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NULIDADE E ANULABILIDADE - INTRODUÇÃO

Existem duas categorias de nulidade: absoluta e relativa. Os atos ou negócios jurídicos são
considerados nulos ou anuláveis, dependendo das circunstâncias.

Se a manifestação da vontade vem de agente capaz, tiver objeto lícito e obedecer à forma prescrita
em lei, tem-se um ato perfeito que produz os efeitos desejados. Por outro lado, se a manifestação de
vontade vem de pessoa absolutamente incapaz, tiver objeto ilícito ou não obedecer à forma prescrita
em lei, o ato é nulo. Se a manifestação de vontade origina-se de pessoa incapaz ou o manifestante do
ato foi enganado por fraude, o ato é anulável.

NULIDADE ABSOLUTA

A nulidade absoluta é gerada pelo ato nulo, do latim "nullitas," de "nullus" (nenhum, nulo). O ato nulo
não tem valor algum, não produzindo efeitos jurídicos porque, na verdade, nunca existiu. Pode ser
alegada por qualquer interessado, e o juiz deve declará-la de ofício. O ato nulo não produz efeito em
tempo algum.

CASOS DE NULIDADE ABSOLUTA

1. Ato celebrado por pessoa absolutamente incapaz, como menores de 16 anos.


2. Negócio jurídico com objeto ilícito, impossível ou indeterminável.
- Objeto ilícito: proibido por lei.
- Objeto impossível: que não pode se realizar.
- Objeto indeterminável: não identificável.
3. Motivo ilícito comum a ambas as partes.
4. Ato não revestido da forma prescrita em lei.
5. Ato em que tenha sido preterida alguma solenidade essencial.
6. Ato com o objetivo de fraudar lei imperativa.
7. Ato declarado nulo pela própria lei (expressamente).

NULIDADE RELATIVA (ANULABILIDADE)

Ato anulável é praticado sem conformidade com os preceitos legais, podendo ser judicialmente
anulado. Enquanto não for declarado ineficaz, produz normalmente todos os efeitos, sendo válido até
a declaração judicial de nulidade.

CASOS DE NULIDADE RELATIVA

Conforme o artigo 171 do Código Civil, o negócio jurídico é anulável:

1. Por incapacidade relativa do agente.


2. Por vício resultante de erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão ou fraude contra credores.

ESTABILIZAÇÃO TEMPORAL DAS RELAÇÕES JURÍDICAS: PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA

A busca pela estabilidade jurídica e segurança no âmbito das relações sociais leva o Direito a
estabelecer prazos para o surgimento, exercício e extinção de diversos direitos. A prescrição e a
decadência são instrumentos que visam preservar a estabilidade social e jurídica, limitando no tempo
a exigibilidade e o exercício de certos direitos.

NOÇÕES GERAIS

Em prol da estabilidade social, o Direito impõe limites temporais para o exercício de direitos, pois
estes deixam de ser justificáveis se não forem exercidos por um longo período. A preservação da
estabilidade requer a observância de prazos para a aquisição, exercício e extinção de direitos.
EFEITO DO TEMPO NAS RELAÇÕES JURÍDICAS:

1) Aquisição de direitos:
- Prescrição aquisitiva (usucapião): Aquisição do direito real pelo decurso do tempo, com elementos
essenciais sendo o tempo e a posse.

2) Extinção de pretensão jurídica:


- Prescrição extintiva:** Decorre do tempo e da inércia do titular.

3) Perecimento do direito potestativo:


- Decadência:** Decorre do tempo e da inércia do titular.

PRESCRIÇÃO

É a perda da pretensão pelo titular de um direito, devido à sua inércia. Afeta a pretensão decorrente
do direito material violado, não o direito de ação. Aplica-se a direitos subjetivos patrimoniais e
disponíveis, não atingindo direitos sem conteúdo patrimonial, como os personalíssimos, de estado e
de família.

DIFERENÇAS:

Direito de ação: Direito público, abstrato, de natureza processual e indisponível.

- Pretensão:Poder de exigir coercitivamente o cumprimento de um dever jurídico, judicialmente.

RENÚNCIA À PRESCRIÇÃO:

Pode ser expressa ou tácita. A renúncia expressa é permitida pela lei, enquanto a tácita é presumida a
partir de fatos incompatíveis com a prescrição. Requisitos incluem ocorrer após a consumação da
prescrição e não causar prejuízo a terceiros.

ALTERAÇÃO E ALEGAÇÃO DA PRESCRIÇÃO:

Não é possível alteração convencional dos prazos prescricionais. A prescrição pode ser alegada em
qualquer fase do processo, sem preclusão temporal.

PESSOAS A QUEM APROVEITA A PRESCRIÇÃO:

A prescrição, se alegada, beneficia tanto pessoas naturais quanto jurídicas. Iniciada contra uma
pessoa, continua contra seu sucessor. A prescrição do direito principal implica na prescrição dos
acessórios.

REQUISITOS DA PRESCRIÇÃO:

1. Violação do direito com o nascimento da pretensão.


2. Inércia do titular.
3. Decurso do tempo fixado em lei.
4. Ausência de fato ou ato impeditivo, suspensivo ou interruptivo do curso da prescrição.

CAUSAS IMPEDITIVAS, SUSPENSIVAS E INTERRUPTIVAS


1. Impeditivas: Impedem o início do curso prescricional, ou seja, o prazo não começa a correr.

2. Suspensivas:Paralisam temporariamente o curso prescricional, congelando o prazo que começou a


correr.

3.Interruptivas: Inutilizam a prescrição iniciada, fazendo com que o prazo recomece a correr por
inteiro a partir da data do ato que a interrompeu. Pode ocorrer apenas uma vez (art. 202).
DECADÊNCIA

É a perda do direito potestativo (direito material) devido ao seu não exercício em um prazo
predeterminado. Afeta direitos potestativos, insuscetíveis de violação, conferindo ao titular o poder
de influenciar ou determinar mudanças na esfera jurídica de outrem.

- O direito é irrenunciável.

FUNDAMENTO DA DECADÊNCIA

Decorre da não utilização de um poder de ação dentro dos limites temporais estabelecidos.

- Pode ser arguida em qualquer estado da causa e em qualquer instância.

- O juiz pode decretá-la de ofício (ex officio).

ESPÉCIES DE DECADÊNCIA

1. Legal: Quando o prazo está previsto em lei. Irrenunciável (art. 209) e deve ser conhecida de ofício
pelo juiz (art. 210).

2. Convencional: Decorre de cláusula pactuada pelas partes em um contrato (art. 211). Não pode ser
decretada de ofício pelo juiz e pode ser alegada em qualquer fase do processo, sem preclusão.

CARACTERÍSTICAS DA DECADÊNCIA

- Resulta na extinção do direito.

- Extinção do direito implica, indiretamente, a extinção da ação.

- O prazo não corre contra os absolutamente incapazes (art. 208).

- Geralmente não se suspende nem se interrompe, sendo impedida apenas pelo efetivo exercício do
direito dentro do prazo prefixado.

- Observância ao disposto no artigo 208.

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