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Direito do
Trabalho II
2.º Turma
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▪ Há́ que olhar para estes fenómenos coletivos laborais com a ideia de
que o facto de o direito intervir neles traz vantagens em termos de
compatibilização dos interesses gerais com os interesses dos
trabalhadores e dos empregadores, em termos de paz social e em
termos de previsibilidade.
▪ Há que compatibilizar os interesses da comunidade com os
interesses destes grupos sociais.
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AS ORGANIZAÇÕES
▪ Associações sindicais
▪ Comissões de trabalhadores
▪ Conselhos de empresa europeus
▪ Conselho de trabalhadores
▪ Representantes dos trabalhadores para a segurança e saúde no
trabalho
▪ Associações de empregadores
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Ou seja
Da alínea a) do art. 442.º CT, sobre sindicato, conseguimos extrair 4 elementos:
▪ Elemento organizativo ou associativo – quando se diz que o sindicato é
uma associação (pessoa coletiva, personalidade jurídica própria, de
direito privado, associação voluntária – art. 46.º/3 da CRP)
▪ Temporal – é uma associação permanente.
▪ Subjetivo – quem é representado pelos sindicatos são os trabalhadores
do setor público ou do setor privado.
▪ Teleológico – os sindicatos existem para defesa dos interesses socio
profissionais – pode ser direta ou indireta e ter em vista interesses
patrimoniais ou extrapatrimoniais.
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Figuras afins:
▪ Comissões de trabalhadores
▪ Falaremos mais à frente.
▪ Ordens profissionais (ex: Ordem dos Médicos, dos advogados, dos
farmacêuticos, dos arquitetos, dos enfermeiros, dos engenheiros, dos
economistas).
▪ Associações de direito público de representação de
determinadas profissões que tem como objetivo a definição e a
imposição de regras técnicas e deontológicas de exercício de
determinadas profissões e do regime disciplinar inerente, a
certificação para o exercício da profissão e, genericamente, a
defesa de interesses coletivos da profissão.
▪ Não são o mesmo que associações sindicais.
LIBERDADE SINDICAL
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Consagração legal:
▪ Artigo 55.º da CRP: “É reconhecida aos trabalhadores a liberdade
sindical, condição e garantia da construção da sua unidade para defesa
dos seus direitos e interesses”
É um direito que não tem apenas tutela nacional, mas também tutela no
ordenamento supranacional.
▪ A liberdade sindical é ainda reconhecida em textos internacionais (p.e.,
na Carta Social Europeia, na Carta dos Direitos Fundamentais da EU e
na Convenção Europeia dos Direitos do Homem).
Dimensões:
Trata-se de um direito de estrutura complexa, desde logo, porque, no que
toca à liberdade sindical, existem dimensões coletivas ou individuais.
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Conteúdo:
Analisando a liberdade sindical do ponto de vista do seu conteúdo, pode
dizer-se que esta se desdobra em quatro liberdades fundamentais:
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Dimensão positiva
▪ Liberdade de inscrição num sindicato à sua escolha que na área da sua
atividade.
▪ A inscrição de trabalhadores num determinado sindicato não
está dependente de qualquer juízo subjetivo, de um ato
discricionário – o sindicato não tem de aprovar isso com base em
critérios subjetivos – só tem de cumprir com os requisitos legais.
▪ Ou seja, existe a liberdade dos cidadãos de escolher o sindicato
que pretender, desde que na área da sua atividade e que
represente a categoria respetiva – art. 444.º/1 do CT.
▪ Limite: proibição da dupla inscrição (artigo 444.º/5 do CT).
▪ Princípio da filiação única (art. 444.º/5) – não é permitida a
inscrição em dois ou mais sindicatos de um trabalhador a título
da mesma profissão, em sindicatos diferentes. (um trabalhador
poderá estar inscrito em 2 sindicatos se for com profissões
diferente, p.e., um médico que também é serralheiro).
▪ O trabalhador pode mudar de sindicato bastando que comunique essa
intenção com 30 dias de antecedência (444.º/6 CT).
Dimensão negativa
▪ Direito de não inscrição no sindicato, bem como o direito de o
abandonar a todo o tempo (artigo 444.º/6 do CT), isto significa que a
minha liberdade sindical compreende dois aspetos: inscrever-me ou
não.
▪ Direito de não pagar quotas ou contribuições para sindicato em que
não esteja inscrito (artigo 457º do CT).
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Exemplos de facilidades/medidas:
▪ Direito de reunião dos trabalhadores no local de trabalho (dentro ou
fora do horário de trabalho) - artigo 461º do CT
▪ Direito de fixação e distribuição de informação sindical: artigo 465º
do CT
▪ Direito a informação e consulta de delegado sindical, sobre as
matérias contempladas: artigo 466º do CT
▪ Direito a instalação na empresa ou na sua proximidade para o
exercício de funções dos delegados sindicais: artigo 464º do CT
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Casos pacíficos:
▪ Trabalhadores da Administração Pública (com vínculo de emprego
público);
▪ Em geral, este direito é reconhecido aos trabalhadores públicos,
independentemente do tipo de vínculo (artigo 337º da LFTP).
Casos controversos:
▪ Desempregados:
▪ Artigo 444º/2 do CT;
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▪ Reformados:
▪ Artigo 442º/2 do CT;
▪ Partilha de interesses conexos com a profissão (reformas e
pensões, acumulação de pensão com trabalho; etc.).
▪ À semelhança da questão dos desempregados faz sentido
que possam estar inscritos numa associação sindical
porque existe uma partilha de interesses conectados com
a profissão.
▪ Mais uma vez, também não se verifica a possibilidade de
os reformados constituírem uma associação sindical.
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COMISSÕES DE TRABALHADORES
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Pontos de contacto:
▪ Pessoas coletivas em sentido próprio:
▪ Têm personalidade jurídica.
▪ Pessoas coletivas de direito privado;
▪ Associações em sentido estrito;
▪ São constituídas por pessoas no seu substrato.
▪ Associações constituídas por trabalhadores subordinados;
▪ Associações que tem como fim a defesa dos interesses dos
trabalhadores.
Direitos Comuns:
▪ Direito de participação da elaboração da legislação laboral (artigo 56º/2
a) e artigo 54º /5 d) da CRP);
▪ Direito da participação nos processos de reestruturação da empresa
(artigo 56º/2 e) e artigo 54º /5 f) da CRP);
▪ Direito à informação e consulta (artigo 54º/5 a) e artigos 55º /6 da CRP;
artigo 424º e artigo 466º do CT).
Aspetos distintivos:
Associações sindicais Comissão de trabalhadores
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▪ Tem como base normativa: artigo 55.º/6 da CRP + artigo 54.º/4 da CRP:
▪ “Os representantes eleitos dos trabalhadores gozam do direito à
informação e consulta, bem como à proteção legal adequada
contra quaisquer formas de condicionamento, constrangimento
ou limitação do exercício legitimo das suas funções.”
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2. Conselhos de trabalhadores:
▪ Estrutura representativa de trabalhadores que estejam ao serviço de
empresas sob a forma de sociedade anónima europeia, sociedade
cooperativa europeia (ou grupos) ou ainda de sociedade de
responsabilidade limitada resultante de fusão transfronteiriça, e que
têm como objetivo assegurar a informação e consulta dos
trabalhadores, bem como a participação dos trabalhadores no órgão
de administração ou de fiscalização da sociedade:
▪ Dir. 2001/86/CE, de 8-10; Dir. 2003/72/CE, de 22-7;
Dir.2005/56/CE, de 26-10; DL 215/2005, de 13-12; L 8/2008, de
18-2; L 19/2009, 12-5.
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ASSOCIAÇÕES DE EMPREGADORES
Associações de empregadores são:
▪ Pessoas coletivas;
▪ De direito privado;
▪ De natureza associativa;
▪ Com vocação duradoura;
▪ Composta por empregadores:
▪ Pessoas singulares ou coletivas de direito privado que sejam
titulares de uma empresa e que tenham habitualmente ao seu
serviço trabalhadores subordinados;
▪ Artigo 444º/4 CT;
▪ Que tem por fim a defesa e promoção dos interesses coletivos dos
empregadores:
▪ Interesses dos empregadores vs. interesses dos empresários:
▪ Não são interesses enquanto empresários, mas sim enquanto
empregadores – cfr. artigo 440º/2.
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Direitos:
▪ Direito de celebrar convenções coletivas de trabalho (embora não se
trate de um direito exclusivo);
▪ Direito de prestar serviços de caracter económico e social aos
associados (contudo, artigo 443º/3);
▪ Direito de participar na elaboração da legislação laboral;
▪ Direito de iniciar e intervir em processos judiciais ou administrativos
relativos a matérias do interesse dos seus associados;
▪ Direito de estabelecer relações ou de se filiar em organizações de
empregadores a nível nacional e internacional.
Paridade total entre associativismo sindical e associativismo patronal?
“liberdade sindical unilateral” ou “liberdade sindical bilateral?”
▪ Regime constitucional: omissão de qualquer referência na CRP ao
associativismo patronal;
▪ Regime infraconstitucional: disciplina legal paralela à das associações
sindicais (artigo 440º e ss); reconhecimento das especificidades das
associações de empregadores em relação ao regime geral das
associações em termos paralelos ao que sucede para as associações
sindicais (artigo 441º).
NEGOCIAÇÃO COLETIVA
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▪ Portarias de extensão;
▪ Portarias para as condições de trabalho;
▪ Decisões proferidas em processos de arbitragem necessária/obrigatória.
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Acordos políticos:
▪ Estes acordos de concertação social não têm a força para se aplicarem
diretamente aos trabalhadores e aos empregadores.
▪ São acordos políticos que, de alguma forma, condicionam as decisões
e os atos legislativos que vão ser adotados pelo Governo, sendo o
substrato para a adoção de normas futuras. Não são, em si, normas, mas
depois podem dar origem a normas.
▪ O governo apenas fica vinculado politicamente ao compromisso – mas
não tem de reproduzir exatamente o que consta nele.
Acordos normativos:
▪ Resultam da contratação coletiva. O que resulta da negociação vai
vincular os sujeitos a partir daí, os sujeitos abrangidos pela negociação
(trabalhadores e empregadores) ficam vinculados.
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Os sujeitos
Competência e legitimidade para celebrar convenções coletivas:
▪ Do lado dos trabalhadores:
▪ Associações sindicais (artigo 56.º/3 da CRP);
▪ Possibilidade de delegação de uma associação sindical noutra
associação sindical;
▪ Possibilidade de atribuição de poderes negociais à comissão de
trabalhadores (artigo 491.º/3).
▪ Não se confunde com negociação coletiva informal – aqui
é a própria associação sindical, que tem competência, que
vai delegar esse poder na comissão de trabalhadores (a lei
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exige que seja apenas nas empresas com pelo menos 15º
trabalhadores).
▪ Do lado dos empregadores:
▪ Associações de empregadores.
O processo de formação
1. Fase da proposta – modalidades, forma escrita, fundamentada,
menções obrigatórias, reptícia (artigo 486.º).
▪ Pode tratar-se de uma proposta de celebração de uma
convenção coletiva de trabalho ou de uma proposta de uma
revisão de uma convenção coletiva de trabalho já existente.
▪ Esta proposta tem de obedecer à forma escrita e ser bem
fundamentada, tendo de referir algumas menções obrigatórias
que estão previstas e tendo de ser recetícia.
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6. Fase da publicação:
▪ Publicação oficial no BTE, assegurada pelo MT, e entrada em
vigor nos mesmos termos da lei (sujeição aos prazos de vacatio
legis) - artigo 519.º;
▪ Publicação a nível interno/a nível da empresa para efeitos de dar
cumprimento do dever de informação do empregador - artigo
480.º.
Limites negativos
▪ A lei estabelece matérias que são excluídas de regulamentação coletiva,
▪ Exemplo: artigo 478º/1 b) e c) do CT
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▪ Exemplos:
▪ Artigo 236º do CT (feriados)
▪ Artigo 339º do CT (cessação do contrato de trabalho)
▪ Artigo 250º do CT (motivos e duração das faltas)
▪ Artigo 238º (duração das férias)
Dúvidas:
→ Pode a lei conferir natureza absolutamente imperativa a qualquer norma
legal do CT ou há uma reserva de convenção coletiva de trabalho?
▪ Direito de contratação coletiva (artigo 56º da CRP)
▪ Compreende:
▪ Direito à liberdade negocial coletiva
▪ Direito a autonomia coletiva - alcance desta autonomia?
▪ Esta questão contende com a ideia de até que ponto a CRP reconhece
o direito de contratação coletiva? Se existe este direito, pode o
legislador ordinário conferir natureza imperativa a todas as suas
normas?
▪ Se pudesse estaria a esvaziar o espaço de manobra para a
convenção coletiva poder atuar.
▪ Então, será que do direito de contratação coletiva se extrai a ideia de
que há um espaço natural na convenção coletiva que o legislador não
pode abafar?
▪ Do direito à contratação coletiva decorre um direito à autonomia
coletiva.
▪ Se o reconhecemos, reconhecemos que não pode ser totalmente
esmagado o direito à autonomia na matéria de convenções
coletivas de trabalho.
▪ Há um conjunto de matérias que a lei tem de entender que são típicas
das convenções coletivas, e que só devem ser tocadas se houver um
importante interesse público justificativo.
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Limites positivos
▪ Conteúdo obrigatório
▪ É um conteúdo formal – não interfere propriamente com o que é
o essencial da convenção.
▪ São aspetos que a CC deve conter quando é elaborada (estes
elementos não são condição de validade).
▪ Artigo 492º/1 do CT.
▪ Conteúdo recomendado
▪ Artigo 492º/2 e 3 do CT
▪ Conteúdo facultativo
▪ Artigo 492º/4 do CT
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▪ Problemas:
▪ Qual o modelo de interpretação a adotar?
▪ Quem resolve o conflito?
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N.º 1: Para efeitos da nossa lei, para o trabalhador ser abrangido, tem de ser
membro da associação sindical e tem de estar ao serviço do empregador
que celebrou a convenção.
▪ “A convenção coletiva obriga o empregador que a subscreve ou filiado em
associação de empregadores celebrante, bem como os trabalhadores ao seu
serviço que sejam membros de associação sindical celebrante.”
N.º 2: Quando não foi o sindicato que realizou a CCT, mas for uma união ou
confederação, o trabalhador é abrangido se o seu sindicato for membro
dessa união/confederação.
▪ “A convenção celebrada por união, federação ou confederação obriga os
empregadores e os trabalhadores filiados, respetivamente, em associações de
empregadores ou sindicatos representados por aquela organização quando
celebre em nome próprio, nos termos dos respetivos estatutos, ou em
conformidade com os mandatos a que se refere o n.º 2 do artigo 491.º”
Aspetos disfuncionais:
▪ Há problemas resultantes desta regra da eficácia limitada.
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Formas voluntárias
A vontade dos trabalhadores/empregadores releva para alargar o
conteúdo/âmbito pessoal da convenção.
Unilaterais
Pós filiação
▪ Aplicação da convenção coletiva a trabalhadores e a empregadores
que não eram filiados na associação sindical ou patronal outorgante,
mas que se filiam durante a vigência da CCT - artigo 496.º/3;
Adesão individual
▪ Aplicação da convenção coletiva a trabalhador não sindicalizado por
escolha do próprio/adesão individual de trabalhador não sindicalizado
– artigo 497.º;
▪ Ou seja, trata-se de uma situação em que se permite trabalhadores que
não fazem parte de nenhuma associação sindical possam, por vontade
deles, exercer o direito de escolher que lhes seja aplicável uma
determinada convenção.
▪ Não carece do acordo do empregador;
▪ Forma de adesão: não carece de forma escrita;
▪ Requisito material: a convenção escolhida tem de ser uma
convenção cujo âmbito material esteja abrangido pelo
trabalhador;
▪ Por exemplo, um eletricista não pode escolher uma
convenção com âmbito material abrangido por
contabilistas.
▪ Requisito geográfico: a convenção escolhida tem de ser uma
convenção cujo âmbito geográfico esteja abrangido pelo
trabalhador;
▪ Requisito temporal: art. 497.º/2.
▪ Requisito quantitativo: o trabalhador só pode usar esta faculdade
uma vez com o mesmo empregador – art. 497.º/5.
▪ Compensação monetária;
▪ (Des)conformidade constitucional? (o Acórdão do TC 338/2010)
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Bilaterais
Acordos de adesão
▪ Aplicação da convenção coletiva a trabalhadores/empregadores, por
efeito do acordo de adesão – de um acordo superveniente entre uma
das partes da convenção e um sindicato, uma associação de
empregadores ou um empregador isolado que não tenha outorgado a
convenção inicialmente e deseja por ela abrangido - artigo 504.º:
▪ Ou seja, um sujeito que não participou no processo de elaboração vem
agora, a posteriori, aderir a essa mesma convenção, tendo como
interlocutor aquele sujeito que estaria caso ele tivesse participado na
elaboração inicialmente.
▪ Elementos desta extensão voluntária bilateral:
▪ Convenção coletiva tem de estar em vigor;
▪ Aceitação incondicionada – não há possibilidade de fazer
alterações à convenção;
▪ Forma escrita – art. 504.º;
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Legais
▪ Aplicação da convenção coletiva a empregador que não a outorgou,
por efeito da transmissão da empresa ou de estabelecimento - artigo
498.º;
▪ Corolário do fenómeno da sub-rogação legal inerente à operação de
transmissão da empresa:
▪ Na transmissão de empresa, o transmitente deixava de vigorar
como empregador, e o transmissário passava a ser o novo
empregador. Essa solução era criada para que o trabalhador não
sofresse alterações negativas face à situação.
▪ Quando há transmissão, não só a posição de empregador se
transmite, como o adquirente do estabelecimento passa a estar
vinculado pelo conteúdo de uma convenção que não outorgou,
mas que tinha sido outorgada pelo proprietário original do
estabelecimento.
▪ Quando deixa de se aplicar ao novo empregador?
▪ Em caso de transmissão, o instrumento de regulamentação
coletiva de trabalho que vincula o transmitente é aplicável ao
adquirente até ao termo do respetivo prazo de vigência ou no
mínimo durante 12 meses a contar da transmissão, salvo se,
entretanto, outro instrumento de regulamentação coletiva de
trabalho negocial passar a aplicar-se ao adquirente.
▪ Hipótese de pós-eficácia de alguns efeitos da convenção a partir do
momento em que ela se torna ineficaz perante o novo empregador.
Administrativas
▪ Aplicação da convenção a empregadores e trabalhadores inicialmente
não abrangidos, através de portaria de extensão: artigo 514º a 516º;
▪ Razões (uniformização; colmatar a falta de CCT)
▪ Requisitos materiais (circunstâncias económicas e sociais)
▪ Requisitos procedimentais (iniciativa competência; possibilidade
de oposição; emissão; publicação)
▪ Âmbito de aplicação subjetivo
▪ (Des)conformidade constitucional
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Jurisprudencial
▪ Aplicação da convenção coletiva a trabalhadores não filiados em
matéria retributiva, caso a retribuição prevista em convenção seja mais
favorável do que a prevista no contrato individual de trabalho;
▪ Fundamento da extensão: princípio constitucional “trabalho igual,
salário igual” - artigo 59º/1/a) da CRP.
Prazo de vigência:
Duas situações possíveis:
▪ Prazo convencional – art. 499.º/1:
▪ Liberdade contratual das partes na fixação do prazo que
entenderem, sem limites mínimos e máximos (salvo, limite
indireto previsto no art. 487.º/2):
▪ Ou seja, as partes têm liberdade para fixarem o prazo que
entenderem, sem limites, exceto a exceção do artigo.
▪ Liberdade contratual das partes para fixarem prazos diferentes
para diferentes blocos ou partes da convenção:
▪ Isto é, é até referido um mecanismo que permite que, a
cada parte da convenção ou em cada matéria diferente
que nela conste, seja atribuído um prazo diferente.
▪ Prazo legal supletivo – 1 ano - art. 499.º/2.
▪ No caso de as partes não fixarem prazo de vigência, o CT
estabelece um prazo de 1 ano.
Renovação:
▪ As partes podem, ou não, prever a renovação das convenções e regular
os termos em que esta ocorre.
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A. Caducidade
▪ A caducidade é uma forma de cessação ope legis (opera por força da
lei), que liga determinado decurso do prazo com determinados factos
determinados pela lei.
▪ Ou seja, nos termos da lei, para haja caducidade de uma
convenção tem de estar associado o decurso do prazo, mas
também de um dos factos seguintes:
▪ Factos de que depende (art. 502.º/1 b)):
▪ Denúncia da convenção por alguma das partes;
▪ Extinção de associação sindical ou associação de empregadores
outorgantes.
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Ainda é de ter em conta que não vale como denúncia, ou seja, não tem efeitos
extintivos, a mera proposta de revisão da convenção coletiva.
▪ Note-se que a denúncia não é a mesma coisa que a revisão de
convenção coletiva:
▪ Quando se inicia a revisão, a parte interessada diz às restantes quais as
cláusulas que quer rever e por que motivos. Se, no final deste processo,
estas cláusulas não se modificarem, a convenção coletiva mantém os
seus efeitos plenamente. Ou seja, a revisão não tem o efeito extintivo
que a denúncia poderá ter.
▪ Por sua vez, na denúncia, não é isso que acontece. A convenção é
denunciada, entra num processo de negociações de ajustamentos e, se
essas negociações tiverem sucesso, então, ela é substituída. Se não se
conseguir chegar a um entendimento, essa convenção coletiva acaba
por caducar.
Como se processa?
▪ Para esse período de negociação, a lei define limites mínimos (12
meses) e limites máximos (18 meses) – art. 501.º/3/5 CT.
▪ Ou seja, no mínimo, durante 12 meses a convenção objeto de
denúncia continuará em vigor.
▪ Neste período, as partes irão tentar alcançar um acordo com vista
à substituição da CCT para que esta continue a vigorar, e não
para que caduque simplesmente.
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▪ Retribuição;
▪ Categoria da respetiva definição;
▪ Duração do tempo e trabalho;
▪ Regimes de proteção social.
▪ Vemos, então, que o nosso legislador dá preferência à solução de
substituição da convenção.
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Aspetos problemáticos:
▪ Deste modo, acontece que a partir de 2003 começaram a caducar
muitas convenções:
▪ Aqui surgiu um problema – muitas das convenções que
caducaram não foram seguidas de nenhuma nova (por exemplo,
porque uma das partes, nomeadamente, muitos empregadores
recusaram-se a celebrar outras).
▪ Isto levou a que em muitos setores tenha deixado de existir
suporte convencional a regular as relações laborais.
▪ Portanto, o regime antes de 2003 tinha os seus defeitos, contudo, este
novo regime, ao potenciar a caducidade (porque não eram celebradas
novas convenções), e ocorrendo situações de crise, veio eliminar o
dinamismo da contratação coletiva.
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Efeitos da caducidade:
▪ Efeito principal: extinção da convenção coletiva (art. 502.º/1/b) –
quando se dá a caducidade, a convenção deixa de produzir efeitos.
▪ Sobrevivência de alguns efeitos (para combater o vazio de
regulamentação convencional, alguns dos efeitos da convenção que
caduca mantêm-se, até entrar em vigor uma outra CCT):
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B. Revogação
A revogação é a forma de cessação de vigência da convenção coletiva em que
as partes, por acordo, decidem pôr termo a uma convenção coletiva de
trabalho.
▪ Modalidades:
▪ Revogação simples:
▪ Pura e simplesmente há um acordo extintivo simples e,
aqui, a convenção cessa a sua vigência sem mais.
▪ Revogação + substituição por nova CCT (sucessão de CCT):
▪ Num hiato temporal seguido, as partes fazem cessar uma
convenção e fazem-na logo acompanhar por uma nova
convenção.
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Como se resolve?
▪ A convenção 2 revoga a convenção 1.
Contudo, surge o problema do retrocesso social:
▪ Pode a CCT 2 alterar os regimes convencionais previstos na CCT 1, em
sentido menos favorável ao trabalhador?
▪ Ou vigora um princípio do tratamento mais favorável?
▪ E caso vigore um princípio do tratamento mais favorável, em que termos
se conclui pela maior ou menor favorabilidade de um texto
convencional?
Modelos possíveis:
▪ Teoria do cúmulo: só se aplica o que for mais favorável ao trabalhador
e, para avaliar isso, compara-se, cláusula a cláusula, as cláusulas das
duas convenções e faz-se prevalecer o que for melhor das duas delas.
Tudo o que for melhor, numa ou noutra convenção, prevalece.
▪ Teoria da conglobação: procura avaliar o caráter mais favorável de
uma convenção não comparando isoladamente cada cláusula de ambas
as convenções, mas apreciando-as na globalidade, prevalecendo e
permanecendo aquela que, no seu conjunto, se revelar globalmente
mais útil e favorável para os trabalhadores.
▪ Modelo escolhido pelo legislador português: art. 503.º/3 – a CCT2
prevalece sobre a CCT1, mesmo reduzindo direitos da anterior, desde
que no texto da CCT2 se reconheça expressamente o seu carácter
globalmente mais favorável.
▪ Então, pode haver recuos, desde que, na nova convenção, as
partes deixem expresso que, apesar de certos retrocessos, ela é
globalmente mais favorável do que a primeira.
▪ Portanto, nem se aplica a teoria do cúmulo nem a teoria da
conglobação.
▪ É uma situação sui generis.
Tradicionais:
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Novas:
▪ Função de flexibilização
▪ Relação entre a lei e a CCT (art. 3.º/1 do CT) – quando este refere
que, por instrumento de regulamentação coletiva de trabalho,
podem ser afastadas as normas legais reguladoras de contrato
de trabalho, salvo quando delas resultar o contrário.
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2. Código do Trabalho
▪ Objeto de publicação oficial – o facto de a convenção ser objeto de
publicação oficial no BTE aproxima mais a convenção de um ato
normativo do que de um contrato, uma vez que os contratos não são
publicados.
▪ Regime jurídico da caducidade – remete também para uma natureza
normativa.
▪ Reconhecimento como fontes de direito.
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▪ Portanto:
▪ O conflito evoluiu muito ao longo do tempo.
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Delimitação dos fenómenos de luta que ficam cobertos (ou não) pelo
estatuto de greve
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▪ Greve de rendimentos:
▪ Há uma diminuição do rendimento de trabalho e
consequente redução dos resultados. O trabalhador
executa a prestação de trabalho, mas baixa o seu
rendimento de trabalho e a sua produtividade, o que tem
como consequência a diminuição da propriedade da
própria empresa.
▪ P.e., um grupo de trabalhadores realiza a sua atividade,
mas de forma muito lenta, de modo a prejudicar o
rendimento da produção.
▪ Greve administrativa:
▪ P.e., um professor dá aulas, mas não realiza os exames ou
não lança as notas.
▪ Greve da mala:
▪ Característica do setor de transportes. Os transportes
continuam a circular, mas há abstenção da cobrança de
bilhetes.
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4. Greve retroativa
▪ Greve retroativa: a prestação apresenta-se como uma
greve normal clássica, mas tem particularidade de ser
desencadeada num momento que torna inútil todo o
trabalho já prestado.
▪ P.e., greve dos trabalhadores do teatro (treinam
para a peça e no dia da peça não comparecem para
encenar) ou dos jogadores de futebol (treinam e no
dia do jogo não comparecem para jogar).
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▪ Nesta medida, a solução que adotamos é que estas greves são lícitas,
mas não são tratadas como se a perda salarial correspondesse apenas
ao período em que o trabalhador declarou formalmente que estava em
greve, incluindo-se também os que ele não estava formalmente em
greve, uma vez que, mesmo estando o trabalhador disponível para
prestar trabalho, a prestação já estava inutilizada pela paralisação
anterior.
Argumentos avançados:
▪ A greve enquanto ato de protesto coletivo:
▪ Foi uma decisão tomada coletivamente; houve uma
programação delineada coletivamente; e ocorreu também uma
adesão ao plano delineado coletivamente – pelo que aparenta
ser, de facto, uma greve. Esta posição é apoiada pela Doutora
Joana.
▪ Contudo, certos autores consideram que houve uma ausência de
ação combinada – i.e., houve quem entendesse que não era uma
greve por ser cada trabalhador isoladamente a decidir quando é
que queria fazer greve ou não (estes autores consideravam que
isto seria uma atitude abstensiva de cada trabalhador
isoladamente e não havia a atitude concertada e coletiva).
▪ Vinculação ao plano versus liberdade de adesão
individual?
▪ Consideravam então alguns autores que isto não seria um
protesto coletivo.
▪ Contudo, sabemos que é reconhecida aos trabalhadores
uma liberdade na adesão à greve, de decidir, p.e., por
quanto tempo querem fazer a greve, se querem apenas
um dia, etc.
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▪ Esta é uma greve que vai atingir um setor dos serviços de saúde,
sendo que, para a operacionalidade desse setor, é necessário um
trabalho em equipa e os elementos dessa equipa faltavam
alternadamente entre si, inviabilizando o funcionamento.
▪ Em bom rigor, não se trata de uma greve intermitente, de uma
greve rotativa ou de uma greve trombose – o que se pode ter é
uma certa greve rotativa, sendo que a rotatividade não é de setor,
mas sim entre sujeitos.
▪ Concluindo, pode olhar-se para esta greve como lícita, mas não deve
ser tratada como uma greve clássica do ponto de vista do rendimento
dos enfermeiros, uma vez que deve haver uma proporcionalidade entre
a perda de retribuição dos enfermeiros e os prejuízos do empregador.
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Dimensão coletiva:
▪ A greve nasce da integração do trabalhador numa realidade coletiva,
i.e., da integração do trabalhador num grupo com o qual partilha
interesses – daí ter uma dimensão coletiva.
▪ A greve pressupõe a cooperação ou exercício do mesmo direito por
outros trabalhadores.
▪ O trabalhador participa numa ação coletiva organizada:
▪ Sindicato – decisão da greve, declaração de greve, gestão da
greve;
▪ A dimensão coletiva manifesta-se, principalmente, no
processo que antecede a greve – decisão de fazer greve e
a sua delineação, etc.
▪ É um direito individual (de cada trabalhador enquanto membro
de um grupo) de exercício coletivo (exercício em cooperação
com os outros membros do grupo).
▪ É, assim, um direito individual, com uma dimensão coletiva que faz parte
do seu conteúdo e é condição essencial, imprescindível, da sua
efetivação.
1. A decisão de greve:
▪ Este é um momento que faz parte do processo preliminar da greve.
▪ O legislador ordinário confere competência para declarar greve às
Associações Sindicais (art. 531.º/1).
▪ A competência parece ser, então, das AS e não dos
trabalhadores propriamente (os trabalhadores são uma coisa
diferente da AS).
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▪ Contudo, o art. 531.º/2, estabelece que a greve pode ser decidida por
Assembleia de trabalhadores.
▪ Portanto, o nosso sistema admite:
▪ Greves sindicais: por competência das associações sindicais;
▪ Greves não sindicais: por competência das assembleias de
trabalhadores – no caso da maioria dos trabalhadores não esteja
filiada em nenhum sindicato.
2. A declaração de greve:
▪ Este é um momento que faz parte do processo preliminar da greve.
▪ Além da decisão de greve, tem de haver uma forma de exteriorização
(uma declaração) – o aviso prévio – para notificar, dar a informação de
que essa greve irá ocorrer (art. 534.º).
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▪ Antecedência mínima:
▪ Aviso prévio geral – com antecedência de 5 dias – quando a
empresa onde a greve vai ocorrer for uma empresa que não se
destina à satisfação de necessidades sociais impreteríveis.
▪ Aviso prévio especial – com antecedência de 10 dias – quando
se tratar de uma empresa ou estabelecimento destinado à
satisfação de necessidades impreteríveis.
▪ Ver art. 537.º/2 CT.
▪ É maior a antecedência deste aviso prévio porque se trata
de empresas ou estabelecimentos destinados à satisfação
de necessidades sociais imperativas, que assumem uma
dimensão de indispensabilidade para a comunidade e
que, por isso, não podem ter uma paralisação total.
▪ Esta maior antecedência vai permitir aos titulares dessas
empresas e estabelecimentos criar formas de mitigar, com
mais tempo, os efeitos perturbadores que essa greve vai
criar. Apesar disto, esta maior antecedência não vai nunca
acabar com os efeitos da greve.
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Conteúdo especial
▪ Proposta de serviços mínimos (#definição prévia através de IRCT, art.
492.º/2/g)).
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3. Adesão à greve:
▪ Este é um momento que faz parte da greve propriamente dita.
▪ Âmbito da adesão (quem pode aderir):
▪ Trabalhadores filiados no sindicato declarante:
▪ (Um trabalhador filiado num sindicato, não tem obrigação
de aderir à greve por ele determinada).
▪ Trabalhadores filiados em outro sindicato;
▪ Trabalhadores não filiados.
▪ Podem aderir estes trabalhadores, desde que façam parte do âmbito
material e geográfico definido no aviso prévio da greve.
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Posição A:
▪ No texto do doutor José Abrantes, este tem uma posição mais simples
– a mera ausência do local de trabalho, em princípio, é presunção de
que o trabalhador aderiu à greve.
▪ Contudo, adiciona que esta presunção é ilidível (o sujeito pode
esclarecer que afinal não aderiu à greve e estava a faltar por outro
motivo).
▪ Não se pode, no entanto, fazer essa presunção em certos casos – p.e.,
nas hipóteses em que os trabalhadores não têm uma baliza fixa para as
horas em que estão presentes, mas antes estão disponíveis a todas as
horas que for necessário.
Posição B:
▪ Por outro lado, o Doutor Monteiro Fernandes tem uma posição que não
é tão abrangente.
▪ Entende que não se deve tratar a ausência do local de trabalho como
presunção de adesão à greve para todos os trabalhadores em geral.
▪ Faz, por isso, uma divisão – divide os trabalhadores filiados no sindicato
declarante, dos trabalhadores não filiados nesse sindicato (ou de todo).
▪ Define que no caso de um trabalhador filiado no sindicato que declarou
a greve, a mera ausência deve indicar que aderiu à greve.
▪ Nos casos dos trabalhadores não filiados no sindicato que declarou a
greve ou não filiados de todo, entende que aí deve haver uma
comunicação escrita, para que se possa definir que aderiram à greve.
→ A Dra. Joana, considera que, não tendo nenhum apoio na lei a distinção
feita na posição B, a posição A será a que faz mais sentido.
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PIQUETES
▪ São mecanismos de informação e persuasão para adesão à greve (art.
533.º), i.e., mecanismos que pretendem incentivar e persuadir os
trabalhadores a aderir à greve.
▪ Apesar de a adesão à greve ser um ato completamente livre, tal
não impede que se possam criar estes mecanismos.
▪ A lei isto, permitindo a possibilidade de organização de piquetes de
greve para que os trabalhadores possam ser devidamente informados
sobre os motivos e objetivos da greve, sempre que isso se revele
necessário.
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EFEITOS DA GREVE
Efeitos da greve lícita na situação laboral do trabalhador aderente:
Suspensão do contrato de trabalho (art. 536.º/1):
▪ A recusa de prestar trabalho, do ponto de vista jurídico laboral, leva à
suspensão do contrato de trabalho.
▪ O trabalhador vai ficar exonerado de realizar a prestação porque fica
numa situação de imunidade contratual, que a lei enquadra como
suspensão do contrato de trabalho.
▪ Portanto, o trabalhador fica com um manto protetor em que o não
cumprimento do contrato não lhe vai originar responsabilidade
disciplinar nem contratual.
▪ Isto significa que, durante o período em que o trabalhador estiver em
greve, vão suspender os principais direitos e deveres das partes.
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▪ Retribuição
▪ A questão das greves de maior prejuízo
▪ Assiduidade
▪ Pontualidade
▪ Diligência
▪ Subordinação
Direitos e deveres do trabalhador que se mantêm (art. 536.º/2):
▪ Os direitos e deveres que se mantêm são os que o trabalhador tem
sempre de respeitar, quer esteja ou não a trabalhar efetivamente, em
termos materiais, i.e., aqueles que não pressupõem a efetiva prestação
de trabalho:
▪ Segurança social
▪ Antiguidade
▪ Respeito
▪ Lealdade
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Limites legais
▪ O direito à greve é comprimido, mas é a própria lei que impõe essa
limitação.
▪ Nomeadamente, a obrigação de serviços mínimos.
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Portanto:
▪ Hoje está consagrado na lei a admissão de clausulas de paz social – i.e.,
é possível que a CCT limite o direito à greve.
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▪ A ideia de que estas cláusulas são admitidas resulta, hoje, do art. 542º
CT – da leitura deste artigo vemos que este dever é admitido como
dever explícito.
▪ As partes têm de consagrar essa limitação do direito à greve –
têm de estabelecer uma clausula expressa.
▪ Não é o mero facto de celebrarem a CCT que significa que lhes
fica limitado o direito – por isso não é implícito.
▪ Obrigação voluntária:
▪ A obrigação de não recorrer à greve tem de ser uma obrigação
que resulte da vontade das partes, ou seja, tem de ser uma
obrigação voluntária.
▪ Não estamos aqui perante uma obrigação de fonte legal.
▪ Obrigação explícita:
▪ O nosso ordenamento acolhe a teoria do dever de paz social
explícito.
▪ Só admite o dever de paz social se ele for expressamente e
voluntariamente declarado na convenção coletiva.
▪ Tem de haver uma cláusula ad hoc, expressa na própria
convenção, através da qual a associação sindical declara assumir
um compromisso de não recorrer à greve.
▪ O nosso ordenamento jurídico rejeita, portanto, a ideia de que o
nosso dever de paz social é um dever implícito – se assim fosse,
não era necessário clausula expressa e tal decorreria da natureza
da convenção.
▪ Obrigação temporária:
▪ A obrigação de paz social é uma obrigação que só é admitida
com caráter temporário.
▪ O compromisso de não recorrer à greve por parte da associação
sindical não pode valer por tempo indeterminado.
▪ Só é admitido o compromisso de a associação sindical não
recorrer à greve durante um determinado período, ou seja,
enquanto a convenção coletiva estiver em vigor (art. 542º/última
parte).
▪ Questiona-se se “durante a vigência” inclui o período de
sobrevigência:
▪ O elemento literal do artigo apenas diz “durante a
vigência” e “não durante a vigência e
sobrevigência”.
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▪ Obrigação relativa:
▪ A obrigação assumida de não recorrer à greve é uma obrigação
que não visa alterar o conteúdo da convenção.
▪ Ou seja, a AS só se obriga a não recorrer à greve para modificar
o conteúdo de matérias que estão previstas na CCT.
▪ Poderá, contudo, recorrer à greve para modificar outros aspetos
não regulados na CCT.
▪ Nesta medida, o nosso ordenamento jurídico proíbe as cláusulas
de paz social de caráter absoluto, sendo que só admite as de
caráter relativo.
▪ Obrigação formal:
▪ A obrigação da paz social tem de revestir a forma escrita (já que
é um elemento que tem de estar expresso na CCT).
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Questões controversas
▪ Pode a requisição civil ser requisitada antes de a greve ocorrer?
▪ A lei diz “em caso de incumprimento de serviços mínimos”,
portanto, literalmente, parece-nos que não.
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