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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 2
2 TÍTULOS DE CRÉDITOS .................................................................................................................... 2
2.1 CARACTERÍSTICAS ................................................................................................................... 3
2.2 ATRIBUTOS ................................................................................................................................ 3
2.3 PRINCÍPIOS................................................................................................................................. 4
3 CLASSIFICAÇÃO DOS TÍTULOS DE CRÉDITOS ............................................................................. 5
3.1 LETRA DE CÂMBIO ................................................................................................................... 8
4 DECLARAÇÕES CAMBIAIS - SAQUE ............................................................................................... 9
5 DECLARAÇÕES CAMBIAIS - ACEITE ............................................................................................ 10
5.1 ACEITE POR INTERVENÇÃO ................................................................................................. 10
5.2 APRESENTAÇÃO DA LETRA PARA ACEITE ....................................................................... 11
5.3 RECUSA PARCIAL DE ACEITE .............................................................................................. 11
6 QUESTÕES COMENTADAS ............................................................................................................. 12
7 LEGISLAÇÃO CITADA ..................................................................................................................... 14
8 LISTA DE QUESTÕES SEM COMENTÁRIOS ................................................................................. 16

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1 INTRODUÇÃO
Início do estudo sobre os títulos de crédito, demonstrando que, embora sejam regidos pelo Código
Civil, determinados tipos de títulos possuem sua legislação específica. No primeiro momento, são analisadas
as características e os atributos dos títulos de crédito, sem os quais não serão válidos. Posteriormente, serão
examinadas as duas declarações cambiais, quais sejam, saque e aceite, muito importantes para o instituto em
questão.

2 TÍTULOS DE CRÉDITOS
O Código Civil, embora regule a disciplina dos títulos de crédito, não revogou as leis especiais. Ainda
vigoram, em matéria de letra de câmbio e nota promissória, a Lei Uniforme de Genebra, DL 57.663. Ainda
vigora, em matéria de duplicata mercantil, a Lei 5.474 de 68. Ainda vigora, em matéria de cheque, a Lei 7.357
de 85, entre outras que serão utilizadas ao longo do material e das aulas. Ou seja, o Código Civil, embora
regulamente os títulos de crédito do artigo 887 ao 926, não revogou as legislações especiais. Ele apenas atua
naquilo que for compatível em relação aos títulos. O próprio artigo 903 do Código Civil, expressamente diz
isso. Existindo divergência entre a lei geral (código civil) e a lei especial, aplica-se a lei especial.
É importante verificar o Anexo II da LUG, que discrimina as reservas que foram adotadas pelo
Brasil, referentes ao Anexo I, que é onde se descreve a lei propriamente dita. Assim, existem artigos que não
são aplicados no ordenamento jurídico brasileiro e utilizando, em seu lugar, o Decreto-lei 2.044.
Os títulos de crédito típicos têm natureza de títulos executivos extrajudiciais e são os documentos
necessários para o exercício do direito, literal e autônomo, nele contido. De acordo com o artigo 887 do
CC:

Art. 887. O título de crédito, documento necessário ao exercício do direito literal e autônomo nele contido,
somente produz efeito quando preencha os requisitos da lei.

Os títulos se dividem em sentido amplo ou estrito. Em se tratando de títulos em sentido amplo são
documentos que representam um título, mas não um título de crédito, como, por exemplo, a certidão de
dívida ativa, o boleto bancário ou o contrato de locação. Já os títulos em sentido estrito são títulos que a lei
estabelece como um título de crédito, é o caso da cédula de crédito bancário.
Assim, os títulos de crédito, em sentido estrito, se subdividem em próprio e impróprio. Um título
de crédito em sentido estrito próprio representa um direito de crédito, enquanto que, um título em sentido
estrito impróprio não representa um direito de crédito, mas, sim, um direito de propriedade/domínio ou
direito pignoratício (qualquer outro direito que não seja de crédito), como a duplicata.

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2.1 CARACTERÍSTICAS

Os títulos de crédito, para serem válidos, devem preencher as características e os seus atributos.
Assim, são títulos executivos extrajudiciais, que tem natureza essencialmente comercial, sendo um
documento formal, devendo preencher todos os requisitos formais, ou seja, todos os requisitos considerados
essenciais pela legislação cambiária. A única exceção ao formalismo é a duplicata virtual, que são emitidas
por meio eletrônico.
O titulo ainda é um bem móvel e de apresentação, pois é um documento necessário ao exercício
nele contido, além de ser um título liquido e certo (a liquidez corresponde ao valor a ser cobrado através do
titulo e a certeza decorre do próprio titulo).
Por fim, são uma obrigação de pagar quantia determinada (obrigação quesível ou quérable) é
chamada assim pois o credor é quem deverá procurar o devedor para receber a importância devida. Isso
ocorre tendo em vista a possibilidade de mudança do credor a todo instante. À exceção, os títulos de obrigação
portável, em que o credor é uma instituição bancária, e o devedor deverá se dirigir ao banco para cumprir a
sua obrigação.

2.2 ATRIBUTOS

Mais importante do que as características, tem também os chamados atributos:


Atributo da Executoriedade: os títulos de crédito têm força executiva. A capacidade de embasar
uma ação de execução. Então, se um título não foi pago no vencimento, se pode ajuizar uma ação de
execução. Para que o titulo possa ser executado, ele deve preencher os requisitos formais. Assim, a falta de
um dos requisitos legais, bem como, a sua prescrição, acarreta na ausência da executoriedade. Se o título
perde sua força executiva, a ação cabível não será mais de execução, mas sim, ação monitória.

Atributo de Circulabilidade: o título de crédito surgiu para fazer circular o crédito, porque quando
se tem um documento que representa um direito de crédito e se consegue negociá-lo, se faz com que o crédito
circule. Assim, o título nasce com a função primordial de fazer circular o crédito, sendo possível transferir
o título por meio da cessão de crédito ou através do endosso a terceiros.
A cessão de crédito é a possibilidade de fazer com que o título circule, quando existe uma cláusula
não à ordem. Aqui, o cedente não garante o pagamento e não responde pela insolvência do devedor. Já o
endosso é a forma de transferência típica de títulos nominais e que ocorre mediante assinatura no verso
do título para posterior entrega. O endossante (pessoa que transfere o titulo), desta forma, garante o
pagamento. A circulabilidade é a regra, mas não é absoluta, pois qualquer titulo de crédito pode deixar de
circular, dependendo da vontade de quem o emite.

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Atributo de Negociabilidade: os títulos podem ser negociados antes mesmo do seu vencimento.
Existem duas formas de negociabilidade: o desconto bancário ou factoring. O desconto bancário é realizado
através do endosso e o endossante garante o pagamento. Rebeca (sacador) celebra negócio com Julia
(endossante) e paga com um titulo de crédito. Esta pode negociar o título através de desconto bancário com a
instituição financeira (endossatário). Nesse caso, Julia transfere o titulo por endosso e garante o pagamento.

2.3 PRINCÍPIOS

O artigo 887 do CC, ao trazer o conceito de títulos de crédito em sentido estrito estabelece os princípios
norteadores desta matéria.

Art. 887. O título de crédito, documento necessário ao exercício do direito literal e autônomo nele contido,
somente produz efeito quando preencha os requisitos da lei.

Princípio da Cartularidade/Incorporação: quando se diz que o titulo de credito é um documento


necessário, se está dizendo que o direito de crédito se materializa por intermédio de uma cártula (titulo)
que enseja a exigibilidade e o exercício de direito ao crédito. O possuidor do documento é o titular do direito
de crédito. Aqui, se tem uma mitigação, pois hoje existem as duplicatas virtuais, onde não se tem o direito
de crédito materializado. Sobre o assunto, o STJ vem trabalhando justamente a questão da
desmaterialização dos títulos, desde que tenha outros requisitos preenchidos.

Princípio da Literalidade: toda a intensidade do direito estará expressa no título. O titular exercerá
o direito na exata medida em que ele estiver previsto no título. Por isso se diz que a literalidade vale tanto a
favor do credor quanto a favor do devedor. Isso pois o devedor não está obrigado a pagar nada além daquilo
que está contido no título. E o credor não será obrigado nada a menos do que estiver no título. Pode
eventualmente haver um pagamento parcial, mas ele poderá exigir a integralidade do pagamento. O título vai
conter o valor do crédito, a data do pagamento, vai conter o local do pagamento e os sujeitos obrigados a fazer
o pagamento. Todas as informações relevantes estarão contidas no título. Em havendo divergência, sempre
valerá aquilo que está escrito.

Princípio do Formalismo: os títulos são documentos formais que, para terem força executiva, devem
preencher os requisitos extrínsecos. Se o espaço físico não for suficiente, o titulo pode receber uma folha de
alongamento/folha anexa. Os requisitos extrínsecos são essenciais e são indicados pela lei cambiária para
formalizar a validade do título. Já os requisitos intrínsecos são os comuns a todos os atos jurídicos lícitos,
como agente capaz, objeto lícito, possível e determinável e forma prescrita em lei.

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Princípio da Autonomia: se refere à independência das obrigações. Ou seja, cada obrigação vale
por si só, independentemente das demais. Em um mesmo título de crédito, eu posso ter muitas obrigações:
obrigação do devedor principal; obrigação dos endossantes; dos avalistas, etc. Uma série de sujeitos obrigados
ao pagamento daquele título. Cada uma dessas obrigações subsiste independente das demais. A nulidade de
uma das obrigações não afeta as demais. Por exemplo se um sujeito que assinou porque tinha uma arma
apontada contra a sua cabeça, ou era menor de idade, ou não tinha discernimento, etc. Essas obrigações
anuláveis não contaminam as outras obrigações contidas no título. Isso se dá pelo princípio da autonomia.
A autonomia também se manifesta de outras maneiras. Se manifesta, por exemplo, em relação ao
negócio jurídico subjacente. Concernente, por exemplo, a relação de direito material que deu origem a emissão
cártula. Por exemplo, um acidente de trânsito: há uma colisão entre dois veículos e um dos envolvidos,
reconhecendo sua responsabilidade de indenizar o outro, resolve emitir um cheque para indenizar o prejuízo.
Se aquele cheque não for compensado, o credor do cheque pode propor uma execução de título
extrajudicial e, nessa execução, em princípio, não caberá a discussão sobre o acidente do trânsito, pois o título
se desvincula da relação jurídica que lhe deu causa. E essa abstração do título em relação a relação jurídica,
será maior se houver o endosso daquele título. Em suma, o título vale por si só.
Cumpre desdobrar a autonomia no princípio da inoponibilidade das exceções pessoais. Significa que
perante o atual titular do crédito, o devedor principal (sacado) não pode opor exceções que ele teria em
relação ao credor originário. Se o título circulou e está na posse de um terceiro, contra esse terceiro, o devedor
não poderá opor as chamadas exceções pessoais. Esses princípios do Título de Crédito são importantes, é
graças a eles que um sujeito pode receber com relativa tranquilidade, um determinado título, pois, pela
cartularidade, sabe-se que ninguém mais poderá exercer os direitos consubstanciados naquele documento,
apenas seu titular, que possui o documento original. Pela literalidade, sabe-se que todas as informações
importantes sobre aquele título estão contidas ali. Sabe-se pela autonomia que eventuais nulidades das
obrigações anteriores não vão contaminar aquele endosso. Se possui há segurança de que o endosso foi feito
de maneira lícita, e há confiança no endossante, sabe-se que ele é solvente patrimonialmente, que se pode
cobrar dele depois, as demais relações não interessam por força da autonomia. E ainda, pela inoponibilidade
das exceções pessoais, sabe-se que essas matérias de defesa que o devedor tem contra o credor originário
não poderão ser opostas contra o titular do documento.

3 CLASSIFICAÇÃO DOS TÍTULOS DE CRÉDITOS


A classificação gira em torno da estrutura, emissão, circulação e ao modelo. O primeiro é quanto à
estrutura do título: os títulos se dividem entre os que tem estrutura de ordem de pagamento e de promessa
de pagamento. Os títulos que têm estrutura de ordem de pagamento terão três figuras jurídicas: 1ª a figura
do sacador, que é o sujeito quem emite o título, e nessa estrutura de ordem de pagamento, é o sujeito quem dá
a ordem. 2ª figura é a do sacado, que é o destinatário da ordem, o sujeito que recebe deve cumprir a ordem, é
o devedor principal. A 3ª figura é a do tomador, que é o sujeito em favor de quem será cumprida a ordem. O

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tomador é o beneficiário da ordem. Assim, em um título que tem estrutura de ordem de pagamento, “A” dá
uma ordem a “B” para pagar uma quantia a “C”. Os títulos que tem essa estrutura de ordem de pagamento,
dentro dos quatro tratados são: Letra de Cambio, Duplicata Mercantil e Cheque. No cheque, o sacador é o
emitente do cheque, o correntista do banco. Ele dá a ordem. O sacado é o banco, que recebe a ordem e deve
cumpri-la em favor do tomador. Em uma duplicata mercantil, há a figura do sacador, que será o vendedor das
mercadorias, o sujeito que vendeu a crédito e não recebeu ainda. Ele dá uma ordem para o comprador, que é o
sacado. Ele será o devedor principal. O tomador, que é o beneficiário, será uma instituição financeira. A letra
de câmbio é o título mais antigo e menos presente na prática empresarial brasileira. A letra foi concebida no
tempo em que os mercadores faziam aquelas viagens entre as cidades estado, e, por questões de segurança e
de câmbio, o comerciante depositava valores na cidade de origem e o banco no qual ele depositava aqueles
valores emitia uma letra de cambia contra uma instituição financeira associada na cidade destino. Era um banco
emitindo letra na origem contra um banco no destino, em favor ao mercador.
Tais são os títulos que tem estrutura de ordem de pagamento. São três posições jurídicas: do sacador,
do sacado e do tomador. Quanto ao título com estrutura de promessa de pagamento, nele existirão apenas
duas figuras: a do sacador que emite a cártula, e a figura do tomador, do beneficiário. No título que tem
estrutura de promessa de pagamento, o próprio sacador faz a promessa - “prometo pagar 100 mil do dia 10
de outubro”. A vai ao C e diz, “eu vou lhe pagar”. Note-se a diferença, no primeiro exemplo, na ordem de
pagamento, A chega para o C e diz que B lhe pagará 100 mil no dia 10 de outubro. Não existe aqui uma
estrutura triangular, é uma estrutura bilateral. Aqui, importa dizer, não haverá a figura do aceite nos títulos que
tem estrutura de promessa de pagamento. O aceite é um instituto que só é logicamente concebível nos títulos
que tem estrutura de ordem de pagamento, pois o aceite é um ato livre do sacado, de concordância com a
ordem. E é a partir do aceite que o sacado assume a posição de devedor principal. Não faz nenhum sentido no
titulo que tem figura de promessa de pagamento.
Segundo critério: quanto a natureza ou causa de emissão. Os títulos, quanto a este critério, podem
ser causais ou abstratos/não causais. A diferença reside no fato de que os títulos causais têm sua hipótese
de emissão prevista em lei. Exemplo clássico: duplicata. A duplicata só poderá ser emitida se houver uma
compra e venda mercantil. E se prova a compra e venda mercantil com a nota fiscal, com o aceite da duplicata
e, principalmente, o comprovante da entrega das mercadorias devidamente assinado pelo comprador.
Já nos títulos abstratos, a lei não restringe as hipóteses de emissão. Pode-se emitir por qualquer
motivo. Cheque é um exemplo clássico, assim como a nota promissória.
Outro critério de classificação é quanto ao modelo, que pode ser livre e vinculado. Livre é aquele
no qual pegamos uma folha de papel, lançamos os requisitos do título e ele valerá. Exemplo clássico: nota
promissória. Ela tem modelo livre, pode-se imprimir no computador, colocando os requisitos legais e tem-se a
nota promissória. Já o cheque é um título de modelo vinculado, onde a lei estabelece todo o formulário padrão.
Cheque apenas é emitido por instituição financeira. Cheque tem de ser impresso em papel moeda com
autorização do Banco Central.

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Por último, dentro dos critérios de classificação, pode-se falar quanto a circulação, que os títulos
podem circular ao portador, serem nominativos. A diferença é que o título ao portador é aquele que não
identifica o seu titular. O título é endossado em branco. Imagine-se que Antônio seja titular de um título de
crédito, que é tomador do crédito endereçado no título. Ele decide endossar o título para um terceiro. Ele assina
no verso do título “pague-se à”, se ele preenche o nome “Beatriz”, o título circula nominativo. Beatriz então
assina “pague-se ao Carlos” e assina, ele continua circulando nominativamente. Já o Carlos assina “pague-se
à” e deixa em branco. E o título circula em muitas mãos até que cai na mão do Inácio, que coloca em seu nome.
O título volta a ser nominativo. O título será ao portador quando não identifica o seu titular, e será nominativa
quando identifica. Nominativo também é chamado “endosso em preto”, ao portador chamamos “endosso em
branco”. E a vantagem de um título ao portador é que o sujeito que para passar adiante esse título faz
simplesmente a entrega, a tradição da cártula, e esse sujeito que entregou não se vinculou. O sujeito que recebeu
o título por um endosso em branco, para passar adiante, não precisa assinar. O nome dele não consta na cártula,
e em não constando na cártula, ele não está obrigado ao pagamento. Não figura, dessa forma, na cadeia de
endosso. Se ele perder aquele título, contudo, perderá o próprio crédito.
Já quem recebe um título nominativo, para passar adiante tem de assinar, e ao assinar, se torna
coobrigado pelo adimplemento do valor. A vantagem é que, se ele perder, alguém que ache, saberá quem é
o titular daquele crédito. Para passar adiante, contudo, é melhor receber um título em branco, ao portador, que
receber um nominativo, em preto, pois nesse caso meu nome figurará na cadeia de endosso e eu me torno
coobrigado, a não ser que esse título circule, não à ordem. O título, por lei, presume-se que circula mediante
endosso. Contudo, pode o sacador colocar no título a cláusula “não à ordem/ não endossável”, aí o título só
poderá circular via cessão civil de crédito.

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3.1 LETRA DE CÂMBIO

A estrutura da letra de câmbio é uma ordem de pagamento, logo, tem a figura do sacador, sacado e
credor. Na prática, um exemplo seria: João tem dívida com José no valor de mil reais e João tem crédito com
Maria, também de mil reais. Se João tem crédito, pode dar uma ordem de pagamento à Maria para que esta
pague diretamente a José. João, assim, emite letra de câmbio à José, para que cobre a dívida de Maria.
O sacado (Maria) não está obrigado a aceitar a letra de câmbio, uma vez que não tem nenhuma relação
com o credor (João). Assim, o aceite, na letra de câmbio, é ato facultativo e, caso o sacado dê seu aceite,
passará a ser chamado de aceitante, sendo devedor direto (devedor principal) do título. O sacador, desta
forma, será o devedor indireto, devendo, para cobrar deste, haver obrigatoriamente o protesto do título de
crédito. Já para cobrar do devedor direto, o protesto do título é ato facultativo.

Sacado = Devedor Protesto do título


DIRETO é facultativo
Letra de Câmbio Aceite Facultativo Se aceitar
Sacador =
Protesto do título
Devedor
é obrigatório
INDIRETO

No artigo 1º da LUG, se encontram os requisitos essenciais da letra de câmbio, sem os quais não será
um título executivo:

Art. 1º. A letra contém:


1. a palavra "letra" inserta no próprio texto do título e expressa na língua empregada para a redação desse
título;

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2. o mandato puro e simples de pagar uma quantia determinada;
3. o nome daquele que deve pagar (sacado);
4. a época do pagamento;
5. a indicação do lugar em que se deve efetuar o pagamento;
6. o nome da pessoa a quem ou à ordem de quem deve ser paga;
7. a indicação da data em que, e do lugar onde a letra é passada;
8. a assinatura de quem passa a letra (sacador).

Já os requisitos supríveis, conforme o artigo 2º da LUG são a época do pagamento, o lugar do


pagamento e local de emissão, não retirando do título a sua executoriedade:

Art. 2º. O escrito em que faltar algum dos requisitos indicados no artigo anterior não produzirá efeito como
letra, salvo nos casos determinados nas alíneas seguintes:
A letra em que se não indique a época do pagamento entende-se pagável à vista.
Na falta de indicação especial, o lugar designado ao lado do nome do sacado considera-se como sendo o
lugar do pagamento, e, ao mesmo tempo, o lugar do domicilio do sacado.
A letra sem indicação do lugar onde foi passada considera-se como tendo-o sido no lugar designado, ao
lado do nome do sacador.

Um tema divergente na letra de câmbio é o referente à cláusula de juros, que vem prevista no artigo
5ª da LUG:

Art. 5º. Numa letra pagável à vista ou a um certo termo de vista, pode o sacador estipular que a sua
importância vencerá juros. Em qualquer outra espécie de letra a estipulação de juros será considerada
como não escrita. A taxa de juros deve ser indicada na letra; na falta de indicação, a cláusula de juros é
considerada como não escrita. Os juros contam-se da data da letra, se outra data não for indicada.

O cuidado que deve se ter é porque, o artigo 890 do CC considera não escrita a cláusula de juros.
Deve-se analisar, então, as modalidades de vencimento. Quando a letra é pagável à vista ou a certo termo
de vista, se terá a cláusula de juros porque as duas modalidades são de prazo indeterminado, uma vez que,
olhando para o titulo não se sabe quando ele vencerá. Assim, no tocante a letra de câmbio, é possível a
cláusula de juros, não se aplicando o artigo 890 do CC.

4 DECLARAÇÕES CAMBIAIS - SAQUE


São quatro as declarações cambiais importantes para os títulos de créditos. A primeira a ser
estudada é o saque, que é um instituto relativamente simples. O saque nada mais é do que a declaração
cambial originária e essencial de criação do título de crédito, de emissão de um título de crédito. Sacar um
título é emiti-lo. O uso dessa impressão no sentido leigo dá a entender receber um valor. Contudo, saque,
juridicamente, é criar um título. No caso de o título ser uma ordem de pagamento, no saque, o sacador dá
uma ordem ao sacado em favor do tomador. Esse ato de sacar deve respeitas os requisitos extrínsecos e
intrínsecos de cada título.
É obrigatoriamente escrito, já que o título de crédito se materializa por meio de uma
cártula/documento, e tem a natureza jurídica de declaração unilateral de vontade. O artigo 7º da LUG traz

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as hipóteses de o título ter algum tipo de vício, que deve ser analisado juntamente com o artigo 43 do DL
2.044:

Art. 7º. Se a letra contém assinaturas de pessoas incapazes de se obrigarem por letras, assinaturas falsas,
assinaturas de pessoas fictícias, ou assinaturas que por qualquer outra razão não poderiam obrigar as
pessoas que assinaram a letra, ou em nome das quais ela foi assinada, as obrigações dos outros
signatários nem por isso deixam de ser válidas.

Art. 43 As obrigações cambiais, são autônomas e independentes umas das outras. O significado da
declaração cambial fica, por ela, vinculado e solidariamente responsável pelo aceite e pelo. Pagamento da
letra, sem embargo da falsidade, da falsificação ou da nulidade de qualquer outra assinatura.

O vício na cadeia cambial não vai comprometer as demais declarações cambiais que estiverem
presentes. Assim, um vício na assinatura do sacador, não compromete o título de crédito.

5 DECLARAÇÕES CAMBIAIS - ACEITE


Outro instituto importante é o do aceite, que vem descrito na LUG, nos artigos 21 a 29. O aceite é um
ato livre do sacado de concordância com a ordem que lhe foi dada. É uma declaração cambial eventual e
sucessiva de se obrigar em consonância com uma ordem de pagamento proferida. É feito no próprio título,
por meio da expressão “aceito”. Então o sacado, devedor principal, assinará aceitando a ordem que lhe foi
dada. E esse é o meio pelo qual ele vai tornar cambiária a sua obrigação. Assumindo assim a posição de devedor
principal. É um ato puro e simples, não admitindo uma condição a ele e não sendo cabível em nota promissória
ou cheque.

5.1 ACEITE POR INTERVENÇÃO

O aceite por intervenção vem previsto na LUG, é tem como conceito: é o ato pelo qual um terceiro
(que faça ou não parte da cadeia cambiária) intervêm na cadeia, seja de forma espontânea ou por indicação
do próprio sacador, avalista ou endossante para aceitar ou pagar o valor estampado na cártula, honrando
um dos devedores indiretos. A responsabilidade do aceitante por intervenção é a mesma do sacado. Se
houver recusa ou falta de pagamento, comprovado o instrumento do protesto, responderão os demais
coobrigados solidariamente.
O único cuidado que deve se ter é com relação a admissão desta espécie de aceite, pois só é admitido
nas hipóteses em que o titulo não contém a chamada cláusula não aceitável, que proíbe a apresentação
para o aceite antes do vencimento. Ou seja, na hipótese de recusa ou falta de aceite, o portador poderá
protestar o titulo para cobrar dos devedores indiretos antecipadamente o seu valor. Assim, poderá ocorrer
o aceite por intervenção.

Art. 22. O sacador pode, em qualquer letra, estipular que ela será apresentada ao aceite, com ou sem
fixação de prazo.

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Pode proibir na própria letra a sua apresentação ao aceite, salvo se se tratar de uma letra pagável em
domicilio de terceiro, ou de uma letra pagável em localidade diferente da do domicílio do sacado, ou de
uma letra sacada a certo termo de vista.
O sacador pode também estipular que a apresentação ao aceite não poderá efetuar-se antes de
determinada data.
Todo endossante pode estipular que a letra deve ser apresentada ao aceite, com ou sem fixação de prazo,
salvo se ela tiver sido declarada não aceitável pelo sacador.

5.2 APRESENTAÇÃO DA LETRA PARA ACEITE

A letra pode ser apresentada até o seu vencimento, pois depois do vencimento, a apresentação será
apenas para pagamento, conforme o artigo 21 da LUG:

Art. 21. A letra pode ser apresentada, até o vencimento, ao aceite do sacado, no seu domicílio, pelo
portador ou até por um simples detentor.

Nas letras com vencimento à vista, não há que se falar em apresentação para aceite, tendo em vista
que a apresentação será unicamente para o pagamento.

5.3 RECUSA PARCIAL DE ACEITE

Aceite Limitativo: aceita apenas uma parte da importância sacada, ou seja, uma parte da
importância emitida pelo título. O sacado só será compelido a pagar a importância que foi sacada. O credor,
assim, deve protestar o título para cobrar dos devedores indiretos a importância que não foi aceita e sacada.
Sendo assim, o aceite limitativo gera o vencimento antecipado apenas da importância que não foi
aceita. Uma pequena parte da doutrina diverge sobre o assunto, acreditando que o aceite limitativo gera o
vencimento antecipado de toda a importância do título.

Aceite Modificativo: quando altera dados, como local de pagamento ou data de vencimento, no título
de crédito.

Art. 26. O aceite é puro e simples, mas o sacado pode limitá-lo a uma parte da importância sacada.
Qualquer outra modificação introduzida pelo aceite no enunciado da letra equivale a uma recusa de aceite.
O aceitante fica, todavia, obrigado nos termos do seu aceite.

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6 QUESTÕES COMENTADAS

01 (CESGRANRIO – Advogado Júnior – 2018) Em janeiro de 2018, foi emitido título de crédito, omitindo
requisito legal que lhe tira ao escrito a sua validade como título de crédito.
De acordo com o Código Civil de 2002, o negócio jurídico que lhe deu origem
a) será nulo.
b) poderá ser anulado no prazo de 4 anos contados da sua celebração.
c) poderá ser anulado no prazo de 4 anos contados da data da emissão do título de crédito.
d) não será afetado pela invalidade do título de crédito.
e) será inexistente.
Resposta: D
Comentário: o artigo 888 do CC estabelece que a omissão de qualquer requisito legal, que tire ao escrito a sua
validade como título de crédito, não implica a invalidade do negócio jurídico que lhe deu origem. Assim, só há a
perda da força executiva.

02 (FCC – Defensor Público – 2018) Em relação aos títulos de crédito, é correto afirmar:
a) O título de crédito, enquanto documento necessário ao exercício do direito literal e autônomo nele contido,
produz efeitos se preenchidos ou não os requisitos legais.
b) Consideram-se não escritas no título a cláusula de juros, a proibitiva de endosso, a excludente de
responsabilidade pelo pagamento ou por despesas, a que dispense a observância de termos e formalidades
prescritas, e a que, além dos limites fixados em lei, exclua ou restrinja direitos e obrigações.
c) A omissão de qualquer requisito legal, que tire ao escrito a sua validade como título de crédito, implica a
invalidade do negócio jurídico que lhe deu origem.
d) Enquanto o título de crédito estiver em circulação, tanto ele poderá ser dado em garantia e ser objeto de
medidas judiciais, como também, em conjunto, os direitos ou mercadorias que representa.
e) O pagamento de título de crédito, que contenha obrigação de pagar soma determinada, não admite garantia
por aval, embora possa ser concedido aval parcial.
Resposta: B
Comentário: o artigo 890 do CC considera não escrita a cláusula de juros. Deve-se analisar, então, as
modalidades de vencimento. Quando a letra é pagável à vista ou a certo termo de vista, se terá a cláusula de juros
porque as duas modalidades são de prazo indeterminado, uma vez que, olhando para o titulo não se sabe quando
ele vencerá. Assim, no tocante a letra de câmbio, por exemplo, é possível a cláusula de juros, não se aplicando o
artigo 890 do CC.

03 (IESES - Titular de Serviços de Notas e de Registros – Remoção – 2017) O pagamento de uma letra de
câmbio:
a) Dependente do aceite e pode ser garantido por aval.
b) Independente do aceite e do endosso, não havendo possibilidade de pode ser garantido por aval.
c) Independente do aceite e do endosso, e pode ser garantido por aval.
d) Dependente do aceite e pode ser garantido por fiança.
Resposta: C
Comentário: O pagamento de uma letra de câmbio, independente do aceite e do endosso, e pode ser garantido
por aval. Para a validade do aval, é suficiente a simples assinatura do próprio punho do avalista ou do mandatário
especial, no verso ou no anverso da letra, conforme o artigo 14 do Decreto-lei 2.044.

04 (CESPE – Procurador – 2013) Cláudio sacou letra de câmbio contra Mauro e em favor de Ruy, com
vencimento a certo termo de vista estipulado para cinco dias após o aceite. Ato sequente, Ruy endossou o referido
título para Bruno, que o endossou para Sílvia.
Com referência a essa situação hipotética, julgue os itens subsequentes
Caso realmente não se verifique o aceite da cártula e o sacador seja obrigado ao seu pagamento após o
cumprimento de todas as formalidades legais bem como o ajuizamento de ação própria, Mauro estará
obrigado, regressivamente, a repará-lo
Resposta: Errado

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Comentário: Na letra de cambio, o sacador, após efetivar o saque contra alguém, não o transforma imediatamente
em devedor daquela cambial porquanto, este, só poderá se obrigar cambialmente após o aceite. Assim, como
dito, só depois do aceite o sacado (que se torna aceitante) é que se obriga na relação cambial. Destarte, se
tornará o principal devedor pois aceitou a relação jurídica engendrada no mundo material pelo sacador.
Entretanto, não haverá obrigação por parte do sacado se o aceite não foi dado pois a obrigação do mesmo é com
o sacador e não com terceiro favorecido pela relação cambial que poderia se formar. O sacado não tem obrigação
cambial, não é obrigado a cumprir a ordem de pagamento. Apenas com o aceite se torna devedor principal da
letra.

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7 LEGISLAÇÃO CITADA

DECRETO-LEI 57.663 - LUG Todo endossante pode estipular que a letra deve ser
Art. 1º. A letra contém: apresentada ao aceite, com ou sem fixação de prazo,
1. a palavra "letra" inserta no próprio texto do título e salvo se ela tiver sido declarada não aceitável pelo
expressa na língua empregada para a redação desse sacador.
título; Art. 23. As letras a certo termo de vista devem ser
2. o mandato puro e simples de pagar uma quantia apresentadas ao aceite dentro do prazo de 1 (um) ano
determinada; das suas datas.
3. o nome daquele que deve pagar (sacado); O sacador pode reduzir este prazo ou estipular um
4. a época do pagamento; prazo maior.
5. a indicação do lugar em que se deve efetuar o Esses prazos podem ser reduzidos pelos endossantes.
pagamento; Art. 24. O sacado pode pedir que a letra lhe seja
6. o nome da pessoa a quem ou à ordem de quem deve apresentada uma segunda vez no dia seguinte ao da
ser paga; primeira apresentação. Os interessados somente
7. a indicação da data em que, e do lugar onde a letra é podem ser admitidos a pretender que não foi dada
passada; satisfação a este pedido no caso de ele figurar no
8. a assinatura de quem passa a letra (sacador). protesto.
Observação: confira os requisitos arrolados neste artigo O portador não é obrigado a deixar nas mãos do
em um modelo de Letra de Câmbio aceitante a letra apresentada ao aceite.
Art. 2º. O escrito em que faltar algum dos requisitos Art. 25. O aceite é escrito na própria letra. Exprime-se
indicados no artigo anterior não produzirá efeito como pela palavra "aceite" ou qualquer outra palavra
letra, salvo nos casos determinados nas alíneas equivalente; o aceite é assinado pelo sacado. Vale
seguintes: como aceite a simples assinatura do sacado aposta na
A letra em que se não indique a época do pagamento parte anterior da letra.
entende-se pagável à vista. Quando se trate de uma letra pagável a certo termo de
Na falta de indicação especial, o lugar designado ao vista, ou que deva ser apresentada ao aceite dentro de
lado do nome do sacado considera-se como sendo o um prazo determinado por estipulação especial, o
lugar do pagamento, e, ao mesmo tempo, o lugar do aceite deve ser datado do dia em que foi dado, salvo se
domicilio do sacado. o portador exigir que a data seja a da apresentação.
A letra sem indicação do lugar onde foi passada À falta de data, o portador, para conservar os seus
considera-se como tendo-o sido no lugar designado, ao direitos de recurso contra os endossantes e contra o
lado do nome do sacador. sacador, deve fazer constar essa omissão por um
protesto, feito em tempo útil.
Art. 7º. Se a letra contém assinaturas de pessoas Art. 26. O aceite é puro e simples, mas o sacado pode
incapazes de se obrigarem por letras, assinaturas limitá-lo a uma parte da importância sacada.
falsas, assinaturas de pessoas fictícias, ou assinaturas Qualquer outra modificação introduzida pelo aceite no
que por qualquer outra razão não poderiam obrigar as enunciado da letra equivale a uma recusa de aceite. O
pessoas que assinaram a letra, ou em nome das quais aceitante fica, todavia, obrigado nos termos do seu
ela foi assinada, as obrigações dos outros signatários aceite.
nem por isso deixam de ser válidas. Art. Art. 27. Quando o sacador tiver indicado na letra um
8º. Todo aquele que apuser a sua assinatura numa lugar de pagamento diverso do domicilio do sacado,
letra, como representante de uma pessoa, para sem designar um terceiro em cujo domicilio o
representar a qual não tinha de fato poderes, fica pagamento se deva efetuar, o sacado pode designar no
obrigado em virtude da letra e, se a pagar, tem os ato do aceite a pessoa que deve pagar a letra. Na falta
mesmos direitos que o pretendido representado. A dessa indicação, considera-se que o aceitante se
mesma regra se aplica ao representante que tenha obriga, ele próprio, a efetuar o pagamento no lugar
excedido os seus poderes. indicado na letra.
Se a letra é pagável no domicilio do sacado, este pode,
Art. 21. A letra pode ser apresentada, até o vencimento, no ato do aceite, indicar, para ser efetuado o
ao aceite do sacado, no seu domicílio, pelo portador ou pagamento, um outro domicilio no mesmo lugar.
até por um simples detentor. Art. 28. O sacado obriga-se pelo aceite pagar a letra à
Art. 22. O sacador pode, em qualquer letra, estipular data do vencimento.
que ela será apresentada ao aceite, com ou sem fixação Na falta de pagamento, o portador, mesmo no caso de
de prazo. ser ele o sacador, tem contra o aceitante um direito de
Pode proibir na própria letra a sua apresentação ao ação resultante da letra, em relação a tudo que pode
aceite, salvo se se tratar de uma letra pagável em ser exigido nos termos dos artigos 48 e 49.
domicilio de terceiro, ou de uma letra pagável em Art. 29. Se o sacado, antes da restituição da letra, riscar
localidade diferente da do domicílio do sacado, ou de o aceite que tiver dado, tal aceite é considerado como
uma letra sacada a certo termo de vista. recusado. Salvo prova em contrário, a anulação do
O sacador pode também estipular que a apresentação aceite considera-se feita antes da restituição da letra.
ao aceite não poderá efetuar-se antes de determinada Se, porém, o sacado tiver informado por escrito o
data. portador ou qualquer outro signatário da letra de que

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aceita, fica obrigado para com estes, nos termos do seu circulação, ou de receber aquela independentemente
aceite. de quaisquer formalidades, além da entrega do título
devidamente quitado.
Art. 895. Enquanto o título de crédito estiver em
CÓDIGO CIVIL DE 2002 circulação, só ele poderá ser dado em garantia, ou ser
Art. 887. O título de crédito, documento necessário ao objeto de medidas judiciais, e não, separadamente, os
exercício do direito literal e autônomo nele contido, direitos ou mercadorias que representa.
somente produz efeito quando preencha os requisitos Art. 896. O título de crédito não pode ser reivindicado
da lei. do portador que o adquiriu de boa-fé e na conformidade
Art. 888. A omissão de qualquer requisito legal, que tire das normas que disciplinam a sua circulação.
ao escrito a sua validade como título de crédito, não Art. 897. O pagamento de título de crédito, que
implica a invalidade do negócio jurídico que lhe deu contenha obrigação de pagar soma determinada, pode
origem. ser garantido por aval.
Art. 889. Deve o título de crédito conter a data da Parágrafo único. É vedado o aval parcial.
emissão, a indicação precisa dos direitos que confere, Art. 898. O aval deve ser dado no verso ou no anverso
e a assinatura do emitente. do próprio título.
§ 1o É à vista o título de crédito que não contenha § 1o Para a validade do aval, dado no anverso do título,
indicação de vencimento. é suficiente a simples assinatura do avalista.
§ 2o Considera-se lugar de emissão e de pagamento, § 2o Considera-se não escrito o aval cancelado.
quando não indicado no título, o domicílio do emitente. Art. 899. O avalista equipara-se àquele cujo nome
§ 3o O título poderá ser emitido a partir dos caracteres indicar; na falta de indicação, ao emitente ou devedor
criados em computador ou meio técnico equivalente e final.
que constem da escrituração do emitente, observados § 1° Pagando o título, tem o avalista ação de regresso
os requisitos mínimos previstos neste artigo. contra o seu avalizado e demais coobrigados
Art. 890. Consideram-se não escritas no título a anteriores.
cláusula de juros, a proibitiva de endosso, a excludente § 2o Subsiste a responsabilidade do avalista, ainda que
de responsabilidade pelo pagamento ou por despesas, nula a obrigação daquele a quem se equipara, a menos
a que dispense a observância de termos e formalidade que a nulidade decorra de vício de forma.
prescritas, e a que, além dos limites fixados em lei, Art. 900. O aval posterior ao vencimento produz os
exclua ou restrinja direitos e obrigações. mesmos efeitos do anteriormente dado.
Art. 891. O título de crédito, incompleto ao tempo da Art. 901. Fica validamente desonerado o devedor que
emissão, deve ser preenchido de conformidade com os paga título de crédito ao legítimo portador, no
ajustes realizados. vencimento, sem oposição, salvo se agiu de má-fé.
Parágrafo único. O descumprimento dos ajustes Parágrafo único. Pagando, pode o devedor exigir do
previstos neste artigo pelos que deles participaram, não credor, além da entrega do título, quitação regular.
constitui motivo de oposição ao terceiro portador, salvo Art. 902. Não é o credor obrigado a receber o
se este, ao adquirir o título, tiver agido de má-fé. pagamento antes do vencimento do título, e aquele que
Art. 892. Aquele que, sem ter poderes, ou excedendo o paga, antes do vencimento, fica responsável pela
os que tem, lança a sua assinatura em título de crédito, validade do pagamento.
como mandatário ou representante de outrem, fica § 1o No vencimento, não pode o credor recusar
pessoalmente obrigado, e, pagando o título, tem ele os pagamento, ainda que parcial.
mesmos direitos que teria o suposto mandante ou § 2o No caso de pagamento parcial, em que se não
representado. opera a tradição do título, além da quitação em
Art. 893. A transferência do título de crédito implica a de separado, outra deverá ser firmada no próprio título.
todos os direitos que lhe são inerentes. Art. 903. Salvo disposição diversa em lei especial,
Art. 894. O portador de título representativo de regem-se os títulos de crédito pelo disposto neste
mercadoria tem o direito de transferi-lo, de Código.
conformidade com as normas que regulam a sua

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8 LISTA DE QUESTÕES SEM COMENTÁRIOS

01 (VUNESP – Juiz de Direito Substituto – 2018) Assinale a alternativa que corresponde ao conceito de título
de crédito disposto no artigo 887 do Código Civil.
a) O título de crédito é o documento necessário ao exercício do direito autônomo nele contido, que somente
produz efeito se preenchidos os requisitos legais.
b) O título de crédito, documento dispensável ao exercício do direito literal e autônomo nele contido, somente
produz efeito quando preencha os requisitos da lei.
c) O título de crédito, documento necessário ao exercício do direito nele contido, produz efeito independentemente
de preenchidos os requisitos legais.
d) O título de crédito, documento necessário ao exercício do direito literal e autônomo nele contido, somente
produz efeito quando preencha os requisitos da lei.
e) O título de crédito é o documento necessário ao exercício do direito literal e autônomo nele contido, que produz
seus efeitos independentemente de preenchidos os requisitos legais.

02 (CESPE – Procurador do Estado – 2016) No que concerne ao direito empresarial em sentido amplo, julgue
o item a seguir.
(____________) A doutrina relativa ao direito cambiário trata do princípio da abstração, um subprincípio
derivado do princípio da autonomia, que destaca a ligação entre o título de crédito e o fato jurídico que deu
origem à obrigação que ele representa.

03 (FGV – Auditor Fiscal Tributário de Receita Municipal – 2016) Com relação à Teoria Geral do Direito
Cambiário, assinale V para a afirmativa verdadeira e F para a falsa.
( ) Em observância ao princípio da cartularidade, nenhum título de crédito pode ser emitido em meio
eletrônico ou ser escritural.
( ) Por ser a nota promissória documento com conteúdo literal, não se presume a cláusula sem garantia
quando for endossada pelo beneficiário.
( ) Nos títulos de crédito causais e à ordem, como a duplicata, não se aplica o prin cípio da abstração no
momento da circulação.
( ) Em se tratando de título de crédito representativo de mercadorias, diante da incorporação do direito real
à cártula, o portador não tem o direito de transferi-lo, mas apenas recebê-las independentemente de
quaisquer formalidades.
As afirmativas são, respectivamente,
a) F, V, F e V.
b) F, F, V e V.
c) F, V, F e F.
d) V, V, F e F.
e) V, F, V e V.

04 (VUNESP – 2015) Nos termos do artigo 889 do Código Civil, o título de crédito deve conter a
a) indicação precisa dos direitos que confere e a indicação do vencimento.
b) data de emissão, o local e a data de vencimento.
c) data da emissão, a indicação precisa dos direitos que confere e a assinatura do emitente.
d) assinatura do emitente.
e) data da emissão, a indicação precisa dos direitos que confere, o local e a data de vencimento.

05 (FCC – Julgador Administrativo Tributário do Tesouro Estadual – 2015) Nos títulos de crédito, ensina-
se que o devedor não é obrigado a mais, nem o credor pode querer outros direitos, que não aqueles
declarados só expressamente no título. Esta lição refere-se aos efeitos da
a) literalidade.
b) autonomia.
c) abstração.
d) incorporação.

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e) causalidade.

06 (CESPE – Defensor Público – 2013) Assinale a opção correta acerca das normas relativas aos títulos de
crédito e ao protesto de títulos e outros documentos da dívida.
a) O protesto de um título de crédito por falta de aceite somente poderá ser efetuado após o vencimento da
obrigação e do decurso do prazo legal para o aceite ou a devolução.
b) Cabe ao devedor requerer o cancelamento do registro do protesto diretamente ao tabelionato de protesto de
títulos, mediante apresentação do documento original protestado, e, na ausência do documento original, só se
admite o cancelamento do registro do protesto por ordem judicial.
c) Caso um título de crédito tenha sido emitido sem a indicação do lugar da emissão e de pagamento e sem a
indicação de vencimento, considera-se que o lugar da emissão e de pagamento seja o domicílio do emitente e
que o pagamento do título deva ser feito à vista.
d) O avalista se obriga pelo avalizado, e sua responsabilidade subsiste ainda que nula a obrigação daquele a
quem se equipara, mesmo que a nulidade decorra de vício de forma.
e) É vedado ao sacado, em qualquer caso, lançar e assinar, no verso do cheque não ao portador e ainda não
endossado, visto, certificação ou outra declaração equivalente, datada e por quantia igual à indicada no título.

07 (CESPE – Promotor de Justiça – 2007) Quanto aos títulos de crédito, assinale a opção correta.
a) As relações cambiais são regidas pelos princípios da autonomia e da inoponibilidade das exceções pessoais
ao terceiro de boa-fé, entre outros. Assim, quando o devedor for demandado pelo legítimo portador do título, não
poderá alegar possíveis exceções pessoais que possui contra o credor originário.
b) O título de crédito causal representa obrigações desvinculadas do negócio jurídico que deu origem à cártula,
permitindo-se considerar, quando o título é posto em circulação, apenas a existência da obrigação cambial,
representada por uma cártula e seu conteúdo. Por isso, para que seu titular exerça o direito de crédito dele
emergente, basta a apresentação do título.
c) Em decorrência do princípio da literalidade, o título de crédito em branco ou incompleto é ineficaz
cambialmente; por isso, o seu posterior preenchimento, mesmo quando houver acordo prévio, poderá constituir
motivo para que sejam opostas ao portador as exceções que caberiam contra o primitivo credor. Assim, ainda que
tenha havido a circulação desse título, será negado pagamento e o negócio jurídico que lhe deu origem será
anulável.
d) O meio próprio de transferência do título de crédito à ordem é o endosso seguido de sua tradição. O endosso
não tem eficácia em relação ao devedor, senão quando a este notificado; o endossante é responsável não só pelo
aceite, mas também pelo pagamento do crédito nele mencionado, isto é, ele se responsabiliza pela solvência do
crédito.
e) O aval é autônomo em relação à obrigação do devedor principal e se constitui no vencimento do título de
crédito. Assim, a morte do avalista ocorrida antes do vencimento do título extingue a obrigação, não se
transmitindo aos herdeiros, por não possuir caráter personalíssimo.

GABARITO

01. D 02. Verdadeiro 03. C 04. C

05. A 06. C 07. A

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