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Direito do trabalho II - prova - 21/06/2023

Direito do trabalho coletivo

Agrega as normas que se referem às relações que envolvem um empregador ou um


grupo de empregadores com os grupos de trabalhadores ou com as organizações que os
representam (relações coletivas).

- Pluralidade de trabalhadores
- Interesse coletivo

O conjunto de regras, princípios e institutos regulatórios das relações entre os seres


coletivos trabalhistas: de um lado, os obreiros, representados pelas entidades sindicais, e,
de outro, os seres coletivos empresariais, atuando quer isoladamente, quer através de
seus sindicatos.

Os sujeitos do direito coletivo são essencialmente os sindicatos:


- São próprios do sistema capitalista
- Surge na Grã-Bretanha

• 1ª fase:
Proibição e criminalização
• 2ª fase:
Tolerância jurídica e descriminalização. Transição entre a proibição e o pleno
reconhecimento.
• 3ª fase:
Reconhecimento do direito de coalização e livre organização sindical. Firma-se a
liberdade e autonomia sindicais. Segunda metade do século XIX.
1919: Tratado de Versalhes, a fundação da OIT, e o fenômeno da constitucionalização do
Direito do Trabalho (Constituições do México e Alemanha) - retrocesso movimentos
autoritários

No Brasil:
- Primeiras associações de trabalhadores livres e assalariados foram as ligas operárias,
sociedades de socorro mútuo, sociedades cooperativas de obreiros. No final do século
XIX.
- Período inicial do sindicalismo Brasileiro foram estruturados em alguns setores como
ferrovias, movimento sindical incipiente.
- 1930: implantação e reprodução de modelo sindical: intervenção do estado:
regulação do modelo sindical e repressão movimento sindical.
- Ampla produção legislativa. 1943: CLT.
- Na constituição de 88 rompe-se o controle político administrativo do estado sobre a
estrutura sindical. Direito à greve, reconhecimento do processo negocial coletivo.
Tiveram muitos avanços com a constitucionalização de direitos sociais, igualdade de
trabalhadores rurais e urbanos, ampliação dos direitos dos trabalhadores domésticos.
- Contradições antidemocráticas na CF 1988 - EC 24/99 extinção representação
classista na Justiça do Trabalho. EC 45/2004 restringiu a competência normativa e
ampliou a competência jurisdicional.

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Sindicatos - CF:
Art. 8º - incisos VI e VIII.
- é obrigatória a participação dos sindicatos nas negociações coletivas de trabalho;
- é vedada a dispensa do empregado sindicalizado a partir do registro da candidatura a
cargo de direção ou representação sindical.

O que são sindicatos?


Sindicatos são entidades associativas permanentes, que representam trabalhadores
vinculados por laços profissionais e laborativos comuns, visando tratar de problemas
coletivos das respectivas bases representadas, defendendo seus interesses trabalhistas e
conexos, com o objetivo de lhes alcançar melhores condições de labor e vida. Entidades
associativas permanentes, que representam, respectivamente, trabalhadores, “lato
sensu”, e empregadores, visando a defesa de seus correspondentes interesses coletivos.

Empregadores, empregados, agentes ou trabalhadores autônomos, ou profissionais


liberais que exerçam, respectivamente, a mesma atividade, profissões similares ou
conexas.

Critérios de agregação:
- Sindicatos por ofício ou profissão (sindicatos de categoria diferenciada):
professores, motoristas, advogados… (não é o padrão dominante). É a que se forma
dos empregados que exerçam profissões ou funções diferenciadas por força de
estatuto profissional especial (ex: secretárias) ou em consequência de condições de
vida singulares (ex: motoristas).
- Sindicatos por categoria profissional (similitude laborativa): situação de emprego na
mesma atividade econômica ou em atividades econômicas similares ou conexas. Não
se identifica pelo preciso tipo de atividade que exerce (e nem por sua exata profissão),
mas pela vinculação a certo tipo de empregador. Exemplo: Se o empregado de
indústria metalúrgica labora como porteiro na planta empresarial (e não em efetivas
atividades metalúrgicas), é, ainda assim, representado, legalmente, pelo sindicato de
metalúrgicos, uma vez que seu ofício de porteiro não o enquadra como categoria
diferenciada.
- Sindicatos por empresa: no Brasil são juridicamente inviáveis, pois a CF fixa o critério
de categoria profissional para estrutura um sindicato.
- Sindicatos por ramo profissional de atividade: agregam em função do ramo ou
segmento empresarial de atividades. Exemplos: sindicatos dos trabalhadores do
segmento industrial, dos trabalhadores do segmento financeiro, etc. Este critério de
agregação sindical favorece a criação de grandes sindicatos, que tendem a ser
significativamente fortes, dotados de grande abrangência territorial, seja regional ou até
mesmo nacional, com sensível poder de negociação coletiva, em qualquer âmbito
geográfico que se considere, perante qualquer empresa ou entidade representativa
empresarial. Máximo as vantagens do sindicalismo para os trabalhadores,
potencializando também o papel progressista e generalizante do Direito do Trabalho.

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Liberdade sindical: conjunto de direitos, prerrogativas e imunidades outorgadas aos
trabalhadores e às organizações voluntariamente constituídas por eles para garantir o
desenvolvimentos das ações lícitas destinadas a defesa de seus interesses e à melhora
de suas condições de vida e de trabalho. Liberdade de organizar e constituir sindicatos,
elaborar seus estatutos de acordo com as leis gerais do pais, liberdade de filiação e
desfiliação, de escolher seus dirigentes e de estabelecer normas de administração de
acordo com seus estatutos. Vedação de interferência do estado.

- Liberdade sindical no aspecto individual - quando o sujeito titular é o trabalhador.


- Liberdade sindical no aspecto coletivo - quando o sujeito titular é a organização
sindical.

Reforma trabalhista: Lei n. 13.467/2017


Não afetou as características do modelo sindical. Retira a compulsoriedade no
pagamento da contribuição sindical; desconto da contribuição sindical está condicionado à
autorização prévia e expressa;

Limitações ao principio da liberdade sindical:


- Sindicatos são unidades de base ou de primeiro grau, que atuam como representantes
dos trabalhadores e de empregadores.
- Princípio da unicidade sindical: é vedada a criação de mais de um sindicato, em
qualquer grau, representativa de categoria profissional ou econômica na mesma base
territorial, não podendo ser inferior a área de um município.

Categoria: Conjunto de pessoas com interesses profissionais ou econômicos em


comum decorrentes de identidade de condições ligadas ao trabalho ou à atividade
econômica desempenhada.
- CLT art. 511
§ 1º: A solidariedade de interesses econômicos dos que empreendem atividades
idênticas, similares ou conexas, constituem o vínculo social básico que se denomina
categoria econômica. (Categoria econômica - empregadores)
§ 2º: A similitude de condições de vida oriunda da profissão ou trabalho em comum, em
situação de emprego na mesma atividade econômica ou em atividades econômicas
similares ou conexas, compõe a expressão social elementar compreendida como
categoria profissional. (Categoria profissional - trabalhadores)
§ 1º, 2º, 4º atividades idênticas, similares ou conexas:
• Atividades idênticas – empregadores e empregados que exerçam ou prestem serviços
no mesmo setor da atividade econômica.
• Atividades similares – reúne atividades parecidas que se complementam, exercidas com
o mesmo fim. Exemplo: hotéis e restaurantes.
• Atividades conexas – integrada por atividades que se complementam, exercidas com o
mesmo fim. Exemplo: construção civil – pedreiros, eletricistas, pintura, alvenaria.

Como fazer o enquadramento da empresa em relação às categorias econômicas e


profissionais?
- Atividade do empregador (regra geral)
- Categoria diferenciada (exceção)

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1. Verificar se o trabalhador pertence a alguma atividade regulamentada, se sim, o
trabalhador pertencerá ao sindicato de sua categoria diferenciada.
2. Verificar com o sindicato patronal, se houve negociação coletiva com o sindicato
da categoria diferenciada. Se houver a negociação coletiva aplica-se a esses
trabalhadores. Se não houve a negociação coletiva, aplica-se as regras da
categoria diferenciada.
3. Se não houve pactuação do sindicato patronal com o sindicato das categorias
diferenciadas, aplica as normas desses sindicatos (Súmula 374 TST).
4. Se o trabalhador não é de categoria diferenciada, verifica-se a atividade
principal da empresa (sindicato dos empregadores e empregados) e local de
prestação do serviço.

Natureza jurídica dos sindicatos: pessoa jurídica de direito privado.


• Personalidade jurídica – registro no Cartório do Registro Civil das Pessoas Jurídicas
(art. 45 CC).
• Personalidade sindical – registro sindical no Ministério do Trabalho, ao qual compete o
controle da unicidade.

Formas de fundação de sindicatos:


• Fundação originária - quando inexiste sindicato representante da categoria e o primeiro
é criado.
• Fundação por transformação de associação em sindicato — quando uma
associação não sindical transforma-se em sindicato.
• Fundação por desmembramento da categoria — quando, existente um sindicato que
representa mais de uma atividade ou profissão, dele se destaca uma delas com o intuito
de constituição de um sindicato específico para aquela atividade ou profissão (espécie de
cisão da categoria e, consequentemente, da representação, com previsão no art. 571 da
CLT);
• Fundação por divisão de base territorial — quando, existente um sindicato que
representa a categoria em uma base territorial ampla, e é criado um novo sindicato que
passará a atuar.
• Fundação por fusão de sindicatos — quando, em decorrência da junção de dois ou
mais sindicatos antes existentes, surge um novo sindicato no lugar, com ampliação da
base territorial e da representação.

Órgãos internos dos sindicatos:


a) Assembleia geral - seu órgão soberano, que é constituída dos associados do
sindicato, com direito a voto nas suas deliberações de sua competência;
b) Conselho Fiscal - integrado por três membros eleitos pela assembleia geral, a
quem compete a fiscalização da gestão financeira;
c) Diretoria - que é órgão executivo na estrutura sindical eleito pela assembleia geral, é
constituída de no mínimo três e no máximo sete membros, dentre os quais um
será eleito, pelos demais diretores, presidente do sindicato. Delegados. Estabilidade
a sete dirigentes sindicais e igual número de suplentes, até um ano após o fim do
mandato, salvo se cometer falta grave e só pode ser demitido mediante inquérito em
que se apure essa falta.

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Atividade do sindicato:
- Função de representação
- Função negocial
- Função assistencial
- Função parafiscal

Garantias sindicais:
- Estabilidade sindical (diretoria)
- Inamovibilidade: proíbe a remoção para funções incompatíveis com a atuação sindical.
juiz trabalhista pode conceder liminar reintegrativa de dirigente sindical afastado,
suspenso ou dispensado. Exigência de instauração de inquérito judicial para apuração
de falta grave de dirigente sindical como uma medida adicional de proteção.

Prerrogativas do sindicato:
a) representar, perante as autoridades administrativas e judiciárias os interesses gerais da
respectiva categoria ou profissão liberal ou interesses individuais dos associados relativos
á atividade ou profissão exercida;
b) celebrar contratos coletivos de trabalho;
c) eleger ou designar os representantes da respectiva categoria ou profissão liberal;
d) colaborar com o Estado, como órgãos técnicos e consultivos, no estudo e solução dos
problemas que se relacionam com a respectiva categoria ou profissão liberal;
- Parágrafo Único. Os sindicatos de empregados terão, outrossim, a prerrogativa de
fundar e manter agências de colocação.

Deveres do sindicato:
a) colaborar com os poderes públicos no desenvolvimento da solidariedade social;
b) manter serviços de assistência judiciária para os associados;
c) promover a conciliação nos dissídios de trabalho.
d) sempre que possível, e de acordo com as suas possibilidades, manter no seu quadro
de pessoal, em convênio com entidades assistenciais ou por conta própria, um assistente
social com as atribuições específicas de promover a cooperação operacional na empresa
e a integração profissional na Classe.
Parágrafo único. Os sindicatos de empregados terão, outrossim, o dever de:
a) promover a fundação de cooperativas de consumo e de crédito;
b) fundar e manter escolas de alfabetização e pré vocacionais.

Estrutura sindical Brasileira:


1º grau - sindicatos
2º grau - federação: é facultado aos sindicatos quando em número não inferior a 5,
desde que representem maioria absoluta de um grupo de atividades ou profissões
idênticas, similares ou conexas, se organizarem em federação; Podem celebrar
convenções coletivas de trabalho para reger as relações das categorias a elas vinculadas,
inorganizadas em sindicatos no âmbito de suas representações (Ex: FIEP, FIESP)
3º grau - confederação: na falta de federação: podem celebrar convenções coletivas de
trabalho para reger as relações das categorias a elas vinculadas, inorganizadas em
sindicatos no âmbito de suas representações; Vai se organizar em no mínimo 3
federações e terão sede em Brasilia; Órgão de cúpula, tem base na representação
nacional e são constituídas por federações estando entre suas funções básicas a de
coordenação das federações e sindicatos do seu setor. Podem propor ação direta de
inconstitucionalidade e a ação declaratório de constitucionalidade. (Ex: CNI, CNC)

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- Federação e confederação são permitidos a fazer negociação coletiva, quando houver
inércia do sindicato.
- Solicitação de Registro para as entidades de grau superior (Federações e
Confederações) continuam a ser regidas pelas Portarias do Ministério do Trabalho.

Centrais sindicais:
São entidades associativas de direito privado composta por organizações sindicais de
trabalhadores. Não fazem parte da estrutura sindical brasileira, nem tem personalidade
jurídica sindical. Seus diretores não tem estabilidade provisória e a central em si não tem
prerrogativa de negociação coletiva.
Possuem como atribuição a coordenação da representação dos trabalhadores e como
prerrogativa a participação de negociações em diálogo social de composição tripartite
onde haja interesse dos trabalhadores.
Filiação de no mínimo 100 sindicatos distribuídos nas 5 regiões do País.
Filiação em pelo menos 3 regiões do País , e de no mínimo 20 sindicatos em cada uma.
Filiação de sindicatos, em no mínimo 5 setores de atividade econômica.
Filiação de sindicatos que representem no mínimo 7% do total de empregados
sindicalizados em âmbito nacional.
Ex: CGT (central geral dos trabalhadores), CUT (central única dos trabalhadores), FS
(força sindical) e USI (união sindical independente)

Custeio da estrutura sindical:


4 tipos de contribuições pagas a entidades sindicais (todas são facultativas e dependem
de autorização do empregado para o desconto em folha - Só os sindicalizados pagam.)
- Contribuição sindical
- Contribuição confederativa
- Contribuição assistencial
- Mensalidade dos associados - estatutos dos sindicatos

Contribuição sindical (só é exigível dos filados):


• Mensalidade dos associados: uma obrigação estatutária e segue as regras internas
deliberadas na assembleia do sindicato. Os percentuais e a aplicação dos recursos
arrecadados dependem apenas da previsão no Estatuto.

Para o trabalhador:
- Recolhida apenas uma vez, anualmente.
- Corresponde a 1 dias de trabalho.
- Não é mais compulsória (reforma trabalhista)
- Recolhimento no mês de março de cada ano
- Para os trabalhadores autônomos e profissionais liberais - 30% do maior valor de
referência fixado pelo poder executivo.
Para o empregador:
- Recolhida apenas uma vez, anualmente.
- Proporcional ao capital social da firma ou empresa.
- Destinação (não foi recepcionado pela CF, pelo principio da não interferência na
entidade sindical):
a) 5% para a confederação correspondente;
b) 15% para a federação;
c) 60% para o sindicato respectivo;
d) 20% para a “Conta Especial Emprego e Salário” do Ministério do Trabalho.

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Negociação coletiva:

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É a mais importante forma de solução dos conflitos coletivos de trabalho.

- Trabalhadores e empregadores, coletivamente considerados, exercem a autonomia


coletiva de vontade que lhes é conferida, encontrando conjuntamente um consenso em
relação ao conflito.
- Compreende todas as negociações que tenham lugar entre, de uma parte, um
empregador, um grupo de empregadores ou uma organização ou várias organizações
de empregadores e, de outra parte, uma ou várias organizações de trabalhadores, com
o fim de:
- fixar as condições de trabalho e emprego;
- regular as relações entre empregadores e trabalhadores;
- regular as relações entre os empregadores ou suas organizações e uma ou várias
organizações de trabalhadores; ou
- alcançar todos estes objetivos de uma só vez;

Finalidades:
• Pacificação de conflitos coletivos de trabalho: forma auto compositiva de solução dos
conflitos coletivos de trabalho.
• Geração de normas jurídicas: criação de fontes formais do Direito do Trabalho: CCT e
ACT. Normatização dos contratos de trabalho nas respectivas bases representadas na
negociação coletiva.
• Evolução e modernização das relações de trabalho: à medida que permite uma
adaptação das normas às realidades concretas das relações de trabalho.

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Princípios:
• Boa-fé.
• Razoabilidade - partes atuem com bom senso e equilíbrio na negociação coletiva.
• Dever de informação - conhecimento da situação real da empresa.
• Princípio da participação obrigatória das entidades sindicais - art. 8o, inc. VI CF, art. 616
CLT.
• Princípio da supremacia das normas de ordem pública e a Lei 13.467/2017 – alteração
RT, art. 611-A, 611-B e 620 CLT, hierarquia das normas.

Pode ser uma CCT (convenção coletiva de trabalho) ou uma ACT (acordo coletivo de
trabalho)

ACT - sindicatos representativos de categorias profissionais celebram com uma ou mais


empresas da correspondente categoria econômica que estipulem condições de trabalho.

CCT - é um acordo de caráter normativos, pelo qual dois ou mais sindicatos


representativos de categorias econômicas e profissionais estipulam condições de trabalho
aplicáveis.

Diferenças: sujeitos participantes e abrangência.

- CLT art. 611-A: A convenção coletiva e o acordo coletivo de trabalho têm prevalência
sobre a lei quando, entre outros, dispuserem sobre:
- Jornada de trabalho;
- Banco de horas anual;
- Intervalo intrajornada;
- Programa seguro-emprego;
- Plano de cargos e salários;
- Regulamento empresarial;
- Representante dos trabalhadores no local de trabalho;
- Teletrabalho, regime de sobreaviso e trabalho intermitente;
- Remuneração por produtividade (gorjetas, remuneração por desempenho
individual);
- Registro de jornada de trabalho;
- Troca do dia de feriado;
- Prorrogação de jornada em ambientes insalubres; e
- Premios de incentivo.
- CLT art. 620: As condições estabelecidas em acordo coletivo de trabalho sempre
prevalecerão sobre as estipuladas em convenção coletiva de trabalho, mesmo
quando menos favorável.

Princípio da adequação setorial negociada:


• Negociações coletivas podem estabelecer direitos sempre mais benéficos aos
empregados (princípio da norma mais favorável). Busca um nível mínimo de direitos
sociais.
• Negociações coletivas não podem acarretar a diminuição ou a supressão dos direitos
fundamentais trabalhistas. Autonomia coletiva não é ilimitada.

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Patamar civilizatório mínimo - está dado essencialmente por três grupos convergentes de
normas trabalhistas heterônomas:
• As normas constitucionais
• As normas de tratados e convenções internacionais vigorantes no plano interno
brasileiro
• As normas legais infraconstitucionais que asseguram patamares de cidadania ao
individuo que labora

Níveis de negociação coletiva:

Sujeitos participantes:
• ACT: CLT art. 611, § 1º: sindicato dos trabalhadores X empresa (s). Não é necessária a
presença do sindicato representante da categoria econômica. Obrigatória a participação
dos sindicatos dos trabalhadores.
• CCT: CLT art. 611, caput: sindicato X sindicato.

Abrangência:
• ACT: desenvolvida em nível de empresa; abrangência restrita à empresa que celebrou o
acordo; aplicação na localidade onde o empregado efetivamente presta o serviço.
• CCT: abrangência a toda categoria negociada; aplicação na localidade onde o
empregado efetivamente presta o serviço.

Projeção dos efeitos sobre as pessoas:


• ACT: empregados da empresa(s) participante(s) da negociação; categoria diferenciada
aplica-se a convenção coletiva específica; efeito das cláusulas é erga omnes, geral,
abrangente, não restrito aos sócios dos sindicatos.
• CCT: abrangidas todas as empresas integrantes da categoria econômica na respectiva
base territorial, e seus empregados; categoria diferenciada aplica-se a convenção
coletiva específica; efeito das cláusulas é erga omnes, geral, abrangente, não restrito
aos sócios dos sindicatos.

Procedimento da negociação coletiva:

1 - Convocação da assembleia: (quórum dos representados e não associados)


estabelecer no edital de convocação a ordem do dia. Possibilidade de “suspender” a
assembleia até apresentação da contraproposta ou até o final da primeira rodada de
negociação. 8 dias para assumir a negociação
2 - Assembleia do sindicato: dos trabalhadores para elaboração da pauta de
reivindicação, definição da comissão de negociação, possibilidade de instauração de
dissídio coletivo, margens de negociação dos negociadores, responsabilidade dos
negociadores pela extrapolação dos parâmetros definidos na assembleia. Elaboração de
uma ata discriminada com todas as decisões, ter uma lista de presença.
3 - Proposta: ACT – envia a pauta de reivindicação para a Diretoria da empresa (s). CCT
– envia a pauta de reivindicação para o sindicato patronal. Que deverá também convocar
e realizar uma assembleia patronal que irá deliberar sobre a pauta e sobre as suas
reivindicações. Podendo enviar ao sindicato dos trabalhadores uma contraproposta.
4 - Mesa redonda: negociação na prática. Fechando a primeira proposta, o sindicato dos
trabalhadores volta para assembleia para votação. Continua a negociação até se finalizar
a negociação.
- Chegando ao acordo, será formalizado o ACT ou CCT
- Não chegando ao acordo, espera-se a próxima data-base para nova negociação
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- Poderá ser acordado pelo dissídio coletivo, o qual será decidido através de uma
sentença normativa. Finalizado o documento regras gerais CLT art. 614.

• As convenções e acordos deverão ser feitas por escrito.


• Dentro de 8 dias deve ser assinado
• Vigora 3 dias após a data da entrega
• Não será permitido estipular duração de convenção coletiva ou acordo coletivo de
trabalho superior a dois anos, sendo vedada a ultratividade.

Data base:
• É o mês do ano em que uma norma coletiva tem inicio sua vigência.
• Momento de início da aquisição dos direitos trabalhistas decorrentes das negociações
coletivas.
• Sempre no dia 1º de cada mês. Definição do mês a partir da primeira norma coletiva ou
por negociação.
• O dissídio coletivo devera ser instaurado dentro dos 60 dias anteriores ao respectivo
termo final.

Competência: as controvérsias resultantes da aplicação da ACT ou CCT é da Justiça do


trabalho.

Resumo negociação coletiva:

• São instrumentos formais e solenes, celebrados por escrito;


• Publicidade razoável – convocação ampla, pauta publicizada, quórum razoável,
lançamento a termo das regras e cláusulas estipuladas;
• Formalidades art. 614 CLT
• 8 dias da assinatura depositado no MT,
• 3 dias após o registro estarão em vigor.
• 5 dias após o depósito no MT afixar nas sedes e estabelecimentos das empresas.
• Validade máxima de 2 anos, art. 614, § 3 o CLT.
• Processo de prorrogação, revisão, denúncia ou revogação total ou parcial ficará
subordinado, em qualquer caso, à aprovação de Assembleia Geral, art. 615 CLT.

Teorias: Acumulação X Conglobamento:


Acumulação: seleção, análise e classificação das normas cotejadas, o fracionamento do
conteúdo dos textos normativos, retirando-se os preceitos e institutos singulares de cada
um que se destaquem por seu sentido mais favorável ao trabalhador.
Conglobamento amplo, total ou puro: não fraciona preceitos ou institutos, realizando a
comparação, em busca da norma mais favorável a partir da totalidade dos sistemas ou
diplomas jurídicos comparados.
Conglobamento setorizado ou mitigado: organização do instrumental normativo em
função da matéria tratada, para se extrair o instrumental mais favorável. É um critério
sistemático. É mais adequada por conta do critério hierárquico normativo.

Ver questões aula 12

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Greve

- CF - art. 9º - direito de greve


- Lei 7.783/89 - lei de greve
- Paralisação coletiva provisória, parcial ou total das atividades dos trabalhadores, em
face dos empregadores ou tomadores de serviços, com o objetivo de exercer lhes
pressão, visando à defesa ou conquista de interesses coletivos, ou com objetivos
sociais mais amplos.
- Frustrada a negociação ou verificada a impossibilidade de recursos via arbitral, é
facultada a cessação coletiva do trabalho.

Caracterização:
• Caráter coletivo do movimento – necessariamente coletivo, paralisações individuais,
mesmo que comunicadas ao empregador o seu caráter protesto, não caracteriza greve.
• Suspensão das atividades – pode ser uma suspensão, total ou parcial, das atividades
laborais pelos trabalhadores. Greve atípica.
• Paralisação temporária;
• Exercício coercitivo e coletivo do direito – “[...] mais notáveis instrumentos de
convencimento e pressão detidos pelos obreiros” (DELGADO, 2019, p. 1706). Não
permite atos de violência. Lei de greve, art. 15 responsabilidade pelos atos ilícitos e
crimes;
• Finalidade de pressionar o empregador – objetivo da greve é gerar para alcançar um
resultado objetivo.

- Competência: Justiça do trabalho


- A greve suspende o contrato de trabalho, ou seja, sem trabalho e sem salário. É
possível negociação coletiva, após a greve, converter a suspensão em interrupção do
contrato de trabalho.
- É vedada a rescisão de contrato de trabalho durante a greve, bem como a contratação
de trabalhadores substitutos.

Limitações legais:
• CF art. 9o, § 1º - serviços ou atividades essenciais.
• Lei no 7.783/1989, art. 9º caput e parágrafo único – comissões de manutenção.
• Lei no 7.783/1989, art. 10 – definição - serviços ou atividades essenciais.
• Lei no 7.783/1989, art.6o, § 3º - impedimento de acesso ao trabalho.
• Manterá em atividade equipes de empregados com o propósito de assegurar os
serviços cuja paralisação resultem em prejuízo irreparável, pela deterioração irreversível
de bens, máquinas e equipamentos, bem como a manutenção daqueles essenciais à
retomada das atividades da empresa quando da cessação do movimento.
• O empregador pode contratar diretamente os serviços necessários, não havendo
acordo.
• Os grevistas não poderão impedir o acesso ao trabalho nem causar ameaça ao dano à
propriedade ou pessoa.

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Serviços ou atividades essenciais:
• Tratamento e abastecimento de água; produção e distribuição de energia elétrica, gás e
combustíveis;
• Assistência médica e hospitalar;
• Distribuição e comercialização de medicamentos e alimentos;
• Funerários;
• Transporte coletivo;
• Captação e tratamento de esgoto e lixo;
• Telecomunicações;
• Guarda, uso e controle de substâncias radioativas, equipamentos e materiais nucleares;
• Processamento de dados ligados a serviços essenciais;
• Compensação bancária;
• Controle de tráfego aéreo e navegação aérea
• Atividades médico-periciais relacionadas com o regime geral de previdência social e a
assistência social;
• Atividades médico-periciais relacionadas com a caracterização do impedimento físico,
mental, intelectual ou sensorial da pessoa com deficiência, por meio da integração de
equipes multiprofissionais e interdisciplinares, para fins de reconhecimento de direitos
previstos em lei, em especial na
• Outras prestações médico-periciais da carreira de Perito Médico Federal indispensáveis
ao atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade.

Serviços ou atividades essenciais - definido pela comunidade - não é proibida a greve,


mas tem regras específicas:
• Aviso prévio ao empregador é de 72 horas; com igual antecedência os usuários também
devem ser avisados.
• Obrigatório aos sindicatos, de comum acordo com o empregador, garantir, durante a
greve, a prestação dos serviços indispensáveis ao atendimento das necessidades
inadiáveis da comunidade.
• Atividades inadiáveis são aquelas que, se não atendidas, coloquem em perigo iminente
a sobrevivência, a saúde ou a segurança da população.
• No caso de inobservância da determinação de manutenção parcial de funcionamento da
atividade, o Poder Público deverá assegurar a prestação dos serviços indispensáveis.

Serviços inadiáveis - definido pelo empregador: O sindicato ou a comissão de negociação,


mediante acordo com a entidade patronal ou diretamente com o empregador, deverá
manter em atividade equipes de empregados para a realização dos serviços inadiáveis,
sendo que em caso de não haver acordo para tal fim, é assegurado ao empregador,
enquanto perdurar a greve, o direito de contratar diretamente os serviços
necessários.

Há greve ilegal?

Greves típicas:
- Abusivas: greves que não respeitam as leis e as normas coletivas, greve abusiva não é
ilegal (porque é um direito).
- Não abusivas: greves que respeitam as leis e as normas coletivas.

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Abuso de direito:
• Constitui abuso de direito de greve a inobservância das normas contidas na lei e a
manutenção da paralisação após a celebração de acordo, convenção ou decisão da
Justiça do Trabalho.
• Não constitui abuso do exercício de greve a paralisação que tenha por objetivo exigir o
cumprimento de cláusula ou condição; que seja motivada pela superveniência de fatos
novos ou acontecimento imprevisto que modifique substancialmente a relação de
trabalho.
• A responsabilidade pelos atos praticados, ilícitos ou crime cometidos no curso da greve,
será apurada conforme o caso, segundo a lei trabalhista, civil ou penal.

Greves típicas:
- Prazo de duração: prazo determinado / prazo indeterminado
- Extensão: paralisação total / paralisação parcial - intermitente; por turno; de H.E / greve
de solidariedade

Greves atípicas:
- Greve de zelo: trabalho de forma detalhada, minuciosa
- Greve de cumprimento dos regulamentos “operação tartaruga”: seguir rigorosamente
as regras
- Greve de rendimento ou de braços cruzados: diminuição da produção
- Greve de mala: não cobrança de tarifas (ex: catraca livre)
- Greve de amabilidade: falta de cortesia com os clientes
* Escolha pelos trabalhadores da melhor forma de fazer pressão ao empregador

Procedimento da greve:
- Fase preparatória
- Tentativa de negociação: ato obrigatório, não sendo autorizado o inicio da
paralisação se nao constatada a frustração da negociação.
- Deliberação em assembleia: frustrada a negociação, deve ser convocada pela
entidade sindical, na forma do estatuto, assembleia geral que definira as
reivindicações da categoria e deliberará sobre a greve.
- Comissão de negociação: na falta de entidade sindical, a assembleia será entre
trabalhadores interessados, que constituirão uma assembleia de negociação
- Representação: a entidade sindical ou comissão eleita representará os
trabalhadores nas negociações ou na Justiça do Trabalho
- Aviso prévio: o aviso ao empregador deve ser dado com antecedência mínima de
48 horas, período ampliado para 72 horas nos serviços ou atividades essenciais,
sendo que nestas, o anuncio da greve para conhecimento dos usuários deve ser
feito com a mesma antecedência.
- Fase de desenvolvimento:
- São assegurados aos grevistas realizações de condutas pelo movimento grevista
como piquetes, reuniões, palestras e manifestações de rua
- Fase final:
- Deliberação em assembleia: aprovação
- Encerramento da greve pela concordância da contra-proposta;
- Encerramento da greve sem concordância da contra-proposta; e
- Suspensão da greve para retorno das negociações.

Ver questões aula 15

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Direitos dos grevistas:
- Utilização de meios pacíficos de persuasão;
- Arrecadação de fundos por meios lícitos;
- Proteção contra a dispensa por parte do empregador (contrato suspenso) (exceção os
movimentos ilegais);
- Livre divulgação do movimento;
- Proteção contra a contratação de substitutos pelo empregador (exceção a não criação
de equipes de manutenção);
- Prestação de serviços indispensáveis às necessidades inadiáveis da comunidade
(atividades ou serviços essenciais);
- Organizar equipes para manutenção de serviços cuja paralisação provoque prejuízos
irreparáveis ou que sejam essenciais à posterior retomada de atividades pela empresa;
- Não fazer greve após a celebração de ACT ou CCT, ou decisão judicial relativa ao
movimento;
- Respeitar direito fundamentais de outrem; e
- Não produzir atos de violência, tanto de depredação de bens ou quaisquer ofensas
físicas e morais a alguém.

Direitos e obrigações recíprocos:


- Os meios adotados por empregados e empregadores não poderão violar ou
constranger direitos e garantias fundamentais de outrem;
- É vedado a empresa adotar meios para forçar o empregado ao comparecimento ao
trabalho, bem como capazes de frustrar a divulgação do movimento;
- Os grevistas não podem proibir o acesso ao trabalho daqueles que quiserem; e
- É vedada a rescisão do contrato de trabalho durante a greve não abusiva e também a
contratação de trabalhadores substitutos.

Lock-out: paralisação das atividades por iniciativa do empregador com o objetivo de


frustrar negociação coletiva, ou dificultar o atendimento de reivindicações dos respectivos
empregados. É vedado.
- 4 elementos combinados:
- Paralisação empresarial;
- Ato de vontade do empregador;
- Tempo de paralisação (parcial), não se confunde com formas legais de paralisação
ou formas definitivas de paralisação; e
- Objetivos por ela visados.

Greve no setor público:


• OIT Convenção no 151, art. 8o - institucionalização de meios voltados à composição
dos conflitos para os servidores públicos.
• CF Art. 37, VII - o direito de greve será exercido nos termos e nos limites definidos em
lei específica; (grifamos)
• Lei específica não é lei complementar, é entendida como lei ordinária.
• STF determinou a aplicação subsidiária da Lei no 7.783/1989 (Lei Geral de Greve) aos
servidores públicos, enquanto inexista a regulamentação do artigo 37, VII, da
Constituição Federal.
• Lei no 7783/89 – Lei de greve – aplicável às empresas públicas, sociedades de
economia mista e entidades que explorem atividade econômica.
• CF art. 142, § 3o, IV - ao militar são proibidas a sindicalização e a greve;

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