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DIREITO ADMINISTRATIVO

CONTEÚDO PARA PROVA DE N1


Prof. Edilson

1. PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DO DIREITO ADMINISTRATIVO


1.1. Princípio da supremacia do interesse público sobre o privado
O princípio da supremacia do interesse público sobre o interesse privado parte da ideia de
que havendo conflito entre interesse público e interesse privado, prevalece o interesse público1”.
Exemplos: a desapropriação, o tombamento, a limitação administrativa etc.
1.2. Princípio da indisponibilidade do interesse público
Significa que o administrador público exerce apenas a gestão sobre os bens públicos não
podendo deles, dispor, haja vista a prerrogativa dos mesmos: inalienabilidade (alienabilidade
condicionada) impenhorabilidade e imprescritibilidade não podendo o Administrador Público, em
regra deles dispor.
2. PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DO DIREITO ADMINISTRATIVO
2.1. Princípio da legalidade
O princípio da legalidade exige a subordinação perante a lei, salientando-se que todos
aqueles que atuam no setor público, devem agir segundo a lei, nem contra, nem além da lei.
Daí se afirmar que “enquanto na administração particular é licito fazer tudo que a lei não
proíbe, na administração pública só é permitido fazer o que a lei autoriza2”.
2.2. Princípio da impessoalidade
O princípio da impessoalidade estabelece que os atos administrativos devem ser
praticados em razão do interesse público, e não de interesses pessoais, beneficiando alguns e
prejudicando outros.
2.3. Princípio da moralidade
O princípio da moralidade refere-se à boa-fé, conduta ética, honesta, imparcial, leal e proba
que o agente público deve ter ao desempenhar sua função.
A violação deste princípio, principalmente no serviço público, fato que se dava com a
nomeação de parentes e amigos, sem observar os critérios mínimos e éticos que se esperava da
autoridade pública, a ponto de merecer solução do STF, o qual editou a Súmula Vinculante n. 13,
que adverte de forma contundente que
A nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por afinidade, até o
terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica, investido
em cargo de direção, chefia ou assessoramento, para o exercício de cargo em comissão ou de
confiança, ou, ainda, de função gratificada na Administração Pública direta e indireta, em qualquer
dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos municípios, compreendido o ajuste
mediante designações recíprocas, viola a Constituição Federal”.

O que se observa, é que o enunciado da Súmula faz referência a parentesco até o terceiro
grau. Logo, os primos por exemplo, não são alcançados pela vedação imposta, já que são parentes
em 4º grau.
Há que se observar ainda, eu há exceções às nomeações de natureza política. O Supremo
Tribunal Federal, ao tratar da Súmula Vinculante n° 13 e agente político decidiu que:
(...) A nomeação de parentes para cargos políticos não implica ofensa aos princípios que regem a
Administração Pública, em face de sua natureza eminentemente política, e que, nos termos da
Súmula Vinculante 13, as nomeações para cargos políticos não estão compreendidas nas hipóteses
nela elencadas. Dessa forma, não seria possível submeter o caso do reclamante - nomeação para
o cargo de Secretário Estadual de Transporte, agente político - à vedação imposta pela referida
Súmula Vinculante, por se tratar de cargo de natureza eminentemente política (Rcl 6650 MC-
AgR/PR, rel. Min. Ellen Gracie, 16.10.2008. Rcl-6650 - Inform. STF 524 – out/2008 – sem grifo no
original).

1Idem. p. 29.
2 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro.36ª Ed. São Paulo: Malheiros. 2010. p. 89.
Embora surjam questionamentos e descontentamentos da parte de muitos, pelo que se viu
do disposto na Sumula Vinculante n° 13 e do julgado do STF, se um prefeito nomeia seu irmão para
secretário de obras, ou se um governador nomeia sua filha para o cargo se secretária da educação
não há ilicitude em tais atos.
2.4. Princípio da publicidade
O objetivo do princípio da publicidade diz respeito à transparência dos atos administrativos,
e consiste na divulgação dos atos oficiais do poder público para conhecimento dos cidadãos.
Na verdade, a publicidade é um requisito de eficácia o ato administrativo, e este, enquanto
não publicado, não produzirá efeitos.
Os atos administrativos devem ser publicados no diário oficial, por meios eletrônicos ou
afixados no átrio das repartições públicas.
Frise-se que há exceções, caso em que não se aplica o princípio da publicidade, devendo
a ato ser revestido de sigilo.
A Constituição Federal em seu artigo 5°, inc. XXXIII afirma que todos têm direito a receber
dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que
serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja
imprescindível à segurança da sociedade e do Estado.
A Lei n. 12.527/2011 que regula o acesso a informação, em seu art. 23 informa que são
consideradas imprescindíveis à segurança da sociedade ou do Estado e, portanto, passíveis de
classificação as informações cuja divulgação ou acesso irrestrito possam:
I - pôr em risco a defesa e a soberania nacionais ou a integridade do território nacional;
II - prejudicar ou pôr em risco a condução de negociações ou as relações internacionais do País, ou
as que tenham sido fornecidas em caráter sigiloso por outros Estados e organismos internacionais;
III - pôr em risco a vida, a segurança ou a saúde da população;
IV - oferecer elevado risco à estabilidade financeira, econômica ou monetária do País;
V - prejudicar ou causar risco a planos ou operações estratégicos das forças armadas;
VI - prejudicar ou causar risco a projetos de pesquisa e desenvolvimento científico ou tecnológico,
assim como a sistemas, bens, instalações ou áreas de interesse estratégico nacional;
VII - pôr em risco a segurança de instituições ou de altas autoridades nacionais ou estrangeiras e
seus familiares; ou
VIII - comprometer atividades de inteligência, bem como de investigação ou fiscalização em
andamento, relacionadas com a prevenção ou repressão de infrações.

Por derradeiro, exsurge destacar que apenas os atos que produzam efeitos contra terceiros
é que devem ser publicados não havendo necessidade de publicação dos atos de mero expediente,
que fazem parte da rotina da Administração Pública.
2.5. Princípio da eficiência
O princípio da eficiência não constava na redação original do art. 37, caput da CF, sendo
que sua inclusão adveio pela Emenda Constitucional 19/1998.
O princípio da eficiência, também denominado de princípio da qualidade dos serviços
públicos, exige que a Administração Pública preste com eficiência, qualidade e celeridade os
serviços públicos, de modo a suprir as necessidades dos administrados. Ou seja, atividade
administrativa exercida com maior precisão com menor gasto possível. É o que se denomina de
serviço adequado.
Observa-se que o princípio da eficiência está intimamente ligado à administração
gerencial.
3. OUTROS PRINCÍPIOS
3.1. Princípio da razoabilidade
Também conhecido como princípio da proibição do excesso, é aquele que impõe o agente
público tem o dever de agir dentro de um padrão normal, evitando-se assim excessos e abusos que
eventualmente possam ocorrer.
3.2. Princípio da proporcionalidade
Significa adequação entre meios e fins, vedada a imposição de obrigações, restrições e
sanções em medida superior àquelas estritamente necessárias ao atendimento do interesse público
(art. 2º, parágrafo único, VI da Lei 9.784/1999)
A importância desse princípio se verifica especialmente nos atos de polícia administrativa.
Por exemplo: uma infração leve deve corresponder a uma sanção leve, como advertência e não
suspensão. Não é razoável nem proporcional que um supermercado seja interditado pelo fato de
ter alguns pacotes de trigo com prazo de validade vencidos.
3.3. Princípio da autotutela
A autotutela significa que a Administração Pública tem autonomia para controlar seus
próprios atos, podendo anulá-los ou revogá-los.
Nesse sentido é o art. 53 da lei 9.784/1999, ao prescrever que a Administração deve
anular seus próprios atos, quando eivados de vício de legalidade, e pode revogar por motivo de
conveniência ou oportunidade, respeitando-se os direitos adquiridos.
3.4. Princípio da motivação
A motivação é a indicação dos fatos e fundamentos para a prática do ato administrativo
(art. 2º da Lei 9.784/1999).
Segundo Hely Lopes Meirelles3 é possível a motivação aliunde, ou per relationem e esta
se dá quando a motivação consistir na declaração de concordância com fundamentos de anteriores
pareceres, informações, decisões ou propostas, e, neste caso, serão parte integrante do ato (art.
50, §1° da Lei 9.784/1999).
4. PODERES ADMINISTRATIVOS
4.1. Poder vinculado (ou regrado)
No poder vinculado o agente público não tem liberdade para decidir e avaliar a
conveniência, oportunidade ou não do ato, pois a própria lei indica a forma de agir.
É o caso por exemplo de um pedido de aposentadoria por um servidor que preenche os
requisitos de idade e tempo de contribuição. A Autoridade administrativa não pode tomar outra
decisão a não ser conceder, tendo em vista que a lei estabelece os requisitos para aposentadoria.
4.2. Poder discricionário
O poder discricionário é aquele que confere ao administrador público liberdade para decidir
se determinado ato é ou não de interesse público, levando em conta os critérios de conveniência e
oportunidade.
4.3. Poder hierárquico
Hely Lopes Meirelles4 afirma que “poder hierárquico é o que dispõe o Executivo para
distribuir e escalonar as funções de seus órgãos, ordenar e rever a atuação de seus agentes,
estabelecendo a relação de subordinação entre os servidores do seu quadro de pessoal”.
O poder hierárquico tem como característica a subordinação entre seus órgãos e agentes,
ressaltando-se que a subordinação se dá no âmbito de uma mesma pessoa jurídica.
Não há relação hierárquica entre diferentes pessoas jurídicas, tampouco entre os poderes
Executivo, Legislativo e Judiciário.
4.4. Poder disciplinar
O poder disciplinar advém do poder hierárquico, sendo conferido ao administrador público
para apurar as infrações e impor penalidades, aplicando-lhes sanções de caráter administrativo,
inclusive, com aqueles que contratam com a administração pública ou a elas se sujeitam, a exemplo
das concessionárias ou permissionárias do serviço público. Pode ser exercido por alguém que não
seja superior hierárquico daquele que está sendo investigado.
O Estado, ao apurar as infrações cometidas por seus agentes, objetiva responsabilizá-los
aplicando-lhes as penalidades previstas em lei, observando-se, contudo, os princípios da ampla
defesa, contraditório (art.5º; LIV e LV da CF), razoabilidade, proporcionalidade e motivação (art. 2º,
caput da Lei 9.784/1999).
O art. 127 da Lei n. 8.112 prevê seis penalidades para as faltas cometidas por servidores
públicos estatutários federais. São elas: I - advertência; II - suspensão; III - demissão; IV - cassação
de aposentadoria ou disponibilidade; V - destituição de cargo em comissão; e VI - destituição de
função comissionada.
5. POLÍCIA ADMINISTRATIVA E POLÍCIA JUDICIÁRIA

3Op. cit. p. 104.


4Op. cit. p. 124.
5.1. Polícia administrativa
A atuação da polícia administrativa é inerente à Administração Pública, tendo caráter
eminentemente preventivo e fiscalizador e se dá no âmbito de função administrativa, agindo sobre
bens, direitos ou atividades dos indivíduos, e pode ser exercida por vários órgãos diferentes dos
que irão aplicar a norma administrativa.
As formas de atuação da polícia administrativa ocorre com a fiscalização no trânsito,
sanitária, medicamentos, tributos, edilícia, meio ambiente, logradouros públicos em atividades
comerciais, locais proibidos para menores, casas de jogos de azar, aplicação de multas, interdição
de estabelecimentos, embargo de obras irregulares, dentre outras; desempenhada pelos agentes
públicos (fiscais, auditores, policiais, guarda civil metropolitana etc).
OBSERVAÇÃO:
A Polícia Militar é considerada polícia administrativa, mas no que diz respeito aos crimes
militares, a competência da investigação é da própria corporação (polícia militar) mediante
instauração de Inquérito Penal Militar (IPM), presidido por um oficial e julgado pela Justiça Militar.
Neste caso especifico, faz o papel de polícia judiciária.
5.2. Polícia judiciária
A polícia judiciária atua de forma repressiva aos delitos, crime ou contravenção, cometidos
pelos indivíduos, sendo executada pela Polícia Federal (polícia judiciária da União) e Polícia Civil
(polícia judiciária dos Estados) no exercício da função jurisdicional.
Conforme prevê o art. 4º caput do Código de Processo Penal a polícia judiciária será
exercida pelas autoridades policiais no território de suas respectivas circunscrições e terá por fim a
apuração das infrações penais e da sua autoria.
O objeto da polícia judiciária é a pessoa, na medida que lhe cabe apurar as infrações
penais, exceto às militares (art. 144, §4º, da CF). É o caso por exemplo, de investigação criminal,
em que são necessárias diversas práticas tais como oitiva de testemunhas, realização de
inspeções, perícias, etc.
6. ATRIBUTOS (CARACTERÍSTICAS) DO PODER DE POLÍCIA
6.1. Discricionariedade
A discricionariedade significa a liberdade que a Administração Pública tem para agir,
levando-se em conta os critérios da conveniência e oportunidade, podendo escolher quais
atividades pretende fiscalizar e quais as sanções a se aplicar, respeitando-se os limites legais, e os
princípios da razoabilidade e proporcionalidade.
6.2. Autoexecutoriedade
A autoexecutoriedade consiste na possibilidade que a Administração Pública tem em
executar seus próprios atos, sem necessidade de anuência ou autorização judicial, tais como
apreender mercadorias, interditar estabelecimentos, embargar obras etc.
Há casos em que a autoexecutoriedade não se aplica de imediato. É o caso por exemplo
de aplicação de multas, cuja cobrança pode se dar somente por meio de ação judicial.
6.3. Coercibilidade
A coercibilidade decorre do poder de império do Estado, podendo Administração Pública
impor sua vontade aos administrados, utilizando se necessário o uso da força.
Podemos citar como exemplos, a condução coercitiva de testemunha que não comparece
para prestar seu depoimento quando legalmente intimada, e ainda invasores se recusarem a
cumprir determinação judicial de reintegração de posse, podendo neste caso, utilizar-se da força
para fazer cumprir a ordem judicial.
7. REQUISITOS OU ELEMENTOS DO ATO ADMINISTRATIVO
Os requisitos são as condições essenciais para que o mesmo se aperfeiçoe. Se não
observado algum desses requisitos, o ato não produzirá efeitos jurídicos.
7.1. Competência (sujeito)
Significa que o ato administrativo só pode ser realizado por agente público que tenha poder
legal para praticá-lo, sendo que o ato administrativo realizado por agente incompetente, ou que
exceda os limites legais, resulta inválido. A legalidade é considerada a principal característica da
competência.
7.2. Finalidade
A finalidade consiste no objetivo, ou resultado que a Administração Pública deseja atingir.
O art. 2°, parágrafo único, “e” da Lei 4.717/1965, que regula a Ação Popular, informa que
o desvio de finalidade se verifica quando o agente pratica o ato visando a fim diverso daquele
previsto, explícita ou implicitamente, na regra de competência.
Citemos como exemplos de desvio de finalidade os seguintes casos: desapropriação de
um imóvel para beneficiar correligionário ou para prejudicar inimigo político. Ou quando agente
público comete uma infração e deveria ser punido com pena de advertência, mas foi punido com
remoção.
7.3. Forma
A forma é o modo como o ato se exterioriza. Todo ato administrativo deve revestir-se de
alguma forma, que via de regra deve ser produzido por escrito, em vernáculo, com a data e o local
de sua realização e a assinatura da autoridade responsável.
Porém em algumas ocasiões é possível o ato não escrito (verbal). Em situações de
emergências por exemplo, admite-se ordens verbais advindas de superior hierárquico. Outro
exemplo é contrato verbal para pequenas compras feitas em regime de adiantamento (art. 60, lei
8666/93).
Há outras formas não escritas pelos quais o ato administrativo se exterioriza. São exemplos
as placas de sinalização de trânsito, apitos, gestos etc.
7.4. Motivo
Motivo é a justificativa para a prática do ato, e tanto pode ocorrer por previsão legal como
pela vontade do administrador público. Sua ausência gera nulidade do ato, é um vício de motivo e
não pode ser sanado.
7.4.1. Teoria dos motivos determinantes
A teoria dos motivos determinantes dispõe que os atos administrativos, quando forem
motivados, ficam vinculados aos motivos expostos, servindo de suporte para futuras decisões e
para todos os fins de direitos.
Por exemplo, se determinado servidor que ocupe cargo em comissão for exonerado, e sua
exoneração se deu motivada em fato inexistente, ainda que a motivação não seja obrigatória, o ato
será nulo.
7.5. Objeto
Celso Antônio Bandeira de Mello5, afirma que “objeto é aquilo que o ato dispõe, decide,
enuncia, certifica, opina ou modifica na ordem jurídica”
Se o ato dispõe sobre a desapropriação de um imóvel, o objeto é o imóvel a ser
expropriado. O objeto deve ser lícito, possível, determinado ou determinável.
8. ATRIBUTOS DO ATO ADMINISTRATIVO
8.1. Presunção de legitimidade
Pela presunção de legitimidade temos que os atos praticados pelo Agente Público são
revestidos de legalidade e veracidade, presumindo-se verdadeiros até prova em contrário. Enquanto
não questionados os vícios na esfera judicial, os atos reputam-se válidos tanto para a administração
quanto para os particulares.
8.2. Autoexecutoriedade
É a Administração Pública possui de executar ou impor seus atos a terceiros, sem a
necessidade de autorização do poder judiciário.

5Op cit. p. 393.


Em determinadas situações, tal atributo não se aplica ao ato administrativo, devendo a
Administração Pública recorrer ao Judiciário. Cite-se como exemplos a cobrança de multa, a
desapropriação, as escutas telefônicas, a invasão de domicílio, ex vi do art.5º, inciso XI e XII da CF.
São exemplos de autoexecutoriedade: apreensão de mercadorias, fechamento e interdição
de estabelecimentos etc.
8.3. Imperatividade
A imperatividade decorre do poder de império do Estado, e este utilizando-se desse poder,
impõe de forma unilateral sua vontade aos particulares, independentemente de sua concordância.
A imperatividade também é chamada de poder extroverso, eis que os atos praticados pela
Administração Pública se extrapolam ou se expandem-se atingindo terceiros independentemente
de sua anuência.
Por exemplo, o administrador público pode determinar que todos os proprietários de
imóveis façam uma calçada na frente dos mesmos. Para que isso aconteça não é necessário a
concordância dos proprietários ou buscar autorização junto ao Poder Judiciário.
8.4. Tipicidade
A tipicidade advém do magistério de Maria Sylvia Zanella Di Pietro que a considera como
atributo do ato administrativo, esclarecendo que a tipicidade decorre do princípio da legalidade e
consiste em que o ato administrativo deve corresponder ao previsto em lei para que produza seus
efeitos.
8.5. Exigibilidade
Celso Antônio Bandeira de Mello inclui a exigibilidade como um dos atributos do ato
administrativo, e a define como “a qualidade em virtude da qual o Estado, no exercício da função
administrativa, pode exigir de terceiros o cumprimento, a observância, das obrigações que impôs6”
9. CLASSIFICAÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS
A classificação dos atos administrativos é demasiadamente extensa não havendo
consenso entre os doutrinadores quanto à forma de classificá-los, variando conforme o enfoque que
se pretende dar.
9.1. Quanto à formação do ato
a) ato simples: é o que resulta da manifestação da vontade de um único órgão, seja ele
unipessoal ou colegiado. São exemplos: aplicação de multa; despacho de um chefe de seção; o ato
do prefeito nomeando determinada pessoa para um cargo de confiança; apreensão de mercadoria;
decisão de um conselho de contribuintes; decreto de desapropriação etc;
b) ato complexo: no ato complexo temos a manifestação de dois ou mais órgãos
(singulares ou colegiados) e um único ato. Ou seja, é necessário a soma das vontades de dois
ou mais órgãos para a formação de um único ato. É o caso por exemplo do Desembargador pelo
quinto constitucional para vaga da OAB, onde é necessário que a OAB indique seis advogados
dentre os inscritos que preenchem os requisitos; destes seis, o Tribunal de Justiça escolhe três, e
desses três, o Governador do Estado escolhe um. Veja que há a manifestação da vontade de três
órgãos.
Podemos citar ainda como exemplos a nomeação de Ministros para o STF, onde a
Presidência da República faz a indicação. Depois temos o Senado Federal fazendo ou não a
aprovação. Em seguida volta à Presidência da República para que proceda a nomeação (art. 101,
parágrafo único da CF) e ainda o arquivamento de inquérito policial, que depende de solicitação do
MP e deferimento do Juiz. etc.
A Corte Suprema considera que “o ato de aposentadoria configura ato administrativo
complexo, aperfeiçoando-se somente com o registro perante o Tribunal de Contas. Submetido a
condição resolutiva, não se operam os efeitos da decadência antes da vontade final da
Administração (MS 24.997, Rel. Ministro Eros Grau, DJ 1°. 4.2005 e MS 25.552, Rel. Ministra
Carmem Lucia, DJ 29.5.2008).
Destaque-se ainda que o TRF1 entende que a exoneração é ato complexo, e em
importante decisão assim se manifestou: “Considerando que os atos administrativos se regem, entre

6BANDEIRA DE MELLO, Celso Antônio. Op cit. p. 419.


outros, pelo princípio da publicidade, e, ainda, que a exoneração é ato complexo, possível a
retratação do pedido exoneratório antes de sua publicação, retornando o servidor, em
consequência, ao status quo ante (AGReg no AI 2009.01.00.050161-8/DF. Relatora:
Desembargadora Monica Sifuentes. Julg: 08.08.201).
No caso desta decisão, levou-se em consideração a manifestação da vontade do servidor.
Em conclusão podemos afirmar que o ato complexo pode ser entendido como a
manifestação de dois ou mais órgãos (singulares ou colegiados), ou de um ou mais órgãos e pessoa
física para que se configure um único ato.
c) ato composto: no ato composto, há manifestação de duas vontades de um único órgão,
mas para tornar-se validado depende da verificação, aprovação, ratificação, ou confirmação por
parte de outro órgão para que produza seus efeitos.
Podemos afirmar que o primeiro ato é o principal e o segundo é o acessório. Maria
Sylvia Zanella Di Pietro7, cita como exemplo a dispensa de licitação - ato principal - que depende
em determinadas hipóteses, de homologação - ato acessório - pela autoridade superior.
Podemos citar ainda como exemplos: laudos técnicos e pareceres que dependem de
aprovação por autoridade superior para produzir efeitos.

7Op. cit. p. 225.

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