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O promotor de justiça requisitou a instauração de inquérito policial contra João

Fernando Albuquerque Filho, pelo crime de furto simples (art. 155 do CP), praticado
contra João Fernando Albuquerque. O fato, que consistia na subtração de um relógio de
ouro, foi levado ao conhecimento do membro do Ministério Público por Marisa
Albuquerque, mãe do suposto autor do delito. O delegado de polícia instaurou inquérito,
cumprindo a ordem da Promotoria.
Questão: Como advogado de João Fernando Albuquerque Filho, adote a medida
cabível.
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO
EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE xxxxxxxxxxxxxx.

PROCESSO: Nº 00000000000000
ACUSADO: JOÃO FERNANDES DE ALBUQUERQUE FILHO

xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx, brasileiro, solteiro, advogado, inscrito na OAB/XX sob


o nº XXXX, com endereço profissional abaixo impresso, onde recebe avisos e
intimações, vem “mui” respeitosamente perante V. Exa., com fundamento nos artigos
647 e 648 do Código de Processo Penal e artigo 5º, inciso LXVIII da Constituição da
República, impetrar a presente ordem de HABEAS CORPUS, em favor de
JOÃO FERNANDO ALBUQUERQUE FILHO.

JOÃO FERNANDO ALBUQUERQUE FILHO, brasileiro, solteiro, autônomo,


residente e domiciliado na Rua XX, Setor Central, XXXXXX-XXXXX CEP 00000-
000, tendo em vista as seguintes razões de fato e de direito a seguir expostos.

DOS FATOS
O fato consiste na subtração, por parte do Sr. João Fernando Albuquerque
Filho, de um relógio de ouro, que pertence ao Sr. João Fernando de Albuquerque, pai do
réu. Este fato foi levado ao conhecimento do Ministério Público pela Sra. Marisa
Albuquerque, mãe do suposto autor do delito. O promotor de Justiça requisitou a
instauração de Inquérito Policial por furto simples. O Delegado de Polícia, cumprindo
ordem da Promotoria, instaurou o referido inquérito.

DOS BONS ANTECEDENTES DO PACIENTE E DO DIREITO À LIBERDADE


PROVISÓRIA

Excelência, antes de qualquer coisa, e acima de tudo, que o Acusado João


Fernando Albuquerque é pessoa íntegra, de bons antecedentes e que jamais respondeu a
qualquer processo crime. Não bastassem os antecedentes e a conduta do Acusado, que,
como já dito anteriormente goza do mais ilibado comportamento, sendo o mesmo pai de
família. Por outro lado, destaca-se ainda o fato de que o Acusado possui endereço certo
(Rua XX, Setor Central, XXXXXXX-XXX CEP 00000-000), trabalha na condição de
mestre de obras nesta cidade, onde reside com sua família, e preenche os requisitos do
parágrafo único do art. 310 do Código de Processo Penal. Verdade é que, uma vez
atendidas as exigências legais para a concessão da liberdade provisória, ou seja, a
inexistência de motivo para decretação da prisão preventiva, e a primariedade e os bons
antecedentes do Paciente, esta constitui-se em um direito do indiciado e não uma mera
faculdade do juiz.
O Paciente é primário, possui bons antecedentes, tem família constituída,
residência fixa. Inexistem, pois, motivos para que sua prisão preventiva seja mantida.
Tal fato por si só, autoriza a concessão de sua liberdade provisória, sendo aliás, data
vênia, um direito seu. O Paciente sempre teve domicílio e residência fixa na Cidade de
*******-**. desde que nasceu reside no mesmo local com sua família, logo veio a
conviver em união estável, continuando a morar no mesmo local até a data de hoje.
De acordo com o disposto no parágrafo único do artigo 310 do Código de Processo
Penal, o juiz poderá conceder ao réu a liberdade provisória, mediante termo de
comparecimento a todos os atos do processo, sob pena de revogação, uma vez
verificado a inocorrência de qualquer das hipóteses que autorizam a prisão
preventiva. É de se aplicar aqui também, o princípio constitucional de que ninguém será
considerado culpado antes do trânsito em julgado da sentença penal condenatória (CF.
art. 5º, LVII). A possível prisão da Paciente representa infringência a tal
norma constitucional, constituindo-se sua segregação em um irreparável prejuízo à sua
pessoa, pelos gravames que uma prisão temporária traz. Isso para um eventual pedido
de prisão preventiva que possa surgir no decorrer do Inquérito Policial, ou do Processo
Judicial.

DO DIREITO
O art. 648, II do CPP, já citado, bem como na “PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA”, de
forma que ninguém poderá ser considerado culpado sem sentença penal condenatória
transitada em julgado, ditada pela CF/88. O art. 5°, inc. LXVIII da CF estabelece que
será concedido habeas corpus sempre que alguém se achar ameaçado de sofrer
coação ilegal em seu direito de locomoção. Portanto, pode-se dizer que a ordem
de habeas corpus será expedida desde que presentes dois requisitos: uma ameaça de
coação ao direito de locomoção e a ilegalidade dessa ameaça. Assim faz-se necessária
uma análise separada de cada um desses requisitos, como forma de demonstrar sua
presença no caso do concreto. Nos termos do artigo 181, inciso II, do Código Penal,
não pode o acusado ser responsabilizado criminalmente pelo furto em questão. Trata-se
como bem disse a defesa de imunidade penal absoluta adotada por razões de política
criminal, especialmente com o objetivo de preservar as relações familiares. Ademais,
enquadra- se o fato em escusa absolutória. Neste caso, impede-se a imposição da pena,
atingindo a possibilidade jurídica de punir, a punibilidade. São duas as escusas
absolutórias previstas no Código Penal. Dispõe o art. 181 do Código Penal, que se
refere aos crimes contra o patrimônio, exceto os de roubo e extorsão e os praticados
com violência ou grave ameaça: “É isento de pena quem comete qualquer dos crimes
previstos neste título, em prejuízo: I – do cônjuge, na constância da sociedade conjugal;
II – “de ascendente ou descendente, seja o parentesco legítimo ou ilegítimo, seja civil ou
natural.” Esta escusa absolutória impede a imposição de pena ao filho que furta do pai,
ao marido que pratica estelionato em prejuízo da mulher, na constância do
casamento, do pai que se apropria indevidamente de coisa de propriedade do filho.
São razões de política criminal que inspiram a construção da escusa absolutória. Note-se
que o crime existe, não havendo apenas a punibilidade, tanto que o estranho que dele
participa não é beneficiado com a isenção da pena criminal (art. 183, I, CP.) É uma
chamada escusa absolutória, situação concreta previstas na parte especial do Código
Penal que impedem a aplicação da pena ao agente de um fato típico, ilícito e culpável,
de um crime. Assim sendo, não é interessante para o Estado movimentar a
Máquina judiciária, bem como as forças policiais em uma situação à qual, ao final, não
haverá punição do agente.

DO PEDIDO
Pelos fatos expostos acima, solicitamos ao Douto Magistrado o trancamento do
Inquérito Policial, e ainda requer LIMINARMENTE a expedição de "SALVO
CONDUTO" até o julgamento da ordem final impetrada, para o caso da solicitação de
prisão preventiva ou qualquer outra ordem de prisão.

Por todas estas razões o Paciente confia em que este Tribunal, fiel à sua gloriosa
tradição, conhecendo o pedido, haverá de conceder a presente ordem de HABEAS
CORPUS, para conceder ao mesmo o benefício de permanecer em liberdade durante o
eventual desenrolar de seu processo ou do Inquérito Policial, caso não se opte pelo
trancamento do mesmo, mediante termo de comparecimento a todos os atos, sendo
expedido o remédio constitucional, o que se fará singela homenagem ao DIREITO e à
JUSTIÇA.

Termos em que,
Espera deferimento.
xxxxxxxxx, xx de abril de xxxx.
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
OAB/xx Nº XX

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