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ATIVIDADE 01

Lucas contratou a compra de um quadro de Saulo no valor de R$ 15.000,00, tendo


formalizado a compra por meio de documento particular escrito e assinado pelas partes
e duas testemunhas. Ficou estabelecido no contrato uma cláusula para a efetiva entrega
do bem no prazo de um ano contado a partir da assinatura do contrato, onde Lucas
pagaria o restante do preço, equivalente a 30% do valor acordado. Decorrido esse prazo,
Lucas, embora não tenha quitado a parcela final, notifica Saulo para que entregue o bem
e, este resista à entrega, o que fez com que o comprador ingressasse com ação de
execução para entrega de coisa, objetivando receber o bem.

Citado regularmente no processo de execução instaurado, Saulo pretende apresentar


resistência, alegando a ausência do pagamento do saldo.

Diante da situação descrita, responda aos itens a seguir.

A) Qual o instrumento processual adequado para o executado resistir?


Fundamente, apresentando os requisitos que devem ser preenchidos para sua
admissão. O executado, para defender seus interesses, poderá se valer dos Embargos à
Execução, previstos no Art. 914 do CPC/15. Os embargos têm natureza de ação e, para o seu
oferecimento, devem ser preenchidos os requisitos genéricos da petição inicial, previstos no Art.
319 e no Art. 320, ambos do CPC/15, instruídos com cópias das peças processuais relevantes da
execução, que poderão ser declaradas autênticas pelo advogado (Art. 914, § 1º, do CPC/15)
além do requisito da tempestividade previsto no Art. 915 do CPC/15.

B) Para defender a resistência descrita, qual fundamento pode ser apresentado?


Saulo deve fundamentar os Embargos à Execução na exceção do contrato não
cumprido, na forma do Art. 477 do CC, cuja matéria é própria para o incidente, na
forma do Art. 917 do CPC/15.

C) Elabore a peça cabível neste caso com os dados acima descritos


EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) DE DIREITO DA
VARA CÍVEL DA COMARCA DA CAPITAL/SC

[EXEQUENTE], brasileiro, solteiro, empresário, inscrito no RG n…, e CPF n…,


residente e domiciliado na Rua…, n…, Centro, Florianópolis/SC, CEP…, endereço
eletrônico…, vem, à presença de Vossa Excelência, por seu advogado, com fundamento
nos artigos 784 e seguintes do Novo Código de Processo Civil (Lei 13.205/2015),
propor

EXECUÇÃO DE TÍTULO EXTRAJUDICIAL DE SENTENÇA PENAL


em face [EXECUTADO], brasileiro, casado, empresário, inscrito no RG n…, e CPF
n…, residente e domiciliado na Rua…, n…, Centro, Florianópolis/SC, CEP…, endereço
eletrônico…, endereço eletrônico desconhecido, pelas razões de fato e de direito que
passa a expor.
1. DA LEGITIMIDADE PASSIVA
A ação de execução alcança todos aqueles que possuem responsabilidade sobre o débito,
conforme dispõe o 790 do CPC. Nesse sentido, Araken de Assis ensina: Em última
análise, e de olho na realidade prática, interessa definir a quem se rotulará parte legítima
passiva na demanda executória. A resposta é simples: a quem não puder livrar-se de a
execução recair no seu patrimônio. Essa responsabilidade recai sobre dois grupos: (a) os
que assumiram a dívida mediante declaração de vontade; e (b) os que, apesar de não
assumirem dívida alguma, expõem seu patrimônio à satisfação do crédito, porque são
responsáveis pela solução da dívida. Essas últimas pessoas, envolvidas no processo pelo
ângulo subjetivo (o credor propôs contra elas a execução) desde o início, ou em
decorrência da constrição de algum bem dentro da sua esfera patrimonial (v.g., o bem
gravado com hipoteca, que garante dívida de outrem que não o proprietário), ostentam-
se partes."(ASSIS, Araken. Manual da Execução. Ed. RT, 2017. 19 edição. Versão
ebook, 118 - Legitimidade passiva extraordinária) Outrossim, nos termos do art. 789 do
CPC, o devedor responde com todos os seus bens presentes e futuros para o
cumprimento de suas obrigações, salvo as restrições estabelecidas em lei. Portanto, resta
demonstrada a legitimidade passiva dos Executados.
2. DO TÍTULO EXTRAJUDICIAL – CONTRATO ASSINADO PELO DEVEDOR E
DUAS TESTEMUNHAS
O Exequente é credor da quantia de R$... conforme documento em anexo, assinado por
duas testemunhas. Todavia, os esforços do Exequente na tentativa de um acordo
amigável com o Executado para o devido pagamento do débito foram inexitosos, razão
pela qual ajuíza a presente execução, conforme autoriza o art. 784 do CPC/15, in verbis:
Art. 784. São títulos executivos extrajudiciais: [...]
III. o documento particular assinado pelo devedor e por 2 (duas) testemunhas;
Sobre o título, Luiz Guilherme Marinoni e Sérgio Cruz lecionam que:
A execução pode ser iniciada com base em documentos distintos dos títulos judiciais.
Por vezes, o legislador empresta eficácia executiva a certos documentos, permitindo que
os seus titulares possam acessar a via executiva sem se submeterem ao processo de
conhecimento. Tem-se aí a figura dos títulos executivos extrajudiciais.” (Execução. 5
ed. Editora RT, 2013, p.435) No entanto, há requisitos indispensáveis para que a
obrigação de que trata o título seja passível de ser executada. De acordo com Fredie
Didier Jr.: “o título executivo é o documento que certifica um ato jurídico normativo,
que atribui a alguém um dever de prestar líquido, certo e exigível, a que a lei atribui o
efeito de autorizar a instauração da atividade executiva”. (DIDIER Jr., Fredie; CUNHA,
Leonardo Carneiro da; BRAGA, Paula Sarno; OLIVEIRA, Rafael Alexandria de. Curso
de Direito Processual Civil: execução. 7. ed. Salvador: Juspodivm, 2017. v. 5, p. 260).
Sobre os requisitos, tem-se que:
Obrigação certa:
A obrigação objeto do processo de execução deverá cumprir com o requisito da certeza.
Ou seja, a obrigação deverá existir. Sem obrigação extraída do título executivo, não há
que se falar em executabilidade. Do mesmo modo, inexistente a obrigação – ou incerta -
não se pode falar de liquidez e exigibilidade. Por essa razão, Fredie Didier Jr., na obra
acima citada, afirma que a certeza é pré-requisito dos demais atributos. Isto, contudo,
não significa que a obrigação será incontestável. Ainda, cabe ressaltar que a obrigação
não precisa ser expressa. Será considerada certa, desde que, da leitura do título, entenda-
se existente uma obrigação.
Obrigação líquida:
O princípio da liquidez da obrigação refere-se à capacidade de determinação do objeto
da obrigação. Ou seja, daquilo que poderá ser exigido em processo de execução.
Portanto, a obrigação deve existir sobre um objeto específico. Do contrário, não se
saberá o que poderá será executado.
Obrigação exigível:
Exigível – ou seja, é preciso haver um direito sobre a obrigação e um dever de cumpri-
la. Ressalta-se que essa obrigação se perfaz, também, no tempo. Portanto, se uma
obrigação ainda não é vencida, não se pode argumentar pelo processo de execução, uma
vez que ainda em tempo para quitação. In casu, versando a execução sobre instrumento
subscrito pela representante da parte credora, pelo devedor e por 2 (duas) testemunhas,
no qual consta o valor total do débito e a quantia a ser paga para a satisfação da dívida,
não há falar em iliquidez do título capaz de ensejar a nulidade do feito executivo,
porquanto preenchidos os requisitos legais previstos no dispositivo legal retro citado.
Portanto, inequívoco o direito do Exequente, que instrui a presente exordial com o título
executivo, demonstrativo do débito atualizado, e outros documentos mais, nos termos
do art. 798 do CPC, preenche os requisitos necessários à execução.
3. DA JUSTIÇA GRATUITA
Estatui a Constituição Federal em seu art. 5º, incisos XXXV e LXXIV:

Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se
aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à
liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito;
LXXIV - o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem
insuficiência de recursos. Nesse tom, a Constituição Federal objetivou dar amplo acesso
ao Estado-Juiz, garantindo, inclusive àqueles que não possuem condições financeiras
para ver cumpridos os seus direitos, o meio legal à sua realização. A seu turno,
densificando a garantia fundamental ao acesso universal e efetivo à Justiça, o art. 98,
caput, do Código Fux disciplinou que"a pessoa natural ou jurídica, brasileira ou
estrangeira, com insuficiência de recursos para pagar as custas, despesas processuais e
os honorários advocatícios tem direito à gratuidade da justiça, na forma na lei". Nesse
sentido, colhe-se da jurisprudência catarinense:
BENEFÍCIO DA JUSTIÇA GRATUITA INDEFERIDO ÀS RÉS. AUSÊNCIA DE
INTIMAÇÃO PARA COMPROVAÇÃO DE PREENCHIMENTO DOS REQUISITOS
PARA A CONCESSÃO DA BENESSE, NOS TERMOS DO ART. 99, § 2º, DO CPC.
HIPOSSUFICIÊNCIA DELINEADA A CONTENTO. DECLARAÇÃO DE POBREZA
E DOCUMENTAÇÃO ANEXADA QUE SATISFAZEM OS REQUISITOS LEGAIS
PARA CONCESSÃO DO BENEFÍCIO. RENDA LÍQUIDA MENSAL INFERIOR A 3
(TRÊS) SALÁRIOS MÍNIMOS. SITUAÇÃO NÃO DERRUÍDA POR PROVA EM
CONTRÁRIO. PRINCÍPIO DO ACESSO À JUSTIÇA. ART. 5.º, LXXIV, DA CF/1988.
DEFERIMENTO DA BENESSE. RECURSO PROVIDO. (TJSC, Agravo de
Instrumento n. XXXXX-47.2019.8.24.0000, de Guaramirim, rel. Des. Maria do Rocio
Luz Santa Ritta, Terceira Câmara de Direito Civil, j. 10-09-2019).
O Requerente junta aos autos declaração de hipossuficiência, que conforme clara
redação do § 3º do art. 99, do CPC, presume-se verdadeira a alegação de insuficiência
deduzida exclusivamente por pessoa natural.
Ademais, Fredie Didier Jr. leciona que: Não se exige miserabilidade, nem estado de
necessidade, nem tampouco se fala em renda familiar ou faturamento máximos. É
possível que uma pessoa natural, mesmo com bom renda mensal, seja merecedora do
benefício, e que também o seja aquela sujeito que é proprietário de bens imóveis, mas
não dispõe de liquidez. A gratuidade judiciária é um dos mecanismos de viabilização do
acesso à justiça; não se pode exigir que, para ter acesso à justiça, o sujeito tenha que
comprometer significativamente sua renda, ou tenha que se desfazer de seus bens,
liquidando-os para angariar recursos e custear o processo. (DIDIER JR. Fredie.
OLIVEIRA, Rafael Alexandria de. Benefício da Justiça Gratuita. 6ª ed. Editora
JusPodivm, 2016. p. 60). Pois bem. A renda líquida mensal do Exequente é inferior a 02
salários mínimos, e os documentos acostos aos autos, demostram de forma inequívoca
sua impossibilidade para arcar com o pagamento das custas e despesas judiciais sem
prejuízo do próprio sustento e de sua família, requerendo portanto, com fundamento no
art. 5º, inciso LXXIV da Constituição Federal e no art. 98 e seguintes do Código de
Processo Civil, a concessão dos benefícios da assistência judiciária gratuita.
4. DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS
Por todo o exposto, REQUER:
A citação do Executado por carta, na forma do art. 829 do CPC, para que pague, no
prazo de 03 dias a contar da citação, a importância devida de R$..., acrescidos de
correção monetária, custas processuais e honorários advocatícios, estes, reduzidos pela
metade em caso de integral pagamento; Não sendo efetuado o pagamento no prazo legal
r., requer, na forma dos artigos 798, II, 829, § 2º, 835, I e 854, todos do CPC, o bloqueio
dos valores disponíveis em contas em nome da Executada via Sistema BACENJUD, até
o valor indicado na execução acrescidos de custas, despesas processuais, honorários
advocatícios e multa, a fim de evitar que eventuais valores sejam intencionalmente
desviados pelo Executado no objetivo de frustrar a execução; Não havendo valores
disponíveis ou caso sejam insuficientes, requer a expedição de mandado de avaliação,
penhora e expropriação dos bens abaixo arrolados..., caso em que os bens deverão ficar
depositados em poder do Exequente, nos termos do art. 840, § 1º do CPC; Não sendo
encontrado referidos bens, requer a pesquisa, através do convênio RENAJUD,
INFOJUD e CCS para encontrar outros bens, valores, procurações e relações societárias
em nome do réu e imediata penhora; Não sendo encontrado bens, requer seja notificada
a Receita Federal, para que forneça as três últimas declarações de imposto de renda do
Executado, a fim de que se verifique a relação de bens que possui. Caso o executado
não seja encontrado, ou em caso de tentativa de frustrar a execução, requer o arresto de
bens supracitados suficientes para garantir a execução, consoante o art. 830 do CPC, e,
após, dando-se ciência ao Executado do arresto realizado; Art. 829. O executado será
citado para pagar a dívida no prazo de 3 (três) dias, contado da citação. § 1o Do
mandado de citação constarão, também, a ordem de penhora e a avaliação a serem
cumpridas pelo oficial de justiça tão logo verificado o não pagamento no prazo
assinalado, de tudo lavrando-se auto, com intimação do executado. § 2o A penhora
recairá sobre os bens indicados pelo exequente, salvo se outros forem indicados pelo
executado e aceitos pelo juiz, mediante demonstração de que a constrição proposta lhe
será menos onerosa e não trará prejuízo ao exequente.
art. 827. Ao despachar a inicial, o juiz fixará, de plano, os honorários advocatícios de
dez por cento, a serem pagos pelo executado.
§ 1o No caso de integral pagamento no prazo de 3 (três) dias, o valor dos honorários
advocatícios será reduzido pela metade.
Art. 798. Ao propor a execução, incumbe ao exequente: II - indicar: a) a espécie de
execução de sua preferência, quando por mais de um modo puder ser realizada;
Art. 840. Serão preferencialmente depositados: [...] § 1o No caso do inciso II do caput,
se não houver depositário judicial, os bens ficarão em poder do exequente.
Art. 830. Se o oficial de justiça não encontrar o executado, arrestar-lhe-á tantos bens
quantos bastem para garantir a execução.
Determinar, nos termos dos artigos 139, inc. IV, 537, 773 e 814, todos do CPC, as
medidas necessárias ao cumprimento da ordem, em especial a aplicação de multa diária;
Em caso de embargos rejeitados, sejam os honorários advocatícios elevados a 20 %
(vinte por cento), nos termos do art. 827, § 2º do CPC; Seja expedida Certidão
comprobatória do ajuizamento da presente Execução, a teor do artigo 828, do Novo
Código de Processo Civil, para fins de averbação no registro de imóveis, veículos ou
outros bens sujeitos à penhora, arresto ou indisponibilidade; Seja o Executado inscrito
em cadastros de inadimplentes, na forma do art. 782, § 3º, do NCPC/2015; Com o
depósito do valor devido ou realizada a penhora on-line, postula-se a expedição de
alvará automatizado em favor da parte Exequente;
Por fim, requer a procedência da presente execução para a satisfação do crédito do
Exequente, com a fixação, de plano, dos honorários advocatícios de 20% em
conformidade com o art. 85 e seguintes do CPC, a serem pagos pelo Executado;
Requer ainda, que as futuras intimações e notificações sejam todas feitas em nome do
advogado subscritor.
A produção de todos os meios de provas em direito admitidas;

Dá-se à causa o valor de R$ xxxxxxx

Pede Deferimento.

XXXXXXX, 10 de novembro de 2019.

Advocacia

OAB/XX

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