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Teoria Geral do Direito Civil

Washington Luiz Junior


8 - Elementos dos Atos jurídicos
• 8.1 - Elementos Acidentais
• 8.2 - Forma dos Atos Jurídicos e sua Prova
• 8.2.1 - Atos formais e não formais
• 8.2.2 - Prova e sua classificação
• 8.2.3 - Meios probatórios admitidos em direito
Elementos essenciais
• Aqueles sem os quais o negócios sequer existe;
• Tal deve ser considerado em conjunto com os
pressupostos do art. 104 do CCB:

• Art. 104. A validade do negócio jurídico requer:


• I - agente capaz;
• II - objeto lícito, possível, determinado ou
determinável;
• III - forma prescrita ou não defesa em lei.
Elementos acessórios ou acidentais
• São assim chamados porque o negócio
jurídico pode ser realizado sem eles, existe e é
válido, mesmo que estes não sejam
estipulados.
• A sua presença é dispensável para a existência
do negócio jurídico. São acessórios porque
seguem a mesma regra para o principal: são
nulos se o ato jurídico principal for nulo;
• Inserem-se de modo genérico nos negócios
jurídicos, porém existem determinados atos
que não admitem tais acessórios;
• Ex.: não existe casamento sob condição.
Condição
• CAPÍTULO III
• DA CONDIÇÃO, DO TERMO E DO ENCARGO

• Art. 121. Considera-se condição a cláusula


que, derivando exclusivamente da vontade
das partes, subordina o efeito do negócio
jurídico a evento futuro e incerto.
CCB
• Art. 122. São lícitas, em geral, todas as condições não contrárias à lei, à
ordem pública ou aos bons costumes; entre as condições defesas se
incluem as que privarem de todo efeito o negócio jurídico, ou o sujeitarem
ao puro arbítrio de uma das partes.

• Art. 123. Invalidam os negócios jurídicos que lhes são subordinados:


• I - as condições física ou juridicamente impossíveis, quando suspensivas;
• II - as condições ilícitas, ou de fazer coisa ilícita;
• III - as condições incompreensíveis ou contraditórias.

• Art. 124. Têm-se por inexistentes as condições impossíveis, quando


resolutivas, e as de não fazer coisa impossível.
• Art. 125. Subordinando-se a eficácia do negócio jurídico à condição suspensiva,
enquanto esta se não verificar, não se terá adquirido o direito, a que ele visa.

• Art. 126. Se alguém dispuser de uma coisa sob condição suspensiva, e, pendente esta,
fizer quanto àquela novas disposições, estas não terão valor, realizada a condição, se
com ela forem incompatíveis.

• Art. 127. Se for resolutiva a condição, enquanto esta se não realizar, vigorará o negócio
jurídico, podendo exercer-se desde a conclusão deste o direito por ele estabelecido.

• Art. 128. Sobrevindo a condição resolutiva, extingue-se, para todos os efeitos, o


direito a que ela se opõe; mas, se aposta a um negócio de execução continuada ou
periódica, a sua realização, salvo disposição em contrário, não tem eficácia quanto aos
atos já praticados, desde que compatíveis com a natureza da condição pendente e
conforme aos ditames de boa-fé.
• Art. 129. Reputa-se verificada, quanto aos efeitos
jurídicos, a condição cujo implemento for
maliciosamente obstado pela parte a quem
desfavorecer, considerando-se, ao contrário, não
verificada a condição maliciosamente levada a efeito
por aquele a quem aproveita o seu implemento.

• Art. 130. Ao titular do direito eventual, nos casos de


condição suspensiva ou resolutiva, é permitido
praticar os atos destinados a conservá-lo.
Condição
• É cláusula que subordina o efeito do negócio
jurídico a evento futuro e incerto.
• O efeito do ato jurídico pois, depende de um
acontecimento futuro (não pode ser ato do
passado ou do presente) e incerto (que pode
ocorrer ou não).
Obs.
• Se a subordinação for a fato futuro e certo
como a morte, é TERMO e não condição.
• A condição deve ser lícita – não contrária a lei, à ordem
pública e aos bons costumes. Assim, é ilícita a condição
imposta, para a aquisição do direito, de matar alguém;
• Inclui-se entre as ilícitas as que privarem de todo o
efeito o negócio jurídico (ditas perplexas) como por
exemplo, a venda de um carro com a condição de mão
ser utilizada pelo comprador;
• Ou o sujeitarem, ao puro arbítrio de uma das partes
(condições puramente potestativas) como por
exemplo: se eu quiser, quando eu quiser.
• Deve ainda ser possível;
• Fisicamente impossíveis são aquelas que não
podem ser cumpridas por nenhum ser
humano: pegar toda a água do mar; varrer
toda a areia da praia;
• São juridicamente impossíveis aquelas
contrárias a lei, à moral e aos bons costumes:
herança de pessoa viva;
Condição suspensiva e resolutiva
• Suspensiva: a eficácia do negócio jurídico
condiciona-se ao acontecimento futuro e
incerto;
• Pendente de condição suspensiva não há
direito adquirido porém expectativa de
direito;
• Ex.: doarei meu apartamento se você se
formar;
• Resolutiva: quando a ineficácia do negócio jurídico
depender de acontecimento futuro e incerto;
• Enquanto o evento (condição) não se realizar vigorará
o negócio jurídico, podendo desde logo exercer o
direito estabelecido no negócio jurídico;
• Assim tem-se de imediato o aquisição do direito, a
produção dos efeitos jurídicos, até que a condição
resolutiva se realize, quando o negócio jurídico será
desfeito, extinguindo-se o direito;
• Ex.: poderá morar em meu apartamento até se formar;
Em resumo
• Condição SUSPENSIVA: o direito
SÓ SE ADQUIRE
com o implemento da condição;

• Condição RESOLUTIVA: o direito


ADQUIRE-SE DESDE LOGO,
EXTINGUINDO-SE
com o implemento da condição
Termo
• É o dia em que começa ou termina a eficácia
do negócio jurídico;
• Pode ser inicial (dies a quo); ou final (dies ad
quem);
• Ex.: vou locar meu apartamento para o Fred a
partir do dia....(termo inicial); e a locação
durará 30 meses e se extinguirá no dia ...
(termo final)
• TERMO:
• FATO FUTURO E CERTO;
CCB
• Art. 131. O termo inicial suspende o exercício,
mas não a aquisição do direito.

• Art. 135. Ao termo inicial e final aplicam-se, no


que couber, as disposições relativas à
condição suspensiva e resolutiva.
Modo ou Encargo
• Cláusula acessória, presente geralmente em atos
de liberalidade que impõem um ÔNUS ou uma
obrigação à pessoa contemplada;
• Pode consistir numa prestação a favor de quem
institui, em favor de terceiros ou, mesmo, sem
interesse particular para determinada pessoa;
• Ex.: doação de um terreno para construção de um
edifício de apartamentos, com o encargo de um
deles ser doado ao testador ou a terceira pessoa;
Forma dos atos jurídicos
• Solenes (formais);
• São os negócios que devem observar a forma prescrita em lei para se
aperfeiçoarem;
• Quando a forma é exigida como condição de validade do negócio, esta
constitui a própria substancia do ato;
• Ex.: escritura pública na alienação de imóvel acima de um determinado
valor:
• CCB
• Art. 108. Não dispondo a lei em contrário, a escritura pública é
essencial à validade dos negócios jurídicos que visem à constituição,
transferência, modificação ou renúncia de direitos reais sobre imóveis
de valor superior a trinta vezes o maior salário mínimo vigente no País.
Não solenes
• São os negócios de forma livre;
• Basta o consentimento para a sua formação;
• Podem ser celebrados de qualquer forma,
inclusive a verbal;
Regra: forma dos atos jurídicos
• Em regra os contratos tem forma livre salvo
expressas exceções;

• CCB
• Art. 107. A validade da declaração de vontade
não dependerá de forma especial, senão
quando a lei expressamente a exigir.
Prova
• É o meio empregado para demonstrar a
existência do ato ou do negócio jurídico;
• Deve ser admissível (ou seja: não proibida por
lei e aplicável no caso em exame), pertinente
(adequada a demonstração dos fatos em
questão) e concludente (esclarecedora dos
fatos contrvertidos;
• Não basta alegar: é preciso provar;
• O que se prova é o fato alegado e não o direito
a aplicar (atribuição do juiz conhecer e aplicar
o direito);
• Regra: o ônus da prova cabe a quem alega e
não a quem contesta, sendo certo que os fatos
públicos e notórios prescindem (independem)
de provas;
Como provar?
• CPC – não havendo nenhuma exigência quanto a forma, (ato não
formal), qualquer meio de prova pode ser utilizado desde que não
proibido.
CAPÍTULO VI
DAS PROVAS
Doutrina Vinculada
SEÇÃO I
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS

• Art. 332. TODOS OS MEIOS LEGAIS, bem como os moralmente


legítimos, ainda que não especificados neste Código, são hábeis para
provar a verdade dos fatos, em que se funda a ação ou a defesa.
Meios de prova
O art. 212 do CCB enumera (rol exemplificativo e não taxativo), os meios de prova
dos negócios jurídicos a que não se impões forma especial:

• Art. 212. Salvo o negócio a que se impõe forma especial, o fato jurídico pode
ser provado mediante:

• I - confissão;

• II - documento;

• III - testemunha;

• IV - presunção;

• V - perícia.
Confissão
• Ocorre quando a parte admite a verdade de
um fato, contrário ao seu interesse e favorável
ao seu adversário;
• CPC
• Art. 348. Há confissão, quando a parte
admite a verdade de um fato, contrário ao seu
interesse e favorável ao adversário. A
confissão é judicial ou extrajudicial.
Pode ser:
• Judicial ou extrajudicial;

• Espontânea ou provocada;

• Expressa ou presumida (ficta) pela revelia;

• Remissões: arts. 302 a 319 CPC;


Obs
• CCB

• Art. 214. A confissão é irrevogável, mas pode


ser anulada se decorreu de erro de fato ou de
coação.
Documentos:
• Podem ser públicos ou particulares;

• Públicos: efetuados perante o oficial público;


• CCB
• Art. 215. A escritura pública, lavrada em notas de
tabelião, é documento dotado de fé pública, fazendo
prova plena.

• Particulares: são realizados somente com a assinatura


dos próprios particulares;
Testemunhas:
• Instrumentárias – aquelas que assinam um
documento;

• Judiciárias: as que prestam depoimento em


juízo;
Pessoas que não podem ser admitidas como
testemunhas:
• Art. 228. Não podem ser admitidos como testemunhas:

• I - os menores de dezesseis anos;

• II - aqueles que, por enfermidade ou retardamento mental, não tiverem


discernimento para a prática dos atos da vida civil;

• III - os cegos e surdos, quando a ciência do fato que se quer provar dependa dos
sentidos que lhes faltam;

• IV - o interessado no litígio, o amigo íntimo ou o inimigo capital das partes;

• V - os cônjuges, os ascendentes, os descendentes e os colaterais, até o terceiro


grau de alguma das partes, por consangüinidade, ou afinidade.
Recusa legal a depoimento
• Art. 229. Ninguém pode ser obrigado a depor sobre fato:

• I - a cujo respeito, por estado ou profissão, deva guardar


segredo;

• II - a que não possa responder sem desonra própria, de seu


cônjuge, parente em grau sucessível, ou amigo íntimo;

• III - que o exponha, ou às pessoas referidas no inciso


antecedente, a perigo de vida, de demanda, ou de dano
patrimonial imediato.
Recusa a perícia médica

• Art. 232. A recusa à perícia médica ordenada


pelo juiz poderá suprir a prova que se
pretendia obter com o exame.
Testemunhas impedidas ou suspeitas
CPC
• Art. 405. Podem depor como testemunhas todas as pessoas, exceto as incapazes,
impedidas ou suspeitas.

• § 1º São incapazes:

• I - o interdito por demência;

• II - o que, acometido por enfermidade, ou debilidade mental, ao tempo em que


ocorreram os fatos, não podia discerni-los; ou, ao tempo em que deve depor, não está
habilitado a transmitir as percepções;

• III - o menor de 16 (dezesseis) anos;

• IV - o cego e o surdo, quando a ciência do fato depender dos sentidos que lhes faltam.
§ 2º São impedidos:

• I - o cônjuge, bem como o ascendente e o descendente em qualquer grau, ou


colateral, até o terceiro grau, de alguma das partes, por consangüinidade ou
afinidade, salvo se o exigir o interesse público, ou, tratando-se de causa relativa
ao estado da pessoa, não se puder obter de outro modo a prova, que o juiz
repute necessária ao julgamento do mérito; (Redação dada ao inciso pela Lei nº
5.925, de 01.10.1973, DOU 02.10.1973, com efeitos a partir de 01.01.1974)

• II - o que é parte na causa;

• III - o que intervém em nome de uma parte, como o tutor na causa do menor, o
representante legal da pessoa jurídica, o juiz, o advogado e outros, que assistam
ou tenham assistido as partes.
§ 3º São suspeitos:

• I - o condenado por crime de falso testemunho, havendo transitado em


julgado a sentença;

• II - o que, por seus costumes, não for digno de fé;

• III - o inimigo capital da parte, ou o seu amigo íntimo;

• IV - o que tiver interesse no litígio.

• § 4º Sendo estritamente necessário, o juiz ouvirá testemunhas impedidas ou


suspeitas; mas os seus depoimentos serão prestados independentemente de
compromisso (artigo 415) e o juiz lhes atribuirá o valor que possam merecer.
PRESUNÇÃO
• Presunção é a ilação que se extrai de um fato conhecido, para se
chegar a um desconhecido;
• Não se confunde com indício, que é um meio para se chegar a
presunção;
• Ex.: devedor de posse do recibo do título, há de se presumir que o
mesmo foi pago;

• Art. 324. A entrega do título ao devedor firma a presunção do


pagamento.

• Parágrafo único. Ficará sem efeito a quitação assim operada se o


credor provar, em sessenta dias, a falta do pagamento.
Perícia
• O CPC denomina prova pericial o exame e a
vistoria ou avaliação;

• Art. 420. A prova pericial consiste em exame,


vistoria ou avaliação.
Exame
• É a apreciação de alguma coisa por peritos,
para auxiliar o juiz a formar a sua convicção;
• Ex.: exame grafotécnico; exame de DNA;
Vistoria
• É também perícia porém restrita a inspeção ocular;
• Muito comum em ações imobiliárias e possessórias
por destinada a perpetuar a memória de certos
fatos transitórios antes que desapareçam;
• Denominada ad perpetuam rei memoriam;
• Regulada atualmente pelo capítulo do CPC que trata
da produção antecipada de provas (arts. 846/851)
CPC
SEÇÃO VI
DA PRODUÇÃO ANTECIPADA DE PROVAS
• Art. 846. A produção antecipada de prova pode consistir em interrogatório da parte, inquirição de testemunhas e exame pericial.

• Art. 847. Far-se-á o interrogatório da parte ou a inquirição das testemunhas antes da propositura da ação, ou na pendência desta, mas antes
da audiência de instrução:

• I - se tiver de ausentar-se;

• II - se, por motivo de idade ou de moléstia grave, houver justo receio de que ao tempo da prova já não exista, ou esteja impossibilitada de
depor.

• Art. 848. O requerente justificará sumariamente a necessidade da antecipação e mencionará com precisão os fatos sobre que há de recair a
prova.

• Parágrafo único. Tratando-se de inquirição de testemunhas, serão intimados os interessados a comparecer à audiência em que prestará o
depoimento.

• Art. 849. Havendo fundado receio de que venha a tornar-se impossível ou muito difícil a verificação de certos fatos na pendência da ação, é
admissível o exame pericial.

• Art. 850. A prova pericial realizar-se-á conforme o disposto nos artigos 420 a 439.

• Art. 851. Tomado o depoimento ou feito exame pericial, os autos permanecerão em cartório, sendo lícito aos interessados solicitar as certidões
que quiserem.
Avaliação
• Também considerada perícia;
• Procedimento para atribuir a um bem o seu
valor de mercado;
• Obs.: quando esta avaliação se procede em
ação de indenização ou ainda em
desapropriação denomina-se arbitramento;
CCB
• Art. 231. Aquele que se nega a submeter-se a
exame médico necessário não poderá
aproveitar-se de sua recusa.

• Art. 232. A recusa à perícia médica ordenada


pelo juiz poderá suprir a prova que se
pretendia obter com o exame.
STJ
• Súmula 301
• Em ação investigatória, a recusa do suposto
pai a submeter-se ao exame de DNA induz
presunção juris tantum de paternidade.
LEI Nº 12.004, DE 29 DE JULHO DE 2009
(DOU 30.07.2009)
Altera a Lei nº 8.560, de 29 de dezembro de 1992, que regula a investigação de paternidade
dos filhos havidos fora do casamento e dá outras providências.

• O PRESIDENTE DA REPÚBLICA
• Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

• Art. 1º Esta Lei estabelece a presunção de paternidade no caso de recusa do suposto pai em submeter-se ao exame de código
genético - DNA.

• Art. 2º A Lei nº 8.560, de 29 de dezembro de 1992, passa a vigorar acrescida do seguinte art. 2º-A:

• "Art. 2º-A. Na ação de investigação de paternidade, todos os meios legais, bem como os moralmente legítimos, serão hábeis
para provar a verdade dos fatos.”

• Parágrafo único. A recusa do réu em se submeter ao exame de código genético - dna gerará a
presunção da paternidade, a ser apreciada em conjunto com o contexto probatório."

• Art. 3º Revoga-se a Lei nº 883, de 21 de outubro de 1949.

• Art. 4º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

• Brasília, 29 de julho de 2009; 188º da Independência e 121º da República.


• LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA
• Tarso Genro

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