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PRINCÍPIOS

DIREITO ADMINISTRATIVO
PRINCÍPIOS DO DIREITO ADMINISTRATIVO

CONCEITO
São normas gerais coercitivas que orientam a atuação do indivíduo,
definindo valores a serem observados nas condutas por ele
praticadas.

Assim, os princípios encerram ideias centrais de um sistema e dão


sentido lógico e harmonioso às demais normas que regulamentam o
Direito Administrativo.
PREVISÃO

Podem ser expressos ou implícitos.

Constitucionais ou Infraconstitucionais.

Na jurisprudência ou doutrina.

Não há hierarquia entre os princípios.


NORMAS JURÍDICAS

NORMAS REGRAS NORMAS PRINCÍPIOS


SUPREMACIA DO INTERESSE PÚBLICO

Os interesses da sociedade devem prevalecer diante das


necessidades específicas dos indivíduos. Em razão desta busca pelo
interesse público, a Administração se põe em situação privilegiada,
quando se relaciona com os particulares.
INDISPONIBILIDADE DO INTERESSE PÚBLICO

O agente estatal não pode deixar de atuar quando as necessidades


da coletividade assim exigirem, na medida em que suas atividades
são necessárias à satisfação dos interesses do povo.
REGIME JURÍDICO-ADMINISTRATIVO

Supremacia do Interesse Público

Indisponibilidade do Interesse Público


LEGALIDADE

O administrador público somente pode atuar conforme determina a


lei (em sentido amplo). Não havendo previsão legal está proibida a
atuação do ente público e qualquer conduta praticada ao alvedrio
do texto legal será considerada ilegítima.

Importante ressaltar que a atuação pode ser expressa ou


implicitamente prevista em lei, diante da possibilidade de edição de
atos discricionários.
IMPESSOALIDADE

A atuação do agente público deve-se pautar pela busca dos


interesses da coletividade, não visando beneficiar ou prejudicar
ninguém em especial, salvo quando expressamente previsto em lei
(vagas para deficientes, por exemplo).

Por outro lado, a impessoalidade deve ser enxergada sob a ótica do


agente; quando o agente público atua, não é a pessoa do agente
quem pratica o ato, mas o Estado.
MORALIDADE

Trata-se de princípio que exige a honestidade, lealdade e boa-fé de


conduta no exercício da função administrativa. Estabelece a
obrigatoriedade de observância a padrões éticos de conduta.

A MORALIDADE é autônoma em relação à LEGALIDADE: embora não


se identifique com a legalidade (porque a lei pode ser imoral e a
moral pode ultrapassar o âmbito da lei), a imoralidade
administrativa produz efeitos jurídicos, porque acarreta a invalidade
do ato, que pode ser decretada pela própria Administração ou pelo
Poder Judiciário.
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Trata-se de premissa que proíbe a edição de atos secreto pelo poder


público, definindo a ideia de que a Administração deve atuar de
forma plena e transparente. Foi regulamentado pela Lei
12.527/2011 (Lei de Acesso à Informação).
EFICIÊNCIA

Foi inserido na CF/88 de forma expressa pela EC 19/98. Uma atuação


eficiente da atividade administrativa é aquela realizada com presteza
e, acima de tudo, um bom desempenho funcional.
SÚMULA VINCULANTE 13
A nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta,
colateral ou por afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da
autoridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica
investido em cargo de direção, chefia ou assessoramento, para o
exercício de cargo em comissão ou de confiança ou, ainda, de função
gratificada na administração pública direta e indireta em qualquer
dos poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios, compreendido o ajuste mediante designações
recíprocas, viola a Constituição Federal.
Teses de Repercussão Geral

- Leis que tratam dos casos de vedação a nepotismo não são de


iniciativa exclusiva do Chefe do Poder Executivo.
[Tese definida no RE 570.392, rel. min. Cármen Lúcia, P, j. 11-12-
2014, DJE 32 de 19-2-2015, Tema 29.]

- A vedação ao nepotismo não exige a edição de lei formal para


coibir a prática, dado que essa proibição decorre diretamente dos
princípios contidos no art. 37, caput, da Constituição Federal.
[Tese definida no RE 579.951, rel. min. Ricardo Lewandowski, P, j. 20-
8-2008, DJE 202 de 24-10-2008, Tema 66.]
Jurisprudência Selecionada

1. O texto constitucional estabelece os requisitos para a nomeação


dos cargos de primeiro escalão do Poder Executivo (Ministros),
aplicados por simetria aos Secretários estaduais e municipais. 2.
Inaplicabilidade da SV 13, salvo comprovada fraude na nomeação,
conforme precedentes (...).
[Rcl 34.413 AgR, rel. min. Alexandre de Moraes, 1ª T, j. 27-9-2019,
DJE 220 de 10-10-2019.]
(...) 2. Nomeação de cônjuge de Prefeita para ocupar cargo de
Secretário municipal. 3. Agente político. Ausência de violação ao
disposto na Súmula Vinculante 13. 4. Os cargos que compõem a
estrutura do Poder Executivo são de livre nomeação e exoneração
pelo Chefe desse Poder. 4. Fraude à lei ou hipótese de nepotismo
cruzado por designações recíprocas. Inocorrência.
[Rcl 22.339 AgR, rel. min. Edson Fachin, red. p/ o ac. min. Gilmar
Mendes, 2ª T, j. 4-9-2018, DJE 55 de 21-3-2019.]
1. O Supremo Tribunal Federal tem afastado a aplicação da Súmula
Vinculante 13 a cargos públicos de natureza política, ressalvados os
casos de inequívoca falta de razoabilidade, por manifesta ausência
de qualificação técnica ou inidoneidade moral. Precedentes. 2. Não
há nos autos qualquer elemento que demonstre a ausência de
razoabilidade da nomeação.
[Rcl 28.024 AgR, rel. min. Roberto Barroso, 1ª T, j. 29-5-2018, DJE
125 de 25-6-2018.]
PRINCÍPIO DA INTRANSCENDÊNCIA (aplicação pela jurisprudência)

Impede a aplicação de sanções a entidades federativas por ato de


gestão anterior à assunção dos deveres públicos. Com efeito, deve-
se evitar a aplicação de penalidades à Administração Pública que
possam dificultar a governabilidade do novo gestor caso haja
irregularidades decorrentes das gestões anteriores, desde que se
demonstre que o novo administrador está tomando todas as
providências necessárias a sanar os prejuízos.
Súmula 615-STJ: Não pode ocorrer ou permanecer a inscrição do
município em cadastros restritivos fundada em irregularidades na
gestão anterior quando, na gestão sucessora, são tomadas as
providências cabíveis à reparação dos danos eventualmente
cometidos. STJ. 1ª Seção. Aprovada em 09/05/2018, DJe 14/05/2018
(Info 624).
CONTRADITÓRIO E AMPLA DEFESA

É o direito conferido ao particular de saber o que acontece no


processo administrativo ou judicial de seu interesse, bem como o
direito de se manifestar na relação processual, requerendo a
produção de provas e provocando sua tramitação.
PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE
Traduz-se na ideia da prestação ininterrupta da atividade
administrativa.

Servidor pode fazer greve?


CF/88. Art. 37 (...)
VII - o direito de greve será exercido nos termos e nos limites
definidos em lei específica;
Entendimento do STF
O Tribunal, por maioria, nos termos do voto do Relator, conheceu do
mandado de injunção e propôs a solução para a omissão legislativa
com a aplicação da Lei nº 7.783, de 28 de junho de 1989, no que
couber, vencidos, parcialmente, os Senhores Ministros Ricardo
Lewandowski, Joaquim Barbosa e Marco Aurélio, que limitavam a
decisão à categoria representada pelo sindicato e estabeleciam
condições específicas para o exercício das paralisações. Votou a
Presidente, Ministra Ellen Gracie. Ausente, justificadamente, a
Senhora Ministra Cármen Lúcia, com voto proferido em assentada
anterior. Plenário, 25.10.2007.
Teses de Repercussão Geral
A administração pública deve proceder ao desconto dos dias de
paralisação decorrentes do exercício do direito de greve pelos
servidores públicos, em virtude da suspensão do vínculo funcional
que dela decorre, permitida a compensação em caso de acordo. O
desconto será, contudo, incabível se ficar demonstrado que a greve
foi provocada por conduta ilícita do Poder Público. RE 693456

1 - O exercício do direito de greve, sob qualquer forma ou


modalidade, é vedado aos policiais civis e a todos os servidores
públicos que atuem diretamente na área de segurança pública. 2 - É
obrigatória a participação do Poder Público em mediação instaurada
pelos órgãos classistas das carreiras de segurança pública, nos
termos do art. 165 do CPC, para vocalização dos interesses da
categoria. ARE 654432
PRINCÍPIO DA AUTOTUTELA
Poder que a Administração Pública possui de ter o controle dos seus atos,
podendo revogar (por oportunidade ou conveniência) ou anular (por
ilegalidade).

Súmula 346 do STF


A Administração Pública pode declarar a nulidade dos seus próprios atos.

Súmula 473 do STF


A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de
vícios que os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou
revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os
direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação
judicial.
Lei 9.784/99
Art. 53. A Administração deve anular seus próprios atos, quando
eivados de vício de legalidade, e pode revogá-los por motivo de
conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos.
PRINCÍPIO DA RAZOABILIDADE

É a qualidade do que é razoável, ou seja, aquilo que se situa dentro


de limites aceitáveis (bom senso/equilíbrio), visando impedir a
atuação do agente de forma desarrazoada ou despropositada. É um
limite a discricionariedade administrativa.
PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE
É o equilíbrio entre os motivos que deram ensejo à prática do ato e a
consequência jurídica da conduta. A aplicação do princípio da
proporcionalidade torna ilegal qualquer conduta do agente que seja mais
intensa ou mais extensa do que o necessário para atingir o objetivo da
norma que ensejou sua prática.

O STF, na aplicação do princípio da proporcionalidade, faz a seguinte


divisão:
- necessidade: verificação se a medida tomada é realmente necessária
para o atingimento do fim proposto;
- adequação: verificação se a medida tomada é a mais adequada para o
fim pretendido.
- proporcionalidade em sentido estrito: ponderação entre a intensidade
da restrição ao direito fundamental e a importância da realização do
outro direito.
PRINCÍPIO DA MOTIVAÇÃO

É dever imposto ao ente estatal de indicar os pressupostos de fato e


de direito que determinaram a prática do ato administrativo.
Lei 9.784/99
Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados, com indicação dos fatos e dos
fundamentos jurídicos, quando:
I - neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses;
II - imponham ou agravem deveres, encargos ou sanções;
III - decidam processos administrativos de concurso ou seleção pública;
IV - dispensem ou declarem a inexigibilidade de processo licitatório;
V - decidam recursos administrativos;
VI - decorram de reexame de ofício;
VII - deixem de aplicar jurisprudência firmada sobre a questão ou discrepem de
pareceres, laudos, propostas e relatórios oficiais;
VIII - importem anulação, revogação, suspensão ou convalidação de ato administrativo.

§ 1º A motivação deve ser explícita, clara e congruente, podendo consistir em


declaração de concordância com fundamentos de anteriores pareceres, informações,
decisões ou propostas, que, neste caso, serão parte integrante do ato.
PRINCÍPIO DA ISONOMIA

A isonomia, analisada formalmente, veda tratamento diferenciado


às pessoas por motivos de índole pessoal, de forma a garantir-se
uma padronização de condutas do Estado em relação aos cidadãos.

Por seu turno, em seu aspecto material, a isonomia justifica


tratamento diferenciado como forma de igualar juridicamente
aqueles que são desiguais faticamente.
PRINCÍPIO DA FINALIDADE

Determina que a atuação do agente público seja sempre visando a


finalidade pública previamente estipulada pela lei. De acordo com o
princípio da finalidade, a norma administrativa deve ser interpretada
e aplicada pelo agente do Estado da forma que melhor garanta a
realização do fim público a que se dirige.
PRINCÍPIO DA ESPECIALIDADE

Relacionado com a descentralização e instituição da administração


indireta, com a instituição de autarquias, fundações, empresas
públicas e sociedades de economia mista que, com base na lei que
cria ou autoriza, possuem uma finalidade específica.
PRINCÍPIO DA SEGURANÇA JURÍDICA

Princípio geral do direito, com base no estado democrático de


direito, que impede a retroação dos efeitos de alteração repentina
das normas postas, promovendo a pacificação social.

As modificações supervenientes de normas jurídicas não devem


retroagir para atingir situações pretéritas.
PRINCÍPIO DA JURIDICIDADE

É uma inovação evolutiva no direito administrativo, marca o seu


nascedouro na proposta de ultrapassar a abrangência do princípio
da legalidade, formando um compêndio de obrigações legais e
naturais, tais como, um “bloco de legalidade”, promovendo assim
um tratamento latu sensu a legalidade necessária ao ato
administrativo praticado de formal geral.
PRINCÍPIO DA CONFIANÇA LEGÍTIMA

A vinculação do Poder Público à juridicidade importa não apenas a


rígida observância das leis, mas também a proteção da segurança
jurídica, entendida como a tutela da legítima confiança depositada
pelos administrados nas condutas da Administração.

Assim sendo, se estivermos diante da boa-fé subjetiva e objetiva do


administrado e de uma efetiva conduta direcionada em função de
um ato administrativo, a confiança legítima não pode ser frustada
por uma mudança de posição do Estado.

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