Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
AULA II
Prof. Edilson
1Idem.p. 29.
2RDP. Nº 90, pp.57-58.
3 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro.36ª Ed. São Paulo: Malheiros. 2010. p. 89.
3.3. Princípio da moralidade
O princípio da moralidade refere-se à BOA-FÉ, CONDUTA ÉTICA, HONESTA,
IMPARCIAL, LEAL E PROBA que o agente público deve ter ao desempenhar sua função. Claro
está que o objetivo da previsão constitucional deste princípio, é justamente inibir a prática de atos
contrários à moralidade na Administração Pública.
Em boa hora, a Lei 8.429/1992 (Lei de Improbidade Administrativa - LIA) estabeleceu as
hipóteses que atentam contra a moralidade da Administração Pública, e as sanções aplicáveis ao
administrador público e a terceiros, assunto que estudaremos com mais afinco em ocasião oportuna.
A violação deste princípio era feita de forma descarada, principalmente no serviço público,
fato que se dava com a nomeação de parentes e amigos, sem observar os critérios mínimos e éticos
que se esperava da autoridade pública, a ponto de merecer solução do STF.
A esse respeito, o Pretório Excelso editou a SÚMULA VINCULANTE Nº 13, que adverte de
forma contundente que
A nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por afinidade, até o
terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica, investido
em cargo de direção, chefia ou assessoramento, para o exercício de cargo em comissão ou de
confiança, ou, ainda, de função gratificada na Administração Pública direta e indireta, em qualquer dos
Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos municípios, compreendido o ajuste mediante
designações recíprocas, viola a Constituição Federal”.
Por derradeiro, exsurge destacar que apenas os atos que produzam efeitos contra terceiros
é que devem ser publicados. NÃO HÁ NECESSIDADE de publicação dos ATOS DE MERO
EXPEDIENTE, que fazem parte da rotina da Administração Pública.
3.5. Princípio da eficiência
O princípio da eficiência NÃO CONSTAVA na redação original do art. 37, caput da CF, sendo
que sua inclusão adveio pela EMENDA CONSTITUCIONAL 19/1998.
O princípio da eficiência, também denominado de princípio da qualidade dos serviços
públicos, exige que a Administração Pública preste com EFICIÊNCIA, QUALIDADE E CELERIDADE
OS SERVIÇOS PÚBLICOS, de modo a suprir as necessidades dos administrados. Ou seja, atividade
administrativa exercida com maior precisão com menor gasto possível.
É o que se denomina de SERVIÇO ADEQUADO. É bom que se diga que a Lei
8.987/1995(que trata da concessão e permissão de serviço público) em seu art. 6°, § 1°, descreve
serviço adequado como aquele que satisfaz as condições de regularidade, continuidade, eficiência,
segurança, atualidade, generalidade, cortesia na sua prestação e modicidade das tarifas.
Observa-se que o princípio da eficiência está intimamente ligado à ADMINISTRAÇÃO
GERENCIAL.
Convém observar que em razão do princípio da eficiência, o artigo 39, § 2º da CF determina
que a União, os Estados e o Distrito Federal mantenham escolas de governo para formação e
aperfeiçoamento dos servidores públicos, constituindo-se a participação nos cursos um dos requisitos
para a promoção na carreira, podendo haver celebração de convênios ou contratos entre os entes
federados.
4. OUTROS PRINCÍPIOS
Resta deliberar que a doutrina cita ainda outros princípios. Alguns são elencados como
princípios específicos da licitação, outros do serviço público e outros ainda do processo
administrativo. Estes, por razões didáticas, estudaremos em separado.
No entanto, reputamos importante fazer algumas considerações sobre os princípios da
razoabilidade, proporcionalidade, autotutela e motivação. Vejamos.
4.1. Princípio da razoabilidade
O princípio da razoabilidade, também conhecido como princípio da PROIBIÇÃO DO
EXCESSO, é aquele que impõe o agente público tem o dever de agir dentro de um padrão normal,
EVITANDO-SE assim EXCESSOS E ABUSOS que eventualmente possam ocorrer.
Significa dizer que o princípio da razoabilidade atua como um limite para a discricionariedade
do administrador público, que deve levar em consideração os critérios de conveniência e
oportunidade.
4.2. Princípio da proporcionalidade
O princípio da proporcionalidade significa ADEQUAÇÃO ENTRE MEIOS E FINS, vedada a
imposição de obrigações, restrições e sanções em medida superior àquelas estritamente necessárias
ao atendimento do interesse público (art. 2º, parágrafo único, VI da Lei 9.784/1999)
A importância desse princípio se verifica especialmente nos atos de polícia administrativa.
Por exemplo: uma INFRAÇÃO LEVE DEVE CORRESPONDER A UMA SANÇÃO LEVE, como
advertência e não suspensão. Não é razoável nem proporcional que um supermercado seja
interditado pelo fato de ter alguns pacotes de trigo com prazo de validade vencidos.
Nesse sentido é que o famoso jurista JELLINEK4 (quando discursava no simpósio onde se
discutia sobre o suposto uso legal da força e excessos do poder de polícia) disse a célebre frase:
“não se abatem pardais disparando canhões” e retirou-se da mesa sem terminar o discurso.
À guisa de conclusão, o que podemos afirmar, é que os princípios da razoabilidade e
proporcionalidade encontram aplicação especialmente no controle dos atos discricionários do
agente público, evitando-se que sejam tomadas decisões arbitrárias, ou abusivas por parte dos
mesmos.
4.3. Princípio da autotutela
A autotutela significa que a Administração Pública tem autonomia para CONTROLAR seus
PRÓPRIOS ATOS, podendo ANULÁ-LOS ou REVOGÁ-LOS.
Nesse sentido é o art. 53 DA LEI 9.784/1999, ao prescrever que a Administração deve
ANULAR seus próprios atos, quando eivados de vício de LEGALIDADE, e pode REVOGAR por
motivo de CONVENIÊNCIA OU OPORTUNIDADE, respeitando-se os direitos adquiridos.
Vez por outra, o princípio da autotutela é classificado como PODER-DEVER, com
fundamento de que o artigo 53 retro, aduz em sua redação que a administração pública deve anular
seus próprios atos. Como a classificação tem fins meramente didáticos, o que importa na verdade é
entender o significado de autotutela.
4.4. Princípio da motivação
Ab initio pode-se afirmar que a motivação é INDICAÇÃO DOS FATOS E FUNDAMENTOS
para a prática do ato administrativo (art. 2º da Lei 9.784/1999).
Segundo Hely Lopes Meirelles5 é possível a MOTIVAÇÃO ALIUNDE, ou PER
RELATIONEM e esta se dá quando a motivação consistir na declaração de concordância com
fundamentos de anteriores pareceres, informações, decisões ou propostas, e, neste caso, serão
parte integrante do ato (art. 50, §1° da Lei 9.784/1999).
Inclusive, a Constituição Federal em seu art. 93, X é categórica em afirmar que as decisões
administrativas dos tribunais serão motivadas e em sessão pública, sendo as disciplinares tomadas
pelo voto da maioria absoluta de seus membros.