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APS - ATIVIDADE PRÁTICA SUPERVISIONADA

DIREITO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

DISCENTE: Melissa Dias Calderoni R.A.: 1163824

DOCENTE: Marco Antônio Basso

TURMA: 003107A12

São Paulo, 29 de abril de 2022.

PROPOSTA: Leitura e interpretação de precedentes jurisprudenciais sobre a matéria do


Direito Administrativo, especificamente sobre os princípios que norteiam a Administração
Pública e ato administrativo considerando os textos abaixo, sobre os quais deve ser elaborada
resenha crítica, explanando o seu conteúdo à luz de uma decisão judicial sobre a temática da
invalidação ou convalidação do ato administrativo livremente pesquisada pelo estudante.

MORGADO, Almir de Oliveira. A Anulação ou Invalidação dos atos administrativos. In:


Âmbito Jurídico, Rio Grande, X, n. 41, maio 2007. Disponível em: Acesso em nov 2017.

CAMARGO, Beatriz Meneghel Chagas. A convalidação do ato administrativo. In: Âmbito


Jurídico, Rio Grande, XVI, n. 118, nov 2013. Disponível em: Acesso em nov 2017.

Os atos administrativos são norteados por diversos princípios, já que os órgãos,


serviços e agentes do Poder do Estado utilizam-se destes para nortear suas condutas.

1. SUPREMACIA DO INTERESSE PÚBLICO SOBRE O INTERESSE


PRIVADO

O Estado tende a realizar transações ou atividades que conflitem os interesses coletivo


e individual. Dito isso, tal princípio, que norteia os demais, estabelece a supremacia do
interesse do público sobre o privado.

2. LEGALIDADE

Este princípio está diretamente ligado ao Estado Democrático de Direito e encontra


previsão no art. 5º, inciso II, da Constituição Federal e pode ser entendido como a obrigação
do Estado de seguir às normas legais instituídas pelo Poder Legislativo, limitando o poder
punitivo do poder estatal.

3. PUBLICIDADE

O princípio da publicidade refere-se à divulgação oficial dos atos administrativos


realizados, pautando-se, para tanto, no livre acesso dos indivíduos a informações de seu
interesse e de transparência na atuação administrativa.

4. IMPESSOALIDADE

O princípio da impessoalidade refere-se a não discriminação dos agentes públicos,


determinando o dever de imparcialidade na defesa do interesse público e obstando
discriminações e privilégios indevidamente dispensados a particulares no exercício da função
pública.

5. MORALIDADE

Este princípio estabelece que os atos da administração pública devem ser pautados na
boa-fé e na honestidade, tendo que os agentes devem sempre agir guiados por seus preceitos
éticos e morais.

6. EFICIÊNCIA

Tal princípio determina que a atuação administrativa deve ser fundada na busca e no
consequente alcance da eficiência, sendo esta toda ação na qual se é alcançado um resultado
positivo para a Administração Pública com o mínimo de gastos e tempo possível investidos
por esta.

7. AUTOTUTELA

Este princípio refere-se ao poder em que é investida a Administração Pública de


controlar a legalidade de seus atos, independentemente de provocação. A autotutela é inerente
à função administrativa disposta no artigo 53 da Lei nº 9.784/1999.

8. CONTRADITÓRIO E AMPLA DEFESA

Ambos os princípios estão inseridos na Constituição Federal e são considerados uns


dos mais importantes no ordenamento jurídico brasileiro, uma vez que também caracterizam
o pleno funcionamento do Estado Democrático de Direito. Tais princípios devem ser
respeitados no processo judicial e administrativo, sendo instrumentos de garantia de resposta
e de produção de provas no âmbito dos processos.

9. SEGURANÇA JURÍDICA

Tal princípio impede que caso haja uma nova interpretação da norma administrativa,
esta venha a retroagir no sentido de violar direitos de terceiros, nos termos do art. 2º,
parágrafo único, XIII, da Lei nº 9.784.
10. RAZOABILIDADE

O princípio da razoabilidade funciona como um pilar para os atos da Administração


Pública e, no âmbito processual, atua como princípio indicador do devido processo legal, a
fim de que seja este utilizado de forma racional e moderada, sempre visando satisfazer uma
espécie de justiça social.

11. CONTINUIDADE

Toda atividade administrativa (serviço público) deve ser contínua e ininterrupta, uma
vez que, ante sua relevância, são atividades materiais escolhidas e qualificadas pelo legislador
desde o seu nascedouro.

A UTILIZAÇÃO DOS PRINCÍPIOS NUMA ANÁLISE JURISPRUDENCIAL

Conforme estudos realizados em sala de aula, abaixo colaciono jurisprudência de


modo a que se perceba o parâmetro utilizado para a tomada de ações na esfera pública
administrativa. Observados os julgados abaixo, denota-se a importância da utilização dos
princípios norteadores do Direito Administrativo, uma vez que servem de embasamento para
muitas decisões. Vejamos:

EMENTA: MANDADO DE SEGURANÇA - REQUERIMENTO


ADMINISTRATIVO - DIREITO À INFORMAÇÃO - DEVER DA
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA - PRINCÍPIOS DO DIREITO
ADMINISTRATIVO - VIOLAÇÃO. Consoante a inteligência do art. 5º,
inciso XXXIII, da Constituição Federal, a Administração Pública detém o
dever legal de prestar as informações solicitadas pelo administrado, dentro
de prazo legal, sob pena de responsabilidade, excetuando-se as hipóteses nas
quais o sigilo seja imprescindível à segurança do Estado e da sociedade. O
não fornecimento de informação/documentação pela Administração dentro
de prazo razoável viola os princípios do Direito Administrativo, em especial
os da publicidade e da eficiência. (TJ-MG - MS: 10000204667604000 MG,
Relator: Dárcio Lopardi Mendes, Data de Julgamento: 24/09/2020, Data de
Publicação: 25/09/2020).
APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA.
COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL AFASTADA.
DESINTERESSE DA UNIÃO. AUSÊNCIA DE RECOLHIMENTO DE
CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. VIOLAÇÃO AOS PRINCÍPIOS
DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. IMPROBIDADE
CARACTERIZADA. 1. Compete à Justiça Estadual o julgamento da Ação
de Improbidade Administrativa movida por município contra ex-presidente
da Câmara Municipal, quando, embora envolva verba previdenciária, a
União ou ente público a ela vinculado, não expressa interesse na lide.
Precedentes do STJ. 2. Inexiste cerceamento de defesa face ao julgamento
antecipado da lide, quando não se vislumbra qualquer mácula à realização de
provas necessárias ao deslinde do feito. A prova a ser produzida na hipótese
vertente é documental, cuja oportunidade foi efetivamente garantida às
partes, pois caberia ao ex-gestor a juntada de documentos quando da
apresentação de sua defesa, eis que a este caberia desconstituir os fatos
alegados na exordial, nos termos do art. 333, II do CPC/73, aplicável à época
da instrução processual, provando o recolhimento das contribuições
previdenciárias dos servidores da Casa Legislativa Municipal. 3. Deve ser
mantida a sentença recorrida que concluiu que o gestor deixou de promover
o recolhimento das contribuições previdenciárias dos servidores da Câmara
Municipal de Bom Jardim (MA), deixando de cumprir com suas obrigações
funcionais no período de 2013 a 2014, no exercício do cargo de Presidente, o
que incorre na caracterização da improbidade tipificada no art. 11 da Lei nº
8.429/92. 4. Em conformidade com a jurisprudência acerca da matéria,
entende-se configurado o dolo no caso em exame, imprescindível para a
caracterização de ato de improbidade atentatório aos princípios da
Administração Pública, capitulados no art. 11 da Lei nº 8.429/92, eis que
para o Colendo STJ "exige-se dolo para que se configurem as hipóteses
típicas dos arts. 9º e 11, ou pelo menos culpa, nas situações do art. 10".
( AgInt no REsp 1573264/PB, Rel. Ministro GURGEL DE FARIA,
PRIMEIRA TURMA, julgado em 16/02/2017, DJe 10/03/2017). 5. Em
relação à dosimetria da pena, não merece qualquer ajuste a sentença
recorrida, eis que as sanções fixadas encontram-se adequadas ao caso
concreto, devendo, pois, ser mantido o pagamento de multa civil em valor
equivalente a 5 (cinco) vezes o valor atualizado da remuneração percebida à
época dos fatos, a suspensão dos direitos políticos pelo prazo de 3 (três)
anos, proibição de contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou
incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, pelo prazo de 03
(três) anos, contados do trânsito em julgado deste decisão. 6. Apelo
conhecido e improvido. 7. Unanimidade. (TJ-MA - AC:
00008967420148100074 MA 0055452019, Relator: RICARDO TADEU
BUGARIN DUAILIBE, Data de Julgamento: 27/05/2019, QUINTA
CÂMARA CÍVEL).

ADMINISTRATIVO. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. IMPROBIDADE


ADMINISTRATIVA. ATENTADO VIOLENTO AO PUDOR.
PROFESSOR MUNICIPAL. ALUNAS MENORES. VIOLAÇÃO DO ART.
535 DO CPC NÃO CARACTERIZADA. VIOLAÇÃO DOS PRINCÍPIOS
DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. ART. 11 DA LEI 8.429/1992.
ENQUADRAMENTO. INDEPENDÊNCIA DAS ESFERAS. ELEMENTO
SUBJETIVO. DOLO GENÉRICO. 1. Não ocorre ofensa ao art. 535, II, do
CPC, se o Tribunal de origem decide, fundamentadamente, as questões
essenciais ao julgamento da lide. 2. O ilícito previsto no art. 11 da Lei
8.249/1992 dispensa a prova de dano, segundo a jurisprudência do STJ. 3.
Não se enquadra como ofensa aos princípios da administração pública (art.
11 da LIA) a mera irregularidade, não revestida do elemento subjetivo
convincente (dolo genérico). 4. É possível a responsabilização do agente
público, no âmbito do art. 11 da Lei 8.429/1992, ainda que este responda
pelos mesmos fatos nas demais searas, em consideração à autonomia da
responsabilidade jurídica por atos de improbidade administrativa em relação
às demais esferas. Precedentes envolvendo assédio sexual e moral. 5. A
repugnante prática de atentado violento ao pudor, praticado por professor
municipal, em sala de aula, contra crianças de 6 (seis) e 7 (sete) anos de
idade, não são apenas crimes, mas também se enquadram em 'atos
atentatórios aos princípios da administração pública', conforme previsto no
art. 11 da LIA, em razão de sua evidente imoralidade. 6. A Lei 8.429/1992
objetiva coibir, punir e/ou afastar da atividade pública os agentes que
demonstrem caráter incompatível com a natureza da atividade desenvolvida.
7. Esse tipo de ato, para configurar-se como ato de improbidade exige a
demonstração do elemento subjetivo, a título de dolo lato sensu ou genérico,
presente na hipótese. 8. Recurso especial provido. (STJ - REsp: 1219915
MG 2010/0194046-1, Relator: Ministra ELIANA CALMON, Data de
Julgamento: 19/11/2013, T2 - SEGUNDA TURMA, Data de Publicação:
DJe 29/11/2013).

ATO ADMINISTRATIVO
Trata-se de todo ato em que é incumbido ao Poder Público fazê-lo, seja para
resguardar, alterar, extinguir, adquirir ou declarar direitos ou impor obrigações aos
administrados ou a si própria.

Os atos públicos-administrativos podem ser subdivididos em atos políticos ou de


governo, atos privados, atos materiais e, por fim, atos administrativos.

Para Maria Sylvia Zanella Di Pietro1: o ato administrativo consiste na “declaração do


Estado ou de quem o represente, que produz efeitos jurídicos imediatos, com observância da
lei,sob regime jurídico de direito público, e sujeita a controle pelo poder Judiciário.”.

Importa salientar que todo ato administrativo é realizado sob o manto da presunção de
legalidade, em outras palavras, mesmo o ato sendo viciado, ele poderá ser executado, sendo,
pois, exigível, até que sua invalidade seja declarada por decisão propriamente administrativa
ou judicial.

Sobre tal matéria, oportuna a transcrição dos seguintes julgados emanados do Superior
Tribunal de Justiça:

PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. EMBARGOS


DE DIVERGÊNCIA. DISCUSSÃO DE CRITÉRIOS DE
ADMISSIBILIDADE DO RECURSO ESPECIAL.
IMPOSSIBILIDADE. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. SERVIDOR
PÚBLICO. INVESTIDURA. AUSÊNCIA DE CONCURSO
PÚBLICO. INCONSTITUCIONALIDADE. ATO
ADMINISTRATIVO NULO. IMPRESCRITIBILIDADE.
ORIENTAÇÃO CONSOLIDADA NO STF E STJ.
EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA DOS PARTICULARES
PARCIALMENTE CONHECIDOS, E, NESTE PONTO, NÃO
PROVIDOS. 1. É pacífica a jurisprudência desta Corte Superior
de que exame dos requisitos de admissibilidade do Recurso
Especial demanda a análise das particularidades de cada caso,
circunstância que só revelaria o cabimento dos Embargos de
Divergência se as questões tratadas nos acórdãos confrontados
fossem absolutamente idênticas. É essa a orientação

1 DI PIETRO. Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo brasileiro, p. 206, 21ª edição, editora Atlas.
consolidada na Súmula 315/STJ, de que são incabíveis
Embargos de Divergência para discutir questões de
admissibilidade. 2. Consoante jurisprudência consolidada no
Supremo Tribunal Federal e no Superior Tribunal de Justiça, as
situações flagrantemente inconstitucionais não podem e não
devem ser superadas ou estabilizadas com eventual decurso do
tempo. Não havendo que se falar, assim, em consolidação do
ato administrativo. 3. Logo, não incide o instituto da prescrição
nas hipóteses em que o Ministério Público busca, por meio de
Ação Civil Pública, providências cabíveis para proteger o
princípio constitucional do concurso público, visto que o
decurso do tempo não tem o condão de convalidar atos de
provimento em cargos efetivo sem a devida submissão a
concurso público. 4. Embargos de Divergência dos Particulares
parcialmente conhecidos, e, neste ponto, não providos. (STJ -
EREsp: 1518267 RN 2015/0041541-2, Relator: Ministro
NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, Data de Julgamento:
10/06/2020, S1 - PRIMEIRA SEÇÃO, Data de Publicação: DJe
17/06/2020)

ADMINISTRATIVO. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. VIOLAÇÃO AO ART.


535 DO CPC NÃO CONFIGURADA. SERVIDOR PÚBLICO.
INVESTIDURA. AUSÊNCIA DE CONCURSO PÚBLICO.
INCONSTITUCIONALIDADE. ATO ADMINISTRATIVO NULO.
RESSARCIMENTO DE DANOS AO ERÁRIO.
IMPRESCRITIBILIDADE. AUSÊNCIA DE PUBLICIDADE. INÍCIO DE
CONTAGEM DE PRAZO PRESCRICIONAL. PRINCÍPIO DA ACTIO
NATA. 1. Trata-se, na origem, de Ação Civil Pública que objetiva a)
declaração da nulidade dos atos administrativos que investiram ilegalmente
os servidores do Banco de Desenvolvimento do Estado do Rio Grande do
Norte no quadro efetivo da Assembleia Legislativa do mesmo Estado e b)
respectivo ressarcimento dos danos causados ao Erário. 2. Os vícios alegados
na inicial decorrem da falta de prévio concurso público e da ausência de
publicidade dos atos de investidura dos servidores, divulgados, não no Diário
Oficial estadual, mas apenas em Boletim Interno da Casa Legislativa, de
periodicidade incerta e circulação restrita, "interno", como a própria
denominação indica. 3. A solução integral da controvérsia, com fundamento
suficiente, não caracteriza ofensa ao art. 535 do CPC. 4. De acordo com a
Súmula 685/STF, "É inconstitucional toda modalidade de provimento que
propicie ao servidor investir-se, sem prévia aprovação em concurso público
destinado ao seu provimento, em cargo que não integra a carreira na qual
anteriormente investido". 5. A Suprema Corte possui posição sedimentada de
que "situações flagrantemente inconstitucionais como o provimento de
serventia extrajudicial sem a devida submissão a concurso público não
podem e não devem ser superadas pela simples incidência do que dispõe o
art. 54 da Lei 9.784/1999, sob pena de subversão das determinações insertas
na Constituição Federal" ( MS 28.279, Relatora Ministra Ellen Gracie,
Tribunal Pleno, DJe-079, Publicação em 29.4.2011, p. 421-436) . 6. Em
hipótese idêntica, a Primeira Turma do STJ julgou nesse mesmo sentido:
REsp 1.293.378/RN, Rel. Ministro Arnaldo Esteves Lima, Primeira Turma,
DJe 5.3.2013. 7. A ausência de concurso público torna nula de pleno direito
a investidura em cargo público, o que afasta a incidência do prazo
prescricional para a revisão do respectivo ato administrativo. Nesse sentido:
AgRg no AREsp 107.414/SC, Rel. Ministro Humberto Martins, Segunda
Turma, DJe 3.4.2012; REsp 1.119.552/RJ, Rel. Ministra Eliana Calmon,
Segunda Turma, DJe 5.10.2009; REsp 966.086/SC, Rel. Ministro José
Delgado, Primeira Turma, DJe 5.5.2008. 8. "É firme a jurisprudência desta
Corte no sentido da imprescritibilidade do ato administrativo nulo" ( REsp
1.119.552/RJ, Segunda Turma, Relatora Ministra Eliana Calmon, DJe
5.10.2009). 9. Também é imprescritível a pretensão de Ação Civil Pública
com objetivo de ressarcir danos ao Erário por ato ilícito, conforme o art. 37,
§ 5º, da Constituição da Republica. Precedentes do STJ ( REsp
1.187.297/RJ, Rel. Ministra Eliana Calmon, Segunda Turma, DJe 22.9.2010;
REsp 1.067.561/AM, Ministra Eliana Calmon, Dje de 27.2.2009; AgRg no
AREsp 76.985/MS, Rel. Ministro Cesar Asfor Rocha, Segunda Turma, DJe
18.5.2012; AgRg no Resp 929.287/MG, Rel. Ministro Castro Meira,
Segunda Turma, DJe 21.5.2009; REsp 1.199.617/RJ, Rel. Ministro Mauro
Campbell Marques, Segunda Turma, DJe 8.10.2010; AgRg no AREsp
33.943/RN, Rel. Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, DJe
14.10.2011; AgRg no REsp 1.138.564/MG, Rel. Ministro Benedito
Gonçalves, Primeira Turma, DJe 2.2.2011; REsp 1.028.330/SP, Rel.
Ministro Arnaldo Esteves Lima, Primeira Turma, DJe 12.11.2010) e do STF
( MS 26.210, Relator Min. Ricardo Lewandowski, Tribunal Pleno, DJe-192
de 10.10.2008). 10. Ainda que incidisse prazo prescricional no caso, o vício
formal da falta de divulgação dos atos apontados na inicial não pode gerar o
efeito jurídico que decorre da providência que lhes falta: a publicidade. 11.
Segundo o princípio da actio nata, os prazos prescricionais começam a fluir a
partir do momento em que o titular do direito, no caso a coletividade, toma
ciência, na sua exata dimensão, do fato lesivo que dá azo ao direito de ação.
Se não tornado público o ato administrativo, como no presente caso, não há
falar em início do prazo prescricional. 12. Recurso Especial provido para
afastar a prescrição e determinar o retorno dos autos à primeira instância
para prosseguimento da instrução e julgamento da matéria de fundo. (STJ -
REsp: 1318755 RN 2012/0067076-9, Relator: Ministro HERMAN
BENJAMIN, Data de Julgamento: 23/10/2012, T2 - SEGUNDA TURMA,
Data de Publicação: DJe 10/12/2014).

PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. AÇÃO CIVIL PÚBLICA.


SERVIDOR PÚBLICO. INVESTIDURA. AUSÊNCIA DE CONCURSO
PÚBLICO. INCONSTITUCIONALIDADE. ATO ADMINISTRATIVO
NULO. RESSARCIMENTO DE DANOS AO ERÁRIO.
IMPRESCRITIBILIDADE. AUSÊNCIA DE PUBLICIDADE. INÍCIO DE
CONTAGEM DE PRAZO PRESCRICIONAL. PRINCÍPIO DA ACTIO
NATA. 1. Trata-se, na origem, de Ação Civil Pública que objetiva: a)
declaração da nulidade dos atos administrativos que investiram ilegalmente
servidores que possuíam qualquer tipo de vínculo funcional com algum
órgão da administração pública estadual no quadro efetivo da Assembleia
Legislativa do Estado do Rio Grande do Norte e b) o respectivo
ressarcimento dos danos causados ao Erário. 2. Os vícios alegados na inicial
decorrem da falta de prévio concurso público e da ausência de publicidade
dos atos de investidura dos servidores, divulgados não no Diário Oficial
estadual, mas apenas em "Boletim Interno" da Casa Legislativa, de
periodicidade incerta e circulação restrita, "interno", como a própria
denominação indica. 3. De acordo com a Súmula 685/STF, "É
inconstitucional toda modalidade de provimento que propicie ao servidor
investir-se, sem prévia aprovação em concurso público destinado ao seu
provimento, em cargo que não integra a carreira na qual anteriormente
investido". 4. A Suprema Corte possui posição sedimentada de que
"situações flagrantemente inconstitucionais como o provimento de serventia
extrajudicial sem a devida submissão a concurso público não podem e não
devem ser superadas pela simples incidência do que dispõe o art. 54 da Lei
9.784/1999, sob pena de subversão das determinações insertas na
Constituição Federal" ( MS 28.279, Relatora Ministra Ellen Gracie, Tribunal
Pleno, DJe-079, Publicação em 29.4.2011, p. 421-436) . 5. Em hipótese
idêntica a Primeira Turma do STJ julgou nesse mesmo sentido: REsp
1.293.378/RN, Rel. Ministro Arnaldo Esteves Lima, Primeira Turma, DJe
5.3.2013. 6. A ausência de concurso público torna nula de pleno direito a
investidura em cargo público, o que afasta a incidência do prazo
prescricional para a revisão do respectivo ato administrativo. Nesse sentido:
AgRg no AREsp 107.414/SC, Rel. Ministro Humberto Martins, Segunda
Turma, DJe 3.4.2012; REsp 1.119.552/RJ, Rel. Ministra Eliana Calmon,
Segunda Turma, DJe 5.10.2009; REsp 966.086/SC, Rel. Ministro José
Delgado, Primeira Turma, DJe 5.5.2008. 7. "É firme a jurisprudência desta
Corte no sentido da imprescritibilidade do ato administrativo nulo" ( REsp
1.119.552/RJ, Segunda Turma, Relatora Ministra Eliana Calmon, DJe
5.10.2009). 8. Ainda que incidisse prazo prescricional no caso, o vício
formal da falta de divulgação dos atos apontados na inicial não pode gerar o
efeito jurídico que decorre da providência que lhes falta: a publicidade. 9. No
mesmo sentido: REsp 1.318.755/RN, Rel. Ministro Herman Benjamin,
Segunda Turma, DJe 10.12.2014. 10. Recurso Especial provido. (STJ -
REsp: 1518267 RN 2015/0041541-2, Relator: Ministro HERMAN
BENJAMIN, Data de Julgamento: 02/02/2016, T2 - SEGUNDA TURMA,
Data de Publicação: DJe 20/05/2016).

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