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DIREITO COLETIVO DO TRABALHO Amauri Mascaro Nascimento define que "sindicato é uma organização social constituída para, segundo um

princípio de autonomia privada coletiva, defender os interesses trabalhistas e econômicos nas relações
1 – O que são as prerrogativas dos sindicatos? coletivas entre os grupos sociais"
Art. 513. São prerrogativas dos sindicatos:
a) representar, perante as autoridades administrativas e judiciárias os interesses gerais da respectiva
categoria ou profissão liberal ou interesses individuais dos associados relativos á atividade ou 3 – Organização sindical
profissão exercida;
A organização sindical está fundada na concepção coletiva da liberdade sindical. De fato, a conquista
b) celebrar contratos coletivos de trabalho;
da liberdade sindical individual (titulada pelo trabalhador) pouco significa quando o sindicato, em
c) eleger ou designar os representantes da respectiva categoria ou profissão liberal;
d) colaborar com o Estado, como órgãos técnicos e consultivos, na estudo e solução dos problemas suas relações com o Estado, não desfruta de uma independência ou autonomia efetivas, assim
que se relacionam com a respectiva categoria ou profissão liberal; entendida a liberdade de organização e de funcionamento independentes do Estado (aspecto
e) impor contribuições a todos aqueles que participam das categorias econômicas ou profissionais coletivo da liberdade sindical).
ou das profissões liberais representadas.
Conclui-se, portanto, que a liberdade sindical influencia diretamente na espontaneidade de
Parágrafo Único. Os sindicatos de empregados terão, outrossim, a prerrogativa de fundar e manter
organização sindical, tanto no que tange à sua estrutura, como ao seu funcionamento e atuação.
agências de colocação.
No conceito organização sindical estão abrangidas as liberdades de: a) constituição de sindicatos
2 – Quais as fontes de custeio dos sindicatos? (direito de criar sindicatos sem a necessidade de autorização do Poder Público); b) regulamentação
(direito de elaborar seus próprios estatutos e regulamentos); c) administração (direito de
No que se refere às receitas sindicais, a legislação vigente prevê quatro fontes: a contribuição organização de sua administração interna e de suas atividades, e de formular seu programa de ação).
sindical facultativa, a contribuição confederativa, a contribuição assistencial e as
mensalidades dos associados — estas consistem em parcelas mensais, pagas tanto pelos Vale ressaltar, em relação à organização sindical brasileira, que ela é, “segundo os princípios
associados quanto por seus dependentes, em valores determinados pelo próprio sindicato. constitucionais de 1988, um sistema confederativo caracterizado pela autonomia relativa perante o
Estado, a representação por categoria e por profissão e a bilateralidade do agrupamento”.
A contribuição sindical facultativa, que era obrigatória até a reforma trabalhista de 2017, ocorrida
com o advento da Lei no 13.467, de 13 de julho de 2017, refere-se à receita recolhida uma única
vez, anualmente, em favor do sistema sindical, no valor de um dia de trabalho. Para que haja o 4 – Liberdade de associação sindical
desconto da contribuição sindical em folha de pagamento, nos termos do art. 579 da CLT, é
necessária a autorização prévia e expressa do trabalhador. A conquista da liberdade sindical, assim considerada como o reconhecimento por parte do Estado
do direito de sindicalização e de atuação livre dos sindicatos na representação dos seus associados,
A contribuição confederativa, por sua vez, é também descontada em folha, porém, é disciplinada é um fenômeno relativamente recente.
pela assembleia sindical e decorre do art. 8o, inciso IV da CF, que dispõe o seguinte: “IV - a
assembleia geral fixará a contribuição que, em se tratando de categoria profissional, será descontada Liberdade sindical pode ser definida como o conjunto de direitos, prerroga-tivas e imunidades
em folha, para custeio do sistema confederativo da representação sindical respectiva, outorgadas aos trabalhadores e às organizações voluntariamente por eles constituídas, para garantir
independentemente da contribuição prevista em lei; [...]” (BRASIL, 1988, documento on-line). o desenvolvimento das ações lícitas destinadas à defesa de seus interesses e à melhora de suas
condições de vida e de trabalho.
No entanto, a jurisprudência sedimenta-se no sentido de que a contribuição confederativa
somente é devida pelos filiados do sindicato, de forma que não é válida sua cobrança aos É um direito histórico decorrente do reconhecimento por parte do Estado do direito de associação,
demais trabalhadores. Nesse sentido, destaca-se a Súmula 666 e a Súmula Vinculante 40 do que posteriormente adquiriu a qualidade de um dos direitos fundamentais do homem, conferido a
Supremo Tribunal Federal (STF). trabalhadores, empregadores e suas respectivas organizações, consistente no amplo direito em
relação ao Estado e às contrapartes, de:
De acordo com o art. 513, “e” da CLT, a contribuição assistencial refere-se ao recolhimento
aprovado por convenção ou acordo coletivo, normalmente para desconto em folha de pagamento. ■ constituição de organizações sindicais em todos os níveis e âmbitos territoriais;
Também é chamada de taxa de reforço sindical, contribuição negocial e cota de solidariedade, entre ■ filiação sindical;
outras denominações.
■ militância e ação, inclusive nos locais de trabalho.

As entidades sindicais também podem ter outras rendas eventuais derivadas de doações, Direito gerador da autonomia coletiva, a liberdade sindical é preservada mediante a sua garantia
legados, multas, rendas oriundas de seu patrimônio. contra todo e qualquer ato voltado a impedir ou obstaculi-zar o exercício dos direitos a ela inerentes,
ou de outros a ela conexos. Vale -dizer, essa ação coletiva dos trabalhadores organizados é
protegida contra atos antissindicais e pelo direito à informação.
"Sindicato é o agrupamento estável de várias pessoas de uma profissão, que convencionam colocar, por meio Caracteriza-se como instituto nuclear do Direito do Trabalho, funcionando como instrumento da
de uma organização interna, suas atividades e parte de seus recursos em comum, para assegurar a defesa e efetiva atuação e participação democrática dos atores sociais nas relações de trabalho, em todas as
a representação da respectiva profissão, com vistas a melhorar suas condições de vida e trabalho"
suas esferas: econômicas, sociais, administrativas e públicas.
A liberdade sindical tem como pressuposto o reconhecimento da existência do conflito entre 1) Tentativa de negociação ou arbitragem (art. 114, Constituição Federal; art. 616, §4o, CLT);
trabalhadores e empregadores e tem como uma de suas consequências o diálogo e a possibilidade
2) Aprovação em assembleia da categoria profissional (art. 859, CLT);
de consenso entre os atores sociais, ou seja, somente existe a liberdade sindical porque existe
conflito nas relações de trabalho e porque se deve buscar um meio de solução para ele. 3) Comum acordo da parte contrária (art. 114, §2o CF): aquele que ajuíza o dissídio precisa do
acordo da parte contrária.
A liberdade sindical consagrada no segundo pós-guerra como um direito humano fundamental.
Legitimados:
O Estado Democrático de Direito não se consolida sem a consagração da liberdade sindical.
Sindicato: pode instaurar o dissídio em qualquer situação. O artigo 857, parágrafo único, da CLT,
Elementos que configuram o conceito de liberdade sindical:
Empresa: assim como o sindicato, a empresa pode instaurá-lo em qualquer situação, conforme
a) liberdade de organização e constituição de sindicatos, que assegura aos grupos de empresários
artigo 616, §2o da CLT.
ou de trabalhadores, inter vinculados por interesses econômicos ou profissionais comuns, o direito
de constituir o sindicato de sua escolha, com a representatividade qualitativa (categoria, profissão, Ministério Público do Trabalho: como dissemos, em caso de greve em atividade essencial com
empresa etc.) e a quantitativa (base territorial) que lhes convierem, independentemente da existência possibilidade de lesão do interesse público, o MPT pode propor dissídio coletivo.
de outro sindicato com a mesma representatividade;
Competência: A competência é do TRT, conforme dispõe o art. 678, inciso I, da CLT.
b) liberdade de elaborar seus estatutos de acordo com as leis gerais do país sem que entre elas
exista qualquer uma com caráter de exceção restritiva aos sindicatos; Natureza jurídica da decisão: Sentença normativa que se aplica apenas à fração dos empregados
da empresa: pode ser estendida pelo próprio tribunal a todos os empregados da empresa que forem
c) liberdade de escolher seus dirigentes e de estabelecer as normas de admi-nistração de acordo da mesma profissão. (a validade não poderá ser superior a 4 anos)
com seus estatutos e sem ingerência do poder executivo governamental;
6 – Métodos de resolução de conflitos
d) liberdade de filiação e desfiliação, que faculta a cada empresário ou trabalhador filiar-se ao
sindicato de sua preferência, representativo do grupo a que pertence, e dele desfiliar-se, não “A conciliação é o método de solução de conflitos em que as partes agem na composição, mas
podendo ser compelido a contribuir para o mesmo, se a ele não estiver filiado; dirigidas por um terceiro, destituído do poder decisório final, que se mantém com os próprios sujeitos
originais da relação jurídica conflituosa. Contudo, a força condutora da dinâmica conciliatória por
e) vedação de interferência ou intervenção estatal nas organizações sindicais. esse terceiro é real, muitas vezes conseguindo implementar resultado não imaginado ou querido,
primitivamente, pelas partes.” (pág. 1.654, Curso de Direito do Trabalho- Delgado, Maurício Godinho.
Nesse contexto, deve-se também assegurar que os assuntos internos dos sindicatos devem ser
16.ed-São Paulo: LTr,2017)
decididos democraticamente por seus integrantes e, ainda, que aqueles a quem os sindicatos visam
representar tenham liberdade de filiar-se e de desfiliar-se de acordo com seus interesses. • Ato judicial (dentro de uma audiência);
• Ocorre em juízo sob a interveniência da autoridade jurisdicional;
5 – Dissídio Coletivo “A mediação, é a conduta pela qual um terceiro aproxima as partes conflituosas, auxiliando e, até
mesmo, instigando sua composição, que há de ser decidida, porém, pelas próprias partes.” (pág.
Dissídio coletivo é um processo judicial de solução dos conflitos coletivos econômicos e jurídicos
1.654, Curso de Direito do Trabalho- Delgado Maurício Godinho. 16.ed-São Paulo: LTr,2017)
que, no Brasil, ganhou máxima expressão como importante mecanismo de criação de normas e
condições de trabalho por meio dos Tribunais Trabalhistas, que proferem sentenças denominadas • Técnica de auxílio a resolução dos conflitos;
normativas quando as partes que não se compuseram na negociação coletiva acionam a jurisdição.
O dissídio coletivo é instaurado quando não ocorre um acordo na negociação direta entre • O mediador (terceiro) é imparcial e não assume poderes decisórios, podendo ser Procurador,
trabalhadores ou sindicatos e empregadores. Ausente o acordo, os representantes das classes Desembargadores, Ministros ou mediador da vida civil;
trabalhadoras ingressam com uma ação na Justiça do Trabalho. • Facultativa;
Os dissídios coletivos podem ser de natureza econômica, de natureza jurídica e de greve. “A arbitragem ocorre quando a fixação da solução de certo conflito entre as partes é entregue a um
Dissídio de natureza econômica é o meio pelo qual são analisadas as condições de trabalho terceiro, denominado árbitro, em geral por elas próprias escolhido”. (pág. 1.653, Curso de Direito do
pretendidas pelos trabalhadores em substituição às que estão vigentes. Trabalho- Delgado Maurício Godinho. 16.ed-São Paulo: LTr,2017)
O dissídio coletivo de natureza jurídica, por sua vez, é o meio próprio para a interpretação de • O arbitro não é o juiz;
cláusulas formuladas em normas coletiva de trabalho. Nessa espécie de demanda incumbe ao Poder
Judiciário Trabalhista apenas revelar o sentido da regra. • O resultado da resolução do conflito, consuma-se por meio de um laudo arbitral, que dará origem
as regras;
Por fim, pelo dissídio de greve a Justiça do Trabalho decide sobre a procedência, total ou parcial,
ou improcedência das reivindicações dos trabalhadores (art. 8º, Lei n. 7.783/89). • Facultativa, após frustradas as negociações coletivas, conforme art. 114, § 1o, CF/88.

Requisitos para instaurar o dissídio coletivo:


7 – Princípios Gerais de Direito Coletivo do Trabalho Princípio da Lealdade e Transparência na Negociação Coletiva: Na formação e no
desenvolvimento das relações estipuladas em norma coletiva, devem os seres coletivos envolvidos
Princípio da liberdade associativa e sindical: O princípio da liberdade sindical deve ser
agir com lealdade e transparência.
interpretado de forma ampla, tanto no campo coletivo como no plano individual. Ele comporta duas
dimensões: a positiva e a negativa. As normas coletivas regerão efetivamente as relações laborais individuais entre trabalhadores e
empregadores, razão pela qual deve haver boa-fé, ética e respeito nas relações negociais, além de
* Na dimensão positiva, existe liberdade de criação do sindicato, bem como a liberdade de cada
efetiva transparência. Não pode haver dolo ou buscar fazer a parte contrária incidir em erro no curso
indivíduo se filiar (se associar) ao sindicato.
das negociações.
• Na dimensão negativa, a premissa de que a pessoa possui direito de se desfiliar do sindicato, bem
Quanto à transparência, ela deve existir não apenas entre os signatários da norma, mas também em
como de nunca se filiar se assim desejar.
relação aos representados pela entidade sindical signatária. É que a entidade, ao firmar uma norma
Princípio da autonomia sindical: A entidade sindical é livre para se organizar e pleitear seus coletiva, representa pessoas e deve, em virtude de sua legitimação constitucional, demonstrar
interesses, sem violar direitos constitucionais. É vedada a interferência estatal. completa ligação aos interesses dos representados.
Princípio da interveniência sindical obrigatória: Sempre que houver uma negociação coletiva o Princípio da Criatividade Jurídica na Negociação Coletiva: A autonomia privada coletiva permite
sindicato dos empregados deve estar presente, a fim de participar ativamente das negociações, art. a criação de normas que não existem na normatização heterônoma estatal (leis, decretos etc.). Trata-
8o, VI, da CF/88. se de decorrência lógica da liberdade na fixação de regras para reger as relações de trabalho.
Princípio da unicidade sindical: Não se pode criar, em relação a uma categoria, mais de uma Podem ser criadas vantagens sociais e econômicas, obrigações, regras procedimentais etc. Assim,
entidade sindical na mesma base territorial. É um princípio limitador do princípio da liberdade sindical por exemplo, podem ser criados direitos como vale-refeição, plano de saúde, seguro de vida,
(princípio da liberdade sindical, art. 8o II da CF/88). estabilidades, descontos salariais, procedimentos de apuração interna na empresa etc.
Princípio da Equivalência dos Seres Coletivos: No Direito Coletivo do Trabalho, o ser coletivo Princípio da Adequação Setorial Negociada: Esse princípio impõe limites à autonomia privada
trabalhista possui papel fundamental. Suas atividades impactam diretamente nas relações laborais coletiva e à criatividade jurídica na negociação coletiva, ou seja, não se pode negociar tudo, havendo
e, por consequência, em toda a sociedade/ comunidade. Ademais, os seres coletivos podem restrições que devem ser observadas.
formalizar norma coletiva, criando regras para as relações de trabalho e entre si.
1ª Impossibilidade de renúncia pura e simples de direitos trabalhistas: As partes podem afastar
São seres coletivos no âmbito trabalhista as entidades sindicais (seja representação obreira ou determinados direitos em troca de outros.
patronal) e a empresa.
Não se admitira a simples renúncia sem qualquer contrapartida, mas somente em relação as parcelas
O princípio parte da premissa de que não há uma hipossuficiência do ser coletivo. Pelo contrário, indisponíveis.
existe uma equivalência entre eles.
Ex: Salário-mínimo e normas de segurança e medicina do trabalho, são absolutamente indisponíveis.
Princípio da Autonomia Privada Coletiva: A negociação coletiva exerce papel fundamental no
Obs.: Por outro lado, normas sobre jornada e participação nos lucros são perfeitamente possíveis
Direito Coletivo, porquanto permite aos atores sociais definir as regras que irão reger suas relações
em uma negociação coletiva.
laborais. A participação dos destinatários da norma ou de seus representantes na elaboração do
conjunto normativo confirma o princípio democrático. O legislador constituinte, visualizando a 2º Conjunto de direitos negociados por norma coletiva deve ser superior ao previsto na
importância do tema, reconheceu a validade das convenções e dos acordos coletivos de trabalho no normatização trabalhista:
art. 7º, XXVI; da CF:
Essa restrição foi muito flexibilizada pela reforma trabalhista. Isso porque não somente pode haver
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua transações sem contrapartida, como também o negociado prevalece sobre o legislado sem qualquer
condição social: menção na lei de que o conjunto de direitos negociado deve ser superior ao patamar legal:
XXVI – reconhecimento das convenções e acordos coletivos de trabalho; CLT Art. 611-A. A convenção coletiva e o acordo coletivo de trabalho têm prevalência sobre a lei
quando, entre outros, dispuserem sobre: (...)
A ideia de liberdade de negociação foi ampliada com a Reforma Trabalhista (Lei 13.467/17),
conforme se nota no art. 611-A, caput, da CLT, que permitiu que o negociado coletivamente no CLT Art. 611-B. Constituem objeto ilícito de convenção coletiva ou de acordo coletivo de trabalho,
âmbito privado prevalecesse sobre a norma heterônoma estatal (produzida por terceiro – o Estado): exclusivamente, a supressão ou a redução dos seguintes direitos: (...)
CLT Art. 611-A. A convenção coletiva e o acordo coletivo de trabalho têm prevalência sobre a lei Além disso, o legislador reformista acrescentou uma restrição ao exame das normas coletivas pela
quando, entre outros, dispuserem sobre: (...) Justiça do Trabalho:
Aliás, note que a rega mencionada também tornou o rol de matérias passíveis de negociação coletiva CLT Art. 8º (...) § 3º No exame de convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho, a Justiça do
meramente exemplificativo, reforçando a autonomia dos seres coletivos. Trabalho analisará exclusivamente a conformidade dos elementos essenciais do negócio jurídico,
respeitado o disposto no art. 104 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil), e balizará
sua atuação pelo princípio da intervenção mínima na autonomia da vontade coletiva.
9 – Acordo Coletivo à elaboração realmente estamos diante de um contrato, mas quanto aos seus efeitos é preciso
examinar sobre dois aspectos: cláusulas obrigacionais (que vinculam apenas os sujeitos contratuais)
Acordo coletivo é o instrumento assinado por sindicato de trabalhadores e por uma ou mais empresas e cláusulas normativas (que vinculam e beneficiam todos os trabalhadores).
e que contém o conjunto de normas que regerão as relações de trabalho dos empregados dessas
empresas que sejam representados pelo sindicato. Amauri Mascaro Nascimento afirma que “há cláusulas obrigacionais que vinculam apenas as partes
estipulantes e há cláusulas normativas que são aplicáveis aos contratos individuais de trabalho, e
O acordo coletivo de trabalho, como instrumento de caráter normativo, pode ser celebrado pelos desse duplo tipo de cláusula é que resulta sua natureza mista”.202
sindicatos representativos das categorias profissionais com uma ou mais empresas da
correspondente categoria econômica, visando estipular condições de trabalho aplicáveis no âmbito Os sujeitos legitimados a negociar convenções coletivas de trabalho são apenas os sindicatos, de
da empresa ou das empresas acordantes às respectivas relações de trabalho (art. 611, § 1º, CLT). um lado, o de trabalhadores, de outro lado, o patronal, e subsidiariamente, na falta de sindicato,
poderão a federação e a confederação assumir a negociação (art. 611, § 2º, CLT).
Portanto, o acordo coletivo de trabalho refere-se à negociação coletiva desenvolvida em nível de
empresa, com efeitos somente aplicáveis à(s) empresa(s) e trabalhadores envolvidos. As partes da convenção coletiva são as categorias, profissional e econômica, uma vez que,
como instrumento de regulamentação das condições de trabalho, é sobre elas que seus efeitos se
Para a celebração do acordo não é necessária a presença do sindicato representante da categoria projetam.
econômica, sendo certo que o art. 8º, VI da Constituição Federal, ao considerar obrigatória a
participação dos sindicatos nas negociações coletivas de trabalho, não se referiu ao sindicato O art. 611 da CLT: Convenção Coletiva de Trabalho é o acordo de caráter normativo, pelo qual
patronal, mas apenas ao sindicato profissional. Isso porque, como explica Mauricio Godinho dois ou mais Sindicatos representativos de categorias econômicas e profissionais estipulam
Delgado, “o empregador, por sua própria natureza, já é um ser coletivo (já estando, portanto, condições de trabalho aplicáveis, no âmbito das respectivas representações, às relações individuais
naturalmente encouraçado pela proteção coletiva), ao passo que os trabalhadores apenas adquirem de trabalho.
essa qualidade mediante sua atuação coletiva mesmo”.200
§ 1º É facultado aos Sindicatos representativos de categorias profissionais celebrar Acordos
De abrangência restrita, o acordo coletivo de trabalho não obriga empresas que não participaram Coletivos com uma ou mais empresas da correspondente categoria econômica, que estipulem
da negociação coletiva respectiva nem abrange seus empregados, ainda que se trate das mesmas condições de trabalho, aplicáveis no âmbito da empresa ou das acordantes respectivas relações de
categorias econômica e profissional. trabalho.

10 – Convenção Coletiva Constata-se que o sindicato dos trabalhadores é signatário em qualquer dos regramentos, atendendo
ao disposto no art. 8º, VI, da CF:É livre a associação profissional ou sindical, observado o seguinte:
Convenção Coletiva de Trabalho: Convenção coletiva é instrumento assinado por sindicato de
trabalhadores e sindicato de empresas e que contém o conjunto de normas que regerão as relações VI – é obrigatória a participação dos sindicatos nas negociações coletivas de trabalho
de trabalho das empresas e empregados que são representados pelos sindicatos respectivos.

Convenção coletiva de trabalho “é o acordo de caráter normativo, pelo qual dois ou mais sindicatos
Pode a convenção coletiva ser assinada por uma Federação ou uma Confederação? Se a
representativos de categorias econômicas e profissionais estipulam condições de trabalho aplicáveis,
categoria não estiver organizada em um sindicato (não foi criado um sindicato), a Federação e, na
no âmbito das respectivas representações, às relações individuais de trabalho” (art. 611, CLT).
falta dessa, a Confederação pode assinar a norma coletiva:
Assim, convenção coletiva de trabalho é um instrumento negociado em nível de categorias
CLT Art. 611 (...) § 2º As Federações e, na falta desta, as Confederações representativas de
econômicas e profissionais, representadas pelos respectivos sindicatos, aplicando-se suas cláusulas
categorias econômicas ou profissionais poderão celebrar convenções coletivas de trabalho para
a todos os seus integrantes.
reger as relações das categorias a elas vinculadas, inorganizadas em Sindicatos, no âmbito de suas
A doutrina não é pacífica em relação à natureza jurídica da convenção coletiva de trabalho, representações.
identificando-se três correntes:
Obs.: Se o sindicato for procurado para assumir a negociação coletiva com uma empresa e ficar
■ contratualista — busca no contrato o fundamento da natureza jurídica da convenção coletiva, inerte por 8 (oito) dias ou se recusar a assumir, pode-se ir em busca da Federação e na sua falta
analisando a questão a partir da sua elaboração, celebração. É considerado um posicionamento Confederação (art. 617 da CLT)
falho, pois não explica os efeitos da convenção coletiva, principalmente no que tange à inserção de
suas cláusulas nos contratos individuais de trabalho. Octavio Bueno Magano, afirmando ser a
convenção coletiva de trabalho um negócio jurídico, adota a corrente contratualista.201 Requisitos da norma coletiva: As convenções e os acordos coletivos devem possuir um conteúdo
mínimo previsto em lei, conforme art. 613 da CLT:
■ normativa — considera a característica própria da convenção coletiva, que, de maneira geral,
abstrata e com força coercitiva, cria direitos e obrigações, para afirmar que se trata de um pacto de CLT Art. 613: As Convenções e os Acordos deverão conter obrigatoriamente:
caráter normativo. A crítica que se faz é que também se trata de um posicionamento parcial, pois
limita-se a examinar os efeitos da convenção coletiva, não examinando sua elaboração. Trata-se da I – Designação dos Sindicatos convenentes ou dos Sindicatos e empresas acordantes;
posição adotada pelo legislador (“acordo de caráter normativo”). II – Prazo de vigência;
■ mista — surge a partir das correntes acima indicadas, considerando a natureza jurídica da III – Categorias ou classes de trabalhadores abrangidas pelos respectivos dispositivos;
convenção coletiva tanto do ponto de vista da elaboração, como do ponto de vista dos efeitos: quanto
IV – Condições ajustadas para reger as relações individuais de trabalho durante sua vigência;
V – Normas para a conciliação das divergências sugeridas entre os convenentes por motivos da IV - adesão ao Programa Seguro-Emprego (PSE), de que trata a Lei 13.189, de 19/11/2015;
aplicação de seus dispositivos; V - plano de cargos, salários e funções compatíveis com a condição pessoal do empregado, bem
VI – Disposições sobre o processo de sua prorrogação e de revisão total ou parcial de seus como identificação dos cargos que se enquadram como funções de confiança;

dispositivos; VI - regulamento empresarial;


VII – Direitos e deveres dos empregados e empresas; VII - representante dos trabalhadores no local de trabalho;
VIII – Penalidades para os Sindicatos convenentes, os empregados e as empresas em caso de
violação de seus dispositivos. VIII - teletrabalho, regime de sobreaviso, e trabalho intermitente;

Forma: Escrita, sem rasuras ou emendas. (art. 613, § único da CLT). IX - remuneração por produtividade, incluídas as gorjetas percebidas pelo empregado, e
remuneração por desempenho individual;
Classificação: Obrigacionais (criam direitos e obrigações) ou normativas (regem as relações de
trabalho, inclusive estabelecendo vantagens). X - modalidade de registro de jornada de trabalho;
Prazo de vigência: 2 (dois) anos, art.614, § 3o da CLT, não pode ser prorrogada.
XI - troca do dia de feriado;
Multa por descumprimento: É possível estipular na norma coletiva multa por descumprimento.
XII - enquadramento do grau de insalubridade;
Depósito da norma coletiva: Uma vez assinada a norma coletiva, deve o instrumento ser
depositado no Ministério, segundo a CLT. O TST entende que esse depósito cuida de uma XIII - prorrogação de jornada em ambientes insalubres, sem licença prévia das autoridades
formalidade administrativa, de maneira que a norma coletiva vale independentemente do depósito competentes do Ministério do Trabalho;
ter sido realizado.
XIV - prêmios de incentivo em bens ou serviços, eventualmente concedidos em programas de
Revisão da norma coletiva: Pode ser revista antes de finalizado o período de término.
incentivo;
Denúncia: é o ato pelo qual uma das partes comunica à outra parte coletiva a sua intenção de
terminar antecipadamente o ajuste, antes do fim da vigência da norma coletiva. XV - participação nos lucros ou resultados da empresa.

Revogação: Ato bilateral por meio do qual as partes, em comum acordo, resolvem acabar com a § 1º - No exame da convenção coletiva ou do acordo coletivo de trabalho, a Justiça do Trabalho
vigência da norma coletiva antes do termo final. observará o disposto no § 3º do art. 8º desta Consolidação. [[CLT, art. 8º.]]
Qualquer dessas práticas fica sujeita à aprovação da assembleia de trabalhadores, art. 615, caput e § 2º - A inexistência de expressa indicação de contrapartidas recíprocas em convenção coletiva ou
§ 1º, da CLT: acordo coletivo de trabalho não ensejará sua nulidade por não caracterizar um vício do negócio
Art. 615. O processo de prorrogação, revisão, denúncia ou revogação total ou parcial de Convenção jurídico.
ou Acordo ficará subordinado, em qualquer caso, à aprovação de Assembleia Geral dos Sindicatos
convenentes ou partes acordantes, com observância do disposto no art. 612. § 3º - Se for pactuada cláusula que reduza o salário ou a jornada, a convenção coletiva ou o acordo
§ 1º O instrumento de prorrogação, revisão, denúncia ou revogação de Convenção ou Acordo será coletivo de trabalho deverão prever a proteção dos empregados contra dispensa imotivada durante
depositado para fins de registro e arquivamento, na repartição em que o mesmo originariamente foi o prazo de vigência do instrumento coletivo.
depositado observado o disposto no art. 614.
§ 4º - Na hipótese de procedência de ação anulatória de cláusula de convenção coletiva ou de acordo
11 – Art. 611 A da CLT coletivo de trabalho, quando houver a cláusula compensatória, esta deverá ser igualmente anulada,
sem repetição do indébito.
 Convenção coletiva. Acordo coletivo. Prevalência sobre a lei
§ 5º - Os sindicatos subscritores de convenção coletiva ou de acordo coletivo de trabalho deverão
Art. 611-A participar, como litisconsortes necessários, em ação individual ou coletiva, que tenha como objeto a
- A convenção coletiva e o acordo coletivo de trabalho têm prevalência sobre a lei quando, entre anulação de cláusulas desses instrumentos.
outros, dispuserem sobre:
11 – Art. 611 B da CLT
I - pacto quanto à jornada de trabalho, observados os limites constitucionais;

II - banco de horas anual;  Convenção coletiva. Acordo coletivo. Objeto ilícito

III - intervalo intrajornada, respeitado o limite mínimo de trinta minutos para jornadas superiores a Art. 611-B - Constituem objeto ilícito de convenção coletiva ou de acordo coletivo de trabalho,
seis horas; exclusivamente, a supressão ou a redução dos seguintes direitos:
I - normas de identificação profissional, inclusive as anotações na Carteira de Trabalho e Previdência XXV - igualdade de direitos entre o trabalhador com vínculo empregatício permanente e o trabalhador
Social; avulso;

II - seguro-desemprego, em caso de desemprego involuntário; XXVI - liberdade de associação profissional ou sindical do trabalhador, inclusive o direito de não
sofrer, sem sua expressa e prévia anuência, qualquer cobrança ou desconto salarial estabelecidos
III - valor dos depósitos mensais e da indenização rescisória do Fundo de Garantia do Tempo de em convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho;
Serviço (FGTS);
XXVII - direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e
IV - salário-mínimo; sobre os interesses que devam por meio dele defender;

V - valor nominal do décimo terceiro salário; XXVIII - definição legal sobre os serviços ou atividades essenciais e disposições legais sobre o
atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade em caso de greve;
VI - remuneração do trabalho noturno superior à do diurno;
XXIX - tributos e outros créditos de terceiros;
VII - proteção do salário na forma da lei, constituindo crime sua retenção dolosa;
XXX - as disposições previstas nos arts. 373-A, 390, 392, 392-A, 394, 394-A, 395, 396 e 400 desta
VIII - salário-família; Consolidação.

IX - repouso semanal remunerado; Parágrafo único - Regras sobre duração do trabalho e intervalos não são consideradas como normas
de saúde, higiene e segurança do trabalho para os fins do disposto neste artigo.
X - remuneração do serviço extraordinário superior, no mínimo, em 50% (cinquenta por cento) à do
normal; 11 – Art. 620 da CLT

XI - número de dias de férias devidas ao empregado;


 Convenção coletiva. Acordo coletivo. Prevalência
XII - gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a mais do que o salário normal;
Art. 620 - As condições estabelecidas em acordo coletivo de trabalho sempre prevalecerão sobre
XIII - licença-maternidade com a duração mínima de cento e vinte dias; as estipuladas em convenção coletiva de trabalho.

XIV - licença-paternidade nos termos fixados em lei; O legislador limita a autonomia das partes nessas negociações, por isso é preciso ficar atento quanto
aos direitos a serem tratados. A tabela com base nos artigos 611 – A e B para facilitar o
XV - proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante incentivos específicos, nos termos da lei; entendimento:

XVI - aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo no mínimo de trinta dias, nos termos da Assuntos passíveis de acordos e
Vedações aos acordos e convenções
lei; convenções

XVII - normas de saúde, higiene e segurança do trabalho previstas em lei ou em normas


regulamentadoras do Ministério do Trabalho;  pacto quanto à jornada de trabalho,
 Normas de identificação profissional
observados os limites constitucionais
 seguro-desemprego, em caso de
 banco de horas anual
XVIII - adicional de remuneração para as atividades penosas, insalubres ou perigosas; desemprego involuntário
 intervalo intrajornada, respeitado o limite
 valor dos depósitos mensais e da
mínimo de trinta minutos para jornadas
XIX - aposentadoria; indenização rescisória do FGTS
superiores a seis horas
 salário-mínimo
 adesão ao Programa Seguro-Emprego
XX - seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador;  valor nominal do décimo terceiro salário
(PSE)
 remuneração do trabalho noturno superior
 plano de cargos, salários e funções
XXI - ação, quanto aos créditos resultantes das relações de trabalho, com prazo prescricional de à do diurno
compatíveis com a condição pessoal do
cinco anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de dois anos após a extinção do  proteção do salário na forma da lei
empregado, bem como identificação dos
contrato de trabalho;  salário-família
cargos que se enquadram como funções
 repouso semanal remunerado
de confiança
XXII - proibição de qualquer discriminação no tocante a salário e critérios de admissão do trabalhador  remuneração do serviço extraordinário
 regulamento empresarial
com deficiência; superior, no mínimo, em 50% (cinquenta
 representante dos trabalhadores no local
por cento) à do normal
de trabalho
XXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de dezoito anos e de qualquer  número de dias de férias devidas ao
 teletrabalho, regime de sobreaviso, e
trabalho a menores de dezesseis anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de quatorze anos; empregado
trabalho intermitente
XXIV - medidas de proteção legal de crianças e adolescentes;
 remuneração por produtividade, incluídas  gozo de férias anuais remuneradas com,
as gorjetas percebidas pelo empregado, pelo menos, um terço a mais do que o
e remuneração por desempenho salário normal
individual  licença-maternidade com a duração
 modalidade de registro de jornada de mínima de cento e vinte dias
trabalho  licença paternidade
 troca do dia de feriado  proteção do mercado de trabalho da
 enquadramento do grau de insalubridade mulher, mediante incentivos específicos,
 prorrogação de jornada em ambientes nos termos da lei
insalubres, sem licença prévia das  aviso prévio proporcional ao tempo de
autoridades competentes do Ministério serviço - mínimo de trinta dias
do Trabalho  normas de saúde, higiene e segurança do
 prêmios de incentivo em bens ou trabalho
serviços, eventualmente concedidos em  adicional de remuneração para as
programas de incentivo atividades penosas, insalubres ou
 participação nos lucros ou resultados da perigosas
empresa.  aposentadoria
 seguro contra acidentes de trabalho, a
cargo do empregador
 prazo prescricional em ação de crédito
trabalhista
 proibição de trabalho noturno, perigoso ou
insalubre a menores de dezoito anos e de
qualquer trabalho a menores de dezesseis
anos, salvo na condição de aprendiz, a
partir de quatorze anos
 medidas de proteção legal de crianças e
adolescentes
 igualdade de direitos entre o trabalhador
permanente e o avulso
 Dentre outros

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