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Adriano Oitaven de Andrade Lima

DIREITO DO TRABALHO II

DIREITO COLETIVO (Módulo 6)

1. Introdução

- Se confunde com a origem do próprio direito do trabalho ao despertar a


consciência de classe.

- Surge, nessa perspectiva, o germe do sindicalismo

2. Funções

- Traduzem sua própria finalidade na tutela de proteção

2.1 Gerais:

a) Nuclear: Melhoria nas condições de pactuação das forças de trabalho


b) Modernizante: Acompanha a dinâmica da economia para promover a
interpretação da norma jurídica a partir dessa dinâmica, de forma mais
adequada a esse contexto.
c) Conservadora: Confere legitimidade política à relação de produção,
justamente pela característica anterior.

2.2 Específicas

a) Geração de normas jurídicas: Os entes representativos produzem


normas – os acordos – são como leis para toda a categoria, mesmo para
os não sindicalizados. São normas gerais e abstratas aplicadas no
âmbito da categoria com força de lei.
b) Pacificação dos conflitos
c) Social-política: Democratiza o poder. Possibilita a produção da norma.
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d) Econômica: Serve para ajustar as regras trabalhistas às características


regionais.

3. Princípios

3.1 Liberdade Sindical (princípio nuclear)

- Parte da premissa constitucional da liberdade associativa e de se reunir


pacificamente.

I. Liberdade Associativa

- Garantida constitucionalmente no art. 5º, XVI e XVII

- É a regra geral

- Vedada para organizações militares.

- Dimensão Positiva: Livre vinculação e criação de associação

- Dimensão Negativa: Liberdade de desfiliação

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos
brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade,
à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público,
independentemente de autorização, desde que não frustrem outra reunião anteriormente
convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade competente;

XVII - é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar;

II. Liberdade Sindical (stricto sensu)

- Garantida constitucionalmente no art. 8º, V

- Regra específica
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- Existem duas regras que mitigam essa liberdade:

a) Cada trabalhador só pode ser representado por apenas um sindicato, ou


seja, só pode haver um sindicato por categoria (unicidade sindical)
b) O financiamento compulsório dos empregados ao sindicato. A CF previa
essa regra por meio de uma aceitação da lei ordinária. A Reforma
Trabalhista alterou esta lei.

Art. 8º É livre a associação profissional ou sindical, observado o seguinte:

V - ninguém será obrigado a filiar-se ou a manter-se filiado a sindicato;

III. Violações ao Princípio da Liberdade Sindical

a) Cláusulas de Sindicalização Forçada:

i. Closed Shop: O empregador se compromete a contratar apenas


sindicalizados
ii. Union Shop: O empregador se compromete apenas a manter os
funcionários sindicalizados.
iii. Preferential Shop: Há um favorecimento/prestígio a contratação de
sindicalizados, mas não barra quem não é.
iv. Maintenance of Membership: É a manutenção dos empregados
sindicalizados durante a vigência da norma coletiva.

b) Práticas Antissindicais

i. Yellow Dog Contracts: É o compromisso do empregado de não se


filiar ao sindicato.
ii. Company Unions: É o controle pelo empregador, da atuação do
sindicato. São os conhecidos “sindicatos de empresa”.
iii. Mise à l’index: É a criação das “listas sujas” de empregados
tendentes à sindicalização e a se rebelar contra ordens. É a criação
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de um índice de empregados “problemáticos” que não devem ser


contratados.

IV. Garantias

a) Estabilidade do dirigente sindical


b) Intransferibilidade do dirigente sindical

3.2 Autonomia Sindical

- Há previsão legal no art. 8º/CF nos seguintes incisos:

I – O Estado não pode se meter na organização e atuação dos sindicatos

III – Substituto Processual. O sindicato pode atuar em nome próprio pelo direito
coletivo; STF e TST garantem substituição ampla. Legitimidade extraordinária.

VI – Só existe negociação coletiva com os sindicatos em um dos polos.

Art. 8º É livre a associação profissional ou sindical, observado o seguinte:

I - a lei não poderá exigir autorização do Estado para a fundação de sindicato, ressalvado o
registro no órgão competente, vedadas ao Poder Público a interferência e a intervenção na
organização sindical;

II - é vedada a criação de mais de uma organização sindical, em qualquer grau,


representativa de categoria profissional ou econômica, na mesma base territorial, que será
definida pelos trabalhadores ou empregadores interessados, não podendo ser inferior à área de
um Município;

III - ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses coletivos ou individuais da


categoria, inclusive em questões judiciais ou administrativas;

IV - a assembléia geral fixará a contribuição que, em se tratando de categoria profissional,


será descontada em folha, para custeio do sistema confederativo da representação sindical
respectiva, independentemente da contribuição prevista em lei;

V - ninguém será obrigado a filiar-se ou a manter-se filiado a sindicato;

VI - é obrigatória a participação dos sindicatos nas negociações coletivas de trabalho;

VII - o aposentado filiado tem direito a votar e ser votado nas organizações sindicais;
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VIII - é vedada a dispensa do empregado sindicalizado a partir do registro da candidatura a


cargo de direção ou representação sindical e, se eleito, ainda que suplente, até um ano após o
final do mandato, salvo se cometer falta grave nos termos da lei.

Parágrafo único. As disposições deste artigo aplicam-se à organização de sindicatos rurais


e de colônias de pescadores, atendidas as condições que a lei estabelecer.

3.3 Interveniência Sindical Obrigatória

- Não há norma coletiva sem passar pelo sindicato

3.4 Equivalência Contratual

- Há paridade de armas com o empregador.

- Poderes negociais equivalentes.

3.5 Adequação Setorial Negociada

- Princípio pelo qual as normas jurídicas emanadas pelo sindicato se ajustam a


legislação heterônoma, em tese, buscando as melhorias na condição de
trabalho.

- Nesse contexto, surge o instituto do negociado (coletivo) sob o legislado.

3.6 Criatividade Normativa

- O processo negocial coletivo tem o poder de criar normas jurídicas gerais e


abstratas que vão reger as relações como se lei fosse.

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