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NULIDADES ABSOLUTA E RELATIVA NO PROCESSO PENAL.

Conceito.

A nulidade no Processo Penal pode ser conceituada como um defeito


jurídico que torna inválido ou destituído de valor de um ato ou o processo, total
ou parcialmente. São, portanto, defeitos ou vícios no decorrer do processo
penal, podendo, também, aparecer no inquerito policial. Guilherme de Souza
Nucci (2007, p. 771) ensina que a nulidade "é o vício que contamina
determinado ato processual, praticado sem a observância da forma prevista em
lei, podendo levar a sua inutilidade e conseqüente renovação".

Em outras palavras, a nulidade é a ineficácia do ato ou relação


processual, causada pela não observância da lei. Pode ser absoluta, quando a
grave violação à lei torna o vício insanável, ou relativa, quando torna o ato
apenas anulável, possibilitando que o vício seja suprido pelas partes. Esse
instituto encontra fundamentação nos Artigos 563 a 573 do CPP.

NULIDADE ABSOLUTA.

Ocorre toda vez que for desrespeitada as normas de interesse público


ou quando ocorrer desacordo a um determinado princípio constitucional. São
vícios que decorrem da violação de uma determinada forma de ato, que visa à
proteção de interesse de ordem pública.

Podem ser declaradas em forma de ofício pela autoridade judicial e em


qualquer grau de jurisdição, sendo reconhecida a qualquer tempo, mesmo após
o trânsito em julgado e em qualquer grau de jurisdição. O prejuízo sempre
existirá para as partes, pois independe da reprovação dos acusados, que
poderá ser feita pelo juiz em qualquer fase do processo. Quando houver
prejuízo presumido, não precisa de provas pelas partes, o relato sobre o
prejuízo é suficiente.

A nulidade absoluta se caracteriza pela falta de um elemento substancial


do ato jurídico. Não admite convalidação ou retificação; é de ordem pública.
Dentre suas principais caracteristicas temos:
 o vício atinge um interesse público;
 o juiz deve reconhecer lá de oficio;
 existe uma ofensa direta a princípio constitucional do processo;
 o vício jamais se convalida.

NULIDADE RELATIVA.

A nulidade relativa ocorrerá diante de hipóteses de desrespeito a


exigência estabelecida pela lei (norma infraconstitucional) do interesse das
partes, mas não em desrespeito à ordem pública generalizadamente. Assim
como acontece em relação à nulidade absoluta, sua invalidação depende de
ato judicial que declare sua ocorrência, já que, como mencionado, a invalidade
dos atos processuais não é automática.

Para que seja reconhecida, é essencial que haja arguição em momento


oportuno pelo interessado, pois, via de regra, não é possível que seja
decretada de ofício pelo juiz, além de que se convalida se a parte prejudicada
não se manifestar demonstrando o prejuízo a ela acarretado pelo ato.

Na nulidade relativa, viola-se a exigência estabelecida pelo ordenamento


legal, é capaz de gerar prejuízo. Dentre suas principais caracteristicas temos:

 finalidade de resguardar um direito;


 pode-se convalidar;
 pode corrigir o vício;
 pode ratificar;
 é de interesse das partes.

DIFERENÇA ENTRE NULIDADES ABSOLUTA E RELATIVA.

Quanto ao fundamento, a nulidade absoluta, genericamente, ocorre se a


norma em questão for considerada defeituosa, houver sido instituída para
resguardar, predominantemente, o interesse público. Já a nulidade relativa
aparece se a regra violada servir para determinar, especificamente, o interesse
das partes. As nulidades relativas dependem de provocação pela parte
interessada, no momento oportuno. É a regra decorrente do interesse nas
nulidades, pois que somente podem ser arguídas pela parte que dela fizer
proveito, desde que não tenha dado causa (art. 565).

Se o vício contiver violação a um princípio constitucional, a nulidade


deverá ser absoluta, ou até mesmo, inexistente. Verificamos que o processo
penal nacional está resguardado, não apenas pela legalidade, mas também,
por princípios mais abrangentes, com embasamento constitucional.

No tocante as nulidades relativas, a demonstração do prejuízo deve ser


efetuada pela parte que indicar o fato vicioso. Assim, somente haverá
declaração do vício se não ocorrer outra possibilidade de se reparar o ato
procedimental, deve ser argüída no momento oportuno, sob pena de preclusão.
Assim, deve ser verificado, no sistema processual, qual o ato passível de
nulidade, pois cada procedimento possui um momento fatal para argüição. O
artigo 571 do CPP, determina quando as nulidades devem ser argüídas
peremptoriamente.

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