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DIREITO COLETIVO DO TRABALHO

Art. 511/625
Autonomia: Ainda é um segmento do direito do trabalho, mas esta em vias
de se tornar uma ciência independente, autônoma, pois lhe falta apenas um
requisito para tanto: vasta legislação. Os demais requisitos para se
considerar autônoma a disciplina já estão presentes, como: domínio de
vasta matéria e princípios próprios. Inclusive o sujeito e o objeto também
são diversos dos relacionados ao do direito individual.

Conceito:

“Complexo de institutos, princípios e regras jurídicas que regulam as


relações laborais de empregados e empregadores e outros grupos jurídicos
normativamente especificados, considerada sua ação coletiva realizada
autonomamente ou através das respectivas entidades sindicais”. (Maurício
Godinho Delgado)

“É a parte do direito do Trabalha que trata coletivamente dos conflitos do


trabalho e das formas de solução desses mesmos conflitos.” (Vólia Bonfim Cassar)
Função:
Gerar Normas Jurídicas: é o marco distintivo do direito coletivo do
trabalho no universo jurídico, pois é o segmento do direito que possui
aptidão para criação de regras jurídicas que se sobrepõe as regras
contratuais.

Pacificação de Conflitos: Possui meios de solução de importantes


conflitos sociais, que são aqueles que surgem em torno da relação de
emprego, ganhando projeção grupal coletiva. (negociação Coletiva;
arbitragem. Mediação; dissídio coletivo e sua sentença normativa)

Função Sócio Política: é um dos mais significativos instrumentos de


democratização social gerados na história.

Papel Econômico: aptidão a produzir adequação às particularidades


regionais (piso salaria da categoria – data base);
Princípios do Direito Coletivo
1. Princípio da Liberdade Sindical: Veda a intervenção do Estado na criação ou funcionamento
do sindicato. O direito de Reunião pacífica e de associação sem caráter paramilitar esta
assegurado na CF/88, art. 5º, XVI e XVII.
a. Liberdade Coletiva: é a liberdade de um grupo constituir um sindicato de sua escolha com a
estrutura e funcionamento que desejar, com ampla autonomia.
b. Liberdade Individual: o direito do de se reunir; o direito do trabalhador de se filiar a essas
organizações; e o direito de não filiar-se (art. 8º, V, CF/88).
c. Clausulas que Atentam Contra Liberdade Sindical:
I. Manutenção da Filiação; obriga o empregado a permanecer sindicalizado enquanto durar o
contrato de trabalho;
II.Yellow dog contracts: o empregado se compromete a não se filiar a nenhum sindicato depois
que for admitido;
III. Closed Shop: exige a filiação a determinado sindicato como condição ao emprego, veda o
acesso do trabalhador não sindicalizado;
IV. Preferential Shop: da preferencia aos empregados sindicalizados na contratação. Art.
544, I, CLT (prejudicado); OJ 20 da SDC e art. 8º, V, CF;
V. Company Union: O próprio empregador estimula e controla o sindicato profissional.
2. Principio da Preponderância do Interesse Coletivo sobre o
Individual: as buscas das melhores condições sociais justificam este
principio. Ainda as decisões coletivas tomadas em colegiado traduzem a
democracia interna, posto que a decisão é tomada visando o interesse de
todo o grupo.

3. Princípio da Autonomia Sindical: O sindicato tem liberdade para


atuar na criação de normas que beneficiem as condições sociais e
econômicas dos trabalhadores. Complementação das leis. Além do mais
possui autonomia administrativa e financeira.

4. Principio da Busca do Equilíbrio Social e da Paz Social: busca


evitar desigualdade jurídica e patrimonial decorrente dos interesses
antagônicos que se chocam, Capital X Trabalho.
5. Princípio da Adequação e da Adaptação: a negociação coletiva
busca adequar o direito trabalhista a cada categoria, de acordo com a
região, época situação econômica, empresa, condição de trabalho, etc.
Assim se um empresa estiver passando por dificuldades financeiras a
negociação poderá reduzir diretos para evitar demissões em massa;

6. Princípio do Limite da Negociação: O objetivo da negociação


coletiva é adequar as relações trabalhistas a realidade enfrentada pelos
interessados. As normas tem ampla liberdade para conceder benefícios
superiores aos previstos em lei, mas possui limitações quando desejarem
suprimir direitos.

7. Princípio da Boa-fé e da Lealdade entre os Negociantes:


Importante para mutua colaboração e transparência nas tratativas. É
necessário retratar fielmente a situação da Empresa e a real
necessidade dos trabalhadores.
8. Princípio da Intervenção Obrigatória do Sindicato: Art. 8º, III,CF. Para
validade da negociação coletiva a lei exige a intervenção obrigatória do sindicato,
salvo várias exceções, como no caso de ausência de sindicato representante da
categoria.

9. Princípio da Equivalência entre os negociantes: Os membros da categoria


possuem diferentes posições, sendo os trabalhadores os hipossuficientes da
relação e o empregador o detentor do risco do negócio. No entanto quando se fala
de Sindicato os mesmos possuem equivalência jurídica e econômica para negociar.

10. Princípio da Atuação de Terceiros: quando as partes não conseguem chegar


a um consenso, os interessados devem ser acompanhados por um terceiro para
intermediar a situação. Deve o terceiro ser imparcial, podendo ser escolhidos
pelas partes o imposto pela lei.

11. Princípio da Unicidade Sindical (art. 8, II, CF/88)


SINDICATOS

É a base de sustentação do direito coletivo. A CF determina a


participação obrigatória dos sindicatos nas negociações coletivas (art.
8º, I, CF) afirmando sua importância e indispensabilidade na
intermediação dos conflitos coletivos.

Convenção 87 da OIT (1948) – dispõe sobre a liberdade sindical;


(PRINCÍPIO DA UNICIDADE SINDICAL)

Convenção 98 da OIT (1949) – protege os direito sindicais.


Conceito: “entidade associativa permanente, que
representam, respectivamente, empregados e empregadores,
visando a defesa de seus correspondentes interesses coletivos”

Representação: Entidade de direito privado, organizado, em sua


maioria, por categoria.
O art. 534, CLT, impõe a composição do sistema sindical sob a forma de
uma pirâmide. Sindicato, Federação e Confederação.

Condições de Registro e Funcionamento:


O estado não pode intervir na criação do sindicato (regras de criação,
composição, quórum representativo), salvo o Registro de Pessoa
Jurídica e Registro Sindical no Ministério do Trabalho (para
fiscalização da unicidade sindical – art. 8º, II, CF)
Forma de Custeio e Contribuição: art. 8º, IV, CF.
Contribuição anual facultativa para toda categoria
(imposto sindical): art. 578, CLT; Distribuição pela Lei 11.648,
de 31/03/2008.
Reforma Trabalhista:
Art. 578. As contribuições devidas aos sindicatos pelos participantes das categorias
econômicas ou profissionais ou das profissões liberais representadas pelas referidas
entidades serão, sob a denominação de contribuição sindical, pagas, recolhidas e aplicadas
na forma estabelecida neste Capítulo, desde que prévia e expressamente autorizadas.

Contribuição estatutária: art. 548, b, da CLT. São mensais


e atingem apenas os associados; Previsto no estatuto do sindicato
(Confederativa e associativa);

Contribuição assistencial ou quota de solidariedade: art.


545, CLT. OJ 17 SDC
FORMAS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS COLETIVOS

O conflito nasce pelas divergências, controversas, dissídios. Ele


se divide em conflito de direito (jurídico) e conflito de
interesse (econômico).

Conflito Econômico tem por objetivo a criação ou modificação


de direitos trabalhistas.

Conflito Jurídico tem por finalidade a interpretação ou


aplicação de normas jurídicas preexistentes.
Autocomposição: é a forma de solucionar o conflito sem a intervenção de
terceiros (ajuste direto – convecção e acordo coletivo), podendo ocorrer a
desistência, submissão ou transação.

Ajuste Direto: há entendimento direto entre patrão e operário,


sem a participação de terceiros (acordo coletivo de trabalho)

Heterocomposição: é a forma de solucionar o conflito com a intervenção


de terceiros (investigação, conciliação, mediação, arbitragem e decisão
judicial).

Autodefesa: é a imposição do seu ponto de vista através da força.


CRITICAS. Alguns entendem que é uma criação de demonstração de
insatisfação e não de solução de conflitos. Seria instrumentos de pressão
para obtenção de direitos.
CONVENÇÃO E ACORDO COLETIVO DE TRABALHO
Conceito:
Acordo Coletivo: é o negócio jurídico extrajudicial
efetuado entre sindicato dos empregados e uma ou mais
empresas, estabelecendo condições de trabalho, obrigando nas
partes acordantes dentro do período de vigência
predeterminado e na base territorial da categoria. (Art.
611,§1º,CLT)
Canelute: “este instrumento normativo tem corpo de
contrato e alma de lei”.

Convenção Coletiva: negocio jurídico extrajudicial


pactuado entre o sindicato dos empregados e o sindicato dos
empregadores, estabelecendo condições de trabalho para toda a
categoria. Vigência temporária e aplicada apenas na base
Prazo: art. 614, §3º, CLT. Até dois anos. Na prática o ajuste é de
um ano.

Pressupostos e Validade: (art. 613 e 614, CLT): ser escrito; conter o


prazo de vigência; negociação seja autorizado através de assembleia
sindical respeitado o quórum mínimo; seja depositado uma via do
instrumento coletivo na DNT (Departamento Nacional do Trabalho) ou
no Ministério do Trabalho; e fixação na empresa de cópia do ajuste
normativo em local visível.

Obs.: caso as normas favoreçam ao trabalhador a inexistência de


algum dos requisitos não invalida a norma, que passará a vigorar a parti
da assinatura do documento pelas partes. No entanto, caso favoreça
ao empregador há necessidade de que todos os pressupostos sejam
preenchidos para sua validação.
Prorrogação: é o processo onde o prazo de vigência é estendido, mantendo-se as
mesmas condições da norma.
OJ 322, SDI-1, TST. A prorrogação so pode ocorrer dentro do prazo máximo de
dois anos, sob pena de se perpetuar a norma coletiva, o que fere o princípio da
adaptação.

Revisão: é o processo no qual os interessados pactual a alteração total ou parcial da


norma coletiva ainda durante a sua vigência. Pode ser para conceder condições mais
favoráveis ou não.

Denuncia: ocorre quando uma das parte notifica a outra de que não mais vai
cumprir a norma coletiva. Neste caso so extinguirá a obrigação de cumprimento da
norma se a outra parte assim concorda com a denúncia. Se a outra parte não
concorda suspende-se os efeitos da norma até que se renegocie, sob pena de o
conflito ser decidido por um terceiro (mediação, conciliação, arbitragem ou
jurisdição).

Revogação: ocorre quando as partes de comum acordo decidem desfazer total ou


Efeitos das Cláusulas Coletivas Sobre o Contrato de
Trabalho:

Art. 611, CLT. As clausulas se aplica, para todos os


membros da categoria, associados ou não associados.

A reforma trabalhista acaba com a Ultratividade da


norma:

Art. 614. .............................................................


...
§ 3o Não será permitido estipular duração de convenção
coletiva ou acordo coletivo de trabalho superior a dois anos,
sendo vedada a ultratividade.

Sem efeito - TST – Sumula 277


Conflito entre Acordo Coletivo e Convenção
Coletiva : havendo conflito entre acordo e
convenção coletiva prevalece o acordo coletivo (art.
620, CLT)

Poder Normativo da Justiça do Trabalho: Art.


114, §2º e §3º, CF. (ação coletiva passou a ser
bilateral).
GREVE
Histórico e origem da palavra: Origem francesa, o termo greve significa
originalmente “terreno plano composto de cascalho ou areia a margem do mar ou
do rio”. Acontece que a margem do rio Sena em Paris existia uma praça, chamada
place de greve, onde ocorriam diariamente desembarque de navios, nos quais
trabalhadores se encontravam, debatiam e deliberavam sobre as medidas a
serem tomadas para interesse do grupo. Neste período, Revolução Francesa,
teve o nascimento das greves em decorrência das condições desumanas em que
eram executados os trabalhos.
No Brasil:
CF 1934 proibia a greve;
CF 1937 considerava a greve e o lockout movimentos antissociais,
nocivos ao trabalho e ao capital;
CF 1967 outorga o direito de greve aos trabalhadores, salvo nos
serviços públicos e nas atividades essenciais;
CF 1988 legalizou a greve em seu art.9º.
1989 – Nascimento da lei n. 7.783/89, considerando a greve como
direito. Art. 1º.
Finalidade: é de pressionar o empregador a ceder em algum ponto de reinvindicação.
Alguns consideram instrumento de autotutela (sabotagem, boicote, picketin, lockout).

Contrato de Trabalho e a Greve: art,7º, lei 7.783/89. Os contratos de


trabalho permanecem suspensos. (proibição do empregador despedir, não
remuneração ao empregado).

Requisitos: OJ 11 da SDC do TST. Art. 3º e Art. 13 da CLT


Insatisfação – provocação do sindicato – convocação de assembleia –
deliberação (quórum) – pauta de reinvindicação – tentativa de negociação
diretamente com o patrão – negociação frustrada – nova assembleia –
deliberação pela greve – comunicação no prazo legal para entidade patronal e
a comunidade (conforme o caso) – greve.

Legitimidade: Sindicatos (art. 8º, VI, CF).


Limitação do Direito:

- Serviços Essenciais: art. 9º, §1º, CF e art. 10


da lei 7.783/89.

- Servidores Públicos: art. 37,VI e VII, CF.


(mandado de Injunção 670/ES e 712/PA - após
2007, pacificou entendimento), é possível a greve
com as devidas adaptações pois devem ser
observadas as peculiaridades do serviço público.
Greve Abusiva / Ilícita: art. 14, lei 7.783/89. OJs 1, 10, 11 e 38 da SDC do TST
i. Ocupação ameaçadora de estabelecimento;

ii. sabotagem ou boicote;

iii. picketing;

iv. agressão física ou moral aos colegas de trabalho e superiores ou


empregadores;

v. depredação do patrimônio do empregador ou inutilização de suas mercadorias;

vi. desrespeitar as condições determinada pela lei 7.783/89;

vii. permanecer em greve depois de aceito o acordo coletivo.

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