço ou fora dele por assunto relacionado com o serviço;
d) incite os funcionários à indisciplina, à desobediência às leis e ordens legais
superiores ou provoque o não cumprimento dos deveres inerentes à função
pública;
e) viole o segredo profissional ou confidencialidade de que resultem prejuízos
materiais ou morais para o Estado ou para terceiros;
f) falte ao serviço, sem justificação até quarenta e cinco dias seguidos ou sessenta
dias interpolados, durante o mesmo ano civil;
g) fôr condenado a pena de prisão maior ou de prisão pela prática de crimes
desonrosos e outros que manifestem incompatibilidades com a permanência no
aparelho do Estado;
h) pratique ou tente praticar desvio de fundos ou bens do Estado;

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i) se sirva das funções para solicitar ou receber dinheiro ou promessa de dinheiro ou


qualquer vantagem patrimonial, que não lhe seja devido para praticar ou não
praticar um acto que implique violação dos deveres a seu cargo.

1.9 Graduação das Medidas Disciplinares

1. Para efeitos de graduação das medidas disciplinares deve-se ponderar a gravidade da


infracção praticada, a importância do prejuízo causado e, em especial, as
circunstâncias em que a infracção foi cometida, o grau de culpabilidade e a conduta
profissional do funcionário ou agente do Estado, segundo artigo nº 89 do Estatuto
Geral dos Funcionários e Agentes do Estado (EGFAE).
2. A infracção considera-se particularmente grave sempre que a sua prática seja
reiterada, intencional e provoque prejuízo ao Estado ou à economia nacional ou, por
qualquer forma, ponha em risco a subsistência da relação do trabalho com o Estado.

1.10 Circunstâncias Atenuantes

1. São circunstâncias atenuantes, de acordo com o artigo nº 90 do Estatuto Geral dos


Funcionários e Agentes do Estado (EGFAE), as seguintes:

a) a confissão espontânea da infracção;


b) a reparação espontânea dos prejuízos causados;
c) o comportamento exemplar anterior à infracção;
d) a falta de intenção dolosa;
e) a prestação de serviços relevantes ao Estado;
f) a ausência de publicidade da infracção;
g) os diminutos efeitos que a falta tenha produzido;
h) todas aquelas que revelarem diminuição de responsabilidade.

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2. Sempre que num processo disciplinar seja fixada qualquer das atenuantes atrás
enumeradas, pode ser aplicada ao infractor a pena mais baixa desse escalão ou a
pena mais grave do escalão imediatamente inferior.

1.11 Agravantes

1. O artigo nº 91 do Estatuto Geral dos Funcionários e Agentes do Estado (EGFAE), diz


que são circunstâncias agravantes :

a) a acumulação de infracções;
b) a reincidência;
c) a premeditação;
d) os efeitos da infracção;

2. Sempre que num processo disciplinar seja fixada qualquer das agravantes referidas no
número anterior, é aplicada ao infractor a pena mais grave desse escalão ou a pena
mais baixa do escalão imediatamente superior.

1.12 Agravante Especial

A categoria, carreira ou função do infractor, de acordo com o seu nível hierárquico, pode
constituir circunstância agravante especial do dever de não cometer a infracção ou de
obstar a que ela fosse cometida, conforme reza o artigo nº 92 do Estatuto Geral dos
Funcionários e Agentes do Estado (EGFAE).

1.13 Danos

Se da infracção disciplinar advier danos materiais ou prejuízos mensuráveis de bens do


Estado, em consequência de dolo, imprudência, falta de destreza ou negligência do
funcionário ou agente do Estado, deve ser participado, no que respeita aos danos ou
prejuízos, ao Ministério Público para efeitos de instauração do competente procedimento

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civil ou criminal, conforme ao caso couber, conforme reza o artigo nº 93 do Estatuto Geral
dos Funcionários e Agentes do Estado (EGFAE).

1.14 Definição de Acumulação, Reincidência e Premeditação

1. O artigo nº 94 do Estatuto Geral dos Funcionários e Agentes do Estado (EGFAE),


advoga que a acumulação dá-se quando duas ou mais infracções são cometidas na
mesma ocasião ou quando uma é cometida antes de ter sido punida a anterior.
2. A reincidência dá-se quando a infracção for cometida antes do fim do cumprimento da
pena anterior, desde que se trate de infracção a que seja abstractamente aplicável a
mesma pena.
3. A premeditação consiste no desígnio formado pelo menos vinte e quatro horas antes
da prática da infracção.

1.15 Efeitos Acessórios das Penas

A aplicação das sanções referidas nos pontos anteriores, de acordo com o artigo nº 95 do
Estatuto Geral dos Funcionários e Agentes do Estado (EGFAE), tem os seguintes efeitos:

a) Perda do direito à licença anual quando as sanções aplicadas forem as


mencionadas nas alíneas c) e d) do artigo 81, mantendo no entanto sempre o
direito de sete dias de licença;

b) A pena de multa implica, para todos os efeitos legais, a perda de antiguidade


correspondente ao dobro do número de dias da pena aplicada.

c) A pena de despromoção implica :

I. A perda do tempo de serviço correspondente à pena para efeitos de admissão


a concurso de promoção.

II. A proibição de ser promovido ou admitido a concurso durante o período de


cumprimento da respectiva pena;

III. A pena de demissão implica:

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a O desconto de um ano na antiguidade para a fixação da pensão de


aposentação;

b Na readmissão, o tempo de inactividade não será contado para nenhum


efeito, iniciando-se nessa data a contagem do tempo exigido para efeitos de
licença anual e admissão a concurso.

1.16 Execução das Sanções

1. O artigo nº 96 do Estatuto Geral dos Funcionários e Agentes do Estado (EGFAE),


refere que a sanção torna-se definitiva depois de ter decorrido o prazo de recurso
legalmente estabelecido, com observância do disposto no artigo 114.
2. No caso das penas de demissão e expulsão, o arguido manter-se-á afastado do
exercício do cargo sem vencimentos, a partir do dia imediato aquele em que tomar
conhecimento do despacho punitivo até que a pena se torne definitiva ou até
decisão final, se tiver interposto recurso.
3. O provimento ao recurso no caso referido no número anterior implica a retomada
imediata das funções e o abono dos vencimentos retroactivamente a partir da data
do afastamento.

1.17 Registo das Sanções, Competência e Fundamentos para Cancelamento


de Registo

1. Exceptuando a advertência, todas as sanções devem constar do registo biográfico


do funcionário, de acordo com o artigo nº 97 do Estatuto Geral dos Funcionários e
Agentes do Estado (EGFAE).
2. O registo da sanção cumprida pode ser cancelado do registo biográfico com
excepção das penas de demissão e expulsão.
3. O cancelamento da sanção é decidido pelo dirigente com competência para
nomear, sob proposta do dirigente do colectivo de trabalho do funcionário punido,

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fundamentada na efectiva regeneração, dedicação ao trabalho e comportamento


correcto durante dois anos.
4. O cancelamento limpa o registo biográfico do funcionário da menção da infracção e
da respectiva sanção.

1.18 Sanção Única

2 A nenhum arguido será aplicada mais de uma sanção pela mesma infracção
disciplinar.

3 Sempre que haja vários processos disciplinares a correr contra o mesmo funcionário,
são todos, depois de instruídos, apensos ao mais antigo, para apreciação e decisão.

1.19. Conclusão

Até ao momento, tentou -se fazer um enquadramento geral e especifico das Infracções e
Penas disciplinares.

O propósito era dar-lhe alguns elementos julgados pertinentes para o tratamento eficaz
da questão da Responsabilidade Disciplinar, tendo em conta que quando mal gerida pode
comprometer sobremaneira as relações sócio - profissionais no ambiente profissional

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entre o Empregador/Estado e o funcionário ou agente do Estado, minando a eficiência e


eficácia nos serviços prestados ao público.

Portanto, conclui-se que uma infracção disciplinar é uma acção contrária àquela que
habitualmente as instituições e/ou a Administração espera poder vir a ser manifesta pelos
funcionários ou agente do Estado, tendo como base os regulamentos ou normas
constantes internamente e geralmente disseminados junto dos funcionários.
Toda e qualquer atitude e comportamentos que se espera que os funcionários venham a
manifestar por ser o que a instituição almeja, costuma ser escrito através de
regulamentos, acordos colectivos de trabalho.
Falou-se também da exclusão da responsabilidade disciplinar, no caso do funcionário que
actue em cumprimento de ordens ou instruções ilegais vindas do seu legítimo superior.
Para além disso, também existe a prescrição do procedimento disciplinar passados três
anos sobre a data em que a infracção tiver sido cometida.
As sanções disciplinares previstas seguindo a lei são: advertência; repreensão pública;
multa; despromoção, demissão e expulsão.
Para a aplicação de qualquer medida disciplinar atrás arroladas deve-se ponderar a
gravidade da infração praticada, a importância do prejuízo causado e, em especial, as
circunstâncias em que a infracção foi cometida, o grau de culpabilidade e a conduta do
funcionário, e referir também que existem circunstâncias atenuantes e agravantes, assim
como a agravante especial.
Nas infracções disciplinares em geral estão subjacentes os danos. E a cada sanção tem o
seu efeito acessório.
Por outro lado, referir que as sanções têm o seu período de execução depois de decorrido
o prazo legalmente estabelecido.
Exceptuando-se a advertência todas as sanções devem constar do registo biográfico do
funcionário.
E para terminar, dizer que a nenhum arguido é aplicada mais de uma sanção pela mesma
infracção disciplinar.

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1.20. Exercícios Práticos

1. Qual é a principal finalidade de uma sanção disciplinar?

2. Distinga Infracção da Pena disciplinar.

3. Diga quais são as penas disciplinares que você conhece e caracterize cada uma
delas.

4. De quem é a responsabilidade de fazer uma participação?

5. Diga qual é o prazo para a prescrição do procedimento disciplinar.

6. Atente a seguinte afirmação: “Ao agente que, inadvertidamente e sem o querer,


divulgou factos confidenciais, ou aquele que, por falta de cuidado, deu informação
errada a um superior hierárquico (porventura convicto da correcção da informação
dada), ou ainda daquele que, por imprudência ou descuido, deixou esgotar o prazo
para passar uma certidão, ou ainda, aquele agente do Estado que exigiu dinheiro
ou bens ao cidadão para que este obtivesse uma simples certidão de nascimento
do seu bebé”. Neste caso julga haver matéria para a existência de uma infracção
disciplinar ou não? Comente a afirmação.

7. O senhor João presta serviço, como contabilista na Direcção Nacional de


Contabilidade Pública. Nesta unidade um novo superior hierárquico foi nomeado e
afecto no sector de contabilidade onde o João encontra-se a laborar. O João
recebeu ordens do novo superior hierárquico em como devia fazer uma requisição
de fundos no valor de 15 mil mts, com o propósito de o entregar, para fazer face às

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despesas pessoais uma vez que ele ainda não recebera o seu salário por falta de
homologação da sua nomeação pelo Tribunal Administrativo.

 Diga a que grupo de infracções disciplinar se enquadra a presente situação. Com


base nos conhecimentos adquiridos neste capítulo diga a quem irá recair a
culpa? Argumente pormenorizadamente a sua resposta.

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C
CAAP
PIIT
TUUL
LOO

Processo Disciplinar
2

2.1 Objectivos

No fim deste capítulo o formando deve ser capaz de:

 Identificar os sinais da existência de um processo disciplinar;

 Dominar todas as fases para elaborar um processo disciplinar;

 Identificar de quem é a competência para suspender o infractor;

 Verificar de que é a responsabilidade para a aplicação de penas dentro do


sector de trabalho.

 Ser capaz de redigir um relatório de encerramento.

2.2 Breve Contextualização

Como funcionário, de certeza, já ouviu falar de processo disciplinar, resta é saber o que
disso entende. Tudo menos ameaças.

O processo disciplinar é o instrumento destinado a apurar responsabilidade do funcionário


por infracção praticada no exercício de suas atribuições, ou que tenha relação com as
atribuições do cargo em que se encontre investido.

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As denúncias sobre irregularidades serão objecto de apuramento, desde que contenham a


identificação e o endereço do denunciante e sejam formuladas por escrito, confirmada a
autenticidade. Caso o facto narrado não configurar evidente infracção disciplinar ou ilícito
penal, a denúncia será arquivada, por falta de objecto.

Em condições normais não poderá participar da Comissão Disciplinar: cônjuge,


companheiro ou parente do acusado, consanguíneo ou afim, em linha recta ou colateral,
até o terceiro grau (pais, avós, filhos, netos, tios, sobrinhos, sogros e cunhados).

O Processo Disciplinar, é um instrumento imprescindível para a recolha e apreciação


dos meios da prova necessária para fundamentar a causa da aplicação de uma medida
disciplinar.

O processo disciplinar tem normalmente origem na comunicação da ocorrência da


infracção disciplinar à entidade competente para instaurar o processo e/ou para punir.

Essa comunicação designa-se por participação a qual pode ser escrita ou oral, devendo
essa última ser reduzida a escrito, designando-se o documento que a produz por auto de
participação. A participação deve ser feita de boa fé, devendo o participante fundamentar
os factos que atribui ao infractor.

As falsas declarações são punidas nos termos da lei.

2.3 Procedimentos

A autoridade que tiver conhecimento da irregularidade no serviço público é obrigado a


promover o seu apuramento imediato, mediante processo disciplinar, assegurada ao
acusado ampla defesa.

2.4 PROCESSO DISCIPLINAR

2.4.1. Obrigatoriedade de Processo Escrito

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1. A aplicação de sanção disciplinar a um funcionário ou agente do Estado é apurada em


processo disciplinar escrito, segundo o artigo nº 99 do Estatuto Geral dos Funcionários
e Agentes do Estado (EGFAE).
2. As sanções de advertência e repreensão pública podem não depender de processo,
devendo, no entanto, promover-se a audiência e defesa do arguido.
3. A requerimento oral ou escrito é lavrado auto de diligências referidas no número
anterior na presença de, pelo menos, uma testemunha indicada pelo arguido.
4. Desejando apresentar a sua defesa por escrito, nos termos referidos nos nºs. 2 e 3
precedentes, o arguido tem o prazo máximo de quarenta e oito horas.

2.4.2. Início do Processo Disciplinar

1. O artigo nº 100 do Estatuto Geral dos Funcionários e Agentes do Estado (EGFAE)


refere que o processo inicia-se por ordem do dirigente e em resultado da participação
ou conhecimento directo da infracção.
2. As participações ou queixas verbais são reduzidas a auto escrito pelo funcionário que
as receber.
3. Sempre que a participação ou queixa apresentada se mostrar com fundamento para
procedimento disciplinar, o dirigente deve designar um funcionário de igual ou maior
graduação do que a do arguido, o qual passa a ser instrutor do processo, podendo
nomear escrivão.
4. Sempre que necessário para apuramento da verdade o instrutor pode requisitar a
quaisquer serviços públicos, autoridades administrativas e políticas, informações e
elementos de prova material.

2.4.3. Registo do Processo

O número do processo deve ser obrigatoriamente posto na capa do respectivo processo e


registado em livro próprio, do qual consta igualmente a identificação e a categoria do

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arguido, a infracção indicada e posteriormente a decisão final do dirigente, conforme o


artigo nº 101 do Estatuto Geral dos Funcionários e Agentes do Estado (EGFAE).

2.4.4. Forma do Processo

1. O processo disciplinar é sempre sumário e deve ser conduzido de modo a levar ao


rápido apuramento da verdade material, empregando-se todos os meios necessários
para a sua pronta conclusão, de acordo com o artigo nº 102 do Estatuto Geral dos
Funcionários e Agentes do Estado (EGFAE).
2. O processo disciplinar é independente do procedimento criminal ou civil para efeitos de
aplicação de penas disciplinares.
3. Sempre que os actos contrários à disciplina praticados pelo funcionário ou agente do
Estado acusado constituem crimes ou causem prejuízo para o Estado ou a terceiros,
devem ser tiradas cópias do processo e remetidas às autoridades competentes para o
início de procedimento criminal ou civil.

2.4.5. Suspensão do Arguido

1. O artigo nº 103 do Estatuto Geral dos Funcionários e Agentes do Estado (EGFAE), diz
que nas infracções a que fôr aplicável a sanção de demissão ou expulsão e desde que
haja fortes indícios de culpabilidade, o arguido pode ser preventivamente suspenso do
serviço e dos vencimentos, pelo período máximo de sessenta dias, prorrogável a título
excepcional.
2. Não havendo lugar à aplicação da penas de demissão ou expulsão, o arguido recebe
os vencimentos de que tiver sido privado nos termos do número anterior.

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2.4.6. Competências para Suspender

De acordo com o artigo nº 104 do Estatuto Geral dos Funcionários e Agentes do Estado
(EGFAE), são competentes para suspender:

a) As Entidades nomeadas pelo Presidente da Republica;

b) Os Secretários- Gerais;

c) Os Secretários Permanentes dos Ministérios;

d) Os Directores Nacionais;

e) Os Secretários Permanentes Provinciais;

f) Os Directores Provinciais;

g) Os Administradores de Distrito;

h) Os Secretários Permanentes Distritais;

i) Os Chefes do Posto Administrativo;

2.4.7. Instrução do Processo

1. A instrução do processo disciplinar inicia com a notificação do despacho que designa o


instrutor e termina dentro do prazo de quinze dias, de acordo com o artigo nº 105 do
Estatuto Geral dos Funcionários e Agentes do Estado (EGFAE).
2. Este prazo, pode em casos devidamente justificados, ser prorrogado por mais cinco
dias.
3. Quando a complexidade da instrução determine a realização de peritagens,
deslocações prolongadas ou por exigência de comunicações, o prazo estabelecido
anteriormente pode ser prorrogado pelo dirigente.

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2.4.8. Defesa do Arguido

1. De acordo com o artigo nº 106 do Estatuto Geral dos Funcionários e Agentes do


Estado (EGFAE), o arguido tem o prazo de cinco dias, a contar da data da entrega da
nota de acusação, para apresentar, querendo, a sua defesa por forma escrita ou oral,
devendo esta última ser reduzida a auto escrito que é lido na presença de duas
testemunhas e assinado por todos os intervenientes. O prazo acima referido pode ser
prorrogado por oito dias a requerimento do arguido.
2. Da nota de acusação deve constar, obrigatoriamente e de forma clara, a infracção
ou infracções de que o arguido é acusado, a data e o local em que foram praticadas
e outras circunstâncias pertinentes, bem como as circunstâncias atenuantes e
agravantes, se as houver, e ainda a referência aos preceitos legais infringidos e às
sanções aplicáveis.
3. Durante o prazo referido no número 1, o processo será facultado ao arguido, que o
poderá consultar durante as horas de expediente na presença do instrutor ou do
escrivão.

2.4.9. Independência do Processo Disciplinar

A instauração, o curso e o desfecho do processo disciplinar é independente de outros


processos, criminal ou civil que eventualmente ao caso couber, conforme o artigo nº 107
do Estatuto Geral dos Funcionários e Agentes do Estado (EGFAE).

2.4.10. Nulidade Insuprível

1. O artigo nº 108 do Estatuto Geral dos Funcionários e Agentes do Estado (EGFAE), diz
que constitui a única nulidade insuprível em processo disciplinar a impossibilidade de
defesa do arguido por não lhe ter sido dado conhecimento da nota de acusação e do
prazo de que dispõe para exercer o seu direito de defesa.

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2. Exceptuam-se do disposto no número anterior, não dando lugar a nulidade insuprível,


os casos em que:
a) Tendo sido entregue ao arguido a nota de acusação, este não exerça o seu direito
de defesa, no prazo legal estabelecido para o efeito;
b) Seja certificada testemunhalmente comprovada a impossibilidade de localização
para efeitos de entrega da nota de acusação, nos termos do artigo 106 do EGFAE.
c) Seja certificada e comprovada e testemunhalmente comprovada a recusa, por parte
do arguido, de receber a nota de acusação, nos termos do artigo 106 do EGFAE.
3. Nos casos de abandono de lugar, o arguido só é ouvido se conhecido o seu paradeiro.

2.4.11. Fases do Processo Disciplinar

1. De acordo com o artigo nº 109 do Estatuto Geral dos Funcionários e Agentes do


Estado (EGFAE), o processo disciplinar compreende necessariamente as seguintes
fases :

a) Auto de declaração do participante ou queixoso, ou outro documento


equiparado a participação.

b) Audiência do presumível infractor;

c) Nota de acusação de que se entrega cópia ao arguido e de que se cobra


recibo, da qual conste que o arguido tem o prazo máximo de cinco dias para
apresentar, querendo, a sua defesa escrita ou oral.

d) Defesa do arguido;

e) Junção do registo biográfico;

f) Relatório final do instrutor, com proposta fundamentada da decisão a tomar;

g) Despacho de punição ou absolvição, lavrado pelo dirigente competente;

h) Notificação do despacho punitivo ou absolutório ao arguido;

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2. De acordo com a natureza e complexidade do processo, outros podem pode tornar-se


necessários:

a) Auto de declarações de testemunhas eventualmente indicadas pelo


participante ou pelo arguido;

b) Efectivação de diligências referidas pelo arguido ou que o instrutor julgue


convenientes;

c) Auto de acareação;

d) Peritagem;

2.4.12. Infracção Directamente Constatada

1. O superior hierárquico que presenciar directamente a infracção cometida por


subordinado seu, de acordo com o artigo nº 110 do Estatuto Geral dos Funcionários
e Agentes do Estado (EGFAE), toma de imediato as providências aconselháveis e
articula, dentro de vinte e quatro horas, nota de acusação de que entrega cópia ao
arguido, o qual tem de responder, querendo, dentro do prazo máximo de quarenta e
oito horas.
2. Se o arguido apresentar rol de testemunhas ou requerer alguma diligência é
nomeado um instrutor do processo.

2.4.13. Conclusão do Processo

1. Concluída a instrução, o instrutor faz imediatamente o relatório final, completo e


conciso, donde conste a existência concreta da infracção, sua qualificação e
gravidade, bem como a sanção aplicável devendo, no caso de concluir ser infundada
a sanção, propor o arquivamento do processo e providenciar o procedimento
criminal contra o participante em caso de litigância de má-fé, conforme reza o artigo
nº 111 do Estatuto Geral dos Funcionários e Agentes do Estado (EGFAE).
2. O dirigente que mandou instaurar o processo decide no prazo de quinze dias.

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3. A decisão é fundamentada e toma sempre em conta as agravantes e atenuantes


fixadas.
4. Se a sanção aplicável não estiver dentro da sua competência, remete seguidamente
o respectivo processo ao dirigente competente, pela via hierárquica.

2.4.14. Notificação da Decisão e sua Execução

1. A decisão final é, por norma, notificada ao arguido nos próprios autos, devendo
aquele declarar por escrito que tomou conhecimento, dando e assinando, após o
que, decorrido o prazo legal de recurso sem que este esteja interposto, a decisão é
executada, conforme reza o artigo nº 112 do Estatuto Geral dos Funcionários e
Agentes do Estado (EGFAE).
2. Na inviabilidade do preceituado no número anterior, a decisão é notificada ao
arguido através do seu local de trabalho, mediante remessa de certidão do
despacho punitivo.

2.4.15. Competência para Aplicação da Sanção

1. De acordo com o artigo nº 113 do Estatuto Geral dos Funcionários e Agentes do


Estado (EGFAE), todos os dirigentes são competentes para aplicar as penas de
advertência e repreensão pública aos funcionários que lhes estão subordinados.
2. São competentes para aplicar a pena de multa aos funcionários de que lhes estão
subordinados:
a) À nível central, os Chefes de Departamento;
b) À nível local, os Secretários Permanentes Provinciais, Directores Provinciais,
Administradores Distritais, Presidentes dos Conselhos Municipais,
Secretários Permanentes Distritais e Chefes do Posto Administrativo.

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3. São competentes para aplicação das penas de despromoção ao funcionário que


lhes estão subordinados:
a) À nível central, Directores Nacionais;
b) À nível local, Governadores Provinciais e Administradores Distritais;
4. As penas de demissão e expulsão só podem ser aplicadas pelos dirigentes que têm
competência para nomear, sem prejuízo destes serem competentes para aplicar
todas as restantes penas disciplinares.

2.5 CONCLUSÃO

Chegou-se ao fim do deste Capítulo e como deve ter se apercebido, o tema é muito
complexo e delicado, pois trata-se mais uma vez da sensibilidade humana, pelo que o seu
papel impulsionador para agir e influenciar na redução do número de erros que podem
advir da falta de atenção é bastante enorme, pelo que caro formando deve dominar muito
bem os passos que culminam com a instauração do processo disciplinar.

Para elucidar sobre o tema pode se dizer que o processo disciplinar tem normalmente
origem na comunicação da ocorrência da infracção disciplinar à entidade competente para
instaurar o processo e/ou para punir.

Essa comunicação designa-se por participação a qual pode ser escrita ou oral, devendo
essa última ser reduzida a escrito, designando-se o documento que a produz por auto de
participação. A participação deve ser feita de boa fé, devendo o participante fundamentar

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os factos que atribui ao infractor, sob pena de o superior deste entrar com uma acusação
por litigância de má fé. As falsas declarações são punidas nos termos da lei. O processo
disciplinar tem a obrigatoriedade de ser por escrito e bem fundamentado. E este é
independente do procedimento criminal ou civil. Existem também órgãos competentes
para suspender dada a sua sensibilidade.

Há também a chamada fase da defesa do arguido em que ao infractor é lhe dado prazo
para a sua defesa. As fases do processo disciplinar são bem delineadas pela sua
delicadeza e há a infracção directamente constatada, quando o superior tenha
presenciado o facto. Depois segue-se a conclusão do processo donde deve ser bem
redigido e passo a passo para se tirar as ilações e o devido encerramento logo que se
notificar a decisão ao arguido e sua execução.

Por outro lado, existem órgãos competentes para a aplicação das penas de acordo com a
sua complexidade.

2.6 EXERCÍCIOS PRATICOS

Individualmente ou em grupos responda as seguintes questões:

1. Como caracteriza o processo disciplinar, como instrumento de gestão?

2. Segundo a experiência vivida na sua instituição, acha correctas as formas que se


têm seguido para executar os procedimentos disciplinares? Justifique.

3. Que medidas devem os gestores tomar para prevenir a incidência de casos


disciplinares nas instituições?

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4. De acordo com os conhecimentos adquiridos neste capítulo quais são os órgãos


com competência para suspender preventivamente o funcionário em caso da
infracção disciplinar?

5. Diga também quais são os órgãos com competência para aplicação da sanção.

6. Imagine-se Técnico de Contabilidade no Departamento das Finanças do Ministério


da Função Pública e no mesmo Sector o João Massango, seu colega de trabalho é
suspeito de ter desviado um montante de 30 mil meticais, que ao lhe ser entregue o
cheque a fim de o levantar para a entrega dos técnicos a título de ajudas de custo
disse ter sido roubado quando em regresso do banco para o serviço.

 Assim, o Director do Departamento das Finanças não conformado e por a


conduta do funcionário não ter sido correcta e querendo apurar a veracidade
dos factos decidiu instaurar um processo disciplinar no qual você é nomeado
Instrutor e escrivão em simultâneo .

a) Redija o conteúdo do processo disciplinar com todas as suas fases tendo


em conta que o arguido arrolou duas testemunhas em sua defesa para
além de vir a recorrer com a sanção disciplinar a ele recaída, que a alínea
f), do artigo 81, do EGFAE.

7. Atente-se ao caso em anexo, onde apresenta-se-lhe o modelo de um processo


disciplinar, incluindo todas as suas fases que o permitirão a consolidação e a
aplicação para a instauração de futuros processos disciplinares.

 O modelo que se apresenta é de um processo de complexidade média, onde


não há testemunhas por parte da arguida (por se tratar de falta directamente
constatada e confirmada pela arguida) e nem recurso (verá este elemento
importante no capítulo a seguir para completar os seus conhecimentos), mas na
prática existem processos complexos onde constam estes elementos atrás
referidos, pelo que caro formando deverá praticar muitos exercícios e com a
ajuda dos modelos constantes do Manual do Processo Disciplinar, poderá
compreender melhor a sua complexidade e a atenção que se deve prestar na
instauração dos processos disciplinares.

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ANEXO I
Página 1/11

MODELO DE UM PROCESSO DISCIPLINAR

REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE
MINISTÉRIO _____________
DIRECÇÃO NACIONAL ______________

Ano de 2009
Processo Disciplinar

Arguido: Arminda Matola

Categoria: Dactilógrafa de 2ª

Natureza da infracção: Falta de Assiduidade

Decisão final: Expulsão – art. 88 do EGFAE

Instrutor: José Alberto Nhantumbo, Chefe de Secção

Escrivão: Jorge Chingole, Terceiro- Oficial

Registado sob o nº 16, do


livro próprio, a folhas 4.
Ass.) Martinha Machava

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ANEXO II
Página 2/11

Para escrivão nomeio o Terceiro-Oficial


Jorge Chingole. Depois de autuado,
volta concluso.

AUTO DE NOTÍCIA

Aos cinco dias do mês de Novembro de Dois Mil Nove, nesta cidade de Maputo e
Ministério da _____________, verifiquei eu, José Alberto Nhantumbo, Chefe de Secção,
que Arminda Matola, Datilógrafa de 2ª, prestando serviço na secção sob responsabilidade
do participante, faltou ao serviço nos dias 15 a 20 de Março, de 7 a 19 de Maio, de 10 a
13 de Agosto e de 21 a 31 de Outubro, todos do corrente ano económico, conforme
consta do respectivo livro do ponto e registo de assiduidade.
Até esta data, a referida dactilógrafa não apresentou qualquer justificação para as faltas
atrás referidas, facto que é do conhecimento das testemunhas Alberto João e Ermelinda
Silvestre, ambos também funcionários em serviço na mesma secção.
Porque as faltas atrás citadas, totalizando no corrente ano 52 faltas injustificadas,
constituem intolerável falta de assiduidade e concretizam a figura de abandono de lugar
prevista e punida pelo artigo 88 do Estatuto Geral dos Funcionários e Agentes do Estado
(EGFAE), levantei o presente auto que vai por mim assinado e pelas testemunhas
mencionadas.

Ass.) José Alberto Nhantumbo


Ass.) Alberto João
Ass.) Ermelinda Silvestre

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ANEXO III
Página 3/11

Autuação
Aos seis dias do mês de Novembro de dois mil nove, nesta cidade de Maputo, autuei o
documento que antecede, que me foi entregue pelo senhor Instrutor. E eu, Jorge
Chingole, o dactilografei e assino.

Ass.) Jorge Chingole


Conclusão

Aos sete dias do mês de Novembro de dois mil nove, faço estes autos conclusos. E eu,
Jorge Chingole, o dactilografei e assino.

Ass.) Jorge Chingole


Nota de Acusação

Contra a arguida, dactilógrafa Arminda Matola, deduzo os seguintes artigos de acusação:


1. Ter faltado ao serviço nos dias 15 a 20 de Março do ano corrente;
2. Ter faltado ao serviço nos dias 7 a 19 de Maio;
3. Ter faltado ao serviço nos dias 10 a 31 de Agosto;
4. Ter faltado ao serviço nos dias 21 a 31 de Outubro;
5. Não ter apresentado até hoje qualquer justificação para as faltas referidas nos
artigos anteriores.
Estas faltas constituem infracção disciplinar por falta de assiduidade ao serviço,
constituindo abandono de lugar, prevista e punida pelo artigo 88 do EGFAE. Entregue
cópia desta nota a arguida, à qual fixo o prazo de 48 horas para apresentar, querendo, a
sua defesa.

Maputo, 8 de Novembro de 2009 Ass.) José Alberto Nhantumbo

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ANEXO IV
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Recebimento

Aos oito dias do mês de Novembro de dois mil nove, recebi estes autos. E eu, Jorge
Chingole, o dactilografei e assino.

Ass.) Jorge Chingole


Certidão

Certifico que hoje, nesta cidade de Maputo e na secção onde presta serviço, notifiquei a
arguida Arminda Matola dos artigos de acusação contra ela formulados no presente
processo disciplinar, entregando-lhe cópia da nota de acusação e informando-a de que
tem o prazo de 48 horas para apresentar, querendo, a sua defesa, podendo consultar o
processo na referida secção dentro das horas normais de expediente.

De como ficou ciente e recebeu a cópia da nota de acusação, vai comigo assinar.

Maputo, 9 de Novembro de 2009


Ass.) Arminda Matola
Ass) Jorge Chingole
Cota

Nesta data, requisitei ao Departamento dos Recursos Humanos o registo biográfico da


arguida.

Maputo, 9 de Novembro de 2009 Ass) Jorge Chingole

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ANEXO V

Página 5/11

Juntada

Aos onze dias do mês de Novembro de dois mil nove, juntei a estes autos a defesa da
arguida e respectivo registo biográfico. E eu, Jorge Chingole, o dactilografei e assino.

Ass) Jorge Chingole

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ANEXO VI
Página 6/11

Junte e volta concluso, com o registo


biográfico.
Maputo, 10 de Novembro de 2009.

Ass.) Alberto Nhantumbo

Nota de Defesa

A arguida Arminda Matola vem respeitosamente contestar os artigos de acusação contra


ela formulados pelo senhor instrutor, declarando:

1. Confirma ter faltado ao serviço nas datas referidas, mas nunca foi intenção sua
abandonar o lugar;
2. As faltas no período de 15 a 20 de março e de 21 a 31 de Outubro foram dadas por
motivo de doença, de que recorreu à medicina tradicional e de que não dispõe de
documento justificativo;
3. As faltas dadas no período de 7 a 19 de Maio foram relacionadas com problemas
domésticos e conjugais, que lhe fizeram esquecer a obrigatoriedade da sua
justificação, de que pede desculpa;
4. As faltas do período de 10 a 31 de Agosto foram consequência da necessidade
urgente, por razões familiares de se deslocar a Xai-Xai;
Nestas condições, reconhecendo as suas falhas, pede que as razões que invoca sejam
consideradas na graduação da pena a que houver lugar.

Maputo, 10 de Novembro de 2009 Ass.) Arminda Matola

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ANEXO VII
Página 7/11

REGISTO BIOGRÁFICO

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ANEXO VIII
Página 8/11

Conclusão

Aos onze dias do mês de Novembro de dois mil e nove faço estes autos conclusos, E eu,
Jorge Chingole, dactilografei e assino.
Ass.) Jorge Chingole

Relatório

Contra a arguida, dactilógrafa de 2ª classe Arminda Matola, foi instaurado o presente


processo disciplinar por falta de assiduidade, de acordo com o auto de notícia de folha 1,
por ter faltado ao serviço, sem apresentar qualquer justificação, nos dias 15 a 20 de
Março, 7 e 19 de Maio, 10 a 31 de Outubro do corrente ano, totalizando 52 faltas
injustificadas.
Deduzidos os artigos de acusação, defendeu-se a arguida pela forma constante da sua
defesa de folhas 5, confessando as faltas nos períodos mencionados, mas declarando
não ser sua intenção abandonar o lugar.
Não se apresentam, portanto, quaisquer dúvidas sobre o facto da arguida ter cometido
infracção do seu dever de assiduidade, mas importa apreciar a matéria da sua defesa. A
arguida teve conhecimento de que as faltas em que lhe foram consideradas como
injustificadas, sofrendo os respectivos descontos no vencimento, mas não se preocupou
em fazer a sua justificação, nem pode alegar ignorância quanto a essa obrigatoriedade.
Aceita-se, como a própria arguida declara, não ser sua intenção abandonar o lugar, mas
revela um comportamento de total desinteresse pelo serviço, negligência e falta do brio
profissional incompatíveis com a sua actividade na função pública, que a responsabilizam

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como abrangida pela infracção constante da alínea f) do artigo 81 do EGFAE, a que


corresponde a pena de expulsão.
ANEXO IX
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A arguida não tem antecedentes disciplinares e contra ela ou a seu favor não são fixadas
quaisquer das agravantes ou atenuantes referidas nos artigos 90 e 91 do mesmo Estatuto.
Nestas condições, proponho a aplicação da pena de expulsão, alínea f) do artigo 81 do
EGFAE, da competência de Sua Excelência o Ministro, pelo que os autos devem subir
hierarquicamente para os devidos efeitos.

Maputo, 12 de Novembro de 2009.


Ass.) José Alberto Nhantumbo

Recebimento

Aos doze dias do mês de Novembro de dois mil nove, recebi estes autos. E eu, Jorge
Chingole, o dactilografei e assino.
Ass.) Jorge Chingole

Termo de Remessa

Aos doze dias do mês de Novembro de dois mil e nove, e em cumprimento do despacho
do senhor instrutor, faço remessa destes autos ao Departamento dos Recursos Humanos.
Vão escritos em 9 folhas, todas numeradas e rubricadas, sem vício ou coisa que a meu
ver dúvidas façam. E eu, Jorge Chingole, o dactilografei e assino.
Ass.) Jorge Chingole

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ANEXO X
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Termo de Apresentação

Nesta data, apresentados me foram os presentes autos, por ter sido considerada
concluída a sua instrução, não se detectando neles irregularidades ou nulidade insuprível.

Para decisão de Sua Excelência o Ministro.

Maputo, 13 de Novembro de 2009.

O Chefe de Departamento

Ass.) Martinha Machava

Concordo com a pena proposta e aplico a pena de expulsão.

Maputo, 15 de Novembro de 2009

Ass.) Ministro

Dê-se conhecimento do despacho à arguida, que deverá datar e assinar esse


conhecimento no próprio processo. Remetam-se os autos, para esse efeito, à secção
respectiva.

Maputo, 16 de Novembro de 2009.

Ass.) Martinha Machava

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ANEXO XI
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Tomei conhecimento

Maputo, 17 de Novembro de 2009

Ass.) Arminda Matola

Informação

Está decorrido o prazo sem que a arguida tenha apresentado recurso.

Execute-se a pena.

Maputo, 29 de Novembro de 2009.

O Chefe do Departamento,

Ass.) Martinha Machava

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Recurso e Revisão
3 Inquérito e Sindicância

3.1 Objectivos

No fim deste capítulo o formando deve ser capaz de:

 Identificar os elementos fundamentais do recurso de um processo disciplinar;

 Dominar as fases do recurso e revisão do processo disciplinar;

 Estar em condições de interpretar um recurso e rever a decisão dentro de um


processo disciplinar;

 Identificar as diligências necessárias para o processo de inquérito e sindicância;

 Intermediar casos que requeiram a formulação de inquéritos e sindicância;

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3.2 Breve Contextualização

É permitida a revisão dos processos disciplinares quando se venham a verificar factos


supervenientes ou surjam meios de prova susceptíveis de demonstrar a inexistência dos
factos que decisivamente influíram na punição.

A interposição de recurso sobre as penas de multa, despromoção, demissão e expulsão


suspende o cumprimento da pena.

A revisão só pode ser requerida aos órgãos com competência para suspender, constantes
no artigo 104, do EGFAE, conforme viu-se no capitulo anterior, no entanto, o recurso é
feito normalmente ao superior de quem puniu o arguido.

A sindicância possui natureza, não processual, mas de procedimento investigativo,


similar ao inquérito policial, configurando-se como mecanismo de elucidação de
irregularidades no serviço, podendo transcorrer com informalidade e sem ciência ao
investigado.

O inquérito administrativo, constitui mera fase investigatória, assim denominada por


sinonímia à expressão sindicância administrativa, que precede ao processo administrativo
e que tem por fim apurar a ocorrência de facto ilícito que, uma vez provada a sua
materialidade e autoria, propiciarão a instauração deste último, onde se demonstrará a
culpabilidade dos indiciados.

Em nada difere do inquérito policial previsto no Código de Processo Penal, tendo o


mesmo carácter inquisitório, não constituindo constrangimento ilegal a sua instauração
contra qualquer cidadão.

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O inquérito administrativo precede o processo administrativo disciplinar, tal como o


inquérito policial antecede à acção penal.

O contraditório só se instalará após a instauração do processo administrativo, instruído


com o que se apurar no inquérito administrativo.

O seu procedimento dispensa defesa do sindicato e publicidade por se tratar de simples


expediente de verificação de irregularidade e não de base para punição, equiparável ao
inquérito policial em relação à acção penal. É o verdadeiro inquérito administrativo que
precede o processo administrativo disciplinar.

A simples investigação de factos e da eventual responsabilidade pela sua prática, casos


ilícitos, inexistindo acusação no sentido formal não autorizam o contraditório, sob pena de
tornar o apuramento de qualquer facto inviável, com a instauração de contraditório
quando, sequer, exista um indiciado.”

Portanto, a sindicância é mero procedimento investigativo, sendo incabível a


apresentação de defesa, visto que somente pode haver defesa após a formalização de
acusação, e esta somente se formaliza quando da instauração do processo administrativo
disciplinar.

As entidades referidas no artigo nº 120, do EGFAE, que se referem concretamente


aos dirigentes nomeados pelo presidente da República, e os Directores Nacionais podem
ordenar inquéritos ou sindicâncias aos serviços deles dependentes.

3.3 RECURSO

1. Da decisão punitiva cabe recurso para o dirigente imediatamente superior àquele que
puniu, interpor no prazo de dez dias, contados a partir da data da tomada do
conhecimento do respectivo despacho, mediante apresentação de requerimento,
donde constem as alegações que fundamentam o pedido, de acordo com o artigo nº
114 do Estatuto Geral dos Funcionários e Agentes do Estado (EGFAE),

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2. Findo o prazo de trinta dias, sem que haja despacho, o recorrente pode reclamar
dessa falta ao dirigente imediatamente superior àquele a quem recorreu e, não sendo
atendido, ao Ministro respectivo.

3. Na falta de despacho, doloso ou culposo, dentro do prazo legal, pode o Ministro


respectivo determinar procedimento disciplinar.

4. Das sanções de advertência e de repreensão pública não há lugar ao recurso.

3.3.1. Punição Injusta

O artigo nº 115 do Estatuto Geral dos Funcionários e Agentes do Estado (EGFAE), diz
que se do processo disciplinar resultar que a injustiça de punição teve origem na
inexactidão intencional ou culposa de informações ou declarações deturpadas, proceder-
se-á disciplinarmente contra o autor das mesmas, sem prejuízo da responsabilidade
criminal que possa ser exigida.

3.3.2. Suspensão da Execução da Sanção

A interposição de recurso sobre as punições de multa, despromoção, demissão e


expulsão suspende o cumprimento da pena aplicada, conforme reza o artigo nº 116 do
Estatuto Geral dos Funcionários e Agentes do Estado (EGFAE).

3.3.3. Consulta do Processo

Para alegações de recurso pode o arguido consultar o respectivo processo disciplinar, de


acordo com o artigo nº 117 do Estatuto Geral dos Funcionários e Agentes do Estado
(EGFAE).

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3.3.4. Fundamentos da admissibilidade de Revisão e Prazo

1. O artigo nº 118 do Estatuto Geral dos Funcionários e Agentes do Estado (EGFAE), diz
que é permitida a revisão dos processos disciplinares quando se venham verificar
factos supervenientes ou surjam meios de prova susceptíveis de demonstrar a
inexistência dos factos que decisivamente influíram na punição.
2. Não há prazo para a revisão do processo disciplinar.
3. A revisão só pode ser requerida ao Ministro, Governador Provincial, ou Administrador
Distrital.
4. para interposição do pedido de revisão pode o infractor consultar o respectivo
processo.

3.3.5. Reintegração

Se, em virtude de decisão de autoridade estatal ou de sentença proferida por tribunal


competente, um funcionário deva ser reintegrado ou reassumir as suas funções com ou
sem reparação dos seus vencimentos não abonados, ou deva receber vencimentos que
com tempo respectivo hajam sido declarados perdidos, o tempo correspondente é contado
para efeitos de aposentação, desde que o mesmo satisfaça os encargos devidos, nos
termos a regulamentar, conforme reza o artigo nº 119 do Estatuto Geral dos Funcionários
e Agentes do Estado (EGFAE).

3.4 PROCESSOS DE INQUÉRITO E SINDICÂNCIA

As entidades cuja nomeação é da competência do Presidente da República, os


Secretários Gerais e Secretários Permanentes e Directores Nacionais podem ordenar
inquéritos ou sindicâncias aos serviços deles dependentes, de acordo com o artigo nº 120
do Estatuto Geral dos Funcionários e Agentes do Estado (EGFAE).

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3.4.1. Processo de Inquérito

O inquérito tem por fim apurar factos relativos ao procedimento dos funcionários, de
acordo com o artigo nº 121 do Estatuto Geral dos Funcionários e Agentes do Estado
(EGFAE).

1. Concluído o inquérito no prazo que houver sido determinado pelo dirigente respectivo,
é elaborado o competente relatório, o qual serve de base para procedimento
disciplinar, se a ele houver lugar.

2. Caso não existam provas indiciárias ordena-se o seu arquivamento em despacho


fundamentado.

3. O prazo referido no parágrafo número 2, anteriormente referido poderá ser prorrogado


se a complexidade do processo o aconselhar.

3.4.2. O Processo de Sindicância

1. O artigo nº 122 do Estatuto Geral dos Funcionários e Agentes do Estado (EGFAE), diz
que a sindicância destina-se a averiguação geral sobre o funcionamento dos serviços.

2. Após a conclusão dos trabalhos o sindicante elaborará o relatório no qual formulará


propostas concretas sobre o funcionamento da estrutura orgânica para seu
melhoramento se fôr caso disso, cabendo ao respectivo dirigente a tomada de
medidas reputadas necessárias.

3. Se da sindicância se apurar matéria disciplinar, o dirigente manda extrair certidões


das respectivas peças e determina a instauração do competente processo disciplinar.

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3.5 GARANTIAS DA LEGALIDADE, INSPECÇÃO E IMPUGNAÇÃO DOS


ACTOS DOS FUNCIONÁRIOS

3.5.1. Garantias Jurídicas da Legalidade

De acordo com o artigo nº 123 do Estatuto Geral dos Funcionários e Agentes do Estado
(EGFAE), constituem garantias Jurídicas da legalidade as seguintes:

a) Controlo dos órgãos estatais superiores sobre a actividade dos órgãos inferiores;

b) Inspenção, apoio e controlo por parte da Administração Pública e da Procuradoria-


Geral da República;

c) Direito dos cidadãos e dos diferentes órgãos e entidades com existência legal de se
queixarem da violação dos direitos ou interesses protegidos por lei, impugnando a
validade dos actos administrativos.

3.5.2. Direito de Impugnar

Os cidadãos e os diferentes órgãos ou entidades com existência legal podem


impugnar os actos dos funcionários sempre que da violação de algum dos princípios
da legalidade resultar violação dos seus direitos ou interesses tutelados por lei
conforme o artigo nº 124 do Estatuto Geral dos Funcionários e Agentes do Estado
(EGFAE).

3.5.3. Normas de Impugnação

De acordo com o artigo nº 125 do Estatuto Geral dos Funcionários e Agentes do


Estado (EGFAE), a impugnação dos actos dos funcionários pode ser feita por :

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a) Reclamação para o dirigente que praticou o acto;

b) Impugnação, por via hierárquica ou judicial;

3.5.4. Alteração dos Actos

1. Os actos não constitutivos de direitos podem ser rectificados, suspensos ou


revogados pelos funcionários que os praticaram ou pelos seus superiores
hierárquicos, por iniciativa própria, conforme reza o artigo nº 126 do Estatuto Geral
dos Funcionários e Agentes do Estado (EGFAE).

2. Os actos manifestamente ilegais ou outros, ainda que constitutivos de direitos,


podem ser rectificados, suspensos ou revogados nos termos da alínea anterior
desde que não tenham produzido efeitos.

3.5.5. Prazo da Reclamação

1. O prazo da reclamação é de cinco dias, a contar da data do conhecimento da


decisão, conforme o artigo nº 127 do Estatuto Geral dos Funcionários e Agentes do
Estado (EGFAE).

2. A entidade reclamada tem o prazo de cinco dias para decidir.

3. Se a decisão for desfavorável, o reclamante pode ainda impugnar hierarquicamente


nos termos do ponto seguinte.

3.5.6. Impugnação Hierárquica

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1. O artigo nº 128 do Estatuto Geral dos Funcionários e Agentes do Estado (EGFAE),


diz que a impugnação dos actos dos funcionários, por via hierárquica é dirigida à
entidade hierarquicamente superior àquela cuja decisão se pretende impugnar.

2. O prazo para impugnar hierarquicamente uma decisão é de dez dias a contar da


data do seu conhecimento.

3.5.7. Formalidades do requerimento de Impugnação

O requerimento de impugnação, segundo o artigo nº 129 do Estatuto Geral dos


Funcionários e Agentes do Estado (EGFAE), deve conter:

a) A identificação completa e residência do requerente;

b) A decisão que se impugna;

c) A indicação do direito ou interesse protegido por lei que foi violado.

3.5.8. Efeitos da impugnação

A impugnação suspende a execução da decisão, salvo se lei especial determine


procedimento contrário, segundo reza o artigo nº 130 do Estatuto Geral dos
Funcionários e Agentes do Estado (EGFAE).

3.5.9. Indeferimento Tácito da Reclamação e da Impugnação

O artigo nº 131 do Estatuto Geral dos Funcionários e Agentes do Estado (EGFAE), diz
que a reclamação e a impugnação hierárquica consideram-se indeferidas quando no
prazo de trinta dias, contados a partir da data da entrada do pedido, o requerente não
for notificado da decisão.

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Qualquer despacho que não se pronuncie definitivamente sobre o pedido no sentido


de o deferir ou indeferir, vale como indeferimento passado que sejam trinta dias após o
seu proferimento, exceptuando os procedimentos que determinem diligências
necessárias à sua solução.

3.5.10. Impugnação Judicial

Pode ser interposto recurso para o Tribunal Administrativo, de acordo com o artigo nº
132 do Estatuto Geral dos Funcionários e Agentes do Estado (EGFAE), nos seguintes
prazos:

a) A todo o tempo, para os actos nulos e juridicamente inexistentes;

b) Noventa dias a contar da data da notificação, para os actos anuláveis, salvo


nos casos de indeferimento tácito, que é de um ano.

3.5.11. Interposição de recurso

O artigo nº 133 do Estatuto Geral dos Funcionários e Agentes do Estado (EGFAE),


refere que o recurso considera-se interposto mediante apresentação do requerimento
referido no artigo 129 do EGFAE.

3.5.12. Inadmissibilidade de Recurso

Das decisões que sejam reprodução de decisões anteriores, quando se trate do


mesmo assunto e do mesmo impetrante ou exponente que não foram objecto de
impugnação tempestiva e sob folha devida, não há lugar a recurso.

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3.6 CONCLUSÃO

Como teve a oportunidade de anotar da decisão punitiva cabe recurso para o dirigente
imediatamente superior àquele que puniu, a interpor dentro do prazo previsto, mediante
apresentação de requerimento donde constem as alegações que fundamentam o pedido.

Findo o prazo sem que haja despacho, o recorrente poderá reclamar dessa falta ao
dirigente imediatamente superior àquele a quem recorreu e, não sendo atendido, ao
Ministro respectivo.

Na falta de despacho, dolosa ou culposa, dentro do prazo legal, poderá o Ministro


respectivo determinar procedimento disciplinar.

Das penas de advertência e de repreensão pública não há lugar a recurso.

Pode-se afirmar que inquérito tem por fim apurar factos relativos ao procedimento dos
funcionários, enquanto que o processo de sindicância destina-se a averiguação geral
acerca do funcionamento dos serviços concernentes ao processo em causa.

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3.7 Exercícios Práticos

Individualmente ou em grupos responda as seguintes questões:

1. Quando é que há lugar ao recurso?

2. Quais são os passos para a impugnação dos actos? Justifique a sua resposta com
base nos conhecimentos adquiridos.

3. A que entidades o arguido deve solicitar a impugnação dos actos?

4. Durante a sua vida profissional de certeza que já conviveu com actos disciplinares
e que culminaram com a revisão da pena. Relate um caso de procedimento
disciplinar que tenha testemunhado e resultado no recurso e revisão. Achou justo
ou não a medida tomada pelo dirigente? Porquê?

5. Qual é o prazo para a interposição de um recurso?

6. Em que fase se dá o processo de inquérito e de sindicância?

7. Quais são as entidades com direito de conduzir o processo de inquérito e


sindicância?

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3.8 Bibliografia

1. Constituição da Repúplica – 1990;

2. Estatuto Geral dos Funcionários e Agentes do Estado (EGFAE), Lei nº 14/2009,


de 17 de Março;

3. Manual do Direito Administrativo- 10ª edição, pelo Professor Marcelo Caetano;

4. Estatuto do Funcionalismo Ultramarino- 2ª edição, 1971, anotado por José


Carmona Ribeiro;

5. Direito e Processo Disciplinar, por T. Brandão Cavalcanti, Fundação Getúlio


Vargas- Brazil;

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