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DA TEMPESTIVIDADE

Conforme determina o Princípio da Tempestividade, firmando-se legalmente no artigo


335 do Código de Processo Civil que estipula o prazo para oferecer contestação é de 15
(quinze) dias. O requerente fora citado dia 12 de setembro de 2023, desta forma, o prazo final
seria dia 02 de outubro de 2023, atendendo o requisito legal da presente contestação.
Art. 335. O réu poderá oferecer contestação, por petição, no prazo de 15 (quinze)
dias, cujo termo inicial será a data:
Pedindo assim que seja acolhida a presente contestação oferecida.

DO MERITO
O Requerente, agindo de má-fé, apresentou a este juízo “somente parte do ocorrido”,
sendo apresentado apenas o que lhe interessava, conforme se depreende do contrato celebrado
entre as partes e da ausência de mandato para alienar bens do ora requerido.
Neste diapasão, o autor agiu com litigância de má-fé, atentado contra o princípio da
Boa-fé, além da dignidade da pessoa humana e em suma a dignidade da justiça, tudo isso em
conformidade com os artigos 5º ao 8º do Código de Processo Civil, senão, in verbis.
Art. 5º Aquele que de qualquer forma participa do processo deve comportar-se de
acordo com a boa-fé.
Art. 6º Todos os sujeitos do processo devem cooperar entre si para que se obtenha,
em tempo razoável, decisão de mérito justa e efetiva.
Art. 7º É assegurada às partes paridade de tratamento em relação ao exercício de
direitos e faculdades processuais, aos meios de defesa, aos ônus, aos deveres e à
aplicação de sanções processuais, competindo ao juiz zelar pelo efetivo
contraditório.
Art. 8º Ao aplicar o ordenamento jurídico, o juiz atenderá aos fins sociais e às
exigências do bem comum, resguardando e promovendo a dignidade da pessoa
humana e observando a proporcionalidade, a razoabilidade, a legalidade, a
publicidade e a eficiência.

Nesta senda, é importante asseverar que nem de longe o Requerente conseguiu provar
os danos sofridos, sendo estes confusos e ilegítimos, conformidade com sua inicial.
Sendo suas pretensões descabidas, desta forma não merecem prosperar, pois ausentes
são os motivos fáticos e jurídicos que outorgam o reconhecimento da procedência desse
pedido.
Destarte, a causalidade desse litígio se deu pelo Requerente.

DO DIREITO

O contestante outorgou ao contestado autonomia para gerir seus imóveis, via


contrato de mandato, disposto no ART. 653 CC. Porém, limitava-se apenas a poderes
administrativos, regulado no caput do ART. 661 CC. Contudo, o contestado abusou dos
poderes a ele delegados e descumpriu com acordos e competências firmadas via contrato
bilateral, destaca-se o §1 do ART 661, onde se esclarece que para alienar (...) “depende da
procuração de poderes especiais e expressos”. Tendo isso em vista, pode-se afirmar que
houveram transtornos causados pelo negócio jurídico realizado sem autorização do
contestante.
Apesar disso, vale ressaltar o direto a remuneração a ser pago para a parte
contrária, ato que dará cumprimento legal de todas as obrigações, de acordo com o art. 663
CC.
Vale mencionar o art. 662 do CC que prevê que: “os atos praticados por quem
não tenha mandado, ou tenha sem poderes suficientes, são ineficazes em relação àquele em
cunho nome foram praticados, salvo se este os retifica". Em vista que o contestante não emitiu
ratificação expressa ou tácita, tornando-se assim ineficazes os negócios jurídicos perante o
mandante.
Analisando o pedido de reembolso exigido pelo contestado, podemos afirmar ser
improcedente, pelo fato do mandatário ser o responsável pelo dever de indenizar qualquer
prejuízo causado por atos de sua autoria, com base no Art. 667, caput, do CC.
Cumpre mencionar, que em nenhum momento do petitório inicial o autor fez provas
dos danos sofridos, alegando somente a pretensão de indenização pelo serviço prestado e pelo
valor que havia sido descontado da alienação ilegal que havia celebrado. Desta forma, o ônus
da prova incumbe a quem alega, sendo esta regra contida no artigo 373 do CPC.
Sendo dano material e ou dano moral, precisa ser provado. Destaque para a ordem
principiológica deste artigo chamado de Princípio Dispositivo do Processo, sendo clara a
percepção que a iniciativa probatória é da parte que alega.
É o que também entende o Ilustre Mascardus, senão vejamos:
“Quem não pode provar é como aquele que nada tem; aquilo que não é provado é
como se não existisse; não poder ser provado ou não ser é a mesma coisa”.
Desta forma, o requerido jamais violou qualquer direito do Requerente. Muito pelo
contrário, através das documentações acostadas nos autos, assim como a cópia do contrato
celebrado e o inteiro teor do mandato expedido em favor do autor, fica claramente
comprovado que o Requerente foi quem violou todos os direitos do então requerido.

DAS DISPOSIÇÕES CONTRATUAIS


Neste caso, a relação contratual entre o requerido e o requerente é regulado através do
artigo 653 do Código Civil de 2002, que versa sobre a representação limitada as quais o
requerido faria jus, sendo desta forma inexistente a efetiva capacidade de alienar os imóveis,
conforme amparo no artigo 661, §1, CC/02, o qual estabelece que para tais atos é necessária a
delegação de poderes especiais e expressos através de procuração específica.
Art. 653. Opera-se o mandato quando alguém recebe de outrem poderes para, em
seu nome, praticar atos ou administrar interesses. A procuração é o instrumento do
mandato.
Art. 661. O mandato em termos gerais só confere poderes de administração.
§1º Para alienar, hipotecar, transigir, ou praticar outros quaisquer atos que exorbitem
da administração ordinária, depende a procuração de poderes especiais e expressos.
Maria Helena Diniz em sua obra Código Civil Anotado, dispõe que:
O mandatário deverá prestar a mesma diligência que empregaria se fosse realizar um
negócio que lhe pertencesse. Deverá, portanto, ao cumprir o mandato, agir com cautela e
lisura, observando as instruções do mandante.
Diante destes fatos, o requerente alega que tais documentos inexistem e nem foram
ratificados pelo mesmo, tornando nulos os atos praticados pelo requerido.

DA AUSENCIA DE LEGITIMIDADE ATIVA E PASSIVA


O requerente na qualidade de mandante busca na legislação vigente que determina e
rege tais contratos e condutas, mais especificamente no artigo 662 do Código Civil de 2002,
onde estabelece que os atos praticados por quem não tenha poderes suficientes são
INEFICAZES, desta forma, o requerente só poderia figurar no polo passivo desta ação de
cobrança se preenchesse os requisitos do Art. 675, CC/02, o que não contempla o caso em
questão.
Art. 662. Os atos praticados por quem não tenha mandato, ou o tenha sem
poderes suficientes, são ineficazes em relação àquele em cujo nome foram
praticados, salvo se este os ratificar.
Art. 675. O mandante é obrigado a satisfazer todas as obrigações contraídas
pelo mandatário, na conformidade do mandato conferido, e adiantar a
importância das despesas necessárias à execução dele, quando o mandatário lhe
pedir.
Nesse sentido, também é o entendimento recente dos Tribunais, vejamos a seguir:
RECURSO DE APELAÇÃO. EMBARGOS À EXECUÇÃO. SENTENÇA
DE IMPROCEDÊNCIA. INCONFORMISMO DO EMBARGANTE.
CERCEAMENTO DE DEFESA INEXISTENTE. COMPROMISSO DE
COMPRA E VENDA. TRATA-SE DE TÍTULO CERTO, LÍQUIDO E
EXIGÍVEL PRETENSÃO DE INEXIGIBILIDADE POR AUSÊNCIA DE
PODERES DE MANDATO, APÓS A COBRANÇA DE MULTA PELA
RESCISÃO. EM VERDADE, ALEGAÇÃO QUE SE CONFUNDE COM A
NULIDADE DE ALGIBEIRA. CONTRATO DE MANDATO QUE NÃO
SE CONFUNDE COM A PROCURAÇÃO EM SI. APLICAÇÃO DO
ARTIGO 662, PARÁGRAFO ÚNICO DO CC. APLICABILIDADE DA
TEORIA DA APARÊNCIA NO COMPROMISSO DE COMPRA E
VENDA. SENTENÇA MANTIDA. RECURSO NÃO PROVIDO. (TJ-SP -
AC: 10005430820218260565 SP 1000543-08.2021.8.26.0565, Relator:
César Zalaf, Data de Julgamento: 14/09/2022, 14ª Câmara de Direito
Privado, Data de Publicação: 14/09/2022).
Buscando-se nestes dois artigos e no entendimento atual dos Tribunais, o requerente
pleiteia com esta ação de contestação comprovar que o requerido não tem amparo legal para
propor ação de cobrança de forma ativa, pois tais atos praticados pelo mesmo são ineficazes,
não obstante a figuração do requerente no polo passivo também inexistem.

DA COBRANÇA INDEVIDA
Deste modo, é incabível qualquer pedido de reembolso por parte do requerido em face
do requerente, pois a obrigação de tais atos é de responsabilidade do mandatário conforme
estabelece o Art. 667, CC/02
Art. 667. O mandatário é obrigado a aplicar toda sua diligência habitual na
execução do mandato, e a indenizar qualquer prejuízo causado por culpa sua ou
daquele a quem substabelecer, sem autorização, poderes que devia exercer
pessoalmente.
Ademais, em doutrina pacificada, Maria Helena Diniz dispõe:
“O procurador que exceder os limites do mandato ao assumir obrigações
com terceiro, sem que haja ratificação do mandante, estará obrigado a
responder, a qualquer tempo, perante ele, pelo excesso cometido, e será mero
gestor de negócios”.
Assim, se faz necessária a desconstituição de toda cobrança indevida por parte do
requerido, sendo que tais atos foram de sua total responsabilidade.

DA RECONVENÇÃO
Em conformidade com o artigo 343 do CPC, o Requerido, Jorge, ora Reconvinte, vêm
apresentar a Reconvenção em face de Miguel ora reconvindo, pelos fatos e fundamentos
seguintes. In verbis:
Art. 343. Na contestação, é lícito ao réu propor reconvenção para manifestar
pretensão própria, conexa com a ação principal ou com o fundamento da defesa.
§ 1º Proposta a reconvenção, o autor será intimado, na pessoa de seu advogado, para
apresentar resposta no prazo de 15 (quinze) dias.
§ 2º A desistência da ação ou a ocorrência de causa extintiva que impeça o exame de
seu mérito não obsta ao prosseguimento do processo quanto à reconvenção.
§ 3º A reconvenção pode ser proposta contra o autor e terceiro.
§ 4º A reconvenção pode ser proposta pelo réu em litisconsórcio com terceiro.
§ 5º Se o autor for substituto processual, o reconvinte deverá afirmar ser titular de
direito em face do substituído, e a reconvenção deverá ser proposta em face do autor,
também na qualidade de substituto processual.
§ 6º O réu pode propor reconvenção independentemente de oferecer contestação.

Miguel, ora Reconvindo, foi quem deu causa, onde realizou a alienação bens sem
poderes especiais para tal e sem autorização do Reconvinte, desta feita o descumprimento do
contrato celebrado se deu por conta de Miguel. Sendo ineficaz tal petitório a arguindo em sua
inicial, a não ser para indenizar apenas a parte que de fato se prejudicou, sendo ela o ora
reconvinte.

DO DANO MORAL E DA LITIGANCIA DE MÁ-FÉ


Levando em consideração os prejuízos causados pela parte autora ao ingressar com
essa aventura jurídica, com intuito de enriquecer ilicitamente através dessa ação. Desse modo
reconhecendo que o Reconvindo agiu com dolo, causando assim aos danos ao Reconvinte,
sem que este tenha contribuído ativa e passivamente para tanto, é o que dispõem nesse sentido
os artigos 186 e 927 do Código Civil:
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência,
violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato
ilícito.
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica
obrigado a repará-lo.
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa,
nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida
pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.

Nesse sentido, vejamos o posicionamento jurisprudencial já pacífico acerca da


matéria, in verbis:
EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL. CONTRATO DE PARCERIA AGRÍCOLA
VERBAL E ESCRITO. RESCISÃO. DANOS MATERIAIS. PRELIMINAR.
REVELIA NA RECONVENÇÃO. INOCORRÊNCIA. DEVER DE INDENIZAR.
BENFEITORIAS. VALORAÇÃO DA PROVA. SUCUMBÊNCIA RECÍPROCA
CARACTERIZADA. I - Uma vez que a defesa à reconvenção é apresentada
tempestivamente, não há que se falar em revelia. II - Os artigos 186 e 927 do CCB
determinam que tem responsabilidade civil de indenizar àquele que sofreu dano
moral e material quem praticou a conduta antijurídica e causou diretamente o
prejuízo. III - Quanto às benfeitorias, o arrendatário tem direito à indenização pelas
úteis e necessárias, podendo inclusive reter o imóvel, se não forem pagas,
independentemente de comprovação de boa-fé, que em tal caso, se presume. IV - Se
ambas as partes são vencidas e vencedoras, resta caracterizada a sucumbência
recíproca, a ensejar a divisão proporcional entre os litigantes do pagamento das
custas processuais e dos honorários advocatícios. V - Preliminar de revelia rejeitada,
recurso conhecido e não provido.
(TJ-MG - AC: 10000222339046001 MG, Relator: Vicente de Oliveira Silva, Data de
Julgamento: 15/02/2023, Câmaras Cíveis / 20ª CÂMARA CÍVEL, Data de
Publicação: 16/02/2023)

É o que também entende o Ilustre Yussef Cahali, senão vejamos:


Como a privação ou diminuição daqueles bens que têm um valor precípuo na vida do
homem e que são a paz, a tranquilidade de espírito, a liberdade individual, a integridade
física, a honra e os demais sagrados afetos”. (In Dano Moral, 2ª Edição, São Paulo: Revista
dos Tribunais, 1998).
Estando robustamente comprovado, não somente pela quebra contratual, mas com a
imposição por parte do Reconvindo o dever de indenizá-lo sem justa causa. Mas também
pelas provas carreadas aos autos desta peça, os danos morais sofridos por Jorge, sendo este
petitório prova essencial que dissipam os argumentos em que pese o dever de reparar os danos
sofridos.
Requer, nessa peça de Reconvenção, a condenação de Miguel, ao pagamento
indenizatório dos danos morais sofridos por Jorge, no valor de 14.000,00 (quatorze mil reais),
em função em que foi omitido a veracidade dos fatos, quebra contratual e omissão de
documentos.
Requer, também, a condenação de Miguel, pela litigância de má-fé, nos termos do
artigo 81 do CPC.
Sendo assim, quando uma das partes age com o que se convencionou qualifica-se de
má-fé, não apenas a parte adversa é prejudicada. O maior prejudicado com procedimento
ilegal do litigante improbo e do instituto legal é o já assoberbado Poder Judiciário, com sérios
transtornos á administração da Justiça.
Tal princípio nos traz que o processo não pode servir como meio de perpetuação do
injusto.
É claro e assertivo o que preceitua o Codigo Processo Civil em seu artigo 79, in
verbis:
Art. 79. Responde por perdas e danos aquele que litigar de má-fé como autor, réu ou
interveniente.
É o que também entende o Ilustre Nelson Nery, senão vejamos:
"Caso o juiz reconheça a litigância de má-fé, mas não tenha parâmetros para fixar o
valor da condenação, deverá fixá-la desde logo, não podendo exceder 20% do valor
dado à causa, corrigido monetariamente. Na hipótese de os prejuízos excederem esse
limite, o juiz deverá reconhecer a litigância de má-fé (am debeatur) e remeter a
apuração do quantum debeatur para a liquidação por arbitramento.
Neste último caso o prejudicado deverá demonstrar a extensão do dano na ação de
liquidação por arbitramento, que se dará nos mesmos autos. O limite de 20% sobre o
valor da causa, portanto, é para que o juiz possa, de imediato, fixar a indenização.
Não significa que não possa haver prejuízo maior do que 20% do valor da causa,
pelos atos do litigante malicioso.
Havendo prejuízo, qualquer que seja o seu montante, deve ser indenizado
integralmente pelo causador do dano. Entender-se o contrário é permitir que, pelo
comportamento malicioso da parte, haja lesão a direito de outrem não inteiramente
reparável, o que se nos afigura motivo de empobrecimento indevido da parte
inocente, escopo que, por certo, não é perseguido pelo direito processual civil"
(Nelson Nery Junior, Atualidades sobre o Processo Civil, RT, 2ª edição, pp.32/33).

Diante destes fatos, o requer que seja acolhida a reconvenção para que o Reconvindo
possa indenizar ora Reconvinte por todos os danos sofridos, além disso pela litigância de má-
fé.

DOS PEDIDOS

Ante o exposto, requer-se:


A) Sejam julgados improcedentes todos os pedidos formulados pelo Requerente
na exordial, pelos motivos e fundamentos colacionados, com fulcro nos artigos 653 ; art.661 ;
art. 662; art.667 ; art.675 do Código Civil /2002.
B) Requer que seja a presente Reconvenção julgada totalmente procedente para os
fins:

B.1) condenação do Reconvindo ao pagamento indenizatório dos danos morais


sofridos pelo Requerido, no valor de 14.000,00 (quatorze mil reais), em função de que foi
omitido a veracidade dos fatos, quebra contratual e omissão de documentos.

B.2) Requer, também, a condenação de Reconvindo pela litigância de má-fé, nos


termos do art.81 do Código de Processo Civil.

B.3) Que seja condenado o Reconvindo ao pagamento das custas processuais e


honorários advocatícios no percentual de 20%.

C) Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitida,


notadamente, documental, testemunhal, pericial e depoimentos pessoais.
D) Dá-se a Reconvenção, nos termos do art. 292, V, do CPC, o valor de R$
14.000,00 (quatorze mil reais).

Termos em que, pede-se deferimento.

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